Pesquisar este blog

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Ramsés - A Saga e metas de fim de ano

Era uma vez uma leitora compulsiva que tinha como meta ler 30 livros por ano... e em 2009 ela conseguiu cumprir a meta! Mas então ela ficou desolada... o que fazer com as últimas semanas do ano? Foi assim que ela resolveu fazer uma nova meta: terminar a saga de Ramsés com os seus cinco volumes até o final do ano!

E então ela conseguiu!!! E se tornou uma leitora compulsiva mais feliz! Não por ter alcançado a meta 4 dias antes do prazo (por uns dias ela achou que precisaria viajar com o último livro) mas por ter terminado de ler uma deliciosa obra-prima!

Agora pequenas e rápidas conclusões:
-Ramsés O Grande era foda
-Moisés era uma bicha louca saída de alguma gaiola destrancada
-Esqueça Nefertiti e Cleópatra, quem é a grande mulher egípcia é Nefertari
-O Egito é mesmo um lugar maravilhoso
-Christian Jacq não é só um egiptólogo, ele escreve muito bem
-Christian Jacq não só venera o antigo Egito, ele converte as pessoas

Isso dito vamos para a análise!

Christian Jacq me deixou meio dividida... foi algo que me lembrou o que senti quando li "O último templário", só que muito melhor, porque Christian Jacq não perde a paciência no final da história e escreve melhor, com personagens muito mais profundos. Os livros são superbos, as descrições são belíssimas (inclusive algumas muito interessantes sobre componentes de remédios e poções), e explicações muito bem colocadas (sem parecer didático deamsi) sobre a religiosidade egípcia e as suas liturgias. Porém, Ramsés por vezes é perfeito demais... mas graças a deus não completamente! Em alguns momentos você sente que ele é perfeito demais, mas aí a impulsividade desse faraó e algumas cegueiras por amizade ou até mesmo inocência tiram um bocado dessa impressão, dando uma profundidade bem interessante ao personagem. Fora todos os dramas pessoais que são inevitáveis quando se tem uma vida muito longa no poder.

Mas também, o que se pode fazer se Ramsés ficou mais de 60 anos no poder e deixou monumentos que fazem juz ao predicado "monumental" por todo o Egito? Além de ser o cara que conseguiu criar o tratado de paz mais duradouro da época? E como bom egípcio deixou tudo bem documentado nas paredes de tudo isso? Difícil contar uma história dessas sem engrandecer o personagem... e se é para engrandecer que seja como Christian Jacq faz!

Mas, vamos por partes:

Primeiro livro: uma introdução sobre a organização do poder faraônico, com muitas lições sobre religiosidade, educação e civilidade egípcias... coisa de primeiro mundo! Fiquei com inveja de algumas coisas que andam faltando muito por aí, como educação, higiene pública, planejamento de longo prazo voltado para o coletivo, valores morais e preocupação com o meio ambiente. Ramsés é um jovem louco que não sabe o que quer da vida! Ótimo saber que até os grandes passam por esses momentos! Bom... não vou spoilar o final, mas é óbvio...

Segundo livro: Ramsés mostra que nem só a bíblia tem milagres! Menos batalhas do que o título sugere... mas não tem importância! É bom mesmo assim! Tramas, intrigas e violência na luta entre o Egito e o Hatti! Ramsés é um maluco muito sortudo!

Terceiro livro: se você gosta de intrigas esse é um prato cheio! Tem mais que o segundo livro! Alguns personagens ficam ainda mais interessantes, como Acha, o diplomata. Moisés começa a enlouquecer, coitado.

Quarto livro: quase me fez chorar no final... sério. Nem sei como consegui dormir depois... é tão... tão... comovente e triste... é uma obra-prima dedicada às mulheres egípcias, seu saber e ponderação. As personagens principais aqui são as rainhas, não os reis. Muito bom. Moisés mostra o quão bicha ele pode ser. Deve ser o excesso de estrogênio do livro... afetou o hebreu, coitado.

Quinto livro: bom... já é o final da história, né? Ainda existem obstáculos a serem superados pelo faraó, mas nenhum é mais implacável que o tempo e o que ele traz. É um livro meio melancólico, mas isso é esperado, já que se trata de uma velhice mais longa do que a comum na ápoca. Preciso dizer mais? Ah, sim, ainda assim Ramsés mostra que é possível ter bons momentos na velhice! Nada de melancolia o tempo todo não!

Fora isso... tem uma característica recorrente a livros com tantas continuações, que é a descrição meio repetitiva dos personagens, mas nada que fira o estilo do autor, ele sabe manejar bem as palavras para não ficar chato, além de que as descrições são atualizadas com o passar da história, mostrando a evolução dos personagens. Ah, sim, vai entrar no hall dos livros indicados, sem dúvida!

Nota 10, para entrarmos bem no próximo ano!