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segunda-feira, 3 de novembro de 2014

A desumanização



SPOILER FREE

Apesar de ter sido lançado originalmente em 2013, o livro do autor português Valter Hugo Mãe, "A desumanização", só chegou ao Brasil em 2014, e, claro, assim que o vi na livraria o peguei, porque "O filho de mil homens" deixou uma marca indelével no meu espírito de leitora. Agora sou feliz proprietária de 4 livros do autor, mas até agora esse foi apenas o segundo volume que li, o que será remediado em breve.

"A desumanização" é um livro difícil e pesado, com um ar muito diferente do "filho de mil homens", mas com a mesma poesia e sensibilidade que parecem ser as marcas registradas do autor. Valter Hugo Mãe nos traz dessa vez o relato de uma menina de 11 anos que perdeu sua irmã gêmea, nos contando como ela sente (ou deixa de sentir) a morte (ausência, esquecimento ou abandono?) do seu duplo. A história ainda por cima se passa na Islândia, uma terra de extremos, bem apropriada para os sentimentos também extremos dos seus personagens.


O autor traz uma narrativa que incomoda, que cutuca o leitor e o faz sofrer junto com a narradora, mas ao mesmo tempo é tão cheia de poesia e figuras tão lindas que o leitor acaba por ver beleza até mesmo na dor e no sofrimento. Eu me senti extremamente dividida lendo esse livro, pois ao mesmo tempo que me deixava extremamente deprimida eu não conseguia parar de ler e me deliciar com passagens belíssimas do texto, uma sensação muito doida. Ainda não me decidi se foi agradável ou não. Mas ainda assim indicaria a leitura para quem tiver estômago para uma aula de tristeza e melancolia.

Talvez o problema tenha sido que eu buscava uma leitura mais leve, e me deparei com uma criança plantada, maior tristeza das tristezas. Guardarei o livro para reler num momento mais propício, quando poderei apreciar melhor a visão da boca de deus.

Nota 9.

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