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domingo, 27 de maio de 2018

Jock Row (Jock Hard #1)



SPOILER FREE

Como os leitores assíduos do meu blog devem ter reparado, eu curto ler literatura erótica de vez em quando. É ótima para esvaziar a cabeça de problemas.

Eu nem sei explicar exatamente como esbarrei com esse livro na Amazon, mas estava baratinho e eu não resisti e comprei. Olhem a capa, gente, é uma excelente propaganda! Anedota: fui mostrar a capa para o meu marido, que se dobrou de rir e ainda fez sugestões de atores gatos para imaginar ao longo da leitura. Eu amo o meu marido.

Enfim, o livro entrega exatamente o que promete: uma história romântica cheia de cenas de sexo. Dessa forma, não posso dizer que me decepcionei, de jeito nenhum. Além de que ele não é mal escrito, o que o torna muito melhor do que "50 tons de cinza", por exemplo. (Pretendo sacanear essa série até o fim da vida, não é a toa que as resenhas dessa "trilogia" estão entre as mais visitadas do blog!)

Para mim, a única questão é o clichê. Para que fazer mais uma história sobre uma menina virgem? Sério? O livro não é voltado para adolescentes para justificar isso.

No frigir dos ovos (olha a piada pronta!), o problema está no tipo de clichê: atleta gostoso = excelente clichê; menina virgem = clichê datado.

Com relação especificamente ao atleta gostoso, Rowdy Wade (podem rir alto) é interessante e charmoso, e ele merecia um final mais original. Afinal, ele é ou não é um atleta diferente dos outros? Aff.

A originalidade no livro na verdade é a falta de drama. Normalmente esses livros são cheios de drama que servem de pano de fundo para um sexo mais selvagem, e isso não existe aqui. O que é bom no sentido de ser diferente, mas é ruim porque basicamente não tem história. Mas pra que história? Ok, tá perdoado.

Nota 9.

Real Vampires Take No Prisoners (Real Vampires Don't Sparkle #3)



SPOILER FREE

Como eu disse em outra resenha, resolvi colocar continuações em dia. Depois de três anos aguardando a saída/compra/leitura dessa continuação de "Real vampires don't sparkle" e "Real vampires do it in the dark" eu finalmente consegui ler o último livro da trilogia.

Eu sabia que o livro não seria uma obra prima. Eu li os livros anteriores! É só ler as resenhas!

Mas não sei o que aconteceu. Talvez eu tenha me tornado mais chata, talvez o estilo não me agrade tanto mais quanto agradava antes, talvez a autora tenha perdido a mão/inspiração/o que quer que o valha. Independentemente disso, o resultado foi que não gostei do livro.

A história em si não é divertida, a maioria das piadas não cola, os personagens na maioria das vezes são só chatos. E aí, quando eu não aguentava mais ler o livro, tem uma cena muito legal e que me fez gargalhar, me lembrando porque eu tinha gostado dos primeiros livros. Aí a cena acaba e demora uma eternidade para outra desse tipo chegar. As poucas passagens divertidas e sexy definitivamente não valem o que tem entre uma e outra.

A quantidade absurda de personagens que foram introduzidos no segundo livro não ajudam. Como fazia três anos desde a última leitura eu simplesmente não lembrava quem era quem! Teve personagem que morreu e eu continuei sem saber quem era e por isso não dei a mínima. Triste, né?

Nota 5, dentro do estilo, o que é péssimo sinal...

Belly Dance Around the World



SPOILER FREE

Esse livro foi um achado que eu consegui para kindle na Amazon. Com uma coleção de 12 artigos sobre como as pessoas vivenciam diversos aspectos da dança do ventre ao redor do mundo, e relativamente novo, foi lançado em junho de 2013, o que o torna bastante atual.

A ideia é passear por diversas comunidades ao redor do mundo que praticam a dança do ventre, começando pelo Egito. Os dois primeiros artigos do livro tratam principalmente de como os egípcios enxergam essa dança. Em "What is baladi about al-raqs al-baladi?" a autora faz pesquisa de campo, notando como hoje em dia a sociedade egípcia enxerga e pratica o que chamamos de dança do ventre, além de entrevistar diversos egípcios sobre o que eles consideram que é "baladi".

No segundo artigo, "Finding the feeling: Oriental dance, musiqa al-gadid and tarab", a autora traz uma análise juntamente com entrevistas, de como as bailarinas profissionais de dança do ventre no Egito montam os seus shows (que são coisas épicas de mais de uma hora, com apenas uma bailarina solista) de forma a capturar o público e causar o que os árabes chamam de tarab (êxtase).

O terceiro artigo, "Performing identity" foca na comunidade canadense de bailarinas e praticantes de dança do ventre, e faz uma análise de como essa comunidade se enxerga com relação a sua prática, como ela foi influenciada por movimentos orientalistas e como descendentes árabes que fazem parte dessa comunidade percebem a representação da sua cultura inserida na cultura canadense.

O quarto artigo foi um dos meus favoritos em termos de análise. Em "1970s Belly Dance and the how-to phenomenon: feminism, fitness and orientalism", a autora apresenta uma análise do conteúdo de livros que começaram a surgir nos anos 70 nos EUA com o objetivo de ensinar dança do ventre. A autora faz uma análise riquíssima desse conteúdo com relação a outros movimentos da época, como o feminismo, o feminismo ecológico e o surgimento do movimento fitness, além do lançamento do icônico "Orientalism" do Edward Said.

 O artigo seguinte, "Dancing with inspiration in New Zealand and Australian dance communities", o foco deixa de ser tanto a questão das influências orientalistas em comunidades fora do mundo árabe e passa a ser a forma específica como comunidades de dança do ventre na Nova Zelândia e da Austrália fazem uso da dança do ventre de forma a atingir formas diferenciadas de consciência, de forma que a dança passa a deixar de ser algo se uma cultura externa e passa a ser uma forma pessoal de expressão. Confesso que super me identifiquei.

 O próximo artigo trata especialmente de um novo estilo de dança que surge a partir de influências da dança do ventre, junto com outras danças étnicas, o ATS (American Tribal Style). Em "Local performance/Global Connection: American Tribal Style and its imagined community", a autora analisa como se dá a construção do que as praticantes de ATS entendem como uma comunidade global de bailarinas. Leitura obrigatória para praticantes de ATS.

Em "The use of nostalgia in tribal fusion dance", a autora ultrapassa a questão das influências orientalistas na cena atual da dança tribal fusion para entender o uso de movimentos culturais que ela categoriza como nostálgicos (como o valdeville), de forma a tornar a dança mais ocidental.
 
O artigo seguinte, "Belly Dance and  transculturation in New Zealand", o foco deixa de ser tanto a questão das influências orientalistas em comunidades fora do mundo árabe e passa a ser a forma específica como comunidades de dança do ventre na Nova Zelândia acabam por fazer uso da dança do ventre como forma de criar uma expressão própria para mulheres que não fazem parte da comunidade indígena local, além das misturas que são criadas incorporando itens da dança maori, o que leva a toda uma discussão interna de apropriação cultural. Dá para fazer alguns paralelos interessantes com algumas fusões que diversas bailarinas têm feito pelo Brasil.

Em "Quintessencially English Belly Dance: in search of an English tradition", a autora traz todo um levantamento histórico de duas bailarinas do cenário inglês da dança do ventre que ela julga que moldaram o que hoje existe de dança na Inglaterra. O que achei interessante foi encontrar aqui a famosa Wendy Buenaventura, conhecida especialmente pelo livro "Serpent of the Nile", que apesar de muito orientalista e sem grandes fontes, é considerado quase uma bíblia da dança do ventre.

O artigo seguinte é o único que foca especialmente em uma única bailarina e a sua forma de trabalho, o que está bastante explícito no seu título "Delilah: dancing the earth".

O penúltimo artigo do livro foca especialmente em questões femininas na Índia e como isso afeta a visão local sobre a dança do ventre. Em "Negotiating female sexuality: bollywood belly dance, "item girls" and dance classes", a parte mais interessante para mim foi toda a análise de tipos de mulheres retratadas no cinema indiano, e o como é feito o uso de fusões com a dança do ventre para intensificar esses retratos.

O último artigo para mim foi o único que eu classificaria como bizarro. Em "Digitalizing raqs sharqi: belly dance in second life", a autora faz todo um levantamento do uso da dança do ventre no "jogo" second life, com direito a um estudo sobre uma comunidade (?!?!?!?) de bailarinas dentro do jogo e uma comparação com comunidades no mundo real. Para mim soa tão bizarro que até essa descrição parece estranha. Eu não entendo o second life.

Preciso dizer que apesar de alguns temas um tanto quanto específicos ou distantes da minha realidade, o livro em si é muito bom. Todos os artigos são bem escritos e com direito a uma bibliografia que dá vontade de ler inteira. Já recomendei especificamente para uma amiga minha que estava a procura de livros sobre dança do ventre. Super recomendado.

Nota 10.

sábado, 26 de maio de 2018

Omnipresent: The Sacred Feminine Balance



SPOILER FREE

Esse é o tipo de livro que eu gosto de manter no meu celular. Diversos textos curtos e bens escritos, perfeito para ler antes de dormir. Mas, li ele inteiro fora desse objetivo por motivos que prefiro não mencionar aqui... o que foi uma pena no sentido que ele realmente é perfeito para isso.

 O livro consiste em pequenos textos escritos por mulheres acerca do que cada uma pensa sobre o sagrado feminino. Alguns eu gostei pessoalmente porque me identifiquei com diversos dos pensamentos expostos, outros me deram um certo nervoso, mas isso meio que já é normal para mim. Tenho uma visão muito particular e um tanto chata do que seria o sagrado feminino, visto a nossa necessidade como sociedade de um feminismo forte e militante, que esse feminismo não tem como não moldar a minha forma de pensar.

Dito isso, a maior parte dos textos é muito interessante, e eu leria outras obras de algumas autoras que estão nesse volume, como a Joss Burnel , Jacqueline L. Robinson, Britanny N. Selle, Beth Shekinah (que é de origem judia!) e a Melissa Rae Thompson.

Mas não sei dizer exatamente qual é o objetivo desse livro ou qual seria o seu público alvo principal. Os textos não são exatamente profundos e nem explanatórios sobre nada em particular. Eles são exatamente o que o subtítulo do livro indica: "contemplações sobre o divino na terra". Alguns textos tem um teor mais biográfico, outros um jeitão mais poético, outros são reminiscências. O que mantém a coesão do livro é fato de que todos os textos apresentam um ponto de vista mais pagão do que seria o sagrado feminino e todos as autoras são mulheres.

É uma leitura interessante, mas eu não diria imprescindível, sobre o assunto.

Nota 8,5.


Where She Went (If I Stay #2) - Para onde ela foi



SPOILER FREE

Como o mês ainda não acabou e eu já tinha terminado o livro do tema do desafio literário, achei que era hora de colocar algumas continuações de livros que já li em dia.

O primeiro que eu estava de olho dessa lista (sim tenho uma lista de continuações para ler, triste, né?) era a continuação de "Se eu ficar". Depois de quase dois anos na minha wishlist da amazon, finalmente consegui o livro numa promoção!!! Juro que comemorei.

O primeiro livro da série é realmente fofo, e nele eu lembro vagamente de ter lido uns dois capítulos dessa continuação. Claro que precisei ler tudo de novo depois de dois anos e sei lá quantos livros entre um e outro. De qualquer forma, o primeiro capítulo passou sem nenhum tipo de reconhecimento da minha parte, eu não lembrava de absolutamente nada, já o segundo capítulo foi mais marcante e  o identifiquei ao ler "Para onde ela foi", bom sinal.

Novamente a autora, Gayle Forman, escreveu um livro fofo. Acho que é a especialidade dela. Os livros dela são todos fofos e excelentes leituras para adolescentes. Novamente não tem relacionamento abusivo, mas... como tem drama! Deve ter sido para compensar a falta de exagero do primeiro volume, Gayle caprichou nesse. CAPRICHOU. Tem tanto drama que confesso que revirei os olhos algumas vezes. Ok, muitas vezes.

Em compensação, lá pelo meio do livro, quando finalmente Mia e Adam tem aquela senhora discussão sobre o relacionamento deles, a discussão do século (é épico, não tem outra forma de descrever), a coisa começa a andar de um jeito que eu fiquei realmente surpresa! Agradavelmente surpresa! Confesso que comecei a pensar nessa resenha naquele momento, de tão maravilhoso! E aí... a coisa desandou. Quer dizer, a autora perdeu a coragem e foi pelo caminho mais fácil. E toda a gloriosa resenha que ela teria recebido foi para o saco e eu agora estou escrevendo essa resenha aqui.

Foi absolutamente brochante para mim. Tudo bem que eu sei que esse livro não é o tipo de livro onde se encontra o que a autora me deu esperanças de encontrar. Mas ela me deu esperanças!!! E me senti uma criança que teve o seu doce roubado. Fiquei absolutamente furiosa. Depois desse ponto, apesar da fofice de tudo, eu simplesmente não consegui mais me conectar com as personagens, que me pareciam falsos e exagerados.

Uma pena.

Mas eu entendo que existe um mercado para esse tipo de livro e ele dá muito dinheiro. Entendo perfeitamente a escolha da autora, que não resistiu ao poder do mercado, entendo mesmo. Mas isso não me tira a sensação de tristeza pela perda de uma história muito mais interessante, apesar de certamente menos romântica e fofa.

Fiquem avisados do teor de fofice e de açúcar.

Nota 8.

domingo, 20 de maio de 2018

Islam: A Short History



SPOILER FREE

Nas minhas pesquisas sobre o Oriente Médio acabei por descobrir essa autora, Karen Armstrong, que escreve muito sobre o desenvolvimento das três religiões abraâmicas (judaísmo, cristianismo e islamismo). Andei conseguindo algumas das suas obras para kindle, mas ainda não tinha conseguido parar para ler nada dela.

Esse livro em particular, tem como objetivo contar de forma bastante sucinta a história do Islã, desde a revelação do Corão a Maomé até a primeira guerra no Iraque (aquela com o Kuwait). Como a edição que eu comprei tem uma revisão, no final a autora acrescentou um epílogo que fala sobre o 11 de setembro, o que achei muito interessante e particularmente bem colocado dentro do contexto do livro.

O livro em si é até curtinho, tem apenas umas 300 páginas, o que mostra o trabalho de concisão que a autora precisou fazer. A contrapartida disso é que realmente ela não teve como se aprofundar em absolutamente nada. Levando isso em consideração, o livro é maravilhosamente bem escrito e profundo dentro do possível.

O que achei mais interessante no trabalho da Karen Armstrong é a sua capacidade empática de se colocar no lugar do outro, e assim escrever sobre o pensamento islâmico e sua história de forma tão sincera. Percebe-se que há um esforço para quebrar preconceitos, mal entendidos e desinformação acerca do islamismo. Bravo Karen!

Um dos melhores livros que já li sobre o assunto. Simples assim. O único pecado é a pouca profundidade, mas entendo que esse era o objetivo da obra, então, não posso reclamar.

Recomendo para todos.

Nota 10.

Madinah: City Stories from the Middle East



SPOILER FREE

Entrei numa fase meio oriental, então resolvi continuar lendo sobre o oriente médio. Para as minhas leituras noturnas, eu gosto de dar preferência para livros de contos ou livros de não ficção, que é o tipo de leitura que dá para parar no meio (ou no final do conto). Para minha sorte, fazia pouco tempo que eu tinha conseguido essa coletânea de contos de autores árabes numa promoção.

Primeiro preciso dizer que nem sempre gosto do trabalho da organizadora dessa coleção, a libanesa Joumana Haddad, mas ela é uma figura importante no cenário literário e feminista do Líbano, então eu sigo de perto o que ela produz. E dessa vez fiquei muito satisfeita.

O livro tem como proposta trazer histórias passadas em diversas cidades de países árabes, através de contos de diferentes autores que nem sempre são impressos fora dos seus países. São 10 autores, em 10 cidades, e oito contos traduzidos do árabe e do hebraico.

Como todo livro de contos, tem os seus altos e baixos, mas dessa vez a média foi acima do que eu esperava, e aproveitei para conhecer diversos autores novos que já entraram na minha lista para futuras leituras. E como os autores selecionados são todos contemporâneos, achei interessante, afinal estava na hora de eu atualizar um pouco a minha leitura de escritores árabes para uma época mais moderna. Não que eu vá deixar de ler os autores mais antigos, claro, Naguib Mahfouz continua sendo maravilhoso.

Recomendo a leitura para quem gostaria de ler algo diferente, passado no mundo árabe moderno, e com boa qualidade.

Nota 9.

Her Reasons #1



SPOILER FREE

Quem segue o meu blog ou minhas leituras no Goodreads já percebeu que de tempos em tempos eu preciso ler algo meio trash para esvaziar a cabeça. Dessa vez, por conta de um comentário de uma amiga minha que tem o mesmo hábito, escolhi esse livro.

Claro que eu não leio esse tipo de coisa esperando uma obra-prima ou algo maravilhoso, veja bem, esse certamente não é o meu propósito. Mas eu estava animada pelo fato do tema incluir um relacionamento poli amoroso, o que não é um tema comum, ainda mais no caso que eu descobri que tem até um nome específico em inglês "reverse harem", harém reverso.

Nesse quesito o livro entrega exatamente o que eu esperava, um relacionamento de uma moça com diversos caras lindos. O problema nesse caso, é que como o livro é muito curtinho e superficial, eu não tenho a menor ideia de quem era quem. E como esse é o primeiro volume de uma série, só teve uma cena legal dentro daquilo que eu estava realmente esperando em ler, se é que vocês me entendem.

Como os livros da autora são baratinhos e ela não escreve mal, no sentido de conter erros grotescos ou situações ridículas, eu pretendo ver no que vai dar. Até porque a autora parece que vai tratar dos problemas que eu espero que sejam tratados numa situação poli amorosa. Mas isso não quer dizer que o livro seja maravilhoso, nem mesmo dentro do estilo.

Nota 7.

Mr. Penumbra's 24-Hour Bookstore - A Livraria 24 horas do Mr. Penumbra



SPOILER FREE

Eis um livro que entrou na minha lista porque a premissa era interessante demais para deixar passar. Um jovem recém saído da faculdade e desempregado acaba arranjando um emprego numa livraria 24h (no turno da noite, claro) que ele não entende muito bem como funciona. Seu trabalho consiste basicamente em emprestar livros que não existem e anotar como os clientes estavam ao solicitarem o livro. Claro que os clientes também não são exatamente normais.

Como resistir a isso?!?!?

Logo, comprei o livro numa promoção da Amazon e comecei a ler porque que o tema do desafio literário de maio é um livro sobre livros.

Confesso que a princípio achei que eu estava forçando um pouco a barra no tema do desafio porque achei que o livro era mais sobre a livraria do que sobre um livro, mas ainda bem que fiz isso. Acabei por descobrir que o livro se encaixa perfeitamente no tema. Mais do que isso será spoiler.

Robin Sloan me surpreendeu com sua história sobre a livraria 24h, com direito a uma descrição maravilhosa do complexo da Google na Califórnia, sociedades secretas e mistérios centenários. Os contrastes são deliciosos e a história é simplesmente empolgante. É o tipo de livro que você não quer largar para descobrir o que vai acontecer e até terminar de ler.

E caso o autor tenha realmente feito uma boa pesquisa sobre diversos assuntos, você ainda aprende um monte de coisas interessantes. A forma como funciona a Google é muito bacana, por exemplo. É um livro que faz a gente ter gosto por viver no nosso mundo moderno.

Detalhe interessante que fica ainda melhor depois de ter lido o livro: a versão impressa americana tem uma capa que brilha no escuro!

Nota 10.

The Life-Changing Magic of Not Giving a F*ck - A Mágica Transformadora do F*



SPOILER FREE

Resolvi ler esse livro porque uma amiga minha gostou muito e eu achei o título e a paródia absolutamente irresistíveis. Para quem não percebeu, a paródia é do livro da Marie Kondo "The Life-Changing Magic of Tidying" (ou "A mágica da arrumação" em português).

Não é preciso ter lido Marie Kondo para apreciar "A mágica transformadora do F*", mas a leitura fica muito mais engraçada se você tiver lido. Sarah Knight consegue escrever um livro estilo autoajuda que, enquanto você chora de rir, você não tem absoluta certeza se ela está falando sério ou só te sacaneando. Provavelmente os dois. Preciso dizer que adorei esse estilo de humor.

A leitura é especialmente leve e gostosa, apesar da abundância do f* (sei que tem pessoas que não gostam de leituras com esse tipo de vocabulário, mesmo em comédia, então fiquem avisados). Chega a ser libertador, e certamente esse era um dos objetivos da autora. E comédia ou não, você fica realmente pensando em aplicar diversas ideias na sua vida, o que certamente vai deixar seu dia a dia mais leve e feliz. E considerando que vivemos num mundo com excesso de informações e obrigações, talvez seja realmente necessário para ninguém enlouquecer e ter um dia de fúria. Ou sair xingando meio mundo no whatsapp ou no facebook.

Leitura recomendada.

Nota 10.


Nine Parts of Desire: The Hidden World of Islamic Women - Nove Partes do Desejo - O Mundo Secreto das Mulheres Islâmicas



SPOILER FREE

Virei fã da Geraldine Brooks quando li As Memórias do Livro, um livro indicado pela minha sogra. E como eu gostei muito, ela ainda me deu de presente essa preciosidade. Como esse seria um livro que eu precisaria fazer diversas anotações e apontamentos, e somando a minha campanha de trocar meus livros físicos por livros digitais (campanha ainda em andamento e de sucesso limitado por questões de amor por livros), acabei por conseguir uma versão em kindle com o texto original em inglês (vide a capa original acima).

Logo, percebe-se que esse foi um livro que já estava na minha lista de leituras há algum tempo, o que é muito normal, mas eu leio tentando diminuir a lista, que só aumenta (novamente a questão de amor por livros). De qualquer forma, finalmente ele entrou em pauta, e novamente não me arrependi de ler Geraldine Brooks.

Além de autora de romances, Geraldine foi durante muitos anos uma repórter que trabalhou exclusivamente com Oriente Médio, morando em diversos países árabes com seu marido, um judeu. Nove partes do desejo é um grande levantamento de tudo o que ela viveu e experienciou durante os anos de estadia em países como Irã, Marrocos, Iraque, Arábia Saudita e Egito.

Levando em consideração que ela é judia (por conversão por conta do casamento), eu confesso que fiquei positivamente surpresa com suas leituras e posicionamentos relativamente sem preconceito (não são 100% livres de preconceito não, preciso apontar). Por questões culturais locais, ela acabou por se relacionar muito mais com as mulheres nesses lugares, e a vida feminina no mundo árabe acabou por se tornar o seu tema principal de trabalho, o que a torna uma das poucas jornalistas que tratam especificamente desse assunto.

Dessa forma, o livro é maravilhosamente rico em informação sobre como as mulheres árabes vivem, sem fantasias orientalistas. Sendo necessário lembrar apenas que esse livro foi lançado no meio da década de 90, e alguma coisa certamente já mudou desde então, enquanto outros temas do livro parecem absolutamente contemporâneos, como a questão da permissão para mulheres sauditas dirigirem.

Fora a questão puramente jornalística, que é muito boa no livro, Geraldine inclui no seu texto diversas críticas relacionadas à questão das mulheres no mundo islâmico. Na maior parte das vezes suas críticas são feitas de forma muito construtiva e até justa. Mas infelizmente é aí que de vez em quando seu posicionamento pode se tornar um tanto quanto preconceituoso, e é necessário que o leitor exerça um certo grau de cuidado na leitura, para acabar não repetindo alguns exageros.

No geral, é um livro absolutamente maravilhoso e uma excelente fonte de informação e até mesmo de quebra de alguns paradigmas. Recomendo. E pretendo ler mais da autora.

Nota 9.

quinta-feira, 3 de maio de 2018

The Golem and the Jinni



SPOILER FREE


Esse foi um livro que ouvi falar bem no Goodreads, daí entrou na minha wishlist, depois uma amiga leu e confirmou que era bom e me deu um ultimato para ler logo. Soma-se a isso o fato de que o tema do desafio literário do mês de abril era uma história oriental...

Deixe-me explicar, realmente, a autora não é oriental, ela é norte-americana. Porém, toda a mitologia que ela pesquisou para escrever Golem e o Gênio (título do livro em português) é, sim, oriental. E ela fez escolhas felizes nesse sentido, um Golem é um ser animado feito a partir de argila que existe na mitologia/simbologia/cabala judaica, enquanto um gênio é um ser feito de fogo que existe na mitologia árabe. Tem coisa mais simbólica do que misturar mitologia árabe e judaica? Ficou tão lindo que a autora até ganhou o prêmio Nebula com esse livro.

Mas ela mereceu o prêmio não só pelo enredo tão simbólico nos dias de hoje, mas também pela sua qualidade narrativa. O livro é tão bem escrito que eu quase chorei quando procurei e não encontrei outros livros publicados da autora. É triste demais isso. Pessoas que escrevem bem assim precisam publicar muito!!!

Mas eu entendo que um livro dessa qualidade e quantidade de pesquisa demore para ser escrito.

Porque veja bem, Helene não só pesquisou as mitologias necessárias, mas como a história se passa em diferentes comunidades de imigrantes em Nova Iorque no final do século XIX, foi necessário toda uma pesquisa sobre como eram essas comunidades, que tipos de pessoas migravam e como era a cidade na época. E, do que eu conheço do assunto (o que não é muito, mas também não é zero), posso dizer que a pesquisa dela foi um primor.

As suas descrições de Nova Iorque são uma beleza, assim como as descrições de diversas cidades e lugares do Oriente Médio, de onde vem quase todos os personagens do livro. E que personagens! São todos maravilhosos, não quero dizer que sejam todos bonzinhos, eles são todos bons personagens, com complexidade, críveis.

Se me deixarem vou escrever páginas e páginas de louvores a esse livro, então, vamos fechar:

Nota 10.

Let's Pretend This Never Happened: A Mostly True Memoir



SPOILER FREE


Esse é um livro que entrou na minha whishlist da Amazon (e lá ficou mais de um ano aguardando uma promoção que finalmente chegou) assim que eu terminei de ler outro livro da autora, Furiously Happy (ou Alucinadamente Feliz em português), por conta de amor puro e genuíno.

A autora, Jenny Lawson, sofre de uma lista um tanto quando grande de problemas psiquiátricos, porém, ou por causa disso mesmo, ela possui um senso de humor único e maravilhoso. Nesse sentido, esse livro é tão bom quanto Alucinadamente Feliz e vale muito a leitura, super recomendo.

Caso você ainda não tenha lido nenhum dois dois livros, sugiro fortemente que você comece por Vamos fingir que isso nunca aconteceu (título do livro na tradução em português), simplesmente porque ele foi lançado antes, logo, as histórias contadas aqui acontecem antes do livro seguinte, e você não vai querer spoiler, não é? Piadas a parte, eu juro que faz diferença na graça da leitura.

Sabe aquele ditado que diz que deus protege os loucos? Então, Jenny prova tanto que ele é verdade quanto ele não é. Porque não é possível que tanta coisa estranha aconteça com uma única pessoa, e justamente uma pessoa que vai ver a situação estranha de uma forma tão completamente diferente. Mas ao mesmo tempo, no final tudo dá certo. Sortuda.

Nota 10.

Guinevere: The Legend in Autumn (Guinevere #3)



SPOILER FREE

Esse é o livro culpado pelo meu atraso nas resenhas. Fiquei algumas semanas fugindo de escrever a resenha dele.

Como último livro da trilogia sobre a Guinevere que já havia me deixado feliz e triste ao mesmo tempo (veja as resenhas anteriores aqui e aqui), posso dizer que ele realmente faz parte dessa trilogia. Isto é, possui exatamente os mesmos problemas, talvez um pouco mais intensamente.

Minha questão com o livro não é o fato de ser triste, veja bem, estamos falando da saga do Rei Arthur, ninguém espera um final feliz, certo? Mas a questão é a construção desse final. Tem o problema da narradora, a própria Guinevere, que como até brincaram comigo quando reclamei para meus amigos, deve sofrer de algum tipo de doença neural degenerativa quando resolveu contar a história, porque ela nunca sabe se está contando algo que aconteceu há muitos anos ou está acontecendo no momento. Como o foco não é uma possível doença da narradora, isso só torna a leitura confusa e chata.

Outro problema é a escolha entre os momentos da história para alternar a leitura, numa tentativa de fazer a leitura mais dinâmica e prender o leitor. Sim, isso é uma técnica, leia Dan Brown para ver exemplos gritantes disso. O problema aqui foi a escolha da autora, entre um momento super empolgante e cheio de adrenalina e outro em que NADA acontece. Isso dura metade do livro, METADE. A outra metade é só muito, muito, muito deprê. E não é só por causa dos acontecimentos, mas também por conta das atitudes da Guinevere, que não parece mais a mesma personagem forte dos livros anteriores. Muito triste quando isso acontece assim, na ordem contrária do que seria bacana de ler.

Sendo muito boazinha, nota 6.

Nota da série: 6,5.