SPOILER FREE
Outro livro vindo diretamente da última Primavera dos Livros! Dessa vez o autor afegão decidiu pegar ainda mais pesado nas suas descrições sobre as penúrias da sua terra natal. Ee Terra e Cinzas já é triste, Syngué Sabour é de cortar os pulsos.
Contando a história de uma mulher quase viúva (só lendo para entender, eu não vou contar), ele faz um apanhado de tudo de ruim, humilhante, triste, injusto e inaceitável que pode acontecer a uma mulher afegã. Tudo isso com uma guerra fratricida de pano de fundo. Para piorar, na contra-capa do livro ainda vem explicando que ele escreveu essa história em homenagem a uma amiga que foi espancada até a morte pelo marido.
Adoro o mundo árabe, mas essas coisas me deixam furiosa.
O livro faz você ter vontade de matar esses homens covardes que tem por aí, não só no mundo árabe não, porque é hipocrisia achar que só eles são assim. Aqui não é tão diferente. Ao invés de burcas, usamos minisaias e shorts que mostram até o útero. Não vejo diferença. É tudo prisão.
Mas, voltando ao livro, depois desse desabafo. A história é só tragédia, uma atrás da outra, quando você acha que não pode piorar, o autor te mostra errado. Ainda bem que o livro é curto, senão eu não sei onde Atiq conseguiria chegar. Para quem quer saber o que pode acontecer de ruim quando as mulheres são mal tratadas, diminuídas e inferiorizadas, é um prato cheio. Para quem nunca refletiu sobre o assunto, recomendo ler o livro ou assistir Monólogos da Vagina (a peça original, faz favor, nada daquela palhaçada que o Miguel Falabela montou aqui em terras tupiniquins).
O final é meio brochante, confesso que esperava mais do autor. Mas, a viagem é mais importante que o destino.
Nota 9
Espaço para eu escrever sobre o que eu leio... Com espaço também para falar sobre autores que eu gosto e que eu não gosto... porque falar dos outros é fácil!!!
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quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
ioga para quem não está nem aí
SPOILER FREE
Hoje estou tentando colocar o blog em dia. Estou muito atrasada. Então vamos lá.
Eis um livro que tem um título perfeito para ele mesmo. Perfeito. Só que não fala de ioga. Não passa nem perto. Mas é para quem não está nem aí. Mesmo. Então tá tudo ótimo.
O autor traz um livro de contos pessoais (a princípio as histórias são acontecimentos reais na sua vida de jornalista), todos sem pé nem cabeça. Esqueça a ordem cronológica, ninguém pensa nisso com a cabeça cheia de ácido e maconha. O que, pelo o que o autor conta, ele está o tempo inteiro.
Então ele viaja o tempo todo na batatinha, barcos, carros, aviões e muitas drogas. Algumas histórias são interessantes, beiram até mesmo o cômico. Outras são simplesmente contos para dizer que drogas são legais e não tem o menor problema usá-las, o que eu, pessoalmente, não gostei. O livro parece uma apologia à maconha, regada a histórias sobre comunidades, pessoas alternativas e paisagens deslumbrantes.
Além disso, o autor parece o tempo todo não se importar com nada. Absolutamente nada. Ele realmente não está nem aí. O que eu, sinceramente, achei muito triste e deprimente.
Em compensação, o livro é cheio de sitações interessantes, alguma literais, outras disfarçadas, o que torna a leitura mais agradável. E, sem sombra de dúvida, é uma leitura leve. O autor é daqueles usuários que fica feliz quando se droga, então não tem como ser pesado.
Nota 6 porque daria um filme com paisagens bonitas.
Hoje estou tentando colocar o blog em dia. Estou muito atrasada. Então vamos lá.
Eis um livro que tem um título perfeito para ele mesmo. Perfeito. Só que não fala de ioga. Não passa nem perto. Mas é para quem não está nem aí. Mesmo. Então tá tudo ótimo.
O autor traz um livro de contos pessoais (a princípio as histórias são acontecimentos reais na sua vida de jornalista), todos sem pé nem cabeça. Esqueça a ordem cronológica, ninguém pensa nisso com a cabeça cheia de ácido e maconha. O que, pelo o que o autor conta, ele está o tempo inteiro.
Então ele viaja o tempo todo na batatinha, barcos, carros, aviões e muitas drogas. Algumas histórias são interessantes, beiram até mesmo o cômico. Outras são simplesmente contos para dizer que drogas são legais e não tem o menor problema usá-las, o que eu, pessoalmente, não gostei. O livro parece uma apologia à maconha, regada a histórias sobre comunidades, pessoas alternativas e paisagens deslumbrantes.
Além disso, o autor parece o tempo todo não se importar com nada. Absolutamente nada. Ele realmente não está nem aí. O que eu, sinceramente, achei muito triste e deprimente.
Em compensação, o livro é cheio de sitações interessantes, alguma literais, outras disfarçadas, o que torna a leitura mais agradável. E, sem sombra de dúvida, é uma leitura leve. O autor é daqueles usuários que fica feliz quando se droga, então não tem como ser pesado.
Nota 6 porque daria um filme com paisagens bonitas.
As Frias Flores de Abril
SPOILER FREE
Entrei em contato com a obra de Ismail Kadaré há muitos anos, antes mesmo do fatídico filme brasileiro (que por sinal, detesto!), e sua literatura triste me encanta. Quase dá vontade de conhecer a Albânia. Quase.
As frias flores de abril (será que ele tem um problema com esse mês?) é um livro muito interessante, mas estranho. A história simplesmente não é importante. Nada realmente acontece até quase o final do livro. E mesmo assim, o que acontece também não é o que importa. Esquisito, né?
Mas o que o autor realmente traz à tona com a história, ou falta dela, é a sensação. É isso que ele me passou: a sensação de se viver num país que acabou de sair de uma ditadura comunista (sem julgamentos, por favor). De certa forma, acabei por me lembrar de outro livro desse ano, Versos Satânicos, pois assim como Rushdie, Kadaré aqui também se utiliza das histórias paralelas. Falando nessas histórias paralelas, novamente o autor prima pelas sensações com elas, pois nunca vi descrições de sonhos tão maravilhosas. Sério, você realmente se sente num sonho! E ele consegue fazer isso mais de uma vez! Merecia um Nobel só por isso.
Nota 9,5 porque sim.
Entrei em contato com a obra de Ismail Kadaré há muitos anos, antes mesmo do fatídico filme brasileiro (que por sinal, detesto!), e sua literatura triste me encanta. Quase dá vontade de conhecer a Albânia. Quase.
As frias flores de abril (será que ele tem um problema com esse mês?) é um livro muito interessante, mas estranho. A história simplesmente não é importante. Nada realmente acontece até quase o final do livro. E mesmo assim, o que acontece também não é o que importa. Esquisito, né?
Mas o que o autor realmente traz à tona com a história, ou falta dela, é a sensação. É isso que ele me passou: a sensação de se viver num país que acabou de sair de uma ditadura comunista (sem julgamentos, por favor). De certa forma, acabei por me lembrar de outro livro desse ano, Versos Satânicos, pois assim como Rushdie, Kadaré aqui também se utiliza das histórias paralelas. Falando nessas histórias paralelas, novamente o autor prima pelas sensações com elas, pois nunca vi descrições de sonhos tão maravilhosas. Sério, você realmente se sente num sonho! E ele consegue fazer isso mais de uma vez! Merecia um Nobel só por isso.
Nota 9,5 porque sim.
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