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segunda-feira, 24 de novembro de 2014

A bicicleta que tinha bigodes



SPOILER FREE

Então, ainda na corrida para chegar ao livro n°70 do ano, tirei da prateleira mais um livro fininho: "A bicicleta que tinha bigodes". A história desse livro é parecida com a do outro livro desse mesmo autor que eu li esse ano, "Uma escuridão bonita", vou contar a versão curta: fui na primavera dos livros do ano passado, me apaixonei por uma camiseta com uma citação do autor e acabei saindo da feira com a camiseta e mais três livros do Ondjaki para explorar.

"A bicicleta que tinha bigodes" é o segundo desses três livros que eu leio, e cada vez mais gosto mais do autor. Esse livro é um pouco maior que o outro que eu li, e não tem o mesmo trabalho gráfico que caracteriza tão fortemente "Uma escuridão bonita", mas, em compensação, tem uma história mais complexa para contar, e como ainda se passa com os mesmos personagens de "escuridão" é como se fosse uma revisita extremamente gostosa ao primeiro livro.

Ondjaki tem um estilo delicioso e muito particular de escrever, uma espécie de prosa poética extremamente popular,  que retrata de forma muito singela a camada pobre da população de Luanda, sua cidade natal. Nesse livro em específico, como é narrado (novamente) por um menino, a linguagem é simples, mas cheia de gírias locais, o que torna necessária a presença de um glossário ao final do livro. É divertido ler um livro em português de um país como Angola, onde se fala a mesma língua que a nossa mas com particularidades tão marcantes. Eu já estou acostumada com o português de Portugal, mas o de Angola tem um outro gingado muito legal.

Enquanto "uma escuridão" é uma espécie de livro-poema-arte-visual, "a bicicleta" tem todo o seu charme concentrado na história do menino que quer ganhar uma bicicleta num concurso de uma rádio, mas para isso ele precisa escrever uma história e ele está sem ideias. Durante a sua busca por uma história para contar, ele nos apresenta os seus vizinhos e o seu dia a dia numa comunidade pobre, onde falta luz e água com frequência por causa dos conflitos armados e por outras causas não explicadas.

O livro é muito singelo, e a leitura é extremamente rápida. Não é aconselhável para quem não curte literatura infanto-juvenil, mas se você não tiver preconceito garanto que é de qualidade e você não vai se arrepender.

Nota 9,5

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