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domingo, 22 de outubro de 2017

A Sombra do Amado: Poemas de Rûmî

O que fazer, se não me reconheço?
Não sou cristão, judeu ou muçulmano.

Se já não sou do Ocidente ou do Oriente,
não sou das minas, da terra ou do céu.

Não sou feito de terra, água, ar ou fogo;
não sou do Empíreo, do Ser ou da Essência.

Nem da China, da Índia ou Saxônia,
da Bulgária, do Iraque ou Khorasan.

Não sou do paraíso ou deste mundo,
não sou de Adão e Eva, nem do Hades.

O meu lugar é sempre o não-lugar,
não sou do corpo, da alma, sou do Amado.

O mundo é apenas Um, venci o Dois.
Sigo a cantar e a buscar sempre o Um.

"Primeiro e último, de dentro e fora,
eu canto e reconheço aquele que É."

Ébrio de amor, não sei de céu e terra.
Não passo do mais puro libertino.

Se houver passado um dia em minha vida
sem ti, eu desse dia me arrependo.

Se pudesse passar um só instante
contigo, eu dançaria nos dois mundos.

Shams de Tabriz, vou ébrio pelo mundo
e beijo com meus lábios a loucura.
 SPOILER FREE

Rumi é um dos meus poetas favoritos, então a escolha do livro me foi muito óbvia. Inclusive, tenho vários livros e traduções diferentes do poeta sufi persa. E foi muito emocionante para mim visitar o seu túmulo no interior da Turquia (pena que hoje em dia não indico mais essa viagem para ninguém, a coisa está estranha no Oriente Médio).

Dito isso, não sei explicar o que o tradutor fez, pois confesso que não gostei do livro. A escolha dos poemas (que na verdade são pedaços de obras mais longas) não ficou bom, a escolha das palavras também não, e as notas sobre cada poema simplesmente não me tocaram. Rumi era para ser pura emoção religiosa, entrega sem limite, e sem delimitação de crença, muito na linha do Kabir. Mas nessa tradução ficou muito sem graça.

O mais triste é que pouco depois de terminar esse livro, comprei outro do Rumi, e quando cheguei em casa percebi que era o mesmo tradutor. Espero que os anos entre uma tradução e outra tenham trazido um pouco mais de conhecimento, sensibilidade e profundidade ao seu trabalho.

Nota 5.

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