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segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Coisas Frágeis



SPOILER FREE

Então, eu estou com uma tendinite chata no pulso esquerdo, e ela meio que reclamou demais da versão volume único que eu estava carregando para cima e para baixo das "Crônicas de Nárnia". Conclusão: as crônicas estão em casa, sendo lidas a passo de tartaruga e eu precisava de algo para ler na rua que fosse mais leve.  Achei que "Coisas frágeis" fosse leve o suficiente, e de um autor que eu tinha certeza que iria me ajudar a esquecer a chatice de Nárnia.

Fico feliz que eu tenha conseguido acertar em cheio! Neil Gaiman é sempre uma aposta certa para bons momentos de leitura. Em "Coisas frágeis" ele vem num formato inédito para mim: contos. Foi meu primeiro livro de contos dele, e eu adorei!

Que ele é meio ensandecido eu já sabia, mas acho que ele se sente ainda mais à vontade para surtar quando a história é curta. São 9 histórias muito interessantes (e loucas), incluindo também um prefácio sensacional do autor, onde ele não só explica a razão de ser do título do livro, como também conta a origem de cada conto que compõe o livro.



Os temas são extremamente variados, e vão desde H.P. Lovecraft encontra Sherlock Holmes, alienígenas, Matrix e até um conto baseado nos personagens de "Deuses Americanos" (o meu conto favorito, que, aliás, só deve ser lido depois do livro original para evitar spoilers). E a variedade não é só dos temas, mas de estilos também. Tem contos bizarros, outros engraçados, outros tristes, e outros que misturam um pouco de tudo. E tem aqueles contos que você acha que bem que poderiam ter virado um romance, de tão cativantes. Tem até personagem que aparece mais de uma vez, o que é muito interessante e dá um senso de unidade ao livro.


Vale muito a leitura, e deixa um gostinho de quero mais no final. Ainda bem que existe um segundo volume, e mais algumas coletâneas dele disponíveis por aí para matar a vontade ("M de magia" e "Fumaça e espelhos" são apenas mais duas opções).

Nota 9.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

The Magician's Nephew



SPOILER FREE

Então, já pensando no mês que vem, comecei a ler os livros das Crônicas de Nárnia, porque um dos temas do próximo mês é clássicos que viraram filmes, o que é o caso de alguns desses livros. Mas não é o caso do primeiro!

"O sobrinho do mágico" foi um dos últimos livros a serem publicados das Crônicas, mas é o primeiro se você quiser ler a história cronologicamente, e conta como Nárnia veio a ser conhecida/criada. A história, mesmo com algumas implicâncias pessoais minhas, é muito fofa e bem curtinha. Explico minhas implicâncias: o livro é um pouco infantil demais para o meu gosto e tem excesso de referências bíblicas que me parecem sem objetivo, só estão lá porque sim.

Tirando esses dois pontos, o livro é divertido, bem para criança mesmo, com direito a diversos momentos de "moral da história". É interessante ver alguns personagens que eu já conhecia dos filmes aparecendo pela primeira vez, e alguns detalhes fofos de Nárnia sendo explicados. Mas espero que seja algo estilo Harry Potter, que cresce com o tempo, senão não sei se terei paciência para lê-los seguidinho até o último volume não (são 7 livros no total).

Até porque, o primeiro livro tem um jeitão meio sem sal, não é ruim, mas não é genial, é fofinho, mas tem momentos que eu revirei os olhos. É tão mais ou menos que não tem muito o que dizer. Se não melhorar nos seguintes vai ser complicado. Mas, vamos ver, o próximo já virou filme em 2005!

Nota 7,5.

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Frankestein


SPOILER FREE

Então, estou enrolando com essa resenha faz alguns dias, mas de hoje não passa.

Peguei esse clássico para ler porque um dos meus desafios literários (o de clássicos, claro) tinha como tema ler um clássico do terror, e assim como Drácula (que eu já li e recomendo), Frankestein está no topo da lista do que é um clássico de terror, ou pelo menos na teoria, certo?

Pois bem, na verdade não achei o livro grandes coisas, nem como terror, nem como literatura. Sendo franca, achei muuuuuuuuuuuuuuuuito chato. Tão chato que aconteceram duas coisas bizarras: um, eu inventava outras coisas para fazer para não lê-lo, dois, diversas vezes eu dormi no meio da leitura (com direito ao kindle cair algumas vezes na minha cara, e não, isso não é divertido).

Explico: Frankenstein não trata do monstro, em absoluto, o livro trata dos problemas emocionais do criador do monstro, e trata da aversão do ser humano pelo o que é diferente e feio. Só isso. Nada de grandes cenas de terror ou descrições terríveis, só o medo do ser humano, angústia, culpa e roooooonc

Ah sim, porque o livro trata dessas coisas de forma repetitiva, muito repetitiva mesmo. Saca a repetição da Bela de como o Edward é lindo? Esse nível de repetição. E não importa o que aconteça, não importa o quão ilógica seja a aversão pelo monstro (ele é até um cara legal! mais legal que muita gente! até ele enlouquecer... o que vamos combinar, é compreensível), a repetição do medo, angústia, culpa e aversão continua e continua e continua e continua. A história em si caberia num conto. E nada se resolve, nada se conclui. Nada se transforma ou leva a lugar algum. É só uma repetição sem fim de angústia, culpa, medo e aversão.

Terminei o livro às duras penas (e dormindo no final) e não entendo como é um clássico. E confesso que não lembro particularmente de nenhum filme sobre o Frankenstein para fazer alguma comparação, mas imagino que qualquer filme seja melhor, nem que seja por resumir a história.

Nota 3.

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

O oceano no fim do caminho



SPOILER FREE

Então, depois do fiasco que foi a continuação de "A taste of magic", resolvi ler algo que certamente seria muito bom para tirar o gosto ruim da boca. Então resolvi ler um dos meus autores favoritos: Neil Gaiman. E como eu tinha uma cópia autografada (morram de inveja!), que eu dei de presente para o maridão (outro fã do autor), de "Oceano no fim do caminho" nada mais óbvio que pegar o último lançamento desse gênio inglês.

E realmente não me arrependi! O livro é tudo o que eu esperava e mais um pouco. A musa de Neil Gaiman estava inspirada nesse livro, porque "Oceano no fim do caminho" é uma obra muito interessante, ela lembra outras obras do autor, pois tem um quê de terror como "Coraline" e um quê de fábula como "O livro do cemitério", mas ao mesmo tempo é única, e consegue algo que achei incrível: consegue fazer o terror ser poético!

Para deixar a coisa ainda mais interessante, Neil Gaiman se baseou na sua própria infância para escrever "Oceano" (com direito a usar uma foto dele mesmo na contracapa do livro), e é muito bacana ver como a criatividade pode usar coisas tão reais para produzir uma fantasia tão bonita e assustadora. E o autor ainda consegue outra façanha: ele consegue apresentar os "fatos" da forma como uma criança faria, é lindo!

Então, o livro conta como o narrador, ao ir para um funeral com a família, acaba se refugiando na região onde passou sua infância. Apesar da casa onde ele morava não existir mais, uma fazenda no final da rua ainda está lá, e é para lá que ele vai, lembrando-se que era lá que morava uma das suas amigas de infância, que se mudou para a Austrália quando ele tinha 7 anos de idade. Ou será que a história era outra? Misturando passado e presente, e brincando com a forma como as pessoas lembram das coisas, uma história fantástica e aterrorizante se desdobra na fazenda da sua infância.

Nota 10.

Nota: e assim cheguei ao final do meu desafio de ler 52 livros no ano!!! A partir de agora é lucro! E vamos ver se consigo ultrapassar a quantidade de livros lidos no ano passado, acho que foram 60 livros... será que eu consigo? Ainda estamos no início de outubro...

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

A stroke of magic



SPOILER FREE

Então... depois de me surpreender e me divertir demais com "A taste of magic" resolvi arriscar a sua continuação. E que banho de água fria no inverno...

Tudo o que eu gostei no primeiro livro está ausente no segundo. Não é mais despretensioso (inclusive tem excesso de drama para o meu gosto), o clima não é mais comédia (é romance água com excesso de açúcar), a personagem principal do primeiro volume é relegada ao plano de fundo e quase não aparece (aqui a protagonista é sua irmã mais nova, uma chata de galocha que só reclama e nada faz para mudar a sua situação), a magia passa a ser usada de forma errática e deixa de fazer sentido.

Se eu fizesse uma lista de tudo o que eu detesto em romances água com açúcar, todos os itens estariam presentes nesse maldito livro. Coisas como: almas gêmeas, protagonista tão chorona que é impossível entender como o mocinho da história gosta dela, decisões sem sentido nenhum com o resto da história, excesso de drama com os personagens rodando em círculos ao invés de resolver o problema, repetição em forma de ladainha dos infortúnios da personagem principal...

Enfim, nesse volume a história gira em torno da irmã mais nova, artista e futura mãe solteira da protagonista do primeiro livro. A trama é a busca dela pela sua alma gêmea, que vai garantir que o seu bebê ainda não nascido será criado num ambiente saudável e assim ele vai crescer de forma a não se tornar psicopata. Sério. É isso mesmo. Acrescente aí a tal magia cigana, que não faz o menor sentido na hora de funcionar ou não, um par romântico ululantemente óbvio e clichê,  mas que a protagonista se recusa a aceitar apesar de estar apaixonada por ele (é, não é para fazer sentido pelo visto) e drama, muito drama, a maioria inventado pela cabeça da personagem principal porque ela é meio que muito obsessiva por controle.

Não consigo listar nada que se salve no livro... nem os personagens mais legais e excêntricos do primeiro volume estão bem aqui. Um desastre total. O pior é que eu li as contracapas dos livros seguintes (são 4 livros no total) e não são nada promissores, tudo repeteco do livro 2... pelo visto serão deletados do kindle sem nem serem lidos.

Nota 2 porque hoje é segunda-feira e não quero começar tal mal assim a semana.

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

A taste of magic



SPOILER FREE

Então, um dos desafios literários que estou seguindo tem como tema para outubro um livro com bruxas (muito apropriado para o Halloween que se aproxima). Só que incrivelmente eu não tinha livros ainda por ler com bruxas no início do ano, então meio que entrei numa caça aos livros com bruxas (piadinha infame) que parecessem palatáveis e interessantes (nada de Nora Roberts pelo amor aos deuses!). E aí, a santa Amazon com o seu santo kindle me deram um monte de opções com boas resenhas e preços muito acessíveis (cofpromoçãocofcof), daí topei com a série "Magic" da Tracy Madison e resolvi dar uma chance.

E como valeu a pena! Eu já sabia que era um livro estilo chicklit, então eu não esperava nada além disso, inclusive eu já esperava algo bem mais ou menos... e o livro me surpreendeu! Nada de machismos que incomodem e nada de cenas de sexo gratuitas (e elas existem!!! e achei bem divertidas, num estilo parecido com os primeiros livros de True Blood). Tem clichês? Claro, tem clichês saindo pelo ladrão, mas não incomodam porque o livro tem uma ótima característica: ele não se leva a sério e isso o torna muito, mas muito engraçado.

O livro trata da história de Elizabeth, uma cozinheira de Chicago, dona de uma padaria especializada em bolos e doces. Aos 35 anos ela está divorciada do seu único namorado, e há um ano deprimida por ter sido trocada por uma mulher mais nova. Então sua avó Verda resolve que chegou a hora dela receber uma herança especial: a magia cigana da sua tataravó. A partir daí Elizabeth precisa aprender a usar o seu novo dom e consertar a sua vida.

Eu indicaria esse livro para quem gostou do "Diário de Bridget Jones", avisando que é muito mais divertido porque é muita piada junta num ar de total descontração, é quase uma paródia de livros sobre mulheres de 30 anos que se divorciaram e estão à caça. Eu ri tanto lendo o livro que eu precisava me controlar para não passar vergonha no metrô. E tem uma cena em específico lá quase no final do livro que eu quase passei mal (literalmente) de tanto rir.

Mas para realmente se divertir com ele é preciso ir sem pretenção de ler algo profundo ou sério. Não é esse tipo de literatura, definitivamente. É que nem filme pipoca, você desliga o cérebro e se diverte de montão. É um bom livro para descansar a cabeça e passar o tempo.

Agora se você não encarar a leitura com essa perspectiva... bom, depois não diz que eu não avisei.

Nota 9, dentro do estilo, claro.