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segunda-feira, 28 de maio de 2012

O Faraó Negro


SPOILER FREE

Continuando com a programação do Desafio Literário, resolvi tirar da estante um livro que eu ainda não tinha lido de um dos meus autores favoritos: Christian Jacq.

Nunca imaginei que fosse ter a reação que eu tive. Sério. Eu sempre amei tudo que o Christian Jacq escreve, tudo o que li dele até hoje eu achei maravilhoso. Como explicar o que eu senti então?

Eu acho que a culpa é do Tariq Ali, que escreve bem demais numa prosa extremamente realista, onde não existem personagens puramente bons ou maus, todos tem facetas a serem compreendidas. Christian Jacq não é assim. Ele gosta de idealizar os seus heróis, numa forma moderna de contar a história mas seguindo a tradição dos antigos egípcios de endeusar os seus reis e os seus feitos. Não chega ao cúmulo de descrever a batalha de Kadesh conforme ela é descrita em Karnak, é verdade, mas o Faraó negro, Pianky, é perfeito demais! O mundo onde ele vive é extremamente utópico. Um grande choque depois de ler Tariq Ali.

Os primeiros capítulos foram muito difíceis para mim por conta disso. Mas conforme eu fui me acostumando ao estilo mais fantástico e idealista de Christian Jacq comecei a apreciar melhor o livro (engraçado isso, né?). Daí comecei a me deliciar com a forma que ele narra os acontecimentos de forma a explicar como os antigos egípcios pensavam e raciocinavam, no que eles acreditavam e no que eles julgavam importante. Uma verdadeira aula de egiptologia! E de um egiptólogo! Não tem melhor fonte!

Quando cheguei ao final do livro já estava novamente apaixonada pela religião do antigo Egito, com todos os seus rituais e significados lindíssimos! Já estava amando novamente a filosofia pregada pelos antigos hieróglifos... ah, que vontade que dá de viajar no tempo e conhecer essa época!

Amei matar as saudades desse autor, nem que esse sentimento só tenha surgido no final do livro rsrsrs

Nota 9

quarta-feira, 23 de maio de 2012

A noite da borboleta dourada


SPOILER FREE

Apesar de eu não querer classificar esse livro no Desafio Literário (apesar de poder fazer isso com algum esforço, dado que os personagens são extremamente marcados por conta de acontecimentos históricos), eu não podia deixar de ler o desfecho do Quinteto Islâmico, e ainda bem que eu fiz isso! É simplesmente o melhor livro da série!

Dessa vez, talvez por conta de reclamações de leitores dos livros anteriores, a editora caprichou nessa edição, e como o Tariq Ali caprichou no texto... já viu, né? Ficou um livro absolutamente inesquecível! A história atravessa toda a vida da maior parte dos personagens, que são paquistaneses (finalmente o autor se voltou para a sua terra e cidade natal, Lahore), mas que se tornam, como o autor, cidadãos do mundo! Não sei até que ponto o autor misturou ficção com autobiografia, dado que o narrador é um escritor, mas isso simplesmente não importa, os personagens são tão ricos e complexos que você poderia ler mais de um livro sobre eles!

E dessa vez o leitor aprende um pouco sobre a história do Paquistão, sobre as suas misturas étnicas e os conflitos que isso gera, tanto culturais quanto, principalmente, religiosos, fora toda a visão que o autor passa sobre como isso tudo influencia e é influenciado pelas classes sociais e pelas interferências externas, indo desde a influência americana e inglesa a, mais atual, chinesa. E para melhor retratar esse grande mosaico, cada personagem tem características absolutamente distintas! Mas todos tem um passado e uma história em comum, que torna toda a trama possível! Coisa de mestre.

Gostei tanto tanto tanto, que dessa vez  preciso dar um 10 :-)

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Um Sultão em Palermo


SPOILER FREE

Adorei tanto Tariq Ali que apesar de abril (tema escritor oriental) ter acabado, resolvi continuar com o seu quinteto islâmico em maio (tema fatos históricos) simplesmente porque posso! rsrsrsrs

Na verdade é porque Um Sultão em Palermo, assim como no Livro de Saladino, o autor discorre justamente sobre fatos históricos, mas dessa vez na Itália do século XII, onde os árabes foram subjugados pelos normandos e francos e um novo império foi formado por Rogério I. Eu nem sabia que tinha havido árabes na Sicília... vivendo, lendo e aprendendo!

Bom, esse livro é contado, ora vejam só, em primeira pessoa (ele curte esse tipo de narrativa!) pelo personagem histórico do cartógrafo árabe Idrisi, que fez diversas navegações e criou mapas conhecidos pela sua precisão, além de ter criado um novo sistema revolucionário de fazer mapas e localizar lugares (santa Wikipédia!). Mas isso é só um detalhe no livro!

Tariq Ali nos brinda novamente com uma narrativa deliciosa e maravilhosa, cheia de detalhes de como era a vida em Palermo na época de Rogério II e como a sociedade foi sendo modificada conforme o poder dos católicos foi aumentando na ilha. Um texto primoroso e cativante, que, como os outros livros da saga, não teve uma edição a altura. Acho que já estou me acostumando com isso, o que não necessariamente é bom.

Idrisi conta sobre suas viagens, seu relacionamento com o "sultão" Rujari (Rogério na forma árabe), com os Amires e Barões, além da sua estrutura e história familiar (que é particularmente interessante! Achei que é, sem dúvida, a parte mais legal da história). Novamente você não consegue largar o livro até terminar! Não tem uma batalha, mas é realmente cativante! O final me deixou extremamente chocada, e confesso que quase chorei, mas eu não vou dar spoiler! E no final da narrativa o autor nos brinda com um pequeno resumo do que aconteceu com a ilha após o período de vida de Idrisi, o que achei muito esclarecedor e certamente serviu para aplacar a minha curiosidade com o que teria acontecido com a sua família após a sua morte.

Fabuloso!

Nota 9,5 novamente, pelo mesmo motivo de edição ruim.

terça-feira, 1 de maio de 2012

A Mulher de Pedra


SPOILER FREE

Pois é... mais uma resenha atrasada... e dessa vez até o computador não ajudou, pois escrevi uma inteirinha e muito linda ontem, mas ele resolveu apagar tudo. Tudinho. Fazer o que?

Entonces, A Mulher de Pedra é o terceiro livro do quinteto islâmico do Tariq Ali, e até agora é o melhor livro que li dele. Apesar dos constantes erros da edição (sério, Record, vocês conseguiram se superar em trabalho porco), o livro é MARAVILHOSO!

Dessa vez a história se passa na Turquia na virada do século XIX para o século XX e conta as histórias e causos de uma família rica, que tem uma linda casa de campo nos arredores de Istambul. Essa casa é cercada por um jardim, onde há uma estátua/ruína de mulher, que ninguém sabe o que é ou de onde veio, mas para quem todos contam os seus segredos...

E essa mulher de pedra é a grande ideia do autor, porque, para variar, o livro é contado em primeira pessoa, pela filha mais nova do patriarca da família que é dona da casa, mas para entender como as pessoas realmente viviam nessa época não se pode limitar apenas ao seu testemunho, afinal as experiências são muito diferentes para a aristocracia e para os serviçais, e é aí que entra toda a graça da Mulher de Pedra!

Apesar de não ter nenhum momento de ação, o livro te prende, e você quer saber o que vai acontecer em seguida, ou então descobrir o que as personagens estão pensando... leitura de primeira categoria! Personagens maravilhosamente bem escritos e complexos... cada um é um lindo mosaico e juntos formam uma imagem bem interessante do que era o Império Otomano antes da primeira guerra mundial. Simplesmente imperdível.

Tariq Ali consegue um grande feito: você lê todo o livro quase sem se incomodar com os erros da edição desleixada da Record. Só digo uma coisa: ele merecia mais.

Nota 9,5 só por causa da edição.