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quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Vampire next door



SPOILER FREE

Então, o meu objetivo era ler algo leve e tranquilo, e de preferência feliz. Confesso que imaginei que o livro fosse um chick-lit daqueles bem água com açúcar e vampiros gostosos.

Ledo engano. Quer dizer, é chick-lit, tem um vampiro gostoso, mas não é exatamente água com açúcar. O livro na verdade é um exercício de tortura física à personagem principal, enquanto ela se envolve em um monte de relacionamentos abusivos que supostamente deveriam ser românticos, com direito a um vilão sádico que parece saído de uma novela mexicana.

Para piorar a situação, o livro é mal escrito. Tão mal escrito, que foi um grande exercício de revirar os olhos.

Nem as passagens mais quentes salvam o livro. Uma tristeza.

Nota 3.

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Desafio Literário 2017

Como os seguidores mais antigos do blog já sabem, todo ano eu sigo um desafio literário! E nos últimos dois ou três anos tenho seguido com afinco os desafios propostos no blog Coruja em Teto de Zinco Quente, simplesmente porque os desafios de lá costumam ser mais criativos, e depois de alguns anos seguindo desafios "normais", eu preciso de coisas mais interessantes.

Para 2017, o Desafio Corujesco sugere uma dose de randomicidade nas escolhas literárias de cada tema, o que apela à estatística formada dentro de mim, mas que deixa o meu lado virginiana absolutamente apavorada. Mas, vou tentar encarar o desafio!

As randomicidades propostas são:

1) Faça uma pilha/lista dos livros que você tem disponíveis para leitura no tema proposto. Mostre-a em uma rede social (ou mesmo num grupo de amigos do whatsapp) e peça que escolham sua próxima leitura. Se você não se sente à vontade com redes sociais, então pode pedir a outra pessoa aleatória - a primeira que passar pela sua mesa quando você terminar a lista ou algo do tipo.

2) Pegue um globo. Ou um mapa. Ou pesquise o mapa múndi e coloque-o na tela do computador. Feche os olhos e coloque o dedo no mapa. Utilize o país em que seu dedo caiu para escolher o livro - seja porque o autor é natural desse país, seja porque a história se passa por lá. Caso seu dedo tenha caído no meio de algum oceano, leia uma história que se passe em alto-mar. Ou num rio. Num cruzeiro. Numa lagoa. A escolha é sua.

3) No caso de escolher contos dentro dos temas propostos (e não apenas no mês em que se pede para fazer o diário de contos, embora nesse caso também seja possível), não se restrinja a um único autor ou livro. Escolha de forma aleatória dez histórias, de dez autores/antologias diferentes e compare diferentes estilos, diferentes gêneros.

Já aviso que a terceira randomicidade não vai rolar. Não vou ficar trocando de livro de contos. Mas, se eu fizer a minha versão desse mês do desafio (calma, já chegaremos lá) daí certamente vou topar fazer algo assim.

A Lulu (ou a Coruja) fez um grande favor, deixou janeiro e dezembro como meses de tema livre, o que certamente vai facilitar a minha vida, visto que tenho um kindle para esvaziar e eu simplesmente não estou dando conta. Então, vamos lá!

Janeiro - LIVRE - vou ler o que der na telha, até porque estarei de férias!!!!

Fevereiro - Um Livro que seja um Marco dentro do seu Gênero: Pode ser uma história que tenha inaugurado o gênero literário de que faz parte (Dupin do Edgar Allan Poe é considerado o início das histórias de detetives), que mudou a forma como se encara aquele gênero (porque criou um personagem arquétipo ou algo do tipo, tipo, Sherlock Holmes), que ganhou tantos prêmios que quebrou a banca ou mesmo que tenha se tornado sinônimo do gênero (Agatha Christie é um nome que automaticamente ligamos ao tema).

Opções: 1) Anne Rice, com a sua volta ao tema Vampiros, com o novo livro dela que eu consegui com o Vampiro Lestat; 2) qualquer coisa de terror do Stephen King (porque ele praticamente define esse gênero); 3) um livro histórico da Wicca (tenho vários livros que marcaram a história do paganismo que ainda não li)






Março - Um Livro que teve uma Adaptação: Basicamente, um título que tenha sido de alguma forma adaptado: ele pode ter servido de inspiração para um filme, uma série, uma história em quadrinhos, um musical… A ideia aqui é comparar original e adaptação e entender como eles dialogam entre si, se a interpretação do original ganha com a versão adaptada. Trabalho investigativo de primeira, hum?

Opções: 1) "Precisamos falar sobre Kevin", que já andou em minhas listas de leituras em desafios anteriores mas ainda não li; 2) "The Martian", que eu já vi o filme e Matt Damon me convenceu a comprar o livro; 3) algum outro livro que tenha virado filme (porque essas adaptações são mais comuns)




Abril - Uma História Baseada em Fatos Reais: O tema é auto-explicativo. Pode ser um romance inspirado numa história real ou pode ser o próprio relato do caso. Talvez até um livro-reportagem. E nada mais tenho a declarar sobre o assunto.

Opções: 1) algum livro do Bernard Cornwell (faz muito tempo que não leio nada dele); 2) algum livro de história árabe (tenho vários para ler); 3) algum livro sobre espionagem (não perguntem, eu simplesmente adquiri vários nos últimos meses)



Maio - Um Livro que Você tem mas Nunca Leu: Outro que não precisa de maiores explicações. Esse daqui é um mês para vasculhar na estante aquele livro que está escondido, caído atrás dos outros, em algum compartimento secreto escondido - talvez algo que você ganhou, mas nunca se empolgou muito em começar, algo de que você não sabe o que esperar. Deixe-se surpreeender!

Eu não sei se rio ou se choro com esse tema. É tanta opção que sei lá.


Junho - Uma História que se Passa no Futuro: Nesse caso, pode ser também um futuro de uma história alternativa à nossa - o que significaria que não temos como confirmar se ela está na mesma linha temporal que estamos, de forma que ele pode ser equivalente ao nosso passado. Um exemplo desse paradoxo? O Homem do Castelo Alto, de Philip K. Dick, onde temos o futuro de um mundo em que Hitler venceu a guerra.

Confesso que tenho pouquíssimos livros com esse tema. E o pior é que eu li agora em dezembro uma saga inteira que poderia se encaixar aqui. Já sei que vou pegar livros do tema anterior e ver o que dá pra classificar aqui. Olha, vai facilitar (só um pouquinho) a minha vida em Maio. E como tenho que dar uma pesquisada nas estantes, não vai rolar lista prévia.


Julho - Um Livro que seja uma Indicação de Algum Conhecido: Eu sei que já há uma regra das randomicidades que sugere pedir sugestões, mas é algo que pode ou não ser aplicado a depender da escolha do leitor. Aqui, a sugestão se torna tema e, ei, pelo menos não estou pedindo para vocês pararem pessoas na rua pedindo indicações para elas (se bem que eu poderia fazer exatamente isso, não é mesmo?)

Vou dar uma de puxa saco e incluir na lista algum livro que tenha sido indicado no blog do Desafio Corujesco. Tem algumas opções interessantes... 1) algum livro da Julia Quinn; 2) algum livro indicado pela minha amiga Ceci Schubs, ou 3) algum livro indicado pela minha amiga e escritora Vivian Wolkoff


Agosto - Fazer um Diário de Contos: Eu adoro contos, acho fantástico como eles conseguem contar uma história completa no espaço de poucas páginas, desenvolvendo toda a ação sem grandes prolixidades. O desafio em específico não é apenas ler um livro de contos, mas criar um diário dos contos lidos ao longo do mês de agosto. Você pode ler um conto por dia (como fiz no meu projeto 1 Ano, 365 Contos) de diferentes livros, todos os dias do mês, ou pode ler um único livro de vários contos e fazer o diário à medida que for terminando as histórias.

Pode-se utilizar esse diário para fazer uma média de quantas páginas/horas você lê ao mês ou o horário em que você prefere ler, onde você faz suas leituras… Ele não é apenas uma resenha de um livro, como nos outros meses, mas um vislumbre nos seus próprios hábitos de leitura. Afinal, conhece-te a ti mesmo antes de começar a investigar os outros, não é mesmo? Manter um diário nesse estilo pode ser bastante divertido!

Então... estou pensando em adaptar esse mês e ao invés de fazer um diário de contos, fazer um diário de poesias! Até porque comecei um novo hábito em 2016 de ler uma poesia todos os dias. Como boa virginiana estou lendo um livro de cada vez, mas vou fazer desse mês um exercício de ler diferentes poesias de diferentes livros e autores, e, sim, vou manter um diário... ou pelo menos tentar!




Setembro - Um Livro de um Autor que Você Nunca Leu: De novo, o sentido está bastante óbvio. Dê uma chance ao desconhecido. Feche os olhos e pule!

Outro tema com inúmeras opções... e que terei que dar uma pesquisada para listar e, no momento, a preguiça impera.


Outubro - Uma História que Combine com o Halloween: Pode ser uma história que se passa no dia das bruxas, pode ser uma história que tenha criaturas fantásticas e outras assombrações, pode ser simplesmente uma história que te provoque calafrios. Pode ser romance, terror, aventura, suspense… o importante é que ele faça lembrar o dia das bruxas.

ADORO ESSE TEMA!! Até porque adoro Halloween! E como leitora ávida de livros de fantasia, o que não falta é opção...


Novembro - Um Livro de um Autor Brasileiro: Porque é sempre bom saber o que se anda produzindo em terra brasilis. Temos bons autores policiais cá no Brasil - na minha opinião, é um gênero que se ajusta muito bem à nossa realidade. Mas, claro, vocês não precisam se restringir aos autores policiais ou mesmo escolher uma história que além do autor tenha a ação também passada por aqui. A escolha é sua.

Vixi... confesso que não sou leitora assídua das produções nacionais, e isso é algo que realmente seria interessante eu conseguir rever na minha vida. E esse ano eu cheguei a comprar alguns livros de autoras brasileiras que estão desde então parados na estante. Irei atacá-los.

E é isso! Que 2017 venha com boas surpresas! 

Winter



SPOILER FREE

E finalmente cheguei no último livro da série Lunar Chronicles! Ufa!

Depois de ver versões bastante interessantes e originais de Cinderela, Chapeuzinho Vermelho e Rapunzel, chegou a vez da versão de Branca de Neve. E vou dizer que esse livro foi sofrido.

Primeiro, ele não é melhor do que nenhum dos volumes anteriores, que já sofriam de problemas, segundo, o livro é longo demais. Sabe a sensação de que a história não acaba nunca e que você torce para a coisa andar? Péssimo sentir isso lendo. E, por fim, o final não é lá tão recompensador.

Pra mim, os piores problemas da série como um todo estão nas personagens femininas e na inconstância do que elas são realmente capazes de fazer. Acho muito chato você ser apresentado a uma habilidade da personagem e depois isso simplesmente não acontecer mais, ou só acontecer de novo para o enredo poder andar. Além disso, o primeiro livro vem cheio de promessas de personagens femininas fortes, bem resolvidas e que iriam crescer para ficarem ainda mais interessantes, mas não é isso que ocorre nos volumes seguintes. O pior é que a cada nova personagem sendo apresentada, novamente há a promessa, mas a entrega não é lá essas coisas.

Como uma série de releitura de contos de fadas, onde a ideia inicial parece ser reescreve-los de forma a empoderar personagens tradicionalmente dependentes, o resultado nesse sentido é absolutamente abaixo do esperado para livros escritos depois de 2010. O nível de independência emocional e  de ação das protagonistas é algo que já se via no final dos anos 90, 20 anos depois disso eu esperava algo muito melhor. Portanto, falta novidade nesse quesito.

A novidade fica (talvez, porque não conheço outras adaptações) por conta da fantasia futurista utilizada para unir as histórias, que é realmente legal e bem original, mas muitas vezes acaba ficando por demasia apenas como pano de fundo, quando poderia ter mais repercussões e gerar não só mais conflitos no enredo, mas também discussões mais interessantes.

E alguém pode me explicar porque existe esse fetiche de fazer personagens femininas sofrerem? De onde vem essa necessidade extrema de fazer todas as personagens passarem por provações físicas tão bizarras? Isso faz sentido quando trata-se de guerreirxs, mas fora isso, pra que? Que aconteça ao longo de uma narrativa mais comprida eu entendo, mas precisa acontecer de forma tão repetida?

Enfim, é uma saga young adult bem dentro da média. Para quem curte o estilo a leitura vale a pena, mas não é nada que inspire uma menção especial.

Nota 7.

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Cress



SPOILER FREE

Esse é o terceiro livro da série Lunar Chronicles, vindo depois de Cinder e Scarlet. Como fica bastante óbvio pela capa, o conto de fadas da vez é Rapunzel. E a adaptação para um universo futurista é sim, bastante interessante e está surpreendentemente bem encaixada com a história apresentada anteriormente.

O que me surpreendeu é que, na verdade, a personagem que vem a ser Rapunzel aparece pela primeira vez em Cinder, o que mostra que a autora fez um trabalho bastante complexo entre os livros e que havia um planejamento entre os volumes, o que, convenhamos, nem sempre acontece. Especialmente com autores "iniciantes".

Por um lado, Cress é um dos livros mais interessantes da saga, por outro, ele deixa bastante a desejar. Pessoalmente, a questão amorosa apresentada nesse livro me irrita, mas eu entendo o apelo e o que levou a autora a fazer uso desse tipo de enredo romântico.

O final do livro é particularmente eletrizante, porém, deixa com vontade de abrir imediatamente o volume seguinte, porque a história para praticamente no meio. O que considero um golpe baixo com o leitor. No mais, o livro fica na média dos anteriores, o que também mostra que a autora não tem se superado em termos literários.

Enfim, até o momento é mais uma série young adult, indicada para os fãs do gênero e particularmente de adaptações de contos de fadas.

Nota 7,5

sábado, 10 de dezembro de 2016

Scarlet



SPOILER FREE

Então, essa é a continuação de Cinder e o segundo livro das "Lunar Chronicles". Dessa vez, a autora faz uma releitura de outro clássico dos contos de fada, Chapeuzinho Vermelho.

A saga é interessante e a releitura é bastante original. O meu problema pessoal é que eu não gostei da Scarlet. Sei lá, talvez porque ela é exagerada e, sinceramente, chata. Mas, o Wolf é um personagem interessante e a forma como a autora combinou as histórias é bem legal.

Todo o drama político intergalático é interessante, mas é nesse ponto que eu acho que a história poderia ser melhorada, confesso que não achei muito plausível algumas escolhas da Rainha de Luna. E nesse quesito já aviso que as continuações não são lá muito melhores.

Então, dentro da categoria fantasia young adult é uma série entre mediana e boa. Para quem gosta do estilo e de contos de fada vale a leitura.

Nota 7.

Cinder



SPOILER FREE

Então, como chegou dezembro, estou super estressada e com o kindle lotado, resolvi pegar uma série Young Adult para ler, assim esvazio o kindle, bato minha meta de leituras do ano (60 livros! já bati! uhuuuu!) e leio algo leve para esfriar a cabeça.

Então resolvi pegar a série Lunar Chronicles, da autora debutante Marissa Meyer, e que fizeram bastante sucesso. Inclusive os três primeiros livros da série já foram lançados em português, com os mesmos títulos originais.

Vou resumir Cinder para vocês terem uma idéia: releitura da fantasia Cinderela futurista, com direito a androides e viagens espaciais. Sério. E é divertido.

Não é nenhuma obra-prima, tem algumas coisas no enredo que poderiam ser melhoradas (especialmente nos livros seguintes), mas é leve e divertido para o que se propõe. Então, dentro da sua categoria é uma boa leitura, com a vantagem de ter uma protagonista feminina forte e alguma variação étnica de personagens (poderia ser mais variado também).

Considerando isso tudo, nota 8!


This is where it ends



SPOILER FREE

Esse livro eu li meio adiantado, porque na verdade ele fazia parte do desafio literário de dezembro, de livros lançados em 2016. Mas, como estou com aquele probleminha do Kindle super lotado e não será exatamente fácil comprar outro livro lançado esse ano e conseguir baixá-lo, resolvi lê-lo de uma vez e aproveitar e esvaziar o bichinho no que fosse possível.

"This is where it ends" é um livro extremamente atual, não só pelo seu tema central, um mass shooting numa escola norte americana, mas também pela escolha diversificada de personagens feita pela autora. Tem de tudo, latinos, homossexuais, imigrantes árabes... muito representativo da sociedade atual, e um tipo de retrato que ainda é raro. 

A história se desenrola minuto a minuto durante o grande drama, alternando o ponto de vista de diversos personagens ligados de alguma forma ao protagonista da tragédia. A autora promete, apesar de ainda não ser genial, visto que a diferença entre as vozes dos personagens não é tão clara. Mas vamos considerar que esse é o primeiro livro publicado da Marieke e, dito isso, ele é fantástico.

Outra informação interessante é que Marieke é holandesa! Acho que foi minha primeira autora dessa nacionalidade. E se quiser visitar o site dela, ela parece uma fofa.

Simplesmente vale a leitura.

 Nota 9!

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Elegias de Duíno



SPOILER FREE

Então, como eu comentei mês passado, desde que reorganizei os livros na minha casa, tenho lido poesia todos os dias, o que tem se mostrado um hábito delicioso.

E no final de novembro eu terminei essa edição bilíngue do Rainer Maria Rilke. Essa edição em particular foi traduzida por uma brasileira especialista em Rilke, que inclui no final umas análises bem interessantes de cada um dos poemas que compõem as Elegias de Duíno.

Rilke é considerado um autor clássico de poesia, e o seu trabalho é realmente muito bonito e bastante emotivo, mas eu confesso que prefiro Blake. Rilke tem um jeito mais dramático, meio deprê, que é maravilhoso dentro da sua proposta de sofrimento cristão e vale a leitura sem a menor sombra de dúvida, mas gosto é gosto.

Já tenho outro livro dele na estante me esperando e certamente vou lê-lo em algum momento.

Nota 9.

Friendly Fire



SPOILER FREE

E novamente estou com o problema do Kindle lotado. Talvez agora a situação esteja ainda mais crítica, tem uma lista de uns 20 ou 30 livros que estão aguardando espaço para serem baixados. Uma vergonha completa. Então, voltei a correr atrás da meta esvaziar o kindle!

Pensando nisso, resolvi pegar mais um livro do autor egípcio mais famoso da atualidade Alaa Al Aswany, que escreveu o aclamado "Edifício Yacoubian". Dessa vez peguei um livro de contos que por um acaso tem uma novela no início. "Friendly Fire", que saiu em português com o título "E nós cobrimos os seus olhos", começa com uma explicação do autor sobre como ele nunca conseguiu publicar a tal novela no Egito por problemas de censura, o que também te prepara para a história, que é realmente sensacional apesar de um tanto dura, e pelo ponto de vista de um censor faz todo sentido que ela nunca tenha sido publicada.

Além dessa novela, que é quase um livro por si só, "Friendly Fire" tem uma quantidade grande de contos do autor, todos eles com o mesmo clima de querer mostrar a realidade nua, crua e dolorosa do Egito. Como todo livro de contos, nem tudo ali é digno de ser chamado de obra-prima, tendo os seus altos e baixos, mas no geral o livro é muito bom. A qualidade média dos contos é excelente.

Alaa Al Aswany é um escritor de mão cheia, do que eu já li dele até agora achei tudo maravilhoso, mas ele é aquele tipo de autor de um país pobre que gosta de falar dos problemas da sua terra natal (ya baladi!), o que não é um tópico sempre agradável e não é todo o mundo que curte ler. Para quem curte o mundo árabe (o meu caso, claro) acaba sendo sempre proveitoso, mesmo que não goste do estilo.

Para os fãs do finado prêmio Nobel Naguib Mahfouz, Aswany é uma ótima sugestão, pois ele segue numa linha um pouco mais contemporânea de literatura realista, com a vantagem de ainda estar escrevendo, o que traz a possibilidade de novas leituras!

Nota 10!

Mary Poppins



SPOILER FREE

Eis um livro que fiquei com vontade de ler depois de ter visto o filme sobre a autora P.L.Travers, "Saving Mr. Banks" (em português "Walt nos bastidores de Mary Poppins") com Tom Hanks e Emma Thompson, muito indicado aliás.

Claro que o comprei numa promoção do Kindle, e como ele era ilustrado, acabei lendo no celular, o que foi um teste bastante interessante para o aplicativo, que já até utilizei outras vezes e está aprovadíssimo, pelo menos no meu aparelho.

Mas Mary Poppins me surpreendeu, antes eu imaginava algo mais parecido com o filme dos anos 60, mas depois de ter visto "Saving Mr. Banks" passei a achar que talvez não fosse bem assim, mas mesmo assim o livro me surpreendeu. Primeiro porque a personagem é absolutamente diferente do que foi apresentado pela Julie Andrews sorridente e cantante do Walt Disney, sendo muito mais inglesa do que eu imaginava, o que, na verdade, não deveria ter sido uma surpresa, mas foi. Segundo, o livro é até grandinho, tem muito mais histórias do que eu esperava, e algumas até bem psicodélicas, o que achei extremamente interessante.

E claro, o livro fez tanto sucesso que tem diversas continuações, o que mostra que essa moda não é de hoje. E, claro, fiquei com vontade de lê-las. Aliás, em 2018 uma dessas continuações deve virar filme com a Emily Blunt como Mary Poppins. Fica a dica.

Em português, foi lançado há razoavelmente pouco tempo uma edição de Mary Poppins comemorativa de 80 anos do seu lançamento, uma coisa lindíssima da Cosac Naify, mais um motivo para chorar o fechamento da editora. Mas até onde sei, nenhuma das continuações foi lançada em português.

Nota 10.

O Árabe do Futuro 2



SPOILER FREE

Essa resenha está atrasada, pois minha vida está um caos, mas é temporário, daqui a pouco voltamos à programação normal.

Li esse livro também no desafio literário de novembro, o esquema de ler um livro de "uma sentada só", simplesmente porque adorei o primeiro volume e como eu já tinha o segundo em casa eu simplesmente não consegui esperar.

Riad Satouff é um cartunista filho de pai sírio e mãe francesa, nascido na França mas criado em diversos lugares diferentes. Seguindo a linha de Persépolis, a coleção "O Árabe do Futuro" é sua autobiografia, que traz os detalhes de uma infância bem incomum (para ler a resenha do primeiro volume clique aqui).

Nesse segundo livro, a história se passa quase que inteiramente na Síria, com poucas passagens fora do país. E nesse volume também que ele conta uma história extremamente emblemática sobre como os muçulmanos estudam o Corão, e que ajuda a entender um pouco do porque de existir tantos movimentos radicais dentro do Islã e como eles conseguem manipular as pessoas. Vale a leitura nem que seja por conta desse trecho.

Assim como no primeiro livro, a leitura é extremamente leve e divertida, e novamente dá aquela sensação de quero mais no final. Infelizmente o volume seguinte ainda não foi traduzido para o português e encontrá-lo em francês não é exatamente fácil ou barato. Então, a parte ruim é que teremos que esperar.

Nota 10!

A lógica do Cisne Negro



SPOILER FREE

Eis um livro que veio parar na minha mão por sugestão de um colega de trabalho, porque, afinal de contas, sou formada em estatística e um livro que fala sobre probabilidade faz as pessoas lembrarem de mim.

O livro foi escrito por um libanês que fez sucesso (e dinheiro) no mercado financeiro, se utilizando de métodos estatísticos menos usuais para medir e estudar riscos, especialmente o que ele chama de cisne negro. A ideia é que o cisne negro é aquele acontecimento que até o momento em que ele acontece mão existiam evidências de que ele poderia ocorrer, o que torna as estatísticas do passado irrelevantes para o seu estudo.

É um tema realmente fascinante.

E o autor sabe explorar bem o tema e sabe escrever bem, o livro prende o leitor e, por não ser nada técnico, é de fácil compreensão. De quebra, Nassim Taleb é muito culto, o que o permite incluir inúmeras referências de diversas áreas sujeitas ao cisne negro, e, por ter um ótimo senso de humor, as mescla com diversas anedotas e experiências pessoais que são extremamente divertidas.

Particularmente para mim, o que me incomodou foi justamente o livro ser pouco técnico, eu confesso que queria ter visto mais matemática ali no meio, mas entendo perfeitamente a escolha que o autor fez para melhorar as suas chances de sucesso literário. O que se provou uma decisão acertada, visto que ele já tem uns 3 livros publicados sobre o assunto e todos bem colocados na lista dos mais vendidos.

Nota 9.

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

O Árabe do Futuro



SPOILER FREE

Mais um livro para o desafio literário de livros para ler num só dia!

Riad Satouff é um cartunista filho de pai sírio e mãe francesa, nascido na França mas criado em diversos lugares diferentes. Seguindo a linha de Persépolis, que fez muito sucesso e chegou a concorrer ao Oscar de melhor animação de 2008, "O Árabe do Futuro" é sua autobiografia, que traz os detalhes de uma infância bem incomum (para os padrões europeus).

Nesse primeiro volume (já saíram dois em português e o terceiro saiu na França esse ano), Riad faz um apanhado da história do seus pais e seus primeiros anos tanto na França quanto na Líbia e um pouquinho na Síria, trazendo à reboque um panorama histórico e político bastante interessantes e que, por si só, já valem a leitura. Além da questão anedótica e histórica da narrativa, Riad tem um traço marcante e um ótimo senso de humor, que permeia o livro de forma muito interessante e agradável.

O que dá pena é que o livro é curtinho, uma leitura bem rápida e leve, e que deixa um gosto de quero mais no final que se torna problemático apenas porque ainda não temos o terceiro volume em português. E pelo o que percebi, ainda teremos mais volumes a serem lançados...

Para estudantes de árabe o livro ainda tem como "diversão extra" as transliterações de diversas falas do árabe, que são mantidas transliteradas enquanto o narrador/autor não compreende o que está sendo dito.

Nota 10!

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Marvels

 
SPOILER FREE

Esse mês estou super animada com o tema de "livros para ler num só dia", e aproveitei o último final de semana para pegar um clássico dos quadrinhos da Marvel, "Marvels".

O que diferencia esse volume de outros quadrinhos, além da arte realista maravilhosa que enche os olhos, é o tema central da história, que não é exatamente os heróis, e sim um fotógrafo que vive em Nova Iorque e que tem a sua vida e a sua cidade tomados por acontecimentos bizarros e destruidores por conta dos heróis.

A edição em questão (essa aí da imagem) tem todos os volumes dessa série, onde cada "livro" retrata um dos grandes acontecimentos de sagas famosas da Marvel pelo ponto de vista dos civis, e de quebra ainda tem um prefácio fofo do Stan Lee (aquele velhinho fofinho que está em todos os filmes da Marvel) e uma sessão enorme com "bastidores", isto é, como o artista montou e estudou fotos com pessoas para criar as imagens maravilhosas que compõe a Graphic Novel.

O que me surpreendeu foi o tom melancólico da história, cujo final é de partir o coração. Além disso, por ela ser centrada em pessoas normais e sobre como elas se sentem com relação aos heróis, é meio assustador ver a questão das mudanças da opinião pública e o efeito de manada entre os habitantes nova-iorquinos, uma coisa que pode parecer exagerada, mas que exemplifica a eleição do Trump, que foi anunciada de ontem pra hoje e deixou o mundo em estado de choque. Será a realidade imitando a ficção ou será o contrário? Hum... é para se pensar.

Para quem gosta dos filmes da Marvel ou de quadrinhos em geral, Marvels é uma ótima pedida.

Nota 10.

terça-feira, 8 de novembro de 2016

O paraíso são os outros



SPOILER FREE

Mais um livro do Desafio Literário desse mês, de livros para ler de uma só vez!

Dessa vez escolhi o último livro lançado pela Cosac Naify do autor português Valter Hugo Mãe, "O paraíso são os outros", uma obra muito curtinha, mas linda e singela, que conta as percepções de uma garotinha acerca do amor. O autor estava realmente inspirado. Para abrilhantar o trabalho, a edição ainda tem obras do artista brasileiro Nino Cais, com bonitas fotomontagens feitas a partir de fotos antigas de casamentos.

Fiquei muito triste com o fim da Cosac Naify, eles faziam edições belíssimas e tinham um cuidado especial com esse autor, do qual virei fã desde o primeiro livro que li dele ("O filho de mil homens"). Foi uma perda para os leitores brasileiros.

Nota 10!

domingo, 6 de novembro de 2016

Songs of Experience



SPOILER FREE

Há alguns anos minha sogra (que tem um excelente gosto para livros) me deu uma edição linda de "Songs of Experience" do William Blake. A edição reproduz as ilustrações do poeta para a sua obra, que casa poesia com imagens, algo bastante original no século XVIII, e que, por limitações técnicas da época, teve uma tiragem bastante limitada, visto que as cores precisavam ser acrescentadas à mão pelo artista. Em português não conheço nenhuma edição dessa forma, que teria que ser bilíngue, mas as poesias são encontradas em traduções que juntam o Canções de Experiência com Canções de Inocência.

O problema é que até mês passado, os meus livros de poesia ficavam num lugar meio inacessível para mim nas minhas estantes, então o livro ficou abandonado por tempo demais. Mas, às custas das minhas costas, eu troquei todos os meus livros de lugar, para melhor acessar o que ainda não li, além de manter à mão alguns livros de consulta, além das poesias, que eu acabei deixando de ler e estava sentindo falta.

Desde então, estou recuperando a coluna e passei a ler poesia todos os dias (ótimo exercício inclusive, fica a dica).

E determinado dia resolvi pegar William Blake, e desde então li uma poesia do livro por dia até acabar, porque é simplesmente viciante. Altamente recomendado, não importa se for no original ou traduzido.

Nota 10.

Azul é a cor mais quente



SPOILER FREE

Novembro está sendo um mês feliz para a minha meta anual de leitura, porque o tema do desafio literário desse mês é livros que você lê de uma "sentada" só. Em outras palavras, estou aproveitando para ler vários Graphic Novels e de quebra estou aumentando minha meta de livros do ano!

A primeira Graphic Novel que resolvi pegar para ler foi "Azul é a cor mais quente", uma leitura linda, dramática e pesada sobre ser homossexual e não aceitar por conta de preconceitos entre família e amigos. É também um livro que foi transformado em filme por um diretor francês que deu o maior bafafá entre cenas quentes para os espectadores e denúncias de abuso por parte das atrizes.

Mas o livro é lindo, tanto na história, que é de partir o coração, quanto nas escolhas estéticas, visto que a única cor que sobressai em todos os quadros é o azul que conquista o amor da protagonista. Uma coisa linda de ver e de ler.

é ou não é uma lindeza?

Super recomendado para todos.

Nota 10!

Aradia - Gospel of the Witches



SPOILER FREE

Esse é um livro que eu queria ter lido há muito tempo, mas sabe como são as coisas e você vai empurrando com a barriga.

Aradia é um dos livros usados como base para o desenvolvimento do que hoje chamamos de Wicca e do neopaganismo. Escrito no final do século XIX pelo folclorista americano Charles Leland, o livro é uma coleção de relatos de mitos, feitiços e rituais da bruxaria italiana, chamada Stregheria.

É um livro surpreendentemente curto, e com mitos muitíssimo interessantes, além de lindas poesias. Para os pagãos é uma fonte de informação bastante rica e a leitura vale muito a pena. Mas, é uma questão de gosto e de linha espiritual dentro do paganismo realmente curtir o conteúdo do livro. Para quem curte ocultismo e/ou mitologia em geral também é uma leitura interessante. Fica a dica que eu consegui uma cópia gratuita na Amazon americana.

Nota 9.

sábado, 5 de novembro de 2016

Soufflé


SPOILER FREE

Mais um livro para o tema do Desafio Literário de outubro, livros com títulos de apenas uma palavra! Dessa vez, escolhi uma autora turca, Asli Perker, com o seu único livro (por enquanto) traduzido em outros países, inclusive no Brasil (o título ficou o mesmo, claro).

Apesar da autora ser turca, o romance Soufflé não só é universal, em termos de tratar de problemas, situações e sentimentos comuns a humanidade como um todo, mas também é globalizado, porque trata de três histórias distintas que se passam na Turquia, França e EUA. O que as liga é um livro de receitas de Soufflé, o que explica o título.

Na Turquia seguimos a história de uma dona de casa cujos filhos já cresceram e se mudaram (sendo que a filha migrou para a França), mas que precisa cuidar da mãe doente, e a cozinha é o restou em sua vida que ainda faz sentido e lhe dá esperança. Na França, seguimos a história de um rapaz recém viúvo, que para se sentir mais perto da esposa falecida e como exercício para começar uma nova vida, resolve aprender a cozinhar. Nos EUA seguimos a história de uma imigrante das Filipinas que passou a vida se anulando frente aqueles que ela ama enquanto tenta manter a sanidade mental cozinhando pratos do mundo inteiro.

Enfim, é um livro bastante dramático, e eu aconselho a leitura com uma caixa de lenços de papel à disposição, você vai precisar.

Fiquei  apaixonada pelo estilo da autora, e me surpreendeu demais a sua capacidade de ilustrar dramas tão humanos. Gostei tanto que estou  triste que ainda nenhuma outra de suas obras tenham sido traduzidas do Turco, o que eu espero que seja uma injustiça a ser revista muito em breve.

A literatura turca tem me surpreendido muito ultimamente, e para quem curte bons livros e gostaria de ampliar os horizontes das suas leituras, que, normalmente, se restringe à literatura brasileira, americana e europeia (basicamente ingleses e franceses), é uma ótima sugestão para começar.

Nota 10.

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Robert Fisk on Algeria

Nas minhas procuras de livros para melhor entender o Oriente Médio, acabei por esbarrar numa coletânea muito interessante de livros do Robert Fisk. O jornalista britânico foi correspondente de guerra em diversos países árabes, e isso torna o seu texto bastante interessante e bem contextualiazado. Esse livro em particular é sobre a antiga colônia francesa da Argélia, como o título indica de forma bastante óbvia.

A Argélia é um país norte africano riquíssimo em petróleo, e que umas 3 décadas depois da sua independência de fato da França, acabou por mergulhar numa guerra civil extremamente sangrenta. E é sobre essa guerra que a coletânea de artigos de Robert Fisk tratam.

Por ser uma coletânea de artigos, tem aquele problema previsível de ser meio repetitivo, pois todo início de artigo precisa contextualizar um leitor que pode nunca ter ouvido falar do assunto, e dá-lhe relembrar como tudo começou de novo, e de novo, e de novo, e de novo...

Mas fora isso, os artigos são muito interessantes, e não muito indicados para quem tem estômago fraco. Afinal, ainda estamos falando de uma guerra civil com um total de mortos que nunca foi fechado e onde todos os participantes foram responsáveis por grandes doses de violência. E que, de certa forma, também nunca realmente acabou, pois hoje temos a presença de células do Estado Islâmico dentro do país. E isso faz sentido ao se ler a história contada pelos artigos.

Apesar de não ser um estudo acadêmico sobre o que aconteceu no país, recomendo muito para quem quer saber um pouco sobre a história recente da Argélia e algumas correlações com outros países do Oriente Médio. O livro inclui até uma entrevista bastante curiosa com o Osama Bin Laden.

Nota 9.


quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Neverwhere



SPOILER FREE

O desafio literário de outubro é de livros com título de uma única palavra, e foi a ocasião perfeita para ler "Neverwhere" do Neil Gaiman.

A versão que eu consegui para Kindle foi lançada primeiramente em 2006, e é uma versão revista pelo próprio autor. É engraçado porque esse é um livro com uma história complicada, visto que ele foi criado primeiramente para ser um programa de rádio e TV, e conforme passagens foram sendo cortadas para as gravações, Neil Gaiman decidiu escrever o livro. Logo, esse é um romance que teve várias versões.

Além disso, "Neverwhere" foi um dos primeiros romances publicados do autor (em 1996), e isso tudo somado explica o porquê do texto ser da forma que é. Quero dizer que o livro tem muitas passagens que parecem muito mais um roteiro do que um romance, outras passagens são repetitivas, e o estilo pelo qual Neil é famoso (e que eu tanto gosto) simplesmente ainda não tinha sido desenvolvido, de forma que também existem passagens que lembram mais o estilo do Douglas Adams do que do Gaiman.

Apesar disso tudo, a história é fascinante e os personagens interessantíssimos, afinal, estamos falando do Neil Gaiman, que é um escritor maravilhoso.

Mas definitivamente não é o melhor texto dele. Mesmo que tenha o típico personagem de Gaiman, que é aquele que se sente perdido num mundo que não compreende ou que não se encaixa.

Agora, essa versão revista para Kindle tem coisas que valem a pena para os fãs, mesmo para os que já leram e ou possuem edições anteriores. Pois, além de ter o texto ampliado e revisto pelo autor, esse volume ainda possui o prólogo originalmente escrito para a história, que é bem legal, e ainda tem um conto no final que Neil que conta como o Marquês de Carabas consegue recuperar o seu sobretudo (esse conto foi publicado na antologia Rogues, em 2014). E, como esse texto sim é recente, o estilo que eu tanto gosto está lá, e o gosto de ler é sensacional.

Eu torço para que Neil Gaiman revisite o mundo de "Neverwhere" em futuras obras, porque ele é fascinante e tem espaço para muita coisa nova.

Nota 8.

terça-feira, 11 de outubro de 2016

P.S. I still love you



SPOILER FREE

Então, depois de ler sobre terrorismo eu precisava de algo leve para distrair, e resolvi pegar a continuação de "To all the boys I've loved before". Aliás, o primeiro livro já saiu em português, com o título "Para todos os garotos que já amei".

Então... confesso que a continuação pareceu muito mais um repeteco do primeiro livro do que uma continuação. Eu poderia simplesmente repetir exatamente o que coloquei na resenha de "Para todos os garotos que já amei". Sério. Tudo, palavra por palavra. Exceto a parte das gargalhadas. O segundo volume não é tão engraçado quanto o primeiro.

E, na verdade, esse é o maior defeito desse livro, porque apesar da história continuar, os personagens continuam exatamente os mesmos, ninguém aprendeu nada (a não ser novas fofocas). Tudo bem que se passa pouco tempo entre um livro e outro, mas mesmo assim, eu esperava mais.

Talvez seja realmente uma questão de expectativas, porque além de esperar algo melhor, ou pelo menos diferente, eu me lembrava do primeiro livro como sendo melhor do que ele é.

Enfim, achei uma pena, pois o livro não atinge todo o seu potencial.

Nota 7,5.

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

The rise of Islamic State



Como vocês já devem ter reparado, eu curto muito o assunto Oriente Médio, por razões dançantes meio óbvias, e de vez em quando preciso ler algo mais "mundo real". E como, no momento, estou estudando particularmente o que está acontecendo na Síria (apesar de não sair notícia nenhuma sobre isso aqui no Brasil), peguei esse livro que já estava no meu Kindle desde o ano passado. Até porque o Kindle lotou de novo e agora preciso correr atrás do prejuízo.

Esse livro em particular é uma coletânea de artigos do jornalista irlandês Patrick Cockburn, que é muito conhecido pelo seu jornalismo de guerra, especialmente no Oriente Médio e na África. Apesar de eu achar a visão de Patrick um tanto quanto inocente com relação aos Estados Unidos e suas verdadeiras táticas e intenções no Iraque e na Síria, os seus artigos pelo menos mostram alguns fatos e conexões que não se encontram tão facilmente na imprensa tradicional, o que o torna uma fonte bastante interessante e muito indicada.

Porém, apesar do livro ser bastante informativo acerca do surgimento e crescimento do Estado Islâmico no Iraque, a sua leitura é meio morosa e um tanto repetitiva, certamente pelo fato de ser uma coletânea de artigos. Também senti falta de imagens ao longo do livro, que certamente ajudariam muito a localizar e até ilustrar os acontecimentos, pois o mapa está apenas no início e dá uma certa preguiça de ficar indo e voltando, mesmo no Kindle.

Apesar desses problemas, o livro é bom, e recomendo muito para quem gostaria de entender pelo menos um pouco o que está acontecendo por lá. A tradução para o português foi lançada no ano passado e recebeu o nome "A Origem do Estado Islâmico - o fracasso da "guerra ao terror" e a ascensão jihadista". Fica a dica!

Nota 9.

Tia Júlia e o escrevinhador



SPOILER FREE

Essa resenha está saindo quase um mês atrasada, mas fazer o quê? É a vida que nos atropela de vez em quando.

A ideia era que esse livro também faria parte do desafio literário de setembro, quando o tema era "livro publicado no ano do seu nascimento", e na pesquisa que eu fiz ano passado ele apareceu. Mas alas, descobri depois de lê-lo que ele tinha sido publicado alguns anos antes, e que, provavelmente, ele surgiu na minha pesquisa com a data de publicação no Brasil, não no Peru.

Confusões à parte, gostei demais de "Tia Julia e o escrevinhador", e foi uma deliciosa surpresa por diversas razões. A primeira razão é que o livro é simplesmente sensacional (a nota 10, lá embaixo, está aí pra provar), e eu não esperava por isso porque, há muitos anos atrás, eu tentei lê-lo e simplesmente não consegui. Talvez seja uma questão de (matur)idade ou fase de vida (idade), ou, até mesmo, o fato de que quando ganhei/herdei o exemplar do meu pai eu era adolescente e, obviamente, achava que qualquer coisa que meus pais achassem bom certamente não o era (idade de novo!).

Independentemente da razão do insucesso da primeira leitura, a segunda leitura (e segunda razão de surpresa) me trouxe justamente essa lembrança da adolescência, pois o exemplar que tenho até hoje é justamente o herdado do meu pai, com direito a uma dedicatória fofa (para os padrões de amizade dele) de dois grandes amigos, sendo que todos os três (os amigos e o meu pai) já faleceram, mas deixaram memórias que simplesmente combinam com o enredo de "Tia Julia". Nada como ler memórias que lembram outras memórias (sim, o livro é autobiográfico para quem não sabe, como eu não sabia!).

Voltando à resenha em si, confesso que eu nunca tinha lido nada do Mario Vargas Llosa. E como tenho um certo déficit com relação a leituras latino americanas, foi extremamente positivo eu ter simplesmente amado "Tia Julia", com sua história surreal e entrecortada por pedaços de novelas simplesmente sensacionais, pois agora tenho incentivo para ler ainda mais obras do sul do equador. "Tia Julia" é um dos livros que me faz pensar como às vezes é necessário que o autor viva coisas fora do comum para que possa ter estímulo para escrever. Mas também me faz questionar o quanto daquela loucura realmente aconteceu ou foi fruto da imaginação. Ou talvez seja apenas uma questão de equilibrar os dois?

Livro bom é assim, faz você ficar matutando...

Nota 10!

terça-feira, 13 de setembro de 2016

Zen pencils



SPOILER FREE

Estava um dia sem o meu kindle em mãos e querendo ler alguma coisa, e resolvi ver no celular o que eu tinha de livros que seriam melhor visualizados em cores e, claro, pensei nessa pérola.

Zen Pencils na verdade é o nome do site do cartunista Gavin Aung Than, que vive na Austrália, onde ele publica tirinhas baseadas em citações inspiracionais de diversos autores. Lá você encontra todos os seus trabalhos desde 2012 até hoje, e esse livro é na verdade uma coletânea muito bem escolhida desse trabalho.

O trabalho de Gavin é muito interessante, e sua história também, após trabalhar oito anos com design gráfico, ele resolveu correr atrás da sua verdadeira paixão: fazer quadrinhos. E o tema que ele decidiu perseguir foi justamente o que o motivou a mudar de vida, citações que ele sempre gostou de ler. O interessante é que ele é capaz de transformar essas citações em histórias visuais, sendo que às vezes ele usa personagens que podem ser relacionados a quem escreveu a citação.

Aliás, os personagens de suas tirinhas são um show à parte, pois ele dá uma verdadeira aula de representatividade com eles, e diversas vezes você pode seguir a história de um determinado personagem em mais de uma tirinha, o que é muito legal.

Para quem curte quadrinhos é um prato cheio, e para quem curte citações também fica a dica de uma coletânea extremamente original. Infelizmente o livro ainda não foi traduzido do inglês...

Nota 10.

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

The color purple - A cor púrpura



SPOILER FREE

No mês do meu aniversário, por uma dessas coincidências da vida, o tema do Desafio Literário é um livro lançado no ano em que você nasceu. Em outras palavras, catem no google e descubram a minha idade!

Enfim, acabei por escolher o romance/filme oscarizado "A cor púrpura" por diversos motivos. O primeiro é que eu já o tinha no meu kindle (ainda lotado, claro, mas está dando para respirar, nem acredito), o segundo é que estou dando preferência a leituras de livros escritos por ou mulheres ou não-brancos ou não-americanos. E Alice Walker se encaixa em duas dessas categorias.

Hora da confissão: não sei precisar exatamente o porquê, mas sempre imaginei que esse livro seria chato, ou focado demais em sofrimento desnecessário dos personagens, e fiquei muito feliz em me descobrir redondamente enganada em todos esses aspectos. Tem sofrimento, claro, mas não é o ponto principal da história, nem o foco maior dos narradores, visto que o livro é escrito em cartas "trocadas" entre duas personagens.

Também fiquei satisfeita em ver que o livro não se restringe ao racismo no sul dos EUA, mas também à questão de gênero, especialmente do machismo na comunidade negra, e também na de orientação sexual. E no tema preconceito o livro também trata de outros ramos menos explorados, como o preconceito entre os negros, os africanos e americanos, no relacionamento entre missionários cristãos e os nativos africanos.

Não é a toa que o livro é um best-seller, as personagens são simplesmente cativantes e lindamente construídas, coisa de dar gosto de ler, Celie, Nettie e Shug são divinas, maravilhosas e lindas. Não sei como ficou a tradução para o português, mas a escrita de Celie, com todos os seus erros, é de uma graciosidade incrível. De tirar o chapéu para Alice Walker.

Nota 10.

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Just one night



SPOILER FREE

Finalmente o final da saga que começa com "Apenas um dia", é recontada pela outra parte em "Apenas um ano", e, numa grande jogada para ganhar uma graninha extra, termina em "Just one night" (ainda sem título em português).

Eu fiquei muito chateada com a existência desse mini livro, como expliquei aqui, mas, como não consegui resistir, acabei comprando e lendo. E aí, fiquei mais chateada ainda.

Não sei porquê eu esperava algo diferente do que eu encontrei (açúcar em quantidade para deixar um continente inteiro diabético), mas era o que queria, e, claro, não foi isso que achei.

Talvez porque o primeiro livro tenha me surpreendido, e fiquei na esperança que Allyson e Willem fossem mais interessantes, ou, pelo menos, menos clichês...

Enfim, acabei não curtindo. Mas entendo o porquê de fazer sucesso e porque a autora acabou por lançar o livro. Eu só imagino o tamanho da pressão dos fãs, e, claro, ela fez exatamente a vontade deles, o que é compreensível.

Mas não me caiu bem, por isso a nota lá no final. Entretanto, não considero descartar livros futuros da Gayle Forman por causa disso, e ainda quero ler a continuação de "Se eu ficar". Mas quem sabe o que outras obras dela vão me fazer pensar, talvez isso mude.

Nota 6.
Nota para a saga: 7.

Just one year - Apenas um ano



SPOILER FREE

Então, essa é a continuação de "Apenas um dia", que eu precisei ler assim que terminei o primeiro livro, porque o final era muito legal, mas quando descobri que existia uma continuação a curiosidade venceu.

Aí, a desinformada aqui descobriu que "Apenas um ano" não é uma continuação. Não, senhores. Lembra quando a autora de Twilight resolveu reescrever a história pelo ponto de vista do rapaz do casal principal? Pois é, isso define esse livro.

Mas, ao contrário da autora de Crepúsculo, Gayle Forman sabe escrever, e como, nesse caso, os dois personagens realmente têm histórias separadas e distintas, a coisa fica interessante e não um repeteco da mesma lenga-lenga.

O que me surpreendeu na versão de Willem da história é que ela é mais água com açúcar do que a versão da Allyson, o que é adorável por um certo lado, mas chato por outro. Foi interessante descobrir o passado desse personagem que tanto inspira mistério no primeiro livro, e ele tem lá o seu charme, mas eu, pessoalmente, acho o excesso de açúcar irritante. Mas o enredo tem coisas boas, gostei particularmente do relacionamento do Willem com a sua família, e amei as viagens que ele faz ao longo da história.

Porém, confesso que fiquei chateada com o final. Afinal de contas, não custava nada ir mais um pouquinho além daquele ponto na narrativa, porque foi isso que me fez ler esse livro em primeiro lugar. E sabe o que me chateou ainda mais? Descobrir que a autora depois de repetir o mesmo final em dois livros, ao invés de bater o pé e dizer "esse é o final e ponto", resolveu ganhar uma grana extra com um livro mais curtinho (chamado de novela), lançado como "Just one night", que conta exatamente aquilo que ficou todo o mundo doido pra saber. Tenho certeza que deixei a orelha da autora vermelha.

Mas comprei o maldito livro, porque não sou de ferro.

Nota 7.

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Just one day - Apenas um dia



SPOILER FREE

Então, ainda numa tentativa aparentemente fútil (mas eu não vou desistir) de esvaziar o meu kindle (até porque tem livros para baixar que eu queria ler ainda esse ano), e tendo ainda alguns dias sobrando no final de agosto, antes de mergulhar no tema de setembro do desafio literário, resolvi apelar.

"Just one day" é mais um livro com jeitão água com açúcar da Gayle Forman, de quem já resenhei outro best-seller aqui. Deu uma sensação muito engraçada ao ler esse livro, pois me senti igual ao ler o livro anterior dela, só que com outra história.

O que quero dizer é: o livro promete ser um grande dramalhão adolescente, o típico livro adolescente-água-com-açucar-por-favor-me-dê-insulina, mas ele te pega de surpresa ao tratar de coisas muito mais interessantes (e importantes) do que o amor-instâneo-tipo-romeu-e-julieta-que-as-pessoas-acham-que é-romântico-mas-é-só-trágico.

Enfim, "Apenas um dia" (título da tradução para o português) traz a história de uma adolescente norte-americana que está terminando a escola e indo para a faculdade, de presente ela ganhou uma viagem para a Europa dos seus pais. No final dessa viagem ela tem uns dias para ficar junto com a família de uma amiga em Londres e acaba por conhecer um rapaz que a convida para passar um dia em Paris. Após uns ajustes com a tal amiga, ela simplesmente vai. Claro, dá confusão, e ela passa mais da metade do livro tentando arrumar a própria cabeça. E é aí que o livro surpreende.

Se você conseguir sobreviver ao dia em Paris e o que acontece imediatamente depois, a leitura vai valer a pena, por isso, soque muitas almofadas, se o seu livro for físico pode bater com ele na mesa ou joga-lo contra a parede, coloque a raiva pra fora e siga em frente, respire fundo, porque melhora.

Nota 8.

terça-feira, 23 de agosto de 2016

The rest of us just live here



SPOILER FREE

Como esse mês eu estava adiantada na minha leitura do Desafio Literário, resolvi ler o que deu na telha no momento e que me ajudasse a esvaziar o meu kindle (sim, essa saga interminável continua!). Daí lembrei que não sei quando eu comprei essa pérola aí, um livro sobre um mundo cheio de heróis (pense em coisas tipo Buffy, a caça vampiros), mas que conta a história das pessoas normais que vivem em torno dos grandes acontecimentos cósmicos dos "escolhidos". Tanto que o nome do livro diz tudo, "O resto de nós apenas vive aqui" (em tradução livre minha).

É uma premissa extremamente original, vamos combinar, e que me fez comprar um livro de um autor que eu nunca tinha ouvido falar (apesar de já ter sido traduzido para o português - mas ainda não esse livro).

Enfim, li o dito cujo em pouquíssimo tempo (mas a resenha atrasou por motivos olímpicos) e achei que ele entrega o que promete, isto é, a história de pessoas que não são "as escolhidas", mas que precisam lidar com os problemas causados pelos grandes acontecimentos (leia-se tragédias, acontecimentos sobrenaturais e grandes desastres). De quebra o autor ainda brinca com as grandes histórias típicas de literatura infanto-juvenil que seguem dessa temática.

Apesar do mundo ter essa temática tão manjada, aqui você tem o frescor de lidar também com os problemas realmente comuns de histórias de adolescentes, aquele amor não correspondido, as mudanças previstas para depois da formatura e a mudança de cidade por conta da faculdade, os problemas de família... tudo muito normal e bem do dia a dia, mas com direito a animais zumbis, menções a vampiros, crianças especiais, escolas explodindo etc.

Para mim, que adoro esse tipo de coisa, deitei e rolei com o livro. Amei mesmo, e assim que for traduzido será comprado para as crianças/adolescentes da família.

Nota 9,5.

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Dragons at Crumbling Castle: And Other Tales



SPOILER FREE

Desde a triste morte do autor Terry Pretchet no ano passado que eu estava pensando em pegar algo dele para ler. Terry é um autor com cuja obra eu tenho uma relação meio estranha, porque eu adoro os livros dele, adoro o humor dele, mas não consigo ler em sequência. Pode parecer até mesmo herético para os seus fãs, mas eu acho o estilo dele cansativo depois de um tempo.

Por isso fiquei tão animada com esse livro em específico, pois sendo composto apenas de contos curtos, imaginei que seria bem mais fácil de ler sem cansar. E quanto a isso eu estava certa!

"Dragons at crumbling castle" é um livro leve e divertido, com um jeitão típico do inglês de chapéu, e tem como interesse especial para os seus fãz o fato de ser uma coletânea de contos que ele escreveu ainda jovem, antes de se tornar conhecido, e que ainda saíam em jornais e revistas.

É perceptível em suas histórias de "Dragons" algumas ideias e construções que mais tarde viriam a se desenvolver em suas grandes sagas, como Discworld, e mesmo com um quê de inocência, Terry já era uma grande promessa literária para a fantasia.

É um livro genial? Não. Leitura obrigatória? Não. Mas vale o esforço? Certamente. Especialmente para os fãs do autor, fãs de fantasia e de contos. Um prato bem servido.

Nota 8,5.

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Among the Unseen - The thin veil #3

 
SPOILER FREE

E finalmente cheguei ao último livro da trilogia "The thin veil". Graças aos deuses, eu não aguentava mais.

As resenhas dos dois primeiros livros você encontra aqui e aqui, e basicamente tudo continua igual. Mesmos defeitos nos três livros. Com um acréscimo no terceiro e último volume incluir deuses nórdicos, que não são bem deuses, e também não são como estão na mitologia "clássica".Enfim, não gostei da forma como eles foram retratados, assim como eu já não gostava dos personagens já apresentados, que continuam chatos, diga-se de passagem.

Nesse volume também fica mais evidente que a autora não tinha pensado nas "regras" do seu mundo literário antes de escrever, pois tem vezes que elas simplesmente mudam, o que deixa o enredo sem sentido e com diversos buracos.

A não ser que a autora escreva algo que seja premiado, não pretendo ler mais nada dela. Chega pra mim.

Nota 4 para o livro e para a trilogia.

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Into the fire - The thin veil #2



SPOILER FREE

Esse é o segundo volume da série "The thin veil", que começou com "Through the door", da escritora canadense de ascendência irlandesa Jodi McIsaac.

Só de pensar nessa resenha eu sinto preguiça. Dá vontade de repetir tudo o que eu já escrevi sobre o primeiro livro (o que você pode conferir aqui). Até porque não mudou lá grandes coisas. Nesse segundo volume a personagem principal recebe como missão encontrar um objeto mítico perdido há milênios. Se ela o encontrar ela se tornará rainha do povo que a despreza e a trata mal porque ela é humana, se ela não encontrar, uma das vilãs do livro anterior vira rainha e pelo poder do enredo ela vai começar uma guerra mundial e o mundo vai acabar etc.

Fora essa mudança na história, os problemas são os mesmos. Os personagens são particularmente chatos e não dá para torcer por ninguém. Aliás, até dá, para torcer que os humanos acabem logo com os Tuatha de Dannan, porque eles precisam acordar pra vida e serem menos preconceituosos. Mas a história não é sobre isso e os preconceitos simplesmente são tratados como "normais" no livro. Tudo muito chato, previsível e de rolar os olhos com as decisões mais estapafúrdias da protagonista.

Não sei de onde tirei forças para ler até o final (e nem para começar o seguinte, deus que me perdoe!). Talvez fosse esperança, sabe como é, o livro anterior foi o primeiro da autora, difícil acertar de primeira, não é? Eu precisava acreditar que a continuação seria melhor. Uma pena, tanto potencial desperdiçado. 

Nota 4.

quarta-feira, 27 de julho de 2016

Through the Door



SPOILER FREE

Então... estou numa onda de ler o máximo possível de livros escritos por mulheres porque, bem, é necessário esse tipo de exercício na nossa sociedade. Daí que há uns anos atrás eu comprei a trilogia "The Thin Veil" da Jodi McIsaac e como quero fazer número de livros lidos esse ano, achei que era boa ideia, já que estou meio adiantada com a leitura dos temas do desafio literário (exceto o tema de junho, porque, cara, escolhi muito mal o livro e ele tá emperrado).

Agora já não sei se foi uma boa ideia, nem pegar esses livros para ler nem ter pago a mixaria que paguei por eles.

Veja o meu ponto de vista de compradora: o livro tem temática de mitologia celta (o que eu amo), fala de pessoas com poderes/bruxas/druidas (o que eu adoro), a personagem principal é uma mulher (temática possivelmente feminista!) e foi escrito por uma mulher (que era o meu objetivo!).

Agora veja o resultado: a temática mitológica é celta só nos nomes, a história em si é extremamente bizarra, uma mistura esquisita de seres mágicos com poderes (que são referidos às vezes como deuses às vezes como fadas) que não morrem (são basicamente vampiros nesse sentido), a não ser que sejam mortos (definitivamente vampiros, só que pegam sol e morrem de qualquer coisa e não só estaca, fogo, etc), só podem ter filhos entre si (esquece os vampiros e os deuses, pois os primeiros não podem ter filhos (ouviu, Twilight!) e os segundos podem ter com seres humanos) e que vieram de outra dimensão (é sério). E veja bem, essa é a parte boa da história.

As bruxas/druidas: são humanos que estudam magia e por isso "ganham" poderes mágicos. Mas não são os druidas que você, que conhece alguma coisa de história celta ou da religião antiga conhece, não, são os "druidas de verdade" (porque precisava ofender de alguma forma a galera que segue essa religião, claro).

A parte que poderia ser feminista: pois é... não é nada feminista. Pelo contrário. Talvez seja o livro mais machista que li esse ano, pior do que "Love, Rosie". As personagens femininas são meros capachos dos homens, o tempo todo. A personagem principal aguenta preconceitos bizarros por ser "humana" e mesmo assim continua junto com a família do cara que a abandonou. É muito louco! Ninguém conta nada pra ela (supostamente para aumentar o drama e a tensão no enredo) e ela aceita e fica na boa com todo o mundo. Já mencionei por aqui que detesto enredos baseados na falta de informação proposital? Detesto com todas as forças.

A relação da Cedar (a personagem principal) com a filha e com a mãe é algo... primeiro dá a entender que ela evita a filha porque lembra o namorado que a abandonou grávida, depois a menina é a vida dela. O namorado é um desgraçado que a abandonou sem nem deixar um bilhete, mas ela perdoa num piscar de olhos e tudo volta a ser como era antes. Oi? Como assim??? A mãe parece ser uma pessoa muito legal, ajuda muito e tal, mas daí ela não era nada disso, mentiu a vida inteira pra filha e fica escondendo informação e reclama das decisões desinformadas que a filha toma (vai reclamar como se não conta nada pra ela???).

Enfim, é um desastre.

Nenhum dos personagens é particularmente gostável (exceto o Felix e a Jane, que mal aparecem), a história é uma bagunça e as reações e relações entre os personagens não faz sentido. Mas o mundo que a autora criou com os seres mágicos de nomes celtas é legal, merecia um enredo mais interessante e divertido. Tinha o potencial para ser "Throne of Glass", mas é "Twilight".

Nota 5.

NOS4A2



SPOILER FREE

Eu sei que o título mais parece um erro de digitação, mas é isso mesmo. E a ideia é cumprir o tema de agosto do Desafio Literário, que é um livro com números no título. Mesmo que não seja apenas números, considero como bem escolhido, pois o título se refere à placa do carro de um dos personagens principais desse romance do Joe Hill e, além disso (em inglês apenas) é uma brincadeira com a palavra Nosferatu!

Acabei por comprar esse livro porque li "Horns" do mesmo autor e adorei, logo, quando teve um novo lançamento ele automaticamente foi para a minha wish list e quando entrou em promoção foi parar no meu kindle (que continua lotado, claro, mas eu juro que estou tentando). Joe Hill continua me surpreendendo, ele consegue seguir o mesmo estilo de história que tornou o seu pai, Stephen King, famoso, mas ele encontrou a sua própria voz e estilo literário. Imagina um Stephen King modernizado, é ele.

Dessa vez, ele traz a história de Victoria McQueen, uma menina que descobre que pode fazer coisas supostamente impossíveis, até que ela percebe que ela não é a única com dons especiais. Após um encontro desastroso com o dono do carro com a placa NOS4A2, ela termina por rever alguns "conceitos" na sua vida. Mas a experiência a mudará para sempre e ditará o seu destino e daqueles que ela ama.

O livro é uma mistura de terror com aventura, com diversos momentos simplesmente arrepiantes. Para dar uma ideia, esse foi um volume que eu me recusei a ler antes de dormir, porque sabia que não me deixaria cair no sono ou me daria pesadelos. Essa limitação acabou por me fazer demorar mais tempo do que eu previa na leitura das suas quase 700 páginas, mas valeu a pena. A personagem principal, Vickie, é maravilhosa! No estilo anti-herói, a mulher é poderosa, porque para aguentar tudo o que ela passou e ainda fazer o que ela fez, precisa ser muito badass. Foi um prazer imenso acompanhar a sua trajetória e fiquei com gosto de quero mais, o que, infelizmente, é improvável. Para meu maior deleite, o autor ainda fez referências a obras do seu pai, o que é sensacional para os fãs.

Nunca mais verei o Natal da mesma forma por causa desse livro.

Nota 10!



sexta-feira, 8 de julho de 2016

Furiosly Happy - Alucinadamente Feliz



SPOILER FREE

Esse livro foi indicado pela Coruja no blog do qual estou seguindo o meu desafio literário desse ano. A resenha simplesmente me deixou curiosa, e por uma sorte da vida, logo em seguida o dito entrou em oferta na Amazon.

E sim, o livro é tudo aquilo que promete. É divertido, é humano, é engraçado de você realmente passar por louca na rua (eu pelo menos ri tanto no metrô que teve gente me olhando torto), tem o tipo de piadinha cretina que eu adoro (a prova disso é que casei com o meu marido), e trata sobre transtornos mentais de uma forma ao mesmo tempo profunda e leve, sem estigmas.

Eu gostei tanto do livro que já me inscrevi no blog da autora, The Bloggess, que é sensacional, e já coloquei o outro livro dela na minha wish list na Amazon.

As histórias no livro são todas autorais, numa espécie de autobiografia em pequenos contos, com os causos mais divertidos e inusitados. Jenny é o tipo de pessoa que você adoraria de conhecer ao vivo, e não tem como não se identificar pelo menos um pouquinho com alguma das situações pelas quais ela passa. Afinal somos todos humanos e, bem, de perto ninguém é normal. E, vamos ser sinceros, ser normal é chato.

Estamos no meio do ano mas já tenho certeza que livro nenhum vai ser mais divertido do que esse.

Nota 10!


quarta-feira, 6 de julho de 2016

A modern witch



SPOILER FREE

Depois da leitura pesada que foi "Hibisco roxo" resolvi que algo bem leve e despretensioso era o próximo livro ideal. E fui extremamente feliz com a escolha de "A modern witch" (Uma bruxa moderna) da Debora Geary.

Ainda sem nada traduzido pelo português, a autora possui alguns best sellers na linha de livros eletrônicos voltado para leitores que curtem enredos meio pagãos. E realmente, o livro é recheado de referências do paganismo moderno/wicca (serei propositalmente genérica aqui, não fiquem chateados, por favor), mas de uma forma bem despretensiosa e com direito a algumas modernidades simplesmente engraçadas, como feitiços escritos em código de computador.

Os personagens são todos uns fofos e a história em si é bem simples e bobinha. Nem clímax o livro tem, visto que não há conflito digno de nota ou que realmente faça diferença na vida dos personagens. Tudo é tranquilo, com direito a nuvens de algodão e céu de brigadeiro. É a versão livro daqueles filmes que simplesmente fazem você se sentir bem, sabe? Pois é.

Talvez se eu tivesse lido a obra esperando outra coisa eu não tivesse gostado, mas como eu procurava algo que não precisasse pensar, foi absolutamente perfeito. Então, se você procura ação, aventura, coisas mais românticas (coferóticascof) ou que precise refletir um mínimo sobre o assunto, o livro não é pra você.

Agora, se você precisa de algo leve para ler no final do dia porque quer substituir a televisão por um livro, esse é perfeito.

Nota 9 pelos motivos e dentro das limitações acima :-)


terça-feira, 5 de julho de 2016

Purple hibiscus - Hibisco roxo



SPOILER FREE

Depois de passar um mês inteiro do Desafio Literário lendo apenas autoras mulheres, resolvi tentar aumentar minha estatística de leitura de livros escritos por mulheres. E como deixar de fora a maravilhosa Chimananda Ngozi Adichie? A autora do fantástico discurso "We should all be feminists" (que aliás, foi lançado em português, de nada ;-) ).

Em particular, esse foi o livro dela que estava na minha wish list e entrou em promoção sabe lá quando e, por isso, até o momento, era o único de Adichie no meu kindle. (aquele projeto de esvaziar o pobre coitado parece ser um caso perdido, quanto mais eu leio mais livro tem!)

Com relação a "Hibisco Roxo" não vou aliviar não, o livro é realmente pesado. Mas é o tipo de história pesada que não só precisa ser contada como também precisa ser lida. A história violenta da adolescente Kambili tem muitos elementos que são comuns com histórias demais pelo mundo, não só na África. E além disso, funciona não apenas como reflexão, mas também como uma forma de desenvolver a empatia do leitor, não só por pessoas que estavam e estão no papel de Kambili, mas também para entender que muitas vezes a maldade e a violência podem nascer de um desejo de bondade. É o lance do explica mas não justifica, que precisa de alguma forma ser pelo menos reconhecido para que mudanças reais possam de fato acontecer.

O livro trata da história da adolescente de 15 anos Kambili, cujo mundo é limitado pelos altos muros e as árvores de pluméria da casa dos seus pais. Ela vive à sombra do seu pai, rico e católico, que apesar de generoso e politicamente ativo, é extremamente repressivo e religiosamente fanático em casa. Quando a Nigéria sofre o golpe militar, o pai de Kambili a manda junto com o seu irmão para ficar com uma tia, uma professora universitária cuja casa é barulhenta e cheia de risadas.

Foi um livro duro de ler, mas que me prendeu de uma forma incrível, eu tinha dificuldade em parar a leitura no meio, precisava continuar de alguma forma, e li como uma louca até o final. Aliás, que coisa mais linda o fechamento desse livro, não só surpreendente mas também tão cheio de significado,  e sem cair na armadilha de um final fechado. Nada disso, o fim é cheio de oportunidades, coisa de grandes autores.

É simplesmente uma obra prima.

Nota 10.