Pesquisar este blog

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Boa noite a todos



SPOILER FREE

Então... esse foi um dos livros deprês desse ano. Sabe aquele tipo de livro que justamente por ser bem escrito é que te deixa deprimido? Esse tipo.

"Boa a noite a todos" é o monólogo de Maggie, uma brasileira meio socialite que, suponho, sofre de Alzheimer. O livro é dividido em 3 partes, a primeira é o romance com o monólogo, a segunda é a peça que derivou do romance, e a terceira é uma espécie de ensaio/explicação/lista de referências que o autor fez sobre as duas primeiras partes.

A primeira parte, o romance, poderia ser um livro em si só, e essa é a parte que achei bem escrita e deprimente, afinal um monólogo de alguém que está perdendo a memória e confunde as coisas, não lembra e/ou repete palavras e o que acabou de dizer/fazer é algo realmente deprimente quando é escrito de forma realista (esse é o caso, e por isso estou considerando bem escrito). O que salva é que é curto, e mesmo assim tive muita dificuldade em terminar o maldito romance, porque ficava irritada e meio deprimida toda vez que pegava o livro para ler.

A segunda parte é um quase um resumo da primeira, o que torna a sua leitura extremamente chata e redundante depois do romance. Melhor seria ver de verdade a peça, ao invés de lê-la. Aliás, não entendi a necessidade de colocar os dois textos num livro só, é só repetitivo e pouco interessante para o leitor comum (talvez para dramaturgos seja um exercício interessante, ou estudiosos no assunto, enfim).

A terceira parte poderia muito bem se ater apenas à lista de referências, porque o texto do jornalista sobre os dois textos anteriores é simplesmente chato de matar. Parece que ele quis justificar a chatice dos textos anteriores (o que é óbvio dado o tema) num novo texto chato e cheio de obviedades. Também não entendi a necessidade de incluí-lo no livro.

O pior é que a parte "boa" do volume ocupa apenas metade das suas páginas! O resto é só um monte de coisas extras que conseguem deixar o livro mais chato do que era necessário.

Nota 8 para a primeira parte (por causa do realismo da coisa), mas nota 4 para a obra como um todo.

The Dating Detox



SPOILER FREE

Depois de alguns livros meio deprês para essa época do ano, resolvi chutar o balde e investir em algo bem leve, tranquilo e divertido. "The dating detox" foi a escolha perfeita.

Ainda sem tradução para o português, "the dating detox" (algo como "desintoxicação de encontros", mas que soaria melhor como "dieta de namoro") é uma leitura tranquila, leve e extremamente divertida. Seguindo a linha de humor inglês que você encontra em Bridget Jones (só que muito muito muito muito muito melhor), Sass é uma inglesa de vinte e muitos anos com uma coleção de namoros fracassados, mais especificamente de namorados que terminaram com ela. Chegando a conclusão que sair com homens e namorar é algo que definitivamente ela não faz bem, Sass resolve fazer uma desintoxicação, com direito a uma lista de regras a tudo mais a seguir nas noitadas para evitar novos fracassos. Afinal, relacionamentos que não começam não terminam, não é mesmo?

A autora fez uma escolha interessante nesse livro: o fluxo de consciência, o que não só torna a leitura mais dinâmica (a sensação é que a personagem está conversando com o leitor), como deixa a personagem principal irresistível. É impossível não gostar dela. Em alguns poucos momentos você pode até ficar com raiva da sua estupidez, mas ela é tão engraçada, tão irreverente e tão fã dos anos 80, que você desculpa qualquer besteira que ela venha a fazer.

Em outras palavras, "the dating detox" é um chick-lit com um humor inglês e uma qualidade bem acima da média desse estilo de literatura. Com uma grande vantagem: não tem os costumeiros defeitos machistas desse tipo de livro. A personagem principal não encontra um príncipe encantado, e não está (mais) à procura de um, sua jornada pela "desintoxicação" é uma jornada de auto conhecimento e aceitação, que finalmente termina quando ela se permite ser ela mesma. O mundo seria um lugar muito melhor se mais chick-lits fossem assim.

Nota 9,5!

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Destined to dance: a novel about Martha Graham


SPOILER FREE

Então... esse foi um dos poucos livros na minha vida que fiquei com muita, muita vontade de não terminar de ler. Foi uma luta ir até o final, e eu só fiz isso por dois motivos: 1- a Martha Graham é uma figura histórica importantíssima na dança, 2- se é para falar mal é para falar mal com propriedade.

"Destined to dance" supostamente é um romance histórico sobre a vida da bailarina Martha Graham, uma das pioneiras do que chamamos hoje de dança moderna. Mas o livro já começa fazendo escolhas duvidosas. Veja bem, Martha Graham só veio a falecer em 1991 , o que quer dizer que tem muita gente ainda viva que conheceu e conviveu com ela, fora toda a documentação abundante sobre a sua vida que é de razoável fácil acesso, além das diversas biografias e uma autobiografia já lançadas no mercado, logo um romance histórico precisaria ser feito com muito cuidado.

E já na primeira página a coisa desanda: o livro é escrito em primeira pessoa. Pessoalmente achei de arrogância incrível querer fazer um romance em primeira pessoa sobre uma personalidade com uma autobiografia lançada, mas tudo bem. Só que não para aí. Além de ser em primeira pessoa, o romance se passa no Hades (espécie de purgatório da mitologia grega), onde Martha vai fazer uma revisão da sua vida, numa espécie de auto julgamento. Duplamente arrogante na minha opinião, mas ainda podia ter salvação.

Mas não, o livro é escrito de uma forma absurdamente superficial, parece até um resumo escolar da vida da bailarina e coreógrafa, correndo para listar uma quantidade enorme de informações que não seriam relevantes num romance, só que em primeira pessoa. O que ficou especialmente bizarro, visto que até menções a críticas de jornais e de revistas aos espetáculos da Martha o livro tem. Mal escrito é um elogio.

Quando a tortura termina, a autora pelo menos se dá ao trabalho de mencionar suas fontes, que é a melhor parte do livro. Aliás, confesso que não entendi a preocupação da autora em mencionar o que é verdade ou não é no seu trabalho, visto que apenas os pouquíssimos diálogos e um personagem bizarro no final da história é que são inventados. No mais, tudo é baseado em fatos reais, e apesar de estar em primeira pessoa, é tudo tão pouco aprofundado e corrido que a autora não chegou a correr risco de fazer a bailarina se auto julgar. Afinal, listar trabalhos, relacionamentos, colegas bailarinos, viagens e prêmios não quer dizer nada, fora os relacionamentos é um curriculum, ou um artigo da Wikipedia.

Mais vale ler qualquer biografia já publicada da bailarina.

Nota 2, pela listagem de fontes no final.

Love you to death



SPOILER FREE

Mais uma resenha atrasada... mas não vou terminar o ano com pendências!

Esse livro foi uma experiência muito interessante para mim, pois fui cobaia da autora antes do lançamento (leitora beta, prazer) e lembro de terminar de ler o rascunho e marcar de encontrar com a Vivian só pra dizer a ela que o livro precisava ser publicado de qualquer forma porque era bom demais. Sabe aquele tipo de história que você vai lendo e imagina que já sacou tudo e de repente o autor arranca o tapete de baixo de você e tudo muda e o choque te faz amar o livro de paixão? Pois é.

Aí, quase um ano depois o livro é lançado, óbvio que eu compro, e óbvio que eu leio de novo, e óbvio que esse é um tipo de livro que a primeira leitura é uma experiência absolutamente única, e lê-lo novamente é um exercício muito interessante, mas completamente diferente. Dessa vez fiquei catando todos os indícios do final que eu já conhecia e me diverti horrores fazendo isso. Em outras palavras, ele ainda sobrevive a uma segunda leitura sendo um livro muito divertido. Não, a primeira leitura não é exatamente divertida, não no sentido de engraçada.

É até complicado ficar falando de "love you to death" sem dar spoiler ou estragar a história, então vou fazer um resumo do resumo: o livro conta a história de Rachel, uma carioca tímida que trabalha numa livraria que acaba se enrolando com o neto da vizinha, mas a paixão logo se torna um perigoso jogo onde ela já não sabe mais o que é e o que não é verdade.

Para saber mais e entender que reviravolta torna o livro tão interessante, só lendo. E por enquanto, só foi lançado em inglês... o que é no mínimo curioso!

Nota 9.

We should all be feminists



SPOILER FREE

Gente, final de ano é uma confusão mesmo, estou super atrasada nas resenhas... mas vamos tentar colocar em dia!

Chimananda Ngozi Adichie é uma autora africana (nigeriana para ser mais exata) de sucesso internacional, e em 2012 ela sua terceira palestra no famoso evento TED, dessa vez sobre feminismo, que depois virou esse livro super pequenininho, que obviamente eu comprei na promoção (sempre!). Eu já tinha ouvido falar super bem da palestra e do mini-livro, então achei que valia os 0,99 de dólar que paguei. E sim, realmente valeu cada centavo.

"Todos nós deveríamos ser feministas" é realmente bem curtinho e o formato é de palestra, com pequenos causos da vida da autora ilustrando a sua opinião sobre a necessidade do feminismo no mundo atual. Uma leitura rápida, leve (dentro do possível pelo tema) e agradável. Por conta do formato, não é um livro que se aprofunda em nenhuma questão específica do feminismo e nem da luta das mulheres negras ou africanas (o que achei uma pena, tomara que vire outra palestra no futuro), mas funciona de forma interessante para sensibilizar aqueles que não conhecem o feminismo "de verdade", e como a luta pelos direitos das mulheres ainda é muito atual e necessária.

Para quem já lê sobre o feminismo pode achar o conteúdo meio "mais do mesmo", mas é sempre interessante conhecer novos materiais de boa qualidade para indicar para os "iniciantes", então recomendo para todos.

Nota 9.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Please Don't Tell my Parents I'm a Supervillain



SPOILER FREE

Então, estou super atrasada com minhas resenhas... mas essa época do ano é muito cheia de afazeres e o tempo se torna mais escasso.Não para ler, claro, mas certamente para escrever!

Confesso que esse livro eu comprei por causa do título. Simples assim. Quem poderia resistir a um livro chamado "por favor, não conte aos meus pais que eu sou uma super-vilã"? E eu gostei tanto dele que fiquei triste ao perceber que ele ainda não saiu em português e por isso eu não pude comprar para dar de Natal para as crianças da família.

Então, quanto ao conteúdo: o livro conta a história de uma pré-adolescente, que é filha de dois super-heróis aposentados (pense em algo estilo "Os Incríveis") e está ansiosa para os seus poderes aflorarem (ou não, aparentemente é algo meio aleatório), ela tem 2 melhores amigos, um menino bem nerd que não gosta de falar da própria família, e uma menina que também é filha de uma super-heroína. Quando finalmente os poderes dela aparecem, um acidente acaba fazendo dela e seus amigos os vilões da situação, e eles ficam com a fama. A partir daí a história é sobre como eles vão fazendo besteiras pela cidade, se envolvendo em diversas confusões com super-heróis e outros super-vilões enquanto tentam manter suas identidades "civis" secretas.

O livro se resume em uma palavra: fofo. É tão fofo e divertido que você fica chateadíssimo quando descobre que tem uma continuação. Não é uma sangria desatada, o arco principal da aventura apresentado nesse volume termina (ainda bem!), mas ficam diversos ganchos interessantes para o segundo livro, que deveria sair ainda esse ano, mas aparentemente não vai rolar.

Mas... o livro tem defeitos. O autor não é nenhum gênio literário, às vezes a sua escrita é meio dispersa, e você se pega relendo alguns parágrafos para tentar entender o que aconteceu (nem tente, o livro precisava mesmo é de uma boa revisão), porém a história é tão fofa e divertida (já disse isso, né?) que você passa batido por cima dos problemas como num bom filme pipoca. Acho que deveríamos ter uma categoria para livros pipoca também, esse certamente ficaria bem colocado nela.

Nota 8,5.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Wedding Song



SPOILER FREE

Ainda na corrida para fechar o ano com 70 livros (nunca mais faço isso na minha vida, não desse jeito!), peguei mais um livro da pilha do Naguib Mahfouz (pilha fruto de uma compra enlouquecida numa promoção num sebo internacional maravilhoso, o Better World Books) porque ele parecia ser rápido e tranquilo de ler.

"Wedding Song" ainda não foi traduzido para o português, como a maioria das obras do autor egípcio (o que é uma pena), e o estilo lembra uma outra obra dele: Miramar. É um estilo de narrativa que pessoalmente eu curto muito: uma história contada diversas vezes, cada vez sob o ponto de vista de um personagem diferente. Dessa vez a história trata de uma família de classe baixa do Cairo que trabalha para um teatro e o drama que se desenrola com eles, numa mistura de análise social com mistério, coisas do Naguib Mahfouz. A história envolve os problemas de um casal e o seu filho, que está estreando como autor de peças de teatro, e um ator de meia idade que nunca conseguiu fazer sucesso.

O livro é especialmente interessante para quem quiser observar a forma como a mulher é vista e julgada na sociedade egípcia (mas a história caberia em diversos outros lugares também, o que é muito triste), e, claro, tem o charme que só Naguib Mahfouz consegue colocar em histórias dramáticas para que elas não fiquem piegas.

Mas infelizmente é aquilo: eu quando leio Mahfouz sempre espero algo extraordinário, e "Wedding Song" não está entre os seus melhores livros. O livro é muito bom, super aconselho, mas, não é aquela Brastemp que se espera do autor não. Por isso:

Nota 8.