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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Viver de rir II


SPOILER FREE

Finalizando o mês de fevereiro do Desafio Literário eu selecionei a coletânea de contos "Viver de Rir II", organizada por Flávio Moreira da Costa.

É um livro que eu ganhei faz muitos anos, mas que, confesso, ainda não tinha me animado a tirar da prateleira, pois sempre havia algo que prometia ser mais interessante para ler, e que depois acabou meio que esquecido mesmo. É nessas horas que vejo como o Desafio é legal, e tem me ajudado a tirar a poeira de alguns livros abandonados.

Mas a coleção é uma continuação de outra coletânea, que eu não tenho, mas que também não faz falta. E não sei quão bom é o primeiro volume, só sei que o segundo é realmente muito divertido! Os autores presentes são:

-Voltaire: o francês está presente com 2 contos, que confesso que os achei chatos e moralistas.

-Mark Twain: 2 contos. Eu não entendo esse autor, às vezes eu amo de paixão o que ele escreve, às vezes eu detesto. Realmente não entendo. E fiquei triste porque dessa vez eu não gostei. Não gosto de humor baseado apenas em histórias onde todos os personagens são estúpidos.

-Tchecov: 3 contos. "A Condecoração" ganha destaque aqui, eu rolei de rir! Os demais são engraçadinhos, mas não me cativaram tanto. Mas o humor dele é interessante.

-Guy de Maupassant: confesso que eu não entendi a graça da história do guarda-chuva e da mulher pão-dura. Talvez ter trabalhado com seguros não ajude nesse caso também... mas enfim, só tem 1 conto dele.

-Qorpo Santo: o brasileiro de nome sem sentido escreve teatro do absurdo, só que 100 anos antes da época "certa". A sua peça faz o Monty Phyton parecer a coisa mais lógica do mundo. Não entendi nada. Me senti estúpida lendo as falas sem pé nem cabeça. E não, não achei engraçado. Graças a deus só tinha um texto dele.

-Machado de Assis: nosso célebre mulato pode ser chato escrevendo romances, mas confesso que curto os seus contos! E os 3 aqui presentes não foram exceção. Divertidíssimo.

-Artur Azevedo: outro escritor chato, mas cujos contos eu gostei! Acho que o fato do humor ser brasileiro, e, portanto, mais próximo da minha realidade, fez diferença!

-Saki: outro autor de nome absolutamente absurdo, mas tudo bem, combina com o tema. Os 2 contos apresentados são realmente divertidos, mas previsíveis. O personagem Clóvis chama atenção, e dá para entender porque ele é recorrente na obra do autor (segundo a apresentação no livro, eu nunca li mais nada dele nem nunca tinha ouvido falar).

-Ambrose Pierce: só tem gente com nome estranho nesse livro, sério. Mas o americano é representado não por um conto, mas por trechos de um livro chamado "Dicionário do Diabo", que consiste em nada mais nada menos do que em verbetes com definições muito mais interessantes para palavras comuns, como "absurdo", "beleza" e "homem". É GENIAL! Agora quero achar essa obra completa para ler!

-Alphonse Allais: não achei nada de mais, para mim não faz jus à alcunha "príncipe dos humoristas". Tem 2 contos mornos.

-Lima Barreto: primeiro brasileiro nessa coletânea cujos contos eu não gostei (são 3). Rasos e sem graça.

-Fernando Pessoa: quase morri de susto quando vi que estava presente aqui! Como assim, ele escrevendo contos de humor???? Pois é, a vida é uma caixinha de surpresas. Confesso que prefiro as suas poesias,eu esperava muito mais do seu único conto aqui presente.

-Luigi Pirandello: o italiano ganhador do Nobel sempre me surpreende. O seu único conto te deixa com gostinho de quero mais, além de render boas gargalhadas.

-Antônio de Alcântara Machado: já mencionei que os brasileiros estão com a bola toda nessa coleção? Pois bem, os 3 contos dele são ótimos, e fecham o livro com dignidade.

Nota 8,5.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Shadow of Night


SPOILER FREE

Esse livro é a continuação de A Discovery of Witches, lançado no Brasil como A Descoberta das Bruxas. Depois de ficar mais de um ano esperando, finalmente consegui arranjar o livro (chegou lá em casa quase no Natal por conta de uma confusão com a Amazon), e mesmo no meio do Desafio Literário resolvi que era hora de tirá-lo da estante, para respirar um pouco entre um livro para rir e outro.

Não que a "All Souls Trilogy" (pois é, é uma trilogia, e o terceiro livro ainda nem foi terminado pela autora *suspiro*) não seja para rir, em alguns momentos muito inspirados da Deborah só rir salva. Mas continua no mesmo estilo do livro anterior, tem coisas muito ruins e furos gigantescos, a trama mais parece uma peneira, porém, a história é muito cativante e você não quer largar o livro até terminar, e olha que são mais de 500 páginas!

E claro, o grande problema nesse livro estilo queijo suíço é a viagem no tempo. Deveria haver uma lei que proibisse os autores de escrever histórias que não se encaixassem numa dessas 3 fórmulas: 1) o destino é imutável e tudo já estava previsto, não importa se você vai ao passado ou ao futuro, nada muda, até a sua viagem estava "programada"; 2) existem diversas linhas de tempo possíveis, então quando você viaja no tempo e faz alterações no passado, você cria uma nova linha do tempo que não é mais a sua; 3) "efeito borboleta" (o filme), você vai ao passado e quando muda, tudo muda a partir desse momento, inclusive toda a sua história até o momento em que você resolveu viajar no tempo. Histórias problemáticas surgem quando não se segue uma dessas regras, como por exemplo o maldito relógio de "Algum Lugar no Passado" que não existe!

Enfim, Deborah Harkness faz um samba do crioulo doido com a tal viagem no tempo, e as regras não são consistentes, pois algumas coisas que eles fazem eram necessárias para que coisas no futuro tivessem acontecido para que pudessem fazer a viagem no tempo, enquanto outras trazem mudanças inesperadas no presente. E eu quero dizer literalmente no presente! Coisas que não estavam lá simplesmente aparecem! Ah sim, e isso acontece porque enquanto eles estão no passado, o presente continua normalmente. Funciona assim: se você fica uma semana no passado você perde uma semana no seu presente. Não acho que faça sentido, mas não posso reclamar de sentido numa história de bruxas, vampiros e daemons.

Para piorar a bagunça, quando você leva coisas ou pessoas de um tempo para o outro, se elas já existem naquele tempo elas simplesmente são temporariamente substituídas pelas suas versões viajantes! Então não temos nada como em "De Volta para o Futuro", quando Marty McFly precisa se desdobrar para evitar ser visto por si mesmo, e sim pessoas e objetos que simplesmente somem. Não sei quanto a vocês, mas eu prefiro a versão do filme dos anos 80.

Relevando-se todo esse problema de construção de ambiente, os novos/velhos personagens são muito divertidos e a trama é cativante. Os problemas não param de surgir e apesar das soluções nem sempre serem consistentes com os personagens (que já não são muito consistentes mesmo desde o primeiro livro), a leitura realmente te prende.

Ah, outro detalhe que me incomodou: porque diabos ela não usou o inglês da época de Shakespeare? Viagem no tempo com tradução automática? Não curti, esperava mais de uma escritora acadêmica.

Nota 7.


terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Alta Fidelidade


SPOILER FREE

Esse foi um livro que foi parar na minha estante sem eu ter comprado!!! (vitória!!!!) Quem comprou foi o maridão, que gostou do filme e queria ler algo do autor, apesar dele ainda não ter lido o livro depois de uns dois anos de ter comprado... mas isso faz parte, eu sou a última pessoa que pode reclamar de algo desse tipo, visto que a minha pilha de livros para ler só cresce, independente dos meus esforços para ler o máximo possível.

Mas finalmente o livro saiu da prateleira no mês com o tema de histórias engraçadas do Desafio Literário! E, gente, como valeu a pena! Esse foi o primeiro romance publicado do inglês Nick Hornby, e ele já estreou fazendo barulho! Sua história sobre o inglês trintão que acabou de levar um chute na bunda da namorada (que é minha xará, veja só) e que é dono de uma loja de vinis à beira da falência é realmente inesquecível! Nem pela história em si, mas pela forma como ela é contada. O livro deveria vir com um CD com MP3 de todas as músicas mencionadas! Eu acho que faria muita diferença. E lê-lo com acesso direto ao IMDB (uma espécie de banco de dados de atores e filmes) também faria diferença, pois ele menciona uma quantidade absurda de atores e atrizes que fizeram sucesso nos anos 80 (época em que se passa a história, o que explica o fato da loja ser só de vinis), e olha que a quantidade de músicas mencionadas é muito muito mas muito maior.

Confesso que apesar de achar toda essa história de citações e referências muito legal, fiquei um pouco chateada e perdida por eu não conseguir entende-las, já que não sou grande conhecedora de filmes dessa época, nem das bandas favoritas dos personagens principais. É, o CD e o acesso ao IMDB fizeram falta mesmo.

Problemas para entender as referências à parte, o livro é mesmo uma obra-prima do autor, que tem um senso de humor no mínimo peculiar. E é extremamente divertido ver o lado dos homens nos problemas de relacionamento e os sentimentos de baixa estima deles quando abandonados por suas namoradas. É interessante ver como eles não são tão durões assim, e que eles também podem sofrer com as cobranças da sociedade para que sejam machos alfa. Tudo regado a uma leve depressão crônica que parece ser uma característica básica e onipresente dos ingleses, mas que eles levam na boa ao rir de si mesmos e ao se sacanearem o tempo todo.

Vale muito a pena a leitura, nota 9,5!

O grande mentecapto


SPOILER FREE

Demorei mais de duas semanas para parar para escrever essa resenha, é a famosa preguiça da conjunção do Carnaval com o fim das minhas férias, fruto também de uma leve tristeza causada pelo término do meu descanso. Mas vamos lá, que daqui a pouco os livros acumulam!

O Grande Mentecapto é um livro muito divertido e engraçado! Não imaginava que ele fosse ser do formato que é, pois o narrador é um intruso que fica o tempo todo conversando com o leitor, justificando as suas escolhas na hora de contar a história. Por vezes ele pula alguns causos e se detém por mais tempo em outros, o que ele explica por vezes como sendo necessário por conta da falta de fontes de informação sobre o personagem principal, que obviamente é tratado como sendo real e que o tal narrador precisou fazer uma grande pesquisa de campo para escrever o livro. Para mim, que adoro esse tipo de brincadeira, já valeu a leitura, e adorei todas as piadinhas feitas às custas do narrador.

Fora isso, as histórias contadas beiram o nonsense, mas com um tempero bem brasileiro, o que eu também curto, então não é nenhuma surpresa se eu disser que amei o livro e que o devorei rapidamente (só a resenha é que demorou mesmo). O personagem principal, o tal Mentecapto, realmente faz jus ao seu nome (segundo o Aurélio: adj. Que perdeu o uso da razão; alienado, louco, idiota.), e a lista de demais alcunhas do personagem (e como elas foram obtidas) é uma das atrações da narrativa.

Fernando Sabino é um apaixonado pela sua terra, pois O Grande Mentecapto é uma descrição deliciosa de Minas Gerais, com direito a coisas boas e ruins, senão não ficaria no Brasil, não é mesmo? As descrições da paisagem, dos tipos mineiros mais comuns e a forma como os mineiros viviam na primeira metade do século XX são muito gostosas de ler.

Agora uma curiosidade sobre o livro: o autor demorou mais de 20 anos para escrever a obra, que começou a ser escrita ainda no início da sua carreira, porém ele a deixou de lado por muitos anos, até que uma amiga o convenceu a terminar o romance, que, apesar disso, ficou tão bom que ganhou o Prêmio Jabuti quando foi lançado. E foi merecido!

Nota 9

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

O menino no espelho



SPOILER FREE

Salve a literatura nacional! Depois de um janeiro equilibrado entre lixo e diamantes, fevereiro começou muito bem! Eu já curto as crônicas do Fernando Sabino há muitos anos, mas confesso que nunca tinha lido nenhum romance dele, e resolvi escolher o mês de livros que nos fazem rir para estrear um!

"O menino no espelho" não chegou a me fazer gargalhar, mas juro que fiquei o tempo inteiro com um sorriso no rosto. As aventuras do menino Fernando são simplesmente deliciosas! Não só me fizeram lembrar das histórias da infância do meu pai, como me fizeram pensar em como antigamente a vida era mais simples, e era mais fácil ser criança e se divertir, nem que fosse apenas na sua imaginação. E como Fernando tinha imaginação de sobra!

O livro é mas não é um romance, se parece mais com uma coleção de histórias de um menino muito levado, mas de bom coração, que se mete em diversas encrencas, às vezes muito reais, outras puramente imaginadas, mas não menos emocionantes por causa disso. É uma grande visita à infância realmente inocente, onde o importante é simplesmente brincar e se divertir. Um presente da meninice da primeira metade do século XX para todos os atolados na correria do século XXI.

Vale cada segundo de leitura! Pena que dura tão pouco... como a nossa infância.

Nota 9