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sexta-feira, 7 de junho de 2013

Tão veloz como o desejo


SPOILER FREE

Depois de "descobrir" a autora mexicana Laura Esquivel no Desafio Literário do ano passado com o bestseller "Como água para chocolate", fiquei morrendo de vontade de ler mais livros dela. Para a minha alegria, minha linda sogra me deu mais dois livros dela! E "Tão veloz como o desejo" caiu como uma luva no tema desse mês do Desafio Literário: romances psicológicos.

O livro traz a história de Júbilo, um homem com o dom da comunicação, e com a capacidade inata de trazer alegria para todos a sua volta. Todos exceto o grande amor de sua vida, Maria Luz, chamada de Lucha. Numa narrativa comovente, a filha de Júbilo, Chuva (é isso mesmo, esse é o nome dela, e durante a história a escolha do nome é explicada), auxilia o pai durante a sua doença na velhice, e entre os problemas causados pela cegueira e pela perda da capacidade de falar do seu pai e as visitas de amigos de longa data, ela vai redescobrindo o passado de Júbilo e Lucha, e entendo como um casal tão perdidamente apaixonado se tornou distante o suficiente para ficarem 52 anos brigados.

Para dar um tempero especial na história, a autora ainda acrescentou a mitologia e a numerologia asteca, resgatando as origens do verdadeiro México!

Além disso, a história é cheia de reviravoltas, e para melhor ilustrar porque cada personagem reage de determinada forma, o livro é escrito a partir da perspectiva e dos sentimentos de cada um deles. É só assim que é possível compreender como um homem capaz de entender toda e qualquer mensagem subjetiva pode chegar ao ponto de se divorciar do grande amor da sua vida.

Apesar de achar o livro um pouco curto (eu queria mais), gostei demais da leitura. Achei tudo lindo, desde a história até a forma como é apresentada a mitologia asteca. E quase, quase chorei no final (coisa raríssima). Laura Esquivel continua crescendo no meu conceito e no meu coração!

Nota 9,5.

PS: Quem será a tal mulher bem vestida???? Mistério...

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Mercure


SPOILER FREE

Depois de descobrir que eu já tinha lido um livro que cabia no tema desse mês do Desafio Literário, que é romance psicológico, resolvi pegar mais uma obra de uma das minhas autoras favoritas, a belga Amélie Nothomb.

Como eu já disse anteriormente, Amélie é louca, e suas histórias beiram o absurdo, o que não impede que sejam extremamente divertidas e ácidas, extremamente ácidas. E em Mercure, a autora faz jus a essa descrição. O livro nos conta a história de um velho marinheiro que mora isolado do mundo numa ilha chamada Fronteiras Mortas, numa imensa mansão sem espelhos e onde não há nenhuma superfície reflexiva. Junto com ele mora uma jovem chamada Hazel, a quem o velho salvou de um bombardeio (a história se passa entre as grandes guerras), porém, ele diz a ela que o bombardeio a deixou com o rosto completamente destruído. Dessa forma, Hazel não quer ser vista por ninguém, que não seja o Capitão, com quem tem um caso muito complexo. Até que, há uma semana do seu aniversário de 23 anos, ela fica doente.

O Capitão chama então uma enfermeira para cuidar de sua "pupila". Françoise leva um susto ao se deparar com a beleza radiante da jovem, e sentindo que tem algo de errado acontecendo naquele lugar, começa a frequentar a ilha, numa tentativa de salvar Hazel da sua prisão imaginária.

Em resumo, velho caquético se apaixona por jovem e para poder mantê-la ao seu lado mente sobre a sua aparência. É ou não é doentio? Pois bem, durante a leitura você descobre que o problema é ainda pior do que aparenta ser.

A história em si é extremamente simples, mas ela anda devagar, pois Amélie gosta de jogar com o psicológico dos seus personagens doentios, e quando ela não brinca com monólogos, ela brinca com diálogos. E isso às vezes dá certo, e às vezes não dá. Em determinados momentos, os diálogos entre Françoise e o Capitão dão muito nervoso e a vontade pular os parágrafos é enorme, porém, outras vezes a história e as colocações dos personagens são simplesmente brilhantes.

Para tornar o livro ainda mais interessante, a autora fez dois finais. Sim, é isso mesmo. Ela escreveu dois finais possíveis para a história e colocou os dois no livro, com uma nota explicando que ela gosta igualmente dos dois e que por não conseguir decidir entre eles, resolveu publicar tudo.

Pessoalmente, eu gostei mais do primeiro final que tem no livro (apesar dos diálogos que levam a ele serem extremamente chatos), mas em compensação gostei mais da forma como o segundo final é desenvolvido. Dessa forma, entendo a dúvida da autora.

Apesar dos momentos chatos onde você quer apenas pular páginas só pra saber o que vai acontecer, o livro é muito bom, ficando dentro da média da autora (que costuma acertar mais do que errar, apesar de eu não gostar de tudo o que já li dela), e é um romance psicológico imperdível para quem gosta de histórias bizarras e de humor ácido.

Nota 8.