Pesquisar este blog

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

The Earth, The Gods and The Soul - A History of Pagan Philosophy


SPOILER FREE

Mais um livro comprado em promoção na Amazon... e, quem diria, um grande achado!

No início achei que o livro se propunha a algo muito complicado e difícil, mas o autor conseguiu se manter nas linhas em que ele mesmo definiu no início, e faz um grande passeio por milênios de filosofia que tem características pagãs. E ele faz questão de pontuar quando falta algum tipo de característica nos trabalhos que ele analisa para ser considerado realmente filosofia, mas também justifica porque mesmo sem essas características ele os selecionou para tratar no livro. Achei válido dentro do que ele expôs.

A primeira parte do livro cobre alguns textos antigos irlandeses (Poetic Edda e Prose Edda), que eu já tinha ouvido falar, mas que infelizmente nunca li (mas já tenho pelo menos um deles me esperando no kindle, oba!). A segunda parte fala sobre o "nascimento" da filosofia com os gregos, que, para quem é leigo como eu, é uma aula muito legal sobre o desenvolvimento dela. Depois ele passa pelos textos de diversos autores que certamente não se consideravam pagãos (afinal, já estamos falando da época em que o cristianismo se tornou a religião oficial de Roma e até o Renascimento) mas cujo pensamento tinha características que são consideradas pagãs. O mesmo processo ocorre quando ele analisa os trabalhos de autores iluministas, até que com o século XIX fica mais fácil de alguém se dizer não cristão, e aí ele analisa o trabalho de diversos naturalistas americanos e, como não podia deixar de faltar, Nietzsche.

A partir daí, o livro é um bálsamo, com uma análise crítica linda e bem pé no chão de clássicos como Blavatsky, Crowley, Gardner, o surgimento do termo "book of shadows", a inclusão da luta feminista dentro do pensamento pagão (Starhawk!), o entrelaçamento da consciência ecológica com o neopaganismo e a Hipótese Gaia. Inclusive, é justamente a partir do século XX que o livro fica cheio de informações mais interessantes e bem embasadas, de autores com maior calibre acadêmico produzindo textos muito mais profundos e de maior relevância, não só dentro do paganismo mas em estudos comparativos com outras linhas de pensamento.

De uma forma geral, as críticas do autor são muito bem colocadas, e apesar dele ser pagão, ele às vezes é tão certinho e rígido com sua linha de análise que ele aparenta não ser (o que achei um ponto muito positivo). Fiquei muito impressionada com isso. Além disso, ele escreve de forma bastante acessível e com um humor nerd que simplesmente me cativou.

O único problema desse livro é que me deixou com uma lista ainda maior de livros interessantes para ler. Graças aos deuses existe a lista de desejos da Amazon para deixar tudo anotado e aguardando o momento propício para compra-los.

Nota 10.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Vampire Academy - Last Sacrifice


SPOILER FREE

E finalmente chegamos no último livro da série Vampire Academy! Ufa! Nesse volume, Rose precisa fugir para se manter viva enquanto tenta limpar o seu nome. No meio da confusão ela descobre segredos há muito tempo ocultos e desvenda seus verdadeiros sentimentos. No Brasil, o livro foi lançado com o nome "Último sacrifício".

Então chegamos ao final de uma saga, com alguns percalços e problemas, mas que no geral é uma boa série adolescente de vampiros. Comparada com Vampire Diaries ou Twilight ela é simplesmente excelente. De uma certa forma lembra muito o seriado de TV Buffy (comparação muito bem pensada de uma amiga minha), com toda aquela história de caçar vampiros maus e uma protagonista forte e guerreira, no sentido literal da palavra, que engana por ser uma adolescente com cara de patricinha.

"Last Sacrifice" é um livro que me surpreendeu e me frustrou ao mesmo tempo, pois apesar de ter boas reviravoltas (não tão óbvias assim, o que é positivo) e um jeitão mais de história de detetive, ele infelizmente se prende a diversos padrões de histórias para meninas adolescentes. Isso me incomodou particularmente porque, no início da saga, Rose prometia ser bem diferente da protagonista padrão feminina. Rose era auto-confiante, sabia-se desejada e aproveitava isso ao máximo, mas ao longo da história ela se revela uma romântica, de um jeito meio bruto, mas ainda assim seguindo o ideal romântico do príncipe encantado. Era uma série que prometia quebrar alguns tabus, mas que na hora h resolveu ficar certinha e até certo ponto careta. Mas apesar disso não é um livro padrão para meninas, pois tem muito sangue, morte e destruição, e isso eu acho positivo. Além disso, apesar de ter o ranço do príncipe encantado, a autora faz questão de quebrar algumas "regras" desse tipo de história, como por exemplo a questão das "almas gêmeas", outro ponto positivo.

Dado tudo o que aconteceu até o 5° livro, o último é um desfecho razoável, mas ficou com cara de que a autora fez uma boa ginástica para que o final fosse mais feliz do que o necessário, com um jeitão meio Disney com direito a sangue. E põe ginástica nisso, porque novamente algumas coisas não fazem sentido e definitivamente não eram necessárias para o final da série ficar bacana.

Agora eu descobri que a série "Vampire Academy" deu filhote: "Bloodlines", que já tem 4 livros publicados (3 já saíram por aqui) e um 5° a caminho, e que trata da continuação da história da alquimista Sidney e da moroi Jill, e até onde eu li sobre ela parece que é interessante. Na minha próxima loucura por fast food literário eu pego para ler.

Nota 8 para o livro, e 7 para a série como um todo.

Vampire Academy - Spirit Bound


SPOILER FREE

E chegando perto da reta final da série Vampire Academy, chegamos ao 5° livro "Spirit Bound" (que em português foi traduzido para "Laços do Espírito"). Depois do estrago feito no final do quarto volume, digamos que a continuação não tinha como ser muito diferente.

O que não quer dizer que é uma boa continuação e que conserte o estrago. Realmente o enredo de forma geral é bom e coerente com o que aconteceu anteriormente (ah, o desastre do quarto livro não sai da minha cabeça), e Richelle aproveita todas as oportunidades para encher a narrativa de ação e adrenalina, o que é bom. O que me incomoda é que ela esquece que personagens considerados inteligentes precisam realmente ser inteligentes e fazerem sentido nas suas ações. E o furo que ela comete escolhendo retomar personagens do passado ao invés de criar novos faz com que esses personagens deixem de fazer sentido. Beira o ridículo a forma como ela trata o antigo vilão, que era tão interessante e que a partir desse momento passa a ser apenas uma personagem estúpida que poderia ter dominado o mundo mais cedo mas pelo poder do enredo fez besteira e foi derrotado. Novamente a autora comete o pecado da preguiça de criar novos personagens e se apega aos que ela já tinha feito até agora e para isso funcionar precisa fazer uns remendos feios.

Agora, se ignorarmos o problema central das ações do vilão em questão, o livro funciona melhor do que o anterior, dado que o estrago já foi feito e o show precisa continuar. Há mais ação e menos enrolação e menos drama adolescente, o que de uma forma geral é uma grande vitória. Apesar de boa parte do livro ser previsível, a leitura prende e é dinâmica, e o final é realmente muito bom. Acho que foi o melhor final até o momento para os livros da série, o que é uma afirmação forte, já que os dois primeiros livros também têm finais ótimos. A autora também faz promessas de tentar consertar o problema do terceiro livro, mas confesso que tenho as minhas dúvidas de que elas serão cumpridas, dado o que ela fez até o momento.

Só para constar: em "Spirit Bound" Rose finalmente consegue se formar, e ela e Lissa vão para a Corte Moroi. Uma vez lá, Rose e seus amigos se organizam para tomarem ações drásticas na procura de uma cura para os "vampiros de verdade", e no meio dessa busca acontecem coisas inesperadas que podem mudar a vida de todos.

Nota 7 pela retomada do ritmo anterior.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Vampire Academy - Blood Promise


SPOILER FREE

Esse é o quarto volume da série Vampire Academy (as resenhas anteriores você encontra aqui, aqui e aqui), que saiu com o título "Promessa de Sangue" em português (finalmente uma tradução que faz sentido!). No último livro, Richelle Mead terminou de um jeito promissor para dar uma boa renovada no seu trabalho.

"Blood Promise" realmente começa de uma forma diferente, numa ambientação nova e cheia de novos personagens e isso anima bastante a leitura! Mas... conforme a história se desenrola, a autora começa a cair nas armadilhas de romances adolescentes: excesso de drama, decisões infantis e sem sentido e pura enrolação. Até que chega um momento em que a história engrena de novo e eu fiquei cheia de esperança de um final bombástico! Sabe aqueles finais que prometem mudar tudo, completando de vez a renovação prometida no início do livro? Pois é, tinha tudo para ser isso tudo e ser lindo. Só que não.

Entendo a dificuldade de autores fazerem mudanças, é difícil se despedir de personagens e criar algo novo, mas tem momentos em que isso é necessário, sério. Nesses momentos, caso o autor não consiga se desapegar, o que acontece é uma quebra na credibilidade da história, e o leitor sente que não consegue mais mergulhar na narrativa. No meu caso eu fiquei com tanta raiva que quase joguei o kindle longe (nem pensar!). Richelle teve a oportunidade de tratar de um assunto de uma forma muito mais profunda do que ela tratou até esse ponto, e ia ser tudo de lindo. Mas ela resolveu que ia continuar a história de uma forma bem mais "clássica" e previsível. Detesto promessas não cumpridas (trocadilho proposital, ok?).

Para piorar, ela ainda consegue terminar o livro de um jeito em tudo volta praticamente ao mesmo ponto em que estava antes do livro começar. Me senti enganada.

Nota 5. A raiva foi grande assim, e não houve nova ambientação ou novos personagens que salvassem a sensação final.


terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Vampire Academy - Shadow Kiss



SPOILER FREE

Então chegamos ao terceiro volume da Série Vampire Academy, que foi traduzido como "Tocada pelas sombras" (nem ficou ruim dessa vez, mas não entendo a mania de mudar o título). Lembra que eu mencionei no segundo livro que a autora estava começando a enrolar demais e que se ela continuasse fazendo a coisa ia ficar óbvia e isso ia parecer que os personagens são idiotas? Pois é. Aconteceu exatamente isso.

Então, além do problema de você conseguir prever (quase) tudo o que vai acontecer e ser descoberto, ainda temos o problema da adolescência dos personagens. Tudo bem que cada livro cobre pouco tempo, e isso até deixa espaço para o pouco desenvolvimento e amadurecimento dos mesmos, mas... cansa. Cansa e o tipo de situação em que eles são envolvidos era para fazer eles terem um choque de realidade e darem uma crescida. Passei metade do livro irritada com a personagem principal, e quase respondendo em voz alta as suas desculpas esfarrapadas para fazer o que não deve. Juro que nos dois primeiros livros as desculpas colavam, mas no terceiro já não colam mais e não convencem. Rose parece dar um passo para frente e dois para trás nesse quesito.

A única coisa que eu realmente gostei foi do final do livro. O final é bom, previsível, mas bom, daqueles que prometem uma reviravolta e uma boa oxigenada na série, com possibilidade de muitas renovações. Ah, e tem novamente a questão adrenalina do meio para o final do livro, que ajuda bastante a levar na esportiva os problemas da narrativa. Pelo menos a escrita da autora continua não comprometendo.

Nesse livro Rose está passando por uma fase importante no seu aprendizado como guarda-costas: experiência de campo. E apesar dela já ter muita experiência de primeira mão no mundo real, os traumas do último livro a atormentam e a atrapalham a passar nos testes, e ela mesma começa a duvidar da sua sanidade mental. Até que novas reviravoltas podem trazer mudanças irreversíveis na sua vida e no mundo.

Nota 7. Vamos ver como os próximos seguem e ver se Richelle Mead consegue recuperar o frescor dos primeiros livros.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Vampire Academy - Frostbite


SPOILER FREE

"Frostbite", a continuação de Vampire Academy e que recebeu o nome incongruente de "Aura Negra" em português (sério, de onde os nossos tradutores tiram essas "pérolas"?), é uma boa continuação ao primeiro livro. Como mencionei na última resenha, eu tinha medo das continuações dessa série, mas até agora Richelle Mead está conseguindo manter o nível com uma história interessante, uma escrita que não compromete e muita adrenalina.

Enquanto o primeiro livro se dedicava a dar uma explicação geral de como é o mundo onde se passa a história e uma boa aprofundada no histórico de boa parte dos personagens principais, o segundo volume é voltado para ação, quase adrenalina pura. E é justamente isso que segura o leitor, porque fiquei com a sensação de que nesse livro a questão "aborrecentes à solta" fica mais forte, mas a ação ininterrupta te distrai e essas coisas acabam por ficar novamente no plano de fundo e não incomodam.

Nessa continuação, Rose continua estudando para virar guardiã da sua amiga Lissa, mas para isso precisa correr atrás de algumas questões onde ela ficou atrasada por perder 2 anos de escola, e numa dessas ela precisa viajar junto com o seu mentor para encontrar um guardião mais velho. Quando eles chegam lá, eles descobrem um fato que espalha terror e insegurança entre a comunidade Moroi. Dessa forma, as férias de Natal acabam sendo transferidas para um grande resort no alto das montanhas para onde todos os estudantes e suas famílias são transferidos. Uma vez lá, Rose conhece o Moroi Adrian, que causa muitos problemas para ela. A partir daí é só adrenalina.

Fora a adrenalina, a autora aprofunda alguns questionamentos que ficaram pendentes no primeiro livro, o que é interessante, mas ela se segura um bocado, dando espaço para os livros seguintes continuem a desvendar aos poucos o mistério que é a ligação entre Rose e Lissa. As duas personagens crescem um pouco também nesse livro, o que é interessante, e é mostrado de uma forma plausível, então mais um ponto para a autora. O que me deixou um pouco preocupada é que ela me deu a sensação de que vai enrolar nos tais mistérios para conseguir preencher seis volumes com eles, e, bom, essa tática não costuma dar certo, porque depois de um ponto o mistério meio que fica óbvio e isso só deixa os personagens com jeito de idiotas. Mas vamos ver conforme as coisas se desenrolam, não é mesmo?

Nota 8, por enquanto.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Vampire Academy



SPOILER FREE

Então, depois de ler um livro super denso e pesado, voltei ao "fast food" literário que descansa a minha mente de tempos em tempos. E nada como uma série de livros que está para virar filme esse ano para isso!

Confesso que depois do trauma com Vampire Diaries e Twilight eu não esperava nada desse livro. Expectativa quase negativa! Eu esperava algo do mesmo nível ou quem sabe pior (por mais que se duvide, sempre pode ser pior), e me surpreendi.

Não é um livro para todos os gostos, vou logo avisando, se você não gosta de vampiros e/ou magia fique longe. Se você gosta, mas se prefere se ater ao clássico do que é vampiro (estilo Bram Stocker ou Anne Rice) fique longe. Se você não gosta de livros para adolescentes (o Young Adults em inglês, então é aquele adolescente um pouco mais velho) fique longe. Não gosta de drama de high school ou de romances fique longe também.

Agora, se você passou bem por todas as perguntas pode ir em frente. Vampire Academy, que em português ganhou o título absurdo de "O beijo das sombras", é diversão garantida. Longe de ser uma obra-prima, o livro pelo menos não incomoda por ser mal escrito, inclusive essa parte chama tão pouca atenção que você nem repara, o lance é a história e os personagens.

O mundo criado para Vampire Academy pode ser fantasioso, mas tem muita coisa em comum com o nosso. A relação entre os tipos de vampiros e o que se poderia chamar de híbridos é no mínimo problemática de ser entendida racionalmente (às vezes até incomoda), pois envolve toda uma cultura muito doida enfiada nas crianças desde que elas nascem. Já li algumas resenhas que destroem os personagens principais tachando-os de hipócritas e sem sentido justamente por causa disso, mas sinceramente? Vivemos num mundo onde a maioria das pessoas é hipócrita (em diferentes níveis, é claro), e a nossa sociedade em si é hipócrita com relação às mulheres e aos variados tipos de preconceito (ainda mais no tema normalmente atacado pelos críticos ao livro: o slut shamming). É verdade que as relações entre as diferentes raças é realmente problemática, mas precisamos olhar em volta também, né? Quem queremos enganar? Também temos um monte de exemplos bem realistas de relações entre grupos (pode ser étnico/religioso/cultural/nacionalista enfim) que não faz o menor sentido. Então não vi nenhum problema sério com essas questões serem colocadas no livro, afinal é uma fantasia sombria, não é um mundo perfeito, e nenhum dos personagens dignos de nota do primeiro livro são humanos. Nenhum.

Bom, dito isso, me diverti muito com a personagem principal/narradora, Rose é uma adolescente de pavio curto, gostosa (e que sabe e gosta disso) e que por mais que esteja por cima, vai sempre estar abaixo pelo fato de ser uma dhampir, apesar disso ela acredita fielmente na sua razão de ser: proteger sua melhor amiga, a moroi Lissa. As duas tem uma espécie de conexão telepática, extremamente rara, de forma que Rose sabe o que Lissa sente, pensa e onde ela está, características perfeitas para ser uma espécie de guarda-costas sobrenatural que todos os moroi têm, e que são todos dhampir, claro. Para deixar a história mais interessante, os moroi são seres mágicos (podem fazer magias), onde cada um desenvolve uma ligação mais estreita com um determinado elemento (água, terra, fogo ou ar), mas Lissa aparentemente não consegue desenvolver essa ligação com nenhum deles. Assim como Rose, ela também é diferente. E elas ainda precisam tomar cuidado com os Strigoi (finalmente vampiros clássicos!), que buscam compulsivamente o sangue de morois. O livro começa com elas fugindo há dois anos da sua escola (a tal Vampire Academy do título), e sendo recapturadas e levadas de volta. Ao retornar, além de lidar com os problemas "normais" de qualquer escola, elas ainda precisam lidar com as razões pelas quais elas fugiram, e novos desafios se desenrolam a partir daí.

Explicado tudo isso, o livro realmente me surpreendeu com uma história diferente e cativante. As chatices adolescentes estão lá, mas não são o foco principal do livro, então dá pra levar. A escrita não compromete a leitura, então já está acima da média. Só não sei se é possível esticar tanto esse universo para durar 6 livros... isso sim confesso que me dá medo.

Nota 8 pela grata surpresa.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Uma História dos Povos Árabes



SPOILER FREE

Então, esse é um livro que ficou muito tempo na minha estante esperando a sua vez. Confesso que as suas mais de 650 páginas e a promessa de ser um livro muito denso, pesado, cheio de informações e notas de rodapé me assustaram e eu fiquei um bom tempo empurrando a sua leitura com a barriga. Mas como esse ano começou bem, e em menos de duas semanas eu já tinha lido 4 livros, achei que podia me dar o luxo de fazer uma leitura mais longa: levou exatamente uma semana. Claro que só consegui lê-lo nessa velocidade porque me coloquei o desafio de ler 100 páginas dele por dia, e teve um dia que simplesmente eu não li nada por motivo de show e dor de garganta maiores.

O limite de 100 páginas também foi importante porque a leitura desse livro deve realmente ser feita devagar. A tal promessa de ser um livro muito denso, pesado, cheio de informações e notas (não de rodapé, mas no final do livro) se cumpriu e a leitura leva mesmo algum tempo. Ainda por cima, como o autor se propôs a falar de um assunto absurdamente vasto ele precisa ser econômico. É claro que ele explica algumas palavras e conceitos (palavras em árabe!), mas quando ele precisa se referir novamente a eles ele não se repete, senão o livro não acabaria nunca! Então eu me peguei diversas vezes tendo de parar, lembrar o que significa aquilo que ele estava falando, de onde era exatamente a dinastia mencionada (e de preferência a época também), e só então continuar a leitura.

Talvez para quem não se interesse pelo assunto o livro se revele chato e massante, mas como eu estava ávida para entender mais sobre a formação dos países árabes e seus "primos" (mais especificamente os turcos e persas), a leitura foi bem mais leve e tranquila do que eu supunha. E gente, valeu a pena todo o esforço. Albert Hourani realmente conseguiu traçar uma linha geral muito bem explicada de toda a história dos países árabes, desde a conquista de Maomé e os Califas (século VI, VII) até a década de 80 do século XX, explicando como os povos árabes e o islamismo fizeram parte da formação histórica desde o Paquistão, passando por todo Oriente Médio, norte da África até a Espanha Andaluza. Ufa! É muita coisa mesmo. Parando para pensar nem sei como ele conseguiu.

Claro que um trabalho hercúleo desses precisa ter limites, por isso ele não chega a se aprofundar em nenhuma época ou lugar muito específicos, para isso é melhor procurar uma leitura mais, adivinha, específica, mas para ter um entendimento geral o livro é mais do que perfeito. E quando eu digo geral é geral mesmo! Incluindo uma quantidade enorme de campos como política, cultura e religião. Para quem, como eu, já leu muita literatura árabe, é interessante ver como Hourani explica a formação de todo um universo e forma de pensar, e o fato de ter lido esse livro aqui ajudou muitíssimo, fiquei ainda mais fã de Ibn Khaldun.

Recomendo demais.

Nota 10.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

O retrato de Dorian Gray


SPOILER FREE

Eis um livro que ficou muito tempo na minha lista de leituras/estante. Mas só depois que baixei uma versão grátis para kindle e surgir o tema "clássico - época vitoriana" em um dos desafios que estou seguindo esse ano, que realmente peguei o volume para ler. Quer dizer, abri a versão no kindle e devorei em 2 dias (é que eu demorei muito para escrever essa resenha, por isso as contas não batem com os livros que já resenhei esse ano).

O enredo é muito conhecido, e pode até mesmo soar batido hoje em dia, mas na época era uma ideia muito original, por isso não vou ficar fazendo resumos ou introduções. Então, indo direto ao que me interessa ;-) , o texto é recheado de críticas ácidas à sociedade da época, o que é hoje muito engraçado e divertido, e faz você entender facilmente porque Oscar Wilde foi perseguido e considerado uma figura, no mínimo, controversa. Além das críticas, o autor aproveita para falar de diversas ideias (imagino que suas) sobre o que é a arte, e digamos que suas ideias quanto a isso podem ser consideradas até hoje como radicais. Alguém que consegue essa proeza após mais de 100 anos é no mínimo alguém interessante, não é mesmo?

Mesmo não sendo a primeira obra que li dele (li Salomé há quase dois anos atrás), fiquei impressionada, até porque Salomé é bem simples e suave perto desse romance (e olha que Salomé não é simples nem suave). E apesar de ter adorado o livro, a estória contada e as ideias loucas apresentadas, confesso que lá pelo meio do livro fiquei com muito sono. Explico: no meio da estória do Sr Gray, Oscar Wilde resolve fazer descrições detalhadas e cheias de analogias das loucuras e manias do personagem. São páginas e páginas recheadas de citações ou menções a outras histórias, livros etc. Nada de andamento do que acontece com Dorian Gray. Tudo bem que aparentemente nada acontece mesmo durante muitos anos, a não ser a alternância entre coleções absurdas e leituras bizarras, mas precisava enrolar tanto para dizer isso?

Enfim, dá uma sensação ruim de quebra de ritmo no livro, mas passando por esse obstáculo, o livro retorna ao delicioso ritmo inicial, culminando num dos clímax mais clássicos da literatura inglesa. Sensacional.

Para quem acha que clássicos são chatos ou difíceis, "O Retrato de Dorian Gray" está disponível em qualquer biblioteca ou livraria ou na internet para provar que existem exceções. Boas exceções.

Nota 9 só por causa do soluço no meio do caminho.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

O Sultão das Rosas


SPOILER FREE

Depois de ler o livro de contos da Yasmin há mais de 3 anos, confesso que minhas expectativas foram quase na lua com relação ao seu primeiro romance. Nota mental: diminuir sempre as expectativas, nunca dá certo.

Enfim, novamente tive a honra de participar do lançamento do livro da Yasmin Anukit, e dessa vez consegui ler o livro bem mais rápido do que da última vez. Mas infelizmente, como mencionei anteriormente, minhas expectativas eram um pouco altas.

Os textos dessa estudiosa do mundo oriental são sempre muito poéticos, e cheios de informações místicas, então para aqueles que curtem esse tipo de leitura, é um prato cheio. Pessoalmente, eu curto esse tipo de texto também, e as mensagens da autora são lindas e inspiradoras, como sempre. O meu problema foi que eu esperava um romance histórico, e me deparei com uma fábula histórica. Confesso que meu cérebro deu nó com as informações truncadas e isso tornou a minha leitura muito menos agradável do que eu esperava. Como eu disse, foi um problema de expectativa.

O livro de Yasmin Anukit é baseado em alguns fatos históricos e as descrições dos locais são muito acuradas, porém a forma como a história se desenrola não me convenceu como possível na época retratada, por isso vejo a sua obra mais como uma fábula. Visto desse ponto de vista, o livro não só convence como também fica muito mais bonito e rico. O meu problema foi lutar contra esse ponto de vista durante a leitura, um grande erro da minha parte.

Caso vocês decidam ler esse livro e mergulhar no mar de informações místicas sobre as religiões orientais, a Virgem Maria, Maria Madalena e o Conde de Saint Germain, lembrem que se trata de uma fábula e sejam felizes.

O livro retrata a viagem de 3 mulheres francesas à Istambul, no século XVIII, e conforme os fatos se desenrolam, Yasmin nos mostra o mundo oculto dos Haréns, das odaliscas, dos ciganos turcos e da política. Tudo regado de misticismo e informações preciosas.

Nota 7 por conta da confusão na minha cabeça.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Fan Fiction - Year 2


SPOILER FREE

E finalmente saiu a continuação de Fan Fiction - Year 1 da minha amiga Vivian Wolkoff. Novamente tentarei ser imparcial nessa resenha.

Lembrando, Fan Fiction é uma série baseada em "fatos reais", onde se mostra a loucura que pode rondar a cabeça e as ações dos fãs quando estes não conseguem discernir muito bem entre ficção e realidade. E embora de vez em quando o livro pareça absurdo, eu sei que nesse ponto ele é bem realista, o que é absolutamente aterrador. Quem nunca ouviu nenhuma história de um fã que perde a cabeça e faz alguma estupidez monumental? Pois é, acontece mais vezes do que gostaríamos de admitir como seres humanos, e certamente mais vezes do que sai nos jornais e tabloides.

Nessa continuação, a autora volta a sua atenção para o desenvolvimento dos personagens, mostrando mais sobre as suas histórias de vida e dramas pessoais de cada um, o que torna a trama e os próprios personagens mais interessantes, pois nenhum deles é perfeito, e nenhum deles é uma pessoa terrível por natureza. Pessoalmente, gostei dessa quase pausa para mostrar como todos são tons de cinza (ui! piadinha ruim a vista e sem fundamento erótico nenhum no livro).

Novamente o livro termina daquele jeito que dá raiva, quase que no meio de uma frase. E novamente estou morrendo de curiosidade para ver como vai continuar na sequência (nem sei quantos livros serão nessa série, ó céus, ainda bem que tem muito livro para me distrair).

Porém, achei que a continuação não tem o mesmo frescor que o primeiro volume... ganhou em profundidade, mas perdeu em novidade. Fico aguardando as continuações (imagino que seja pelo menos mais 2 livros pelo andar da carruagem) para ver como as coisas se desenrolam.

Nota 8,5.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Dead ever after


SPOILER FREE

E dessa forma abrimos a temporada 2014 de leituras! Um livro que ficou esperando na minha estante quase 1 ano para ser lido, apenas porque não cabia no desafio do ano passado e foi sendo passado aos poucos para trás... culpa em parte por causa dos livros anteriores da série, em parte por causa das últimas temporadas da série de TV (que além de se distanciar cada vez mais dos livros andou ficando ruim, muito ruim).

Mas o livro prometia pelo menos uma coisa: seria o último da franquia, o que já me deixou muito satisfeita, pois não aguentava mais ler mais um livro da Sookie Stackhouse só para ver como a autora dava um jeitinho de esticar a história para continuar publicando. Então, levando em consideração que eu não esperava grandes coisas do livro, mas já ficaria feliz se fosse mesmo o último da série, posso dizer que fiquei feliz.

"Dead ever after" realmente é o último livro da franquia, e ainda por cima consegue ser melhor do que os últimos volumes, dando um final digno para a série (dentro de todas as possibilidades definitivamente a autora soube escolher bem, acho que foi a menos pior). Não, não foi um final genial, mas também não acredito que isso fosse algo possível depois de 13 livros e pelo menos uns 7 de enrolação, então está desculpado.

Mas até agora só falei do final do livro, o meio ficou meio no limbo porque, bem... é mais ou menos onde ele deveria ficar mesmo. O enredo é realmente interessante até o ponto em que a autora deixa escapar um detalhe que revela imediatamente quem é o vilão por trás dos problemas, e apesar dela tentar disfarçar, o final dessa parte da história fica muito óbvio. Achei uma pena, podia ser tão mais interessante por tão pouco, porque o problema não é nem o vilão em si, achei até a escolha interessante, mas o fato dele ficar claro demais muito antes da hora. E olha que fazia muito tempo que eu não lia nada da autora! A última vez foi em agosto de 2012!

Apesar de tudo o saldo foi positivo. Por isso, nota 8,5 para o livro e 7,5 para a série como um todo. Estou boazinha por ter conseguido começar bem o desafio de 1 livro por semana em 2014.