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segunda-feira, 20 de julho de 2009

The Graveyard Book II

Agora lotado de spoilers!!!



Por onde começar os elogios a essa obra prima da literatura infanto-juvenil? É tanta coisa boa para se comentar, que seria mais produtivo ler o livro de novo! Mas bom... que tal o nome do personagem principal? Nobody Owens (sobrenome dos fantasmas que adotam o bebê quando ele chega no cemitério) é muito funcional! Não só para caracterizar que a origem da criança é, a princípio, desconhecida, mas também para esconder a sua identidade. Ponto positivo para o apelido, Bod, que ficou uma brincadeira muito interessante com Bob.

Passando para o seu guardião, numa caracterização interessantíssima de um vampiro que superou a fase monstruosa de sua "vida", Silas. Apesar de não ser mencionado em nenhum momento o que ele é ("He's the lonely tipe") as dicas estão todas lá: ele só se alimenta de uma coisa; só acorda depois do pôr do sol; não tem reflexo no espelho... Se fizerem um filme desse livro já tenho minha sugestão de ator: Alan Rickman. Vai ficar perfeito.

E a professora e guardiã temporária Miss Lupesco, uma lobisomem (ou lobismulher? qual é o feminino disso?) é outro achado. Inclusive ela é a responsável por um dos melhores momentos do livro: a aventura no mundo dos ghouls. Mas obviamente a forma como ela se auto-intitula é a melhor parte: the hound of God - porque eles são capazes de perseguir os malfeitores até ao inferno! Fantástico isso.

Pra completar, os dois, mais uma múmia e outro ser sobrenatural cujo nome me escapa (porque esse eu não conhecia) formam a guarda de honra! Imagine, ele pegou todos os monstros clássicos e colocou como os mocinhos da história! Fantástico!

Agora, vamos a história: ela tem uma estrutura absurdamente clássica, de origem grega. A famosa história da profecia que se torna realidade simplesmente porque se quer evita-la. Se os Jacks não tivessem tentado matar o bebê, ele jamais teria sido criado num cemitério, jamais teria aprendido a andar entre os mundos, dos vivos e dos mortos, e a organização não teria sido destruída (com a ajuda da guarda de honra, é claro).

No meio do caminho, ainda temos diversas pérolas: a relação entre Bod e Scarlet é de uma beleza rara. Maravilhosa a construção da amizade entre as duas criancinhas, e melhor ainda a forma como os pais a interpretam! A confusão e a linha entre o que é real e imaginário aqui é muito bem feita e explorada; e quando eles se reencontram também é lindo... imagine você descobrir que aquele amigo que seus pais diziam ser imaginário era real! Tudo bem que o final desse relacionamento não é exatamente feliz, mas faz sentido com o resto da história, e apesar de triste você sente que é o melhor desfecho, o mais natural possível dentro dessa narrativa de fantasia. Mais alguns pontos pro Gaiman.

O momento em que Bod vai para a escola também é muito bem construído. Sempre existe aquele aluno que passa invisível... que ninguém lembra quem é exatamente. Só que dessa vez é de propósito! E a vontade dele de fazer o que é certo, e a sua coragem também estão ali, na preparação para o clímax do livro. As soluções para os bullies são simplesmente muito boas... acho que dava para fazer outro livro só sobre esse assunto! Mas ainda bem que o Neil Gaiman não é a J.K.Rowling. As pequenas histórias que compõe a vida de Bod são sucintas, deixando aquele gostinho de quero mais que as boas narrativas deixam.

E ainda tem a bruxa! Porque todo cemitério tem uma bruxa enterrada, é claro! O que serve para explicar mais uma parte da ambientação: a diferença entre os mortos enterrados em solo profano e em solo sagrado, que outro um detalhe muito bem bolado! A história da bruxa também é muito interessante, eu morri de rir quando li a explanação dela sobre a própria morte! E além disso, ela é a razão de mais uma aventura de conexão na narrativa: a compra da lápide, que não dá certo, é claro! Mas que enriquece maravilhosamente o livro!

Enfim, cada detalhe de cada pequeno arco parece que foi bem pensado e articulado para formar o belo quadro que é esse livro. Nada acontece de graça, e tudo tem uma certa beleza embutida (não pode pensar com preconceito nessa história, não é porque é sobrenatural, morto, sombrio ou um cemitério que fica feio; existe beleza nessas coisas também). E o final é simplesmente perfeito! Fechando com chave de ouro... é meio triste, por conta da separação e das mudanças que ocorrem, o que parece que deixa um vazio... mas é esse vazio que também torna o final feliz, pois ele é que mostra a liberdade que Bod ganha e todas as possibilidades que ele tem na vida pela frente. No fundo, é esse vazio que é importante, sem ele ninguém pode alcançar nem buscar nada. Linda a analogia do autor!

Fiquei com vontade de ler The Jungle Book... mas não sei se será melhor que essa releitura não... ela é difícil de superar!

sexta-feira, 17 de julho de 2009

The Graveyard Book

SPOILER FREE

Ok, mais um livro pra minha lista desse ano! E sério, ele concorre para ser o melhor de 2009!

Que Neil Gaiman é um gênio, acho que ninguém mais duvida, depois de todos os filmes e sucessos editoriais, mas esse livro aí é outro nível. Sério. Não é a toa que já ganhou prêmio e tudo.

Pra quem ainda não sabe, é uma releitura de outro livro "The Jungle Book", que deu origem ao famoso desenho animado da Disney "Mogli, o menino lobo"; só que dessa vez o menino em questão, ao invés de ser criado por lobos é criado por seres sobrenaturais num cemitério.

A princípio parece meio pesado para ser um livro infanto-juvenil, mas isso é puro preconceito de adultos, viu? O livro é fantástico, com idéias muito bem encaixadas e detalhes literários muito interessantes (existe literatura e arte em epitáfios... eu nunca tinha reparado nisso). Algumas partes são tensas e podem até assustar os mais sensíveis, mas quem dá mais medo no livro são os vivos, não os mortos.

Nem sei se já saiu a versão em português, mas a versão em inglês é bem gostosa de ler, com aquele jeito bem de história infanto-juvenil de ser (o que enriquece muito o vocabulário do leitor que não tem o inglês como língua materna). Recomendadíssimo. Nota 10!

Ai ai... certamente vocês podem aguardar um post cheio de spoilers para a próxima semana...

domingo, 12 de julho de 2009

The Tales of Beedle The Bard


SPOILER FREE


Existem alguns livros que fazem com que eu sinta que estou roubando na minha contagem de livros do ano. São tão finos e fáceis de ler que eu paro e penso se devo colocar na minha contagem. Enfim... esse foi o décimo oitavo livro.

E eu gostei. As histórias são o que elas se propõem ser: fábulas. O que é bacana, visto que são fábulas do mundo mágico da JKR. E elas tratam dos assuntos que os livros do Harry Potter tratam: amor, amizade, limitações da magia e a relação entre trouxas e bruxos (sério, prefiro os termos originais, muggle e wizard).

Mas a melhor parte do livro não são as fábulas, apesar delas serem bonitinhas, são as notas do Dumbledore. JKR percebe suas limitações como escritora e tenta se retratar através desses livros filhotes da série HP. Ela sabe que devia ter explicado muita coisa, que ela ou esqueceu ou não se deu ao trabalho de explicar, e é aí que entra e importância desses livros: preencher essas lacunas.

As notas de Dumbledore, que muitas vezes são mais longas que as fábulas em si, aproveitam para explicar muitas perguntas que ficaram no ar durante a série: por que os wizards se separaram do mundo muggle? De onde diabos ela tirou os objetos mágicos do último livro? Por que ela só menciona isso no final da série? Ok, essa última o livro não responde. Mas tem detalhes do mundo mágico bastante interessantes, que melhoram muito a ambientação do mundo de Harry Potter.

Vale a pena ser lido, ainda mais porque não dá trabalho nenhum. Nota 8.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

A Devastação de Sharpe

SPOILER FREE

Ufa! E assim eu terminei de ler o último livro da série As Aventuras de Sharpe que foi publicado no Brasil. Agora, para poder continuar a ler as aventuras dele, só em inglês ou aguardar o próximo lançamento da série, previsto para Novembro! Bom... basta dizer que ontem eu comprei um exemplar no original, mas ele não é o próximo que eu tenho que ler... então ainda preciso fazer uma caça por aí antes de continuar a série... até lá, devo alternar um pouco as minhas leituras... vou deixar Sharpe por um tempo.

Mas, vamos ao objetivo do blog!

A Devastação de Sharpe é um bom livro. O soldado voltou a sua forma normal, inteligente, briguento e mantendo todos os que estão a sua volta em seus devidos lugares! Apesar de que a estrutura da história ainda é a mesma, Sharpe é apresentado com uma missão, seguem-se inúmeras batalhas, há uma mocinha no meio e um vilão novo a ser enfrentado. A boa e velha fórmula que funciona muito bem para os personagens de Bernard Cornwell. Ainda mais porque quanto mais batalhas, mais ele pode explorar o seu poder de descrição.

Mas voltando ao livro, dessa vez há mais intrigas e elementos de espionagem e traição... o que deixou esse volume diferente do resto da série, mas muito parecido com A Presa de Sharpe. Comparando com os demais livros, fica no mesmo nível do primeiro volume, o Tigre de Sharpe, Sharpe em Trafalgar e a Presa de Sharpe, e acima dos demais, onde o personagem passa por aquelas fases ruins...

Cheguei a conclusão que há uma alternância bem clara entre as fases de Sharpe na série... ainda bem que esse livro está na maré alta, o que dá a ele a nota 9.



Agora, para fechar um pouco o assunto, segue a lista dos livros publicados no Brasil da série, na ordem cronológica da história:

VoL Título
1 O Tigre de Sharpe
2 O Triunfo de Sharpe
3 A Fortaleza de Sharpe
4 Sharpe em Trafalgar
5 A Presa de Sharpe
6 Os Fuzileiros de Sharpe
7 A Devastação de Sharpe

Informação retirada do site Bernard Cornwell Brasil.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Os Fuzileiros de Sharpe II

Agora COM SPOILER!!!


Bom... como eu já havia colocado no post anterior, nesse livro Sharpe não está numa boa fase. Ele está carrancudo demais e grosseiro demais. Tanto que ele passa a narrativa inteira percebendo os erros que comete ao lidar com as pessoas. É triste. Muito triste mesmo de ler.

Para piorar a situação do pobre coitado, que não consegue se controlar, aparecem duas figuras interessantes: Harper e Blas Vivar. O primeiro é um fuzileiro que é uma cópia do Sharpe do primeiro volume: um cara forte, valente e muito bom de briga, e que ainda por cima é adorado por todo o regimento. O segundo é um major espanhol que é retratado como um líder perfeito.

Não tem como o nosso herói competir com eles, né? As únicas vezes que ele supera um dois dois são: a luta pelo comando dos fuzileiros, onde Sharpe dá uma surra em Harper e assim ganha o seu respeito; quando Sharpe salva a pele do major na subida do caminho de Santiago; quando Sharpe consegue começar a invasão da cidade de Santiago de Compostela; e quando ele finalmente percebe o que os franceses estavam realmente tramando (segundos antes deles se revelarem, o que não foi tão útil assim, diga-se de passagem). Reparou que ele só consegue superar os outros quando se trata de uma luta? Pois é, no resto, ele fica no chinelo.

Além de não conseguir manter direito a posição de líder dos fuzileiros, Sharpe ainda perde a mocinha da história pro major Vivar. E dessa forma, ele vira alvo de chacota de seus homens (pelas costas é claro). Ai, ai... que saudade do livro anterior...

Com relação aos vilões, bom... dessa vez eles são dois: o irmão do major Blas e um francês cujo nome exato me escapa... acho que é De Lenclin ou algo do gênero (já estou quase no final do livro seguinte! Não dá pra lembrar o nome de todo o mundo!).

O espanhol é um personagem muito chatinho... ele é simplesmente um cara ruim, ou pelo menos é retratado apenas dessa forma. Porém, o francês é bem mais interessante... ele lembra muitíssimo o vilão do livro anterior... isto é, um cara que tem boas maneiras, é simpático, mas no fundo no fundo, é um filho da puta. Mas ele pelo menos acredita no que faz, diferentemente de outros vilões que já apareceram na série até agora, que eram simplesmente maldosos.

A DEVASTAÇÃO DE SHARPE

Agora, como eu não consigo me conter, vou começar uma análise do livro seguinte da série.

Ok, depois daquela fase horrorosa, Sharpe parece que está se recuperando. Ele e o Harper viraram quase amigos e vários homens do regimento admiram e confiam muito no nosso soldado. Parece outra pessoa... impressionante... ele voltou a ser aquele personagem que você aprende a admirar lendo a série. De todos os livros, acho que esse é o que ele mais sofre em termos de desvantagem nas lutas e quantidade de batalhas que ele tem que travar apenas para conseguir sobreviver. Mas óbvio que ele consegue (afinal esse pode ser o último livro lançado em português, mas a série é bem maior).

Pra variar ele tem um novo vilão a enfrentar, que dessa vez é inglês (de novo lembra o vilão de A Presa de Sharpe, só que com outro nome). É interessante ver como esse vilão demora a se demonstrar realmente como o malvadão da vez, pois no início os seus objetivos são muito dúbios. Porém, no último terço do livro ele se revela como alguém totalmente sem escrúpulos. Parece que ele vai perdendo a tonalidade cinza inicial e vai ficando cada vez mais malévolo. Muito estranho... vamos ver o que acontece com ele até o final.

Ah, outros fuzileiros que foram apenas mencionados no livro anterior, aqui ganham um pouco mais de destaque, o que também tem sido interessante... e graças a Deus, a mocinha da vez não começa de cara apaixonada pelo Sharpe. Apesar dela ter se "casado" com o vilão, ainda não sei onde isso vai dar... até a próxima semana eu devo saber.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Os Fuzileiros de Sharpe


SPOILER FREE

Nem acredito. Terminei de ler os fuzileiros. Achei que não fosse conseguir. Explico: percebi que Sharpe é um personagem de fases, boas e ruins. Ele alterna entre momentos de melancolia/tristeza/chatice com ser fodão. Infelizmente, nesse livro ele está numa fase ruim.

A primeira parte da trama se arrasta nesse sentido. As batalhas se sucedem umas as outras, mas nada faz o pobre Sharpe sair do torpor de uma fase particularmente ruim. Sério, dá raiva do personagem. E ela só parece ficar ainda pior porque surge um novo personagem que é particularmente interessante, lembrando demais o Sharpe do primeiro livro. Assim, fica difícil pro coitado competir, né?

Fora isso, a leitura é bem suavizada pela quantidade de batalhas sendo travadas, o que dá uma dinâmica bem interessante, e ajuda muito a conseguir passar pela fase complicada do soldado, com menos traumas do que seria possível se não tivesse tanta coisa acontecendo na história. Outro ponto forte do livro, que ajuda muito é a quantidade de personagens cinzentos. Apesar de ainda ter aqueles que são bonzinhos e malzinhos, tem muitos personagens mais redondos, que chamam a atenção na trama.

Fora isso, a estrutura da narrativa segue o melhor estilo do autor, com toques sobrenaturais/religiosos que não são nem comprovados nem refutados, o que é muito interessante. As batalhas são maravilhosamente descritas, como sempre. O chato é que dessa vez, Bernard Cornwell não se utiliza de tantos fatos históricos assim... eu fiquei vidrada com a última batalha do livro e fiquei triste quando descobri nas notas que ela não existiu. Uma pena. Mas ao mesmo tempo uma mostra do que o autor é capaz. Dessa vez, ao invés de contar algo baseado em fatos históricos, ele criou uma nova história que retrata alegoricamente os sentimentos e fatos da época. Ponto pro Bernard Cornwell.

Nota 8