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sábado, 31 de março de 2018

Lucifer Book Four



SPOILER FREE

No quarto volume de Lucifer somos apresentados a mais dois novos/velhos antagonistas, e a história vira uma espécie de épico pela supremacia no céu e no inferno. Como eu já repeti na resenha do volume anterior, os problemas que mais me incomodam na saga permanecem, e de alguma forma se aprofundam ainda mais.

Fiquei chocada de forma negativa o jeito que o autor trabalhou com os dois antagonistas. Fenris ainda faz algum sentido dentro do universo torto (perto do original de Sandman) apresentado em Lucifer. Mas Lilith... um desperdício total de personagem. Perto de todas as ideias originais que o autor apresentou até o momento, Lilith é a coisa mais clichê (do jeito mais negativo possível) que ele fez até o momento. Só foi a maior demonstração até o momento que o autor não trabalha bem personagens femininos. Triste.

Pelo menos agora só falta um volume pra acabar.

Nota 6.

Lucifer Book Three



SPOILER FREE

Neste terceiro livro temos uma continuação direta da última história apresentada no volume 2. As minhas críticas continuam exatamente as mesmas (veja aqui). A parte positiva são os novos personagens.

Eu gostei demais das adições que o autor, Mike Carey, andou fazendo no hall de personagens de Lucifer. Pontos extras pelos ex-querubins. São dos melhores apresentados na saga inteira, uma pena eles não estarem na série de TV.

Personagens novos à parte, e arcos de história até interessantes, os problemas infelizmente são maiores do que as qualidades. Novamente, a sensação que tenho é de tristeza. Não sei se tem salvação depois desse ponto.

Nota 7.


Lucifer Book Two



SPOILER FREE

Seguindo a saga de Lucifer, no segundo volume temos 2 arcos de história. O primeiro é uma espécie de continuação direta do primeiro, onde Lucifer resolve fazer uso do prêmio a que teve direito ao fazer o trabalho sujo que o Céu solicitou. A segunda história é uma questão de resolver a situação entre Lucifer e Amenediel, um anjo bem conhecido para quem assiste o seriado.

Aqui comecei a ter algumas questões com a saga de Lucifer. O principal problema é que não é Sandman e não é Gaiman. Isso no sentido de que, diferentemente do mundo trabalhado em Sandman, em que você tem diversos panteões possíveis que vivem juntos de alguma forma muito doida, mas que funciona, aqui o mundo é criação quase exata do que está na Bíblia.

Não gostei. Não só porque achei preconceituoso com todas as outras religiões que de qualquer forma continuam presentes através dos seus deuses ao longo dessa saga, mas achei que foge do que foi apresentado inicialmente e que funciona tão bem em Sandman. Heresia pura! Sacanagem com todo o trabalho feito por Gaiman até então. Imperdoável.

Outro problema é que por causa do que mencionei anteriormente, as histórias parecem rasas, sem aquela profundidade e a quantidade de referências do trabalho de Gaiman. Ficou pobre. E justamente com um personagem tão cheio de potencial como Lucifer. É quase triste de ver.

Já vou para os volumes seguintes desanimada.

Nota 7.

Lucifer Book One



SPOILER FREE

Depois de terminar de ler a série completa de Sandman precisei seguir o caminho lógico para quem gostou da série: ler a saga de Lucifer. Agora que tem uma série de TV com ele, o personagem fica ainda mais interessante e minha curiosidade maior para ler sobre ele.

Eu gostei muito da apresentação feita por Neil Gaiman, ainda no início de Sandman, e nem hesitei em seguir direto para a saga de Lucifer, que, claro, eu consegui em promoções na Amazon.

Nesse primeiro volume temos uma história completa sobre como Lucifer recebe uma oferta para fazer um trabalho para o Céu, com uma recompensa, claro, até porque a questão é que o Céu não quer se envolver diretamente na questão. Em outras palavras, um trabalho sujo. O livro funciona como um volume único, com um final bem redondinho, apesar das possibilidades de novos arcos que sempre existem em quadrinhos.

Mas preciso dizer: não é Sandman, e não é Neil Gaiman.

Mas é bom. O personagem principal é realmente divertido, é legal ver tantos personagens da série de TV sendo introduzidos nos quadrinhos, e, claro, aqui eles são ainda melhores. As aparições curtas dos Eternos deixa a história mais interessante também.

Sendo o primeiro livro da série, é difícil de julgar por ele, mas de modo geral eu me diverti muito na leitura e gostei da experiência. Certamente me convenceu em continuar lendo!

Nota 8.

The Sandman, Vol. 10 - The Wake



SPOILER FREE

E finalmente cheguei no último volume de Sandman!

Depois de mais de dois meses acompanhando diversas histórias maravilhosas, e vendo o Neil Gaiman crescendo como autor dentro da sua proposta para esse universo, não sei se fico feliz ou triste. O fim do volume anterior é lindo, mas triste, e esse último livro tem uma proposta de fechamento para toda a saga que é muito bonita.

Claro que como todo quadrinho, o final possui pontas suficientes para o desenvolvimento de novos arcos de história, mas isso não compromete, porque terminando aqui fica poético e me satisfaz como leitora. Depois disso vou precisar reler "American Gods", não vai ter jeito. Até porque na verdade já terminei de ler esse último volume há 15 dias e já estou com abstinência.

Ouvi falar que um novo autor, sob os auspícios do Neil Gaiman, deve retomar as histórias do novo Sandman, mas eu confesso que tenho minhas dúvidas se isso é uma boa ideia. Vide Lucifer (aguardem, a resenha dos volumes de Lucifer estão no forno). Mas claro que só vendo para julgar, não é mesmo?

De qualquer forma, fiquei muito feliz. Sandman como um todo faz jus e ainda ultrapassa toda a chuva de elogios que vejo por aí. Realmente entendo e concordo, não tem como ser diferente. Super recomendado.

Nota 10.

Nota para a saga completa 9,9.

Links para os volumes anteriores:

Sandman 1
Sandman 2
Sandman 3
Sandman 4
Sandman 5
Sandman 6
Sandman 7
Sandman 8
Sandman 9

The Sandman, Vol. 9 - The Kindly Ones




SPOILER FREE

Esse é o penúltimo volume das edições definitivas de Sandman. Neil Gaiman consegue se superar mais uma vez nas histórias do Morfeu. Dessa vez, ele traz uma história que você já sabe o final, e apesar de que isso faz você não querer que ela termine nunca, o caminho até lá é tão envolvente que não dá para parar de ler.

É uma sensação muito dividida, de amor e tristeza por todos os personagens até o momento. Mas ao mesmo tempo você sabe que tem mais um volume depois desse, e isso te traz não só esperança mas curiosidade. O que pode vir depois de algo tão final?

Mais uma vez, Neil Gaiman traz uma grande colcha de retalhos de mitologias, que ele explorará de forma mais profunda em "American Gods". Mas aqui o uso dessas misturas serve não apenas por conta dos diversos personagens de origens tão diversas, mas também por conta das referências que ele usa para dar o ar tão mítico para a história que ele desenvolve. Não é a toa que gosto tanto dele como autor.

Independentemente do meio em que é contada, é literatura de primeira.

Nota 10.

segunda-feira, 12 de março de 2018

Queen of the Summer Stars (Guinevere #2)



SPOILER FREE

Acabei escolhendo a trilogia da autora Persia Woolley sobre a Guinevere para o tema do desafio literário de março, que pede livros sobre uma estação ou com uma estação no título. Como eu já gosto de versões da história do Rei Arthur e a trilogia foi indicada por uma amiga minha, não tinha muita dúvida.

A trilogia chegou a ser publicada também em português, mas está esgotada e agora só procurando muito em sebos.

Apesar de eu ter achado o primeiro livro da trilogia interessante, mas deixando a desejar em alguns aspectos (para detalhes, leia aqui), resolvi ler os demais livros da série. E valeu a pena! O segundo livro, "Rainha das Estrelas de Verão" (em tradução livre), é bem mais interessante que o primeiro em termos técnicos. Ainda não é uma obra prima literária, mas a leitura incomoda menos com relação aos problemas do primeiro volume. Mas aviso que o livro também é em primeira pessoa, para quem não gosta desse estilo já ficar sabendo de antemão.

Além disso, aqui Guinevere já é rainha, e já está se mostrando mais esperta nas questões diplomáticas da corte, apesar de cometer uns deslizes de vez em quando, como qualquer pessoa. Alguns com consequências maiores, outros menores. É nesse volume que ela desabrocha como mulher, rainha e personagem, ganhando mais profundidade e finalmente surgindo passagens bastante clássicas nas lendas arturianas. Como a questão entre Artur, Guinevere e Lancelote. E, eu não sabia que era uma passagem clássica, mas descobri na introdução do livro, a questão do rapto e desfecho desse rapto de Guinevere (como eu não sabia, vou supor que outros também não sabem e manter o suspense).

Diversos outros marcos militares estão nesse volume da trilogia, e nesse sentido o livro não entra em tantos detalhes justamente porque o ponto de vista da história continua sendo da Guinevere, que não participa pessoalmente das grandes batalhas, apesar dela testemunhar algum grau de violência, claro. Outra opção da autora pelo clássico, é a forma como ela retrata a Morgana das Fadas, que não lembra em quase nada a famosa descrição da personagem em Brumas de Avalon.

Nesse sentido, a quantidade de personagens femininas más me incomodou um pouco. Apesar do livro ter lá a sua leva de personagens masculinos maldosos, na maioria das vezes eles são violentos ou conquistadores de terras, não exatamente maus. Com uma grande exceção que talvez compense o desequilíbrio final das coisas. Pelo menos até o final do segundo livro da trilogia, vai que no terceiro as coisas voltem a se nivelar?

No mais, a leitura é agradável e tem passagens de grande suspense que não dá para parar de ler, o que é sempre um bom sinal num livro. A escrita melhorou, apesar de ainda ter algumas questões, especialmente os erros de digitação, que eu não sei como estão nas versões impressas ou traduzidas, visto que li no kindle.

Vale uma nota 8.

sexta-feira, 2 de março de 2018

Child of the Northern Spring (Guinevere #1)

 
 

SPOILER FREE

Acabei escolhendo a trilogia da autora Persia Woolley sobre a Guinevere para o tema do desafio literário de março, que pede livros sobre uma estação ou com uma estação no título. Como eu já gosto de versões da história do Rei Arthur e a trilogia foi indicada por uma amiga minha, não tinha muita dúvida.

O livro chegou a ser lançado em português como "Filha da primavera", mas infelizmente está esgotado e só é encontrado em sebos. Mas, para os amantes de histórias arturianas, fica a dica.

Nesse primeiro volume da trilogia a autora nos apresenta a infância de Guinevere, e como ela foi escolhida para se casar com o Rei Arthur, e a história vai até a criação da Távola Redonda. A história é contada pela própria Guinevere, e até pouco mais da metade do livro é recheada de flashbacks. O que foi um artifício interessante escolhido pela autora para manter a escrita em primeira pessoa e só passar pelos episódios importantes, além de preencher o tempo e mostrar a transformação interna da personagem no seu caminho de casa até o casamento.

Uma das características interessantes do trabalho da Persia é que ela escolheu contar uma versão historicamente correta da lenda. Isto é, ela fez toda uma pesquisa sobre como se vivia na época, quais lugares existiam e em que estado estavam e o que se fazia em termos de alimentos, comércio, roupas, transportes etc. Só isso já torna a leitura muito interessante.

Agora soma-se a isso o fato que a época em que se diz que poderia ter existido a corte de Arthur foi de transformação. Nessa época a Inglaterra estava dividida entre seguidores de diversas religiões pagãs e cristãos, e muitas vezes eles conviviam de forma bastante pacífica. Também nesse período ainda não havia sido amplamente implantada a cultura de que a mulher deve ficar reclusa em casa (isso em termos de mulheres de status, claro, pobre nunca teve esse problema), e ainda era comum encontrar mulheres nobres que entendiam de estratégia militar, comércio e cavalos.

E fazendo uso de toda essa gama de possibilidades, Persia criou uma Guinevere marcante, de personalidade forte e excelente cavaleira. Uma delícia de se ler sobre ela, pois é uma personagem fascinante. De forma geral, as escolhas da autora para as personagens foram todas muito interessantes e felizes, pois elas compõe um mosaico bastante diverso, mas coeso dentro da história. E na versão para kindle que eu tenho, o livro ainda tem diversas explicações da autora sobre as suas pesquisas e as razões para essas escolhas. É muito bom ter essa possibilidade do autor não só contar a sua história mas também apresentá-la.

Em compensação, a qualidade do texto em si não é tão fantástica. A escolha da primeira pessoa em si não é ruim, mas a autora acaba por cometer uns deslizes. Por exemplo, por vezes Guinevere dá a entender que ela está contando a história no passado, e por isso ela sabe o que acontece depois, outras vezes a história parece estar sendo contada no presente.

Outra questão, mas daí é puro gosto meu, é que não curti algumas escolhas da autora para as reações da Guinevere. Dado que ela é tão sensacional em diversos aspectos, achei que ela fica diminuída com algumas passagens. Não que ela precise ser perfeita, claro, mas achei que não combinava. E isso me incomodou. Inclusive foi a partir desses momentos de incômodo, tanto com alguns aspectos da Guinevere quanto alguns aspectos do próprio Arthur que comecei a reparar mais nos problemas de estilo.

Então, apesar da nota que vou dar, acho que valeu a leitura, e ainda indico para os fãs de lendas arturianas. Eu pretendo ler a trilogia até o fim, e acho que vai ser divertido.

Nota 7.

The Sandman Vol.8 - World's End

 
 

SPOILER FREE

No volume anterior de Sandman, o Eterno Sonho acaba por redescobrir a sua importância no mundo, como grande divisor entre sonho e realidade. Aqui Neil Gaiman traz uma revolução que essa redescoberta acaba por acarretar: uma tempestade de realidade.

Toda a história desse volume se passa numa espécie de caserna/pousada/hotel chamado World's End, e nesse lugar diversos viajantes que se perderam de suas realidades por conta da tempestade se encontram. Personagens extremamente ecléticos acabam por dividir uma mesa, comida e bebida, e enquanto esperam a tempestade passar seguem a tradição da casa: contar histórias.

"World's End" acaba por ser uma grande coletânea de histórias das mais diversas, que são divididas tanto para passar o tempo quanto para desafogar mágoas. E no meio da tempestade os viajantes tentam entender o que está acontecendo, pois enquanto a tempestade vai durando, mais cheio vai ficando o lugar, e apesar de muitos entenderem o que é fenômeno, ninguém sabe explicá-lo.

A explicação, claro, é mostrada no final do volume, e é de tirar o fôlego. Mas não posso dizer nada além disso sem dar spoiler. Só vou dizer que vale a leitura.

Nota 10.

Robinson Crusoé


SPOILER FREE

A resenha está atrasada, esse livro foi para o tema do desafio literário desse ano de fevereiro, que pedia uma história passada no mar. Achei que era uma boa desculpa para finalmente ler esse clássico da literatura inglesa.

Publicado originalmente no início do século XVIII pelo autor Daniel Defoe, sua história já foi contada e recontada inúmeras vezes em tudo quanto é formato e não pretendo ficar repetindo o óbvio.

Clássicos são coisas que podem ser complicadas. Tem toda uma questão da importância daquela obra na literatura, a questão da novidade na época em que foi escrito e tem o problema de poder acabar por se tornar datado.

Robinson Crusoé consegue ser tudo isso.

A questão é que a obra acaba por ser datada de um jeito ruim. Não é só por ter um estilo datado, e por isso mesmo podendo ser considerado chato (que foi o caso para mim, digo logo), mas é porque a história é contada do ponto de vista de um personagem datado. Datado no sentido de ser retrógrado mesmo, e aí mora o meu grande problema com o livro.

Além de ser chato no sentido do texto ser repetitivo e lento, com um excesso de reminiscências absolutamente desnecessárias e cristianizadas ao ponto do proselitismo, o livro é racista. Claro que isso não é fora do normal em 1719, ano do seu lançamento, mas hoje em dia é simplesmente chocante a naturalidade desse racismo. É realista, sim, claro, com certeza, e isso faz todo o sentido tanto na história quanto na época. Mas ainda bem que não sou obrigada a achar isso legal.

Se a história em si fosse tão legal, tão interessante ou tão fantástica (o que provavelmente era na época) dava para relevar com apenas uma ressalva essa questão. Mas o problema é que nada disso foi verdade para mim. A história não é tão interessante, ela é arrastada ao máximo para dar a sensação de anos sem fazer nada numa ilha para o leitor (e isso não é feito de forma poética ou ao menos bonita), quase não tem momentos emocionantes (são poucos levando em consideração o tamanho do texto), e nos padrões de hoje não é fantástica.

Portanto, fica difícil de salvar alguma coisa aí no meio.

Nota 4.

The Sandman Vol.7 - Brief Lives

 
 

SPOILER FREE

Nesse volume de Sandman, Neil Gaiman nos brinda com uma história de busca, onde Sonho e Delírio resolvem descobrir onde está o seu irmão Destruição.

Apesar de ter tudo para ser um épico, Brief Lives acaba tendo uma pegada muito mais psicológica e mítica do que épica. Todas as interações entre os irmãos (os Eternos são Destino, Morte, Sonho, Destruição, Desejo, Desespero e Delírio) são de uma riqueza e de uma profundidade impressionantes. Fora toda a questão que acaba fazendo Sonho pensar sobre a relação entre os Eternos e as pessoas comuns e o mundo "real" em si.

Nessa busca pelo irmão fugido, Sonho acaba se confrontando com suas próprias convicções e também com o seu passado, e nesse processo ele acaba não apenas crescendo e quebrando paradigmas, mas também acaba por tomar atitudes que ele nunca esperava ter que tomar. É uma história sobre família, crescimento espiritual e limites. Pouca coisa.

Se eu já tinha achado tantas histórias de Sandman maravilhosas, aqui Gaiman consegue se superar mais uma vez.

Nota 10.

The Sandman Vol.6 - Fables & Reflections


SPOILER FREE

Nesse volume de Sandman, Neil Gaiman volta a trabalhar com contos, e aqui encontramos os seguintes: "Fear of falling", "Three Septembers and a January", "Thermidor", "The hunt", "August", "Soft places", "The Song of Orpheos", "Parliament of Rooks" e "Ramadan". Ufa!

Com poucas exceções, o tema central das histórias é o poder dos sonhos. Em "Fear of falling" temos a história de uma pessoa comum, que após um encontro com Morpheus acaba revendo suas decisões. Em "Three Septembers and a January" temos uma disputa entre Sonho e Desespero pela vida de um homem arruinado. Já "The hunt" é mais um mito, onde um avô conta a história da origem da família para sua neta cética, que inclui um encontro com o eterno Sonho. "August" traz um dia na vida do imperador Augustus, em que ele decide passar o dia travestido de  mendigo nas ruas e acaba revelando seus sonhos para um anão. "Soft places" brinca com a fronteira do que é e não é real no mundo dos sonhos, e traz como personagem principal Marco Polo. Em "Parliament of Rooks" uma criança pequena acaba por entrar no mundo do sonhos e é acolhida por diversos servos de Morpheus, que se alternam contando suas histórias para ela. "Ramadan" é uma história de temática árabe, onde um sultão sonha em preservar para sempre sua cidade majestosa enviando-a para o mundo dos sonhos.

Já os contos "Thermidor" e "The Song of Orpheos" contam passagens da vida do filho de Sonho. Aparecendo pouco até esse volume, o personagem de Orpheos se revela muito mais interessante do que eu esperava. A história "Thermidor" nem é exatamente com ele como personagem principal, mas acaba sendo muito interessante e mais a frente se torna importante em outras histórias. Já "The Song of Orpheos" conta toda a tragédia do rapaz, e é digna de um livro de mitologia.

De todos esses contos, preciso dizer que meu preferido foi "Ramadan", não só pelo tema árabe, que adoro, mas porque o final dele é tão tocante, e nos dias atuais com todos os conflitos no Oriente Médio, ele continua indo direto na ferida.

Nota 10, com louvor.

The Sandman Vol.5 - A Game of You



SPOILER FREE

Nesse volume de Sandman, Neil Gaiman traz de volta uma personagem que apareceu muito rapidamente no volume 2, Doll's House. Relembrando em parte o que aconteceu naquela história, o autor aproveita não só para se perguntar quais foram as consequências daqueles acontecimentos para os personagens secundários, mas também para criar toda uma nova história com vida própria.

Como é quase um "episódio barriga", uma das coisas interessantes é que os personagens principais da série aqui são coadjuvantes, abrindo espaço para outros personagens que também são muito interessantes. Além, é claro, de ter a oportunidade de explorar a forma como o mundo que Gaiman criou funciona para os reles mortais que nele habitam.

Novamente a história tem muito mais cara de mito do que se esperaria de um quadrinho, e essa é uma das forças do trabalho que Neil Gaiman fez com Sandman. Saindo do "comum" do quadrinho, e criando histórias de qualidade, não é a toa que a série é considerada um marco no gênero. E o sucesso, claro, abriu espaço para o autor também fora dos quadrinhos, e todos nós ganhamos com isso.

Nota 10!

The Sandman, Vol.4: Season of Mists



SPOILER FREE

Nesse volume de Sandman temos uma história muito interessante, onde o senhor dos sonhos resolve consertar um erro do seu passado. Com isso temos a oportunidade de conhecer melhor não só os demais membros da sua família, numa ocasião muito mí(s)tica, diga-se de passagem, mas também outro personagem que depois ganhou uma série de quadrinhos própria (que está na lista de futuras leituras), e agora tem também uma série de TV (divertidinha mas não genial), Lúcifer. Apesar dele ter uma participação curta, porém crucial, nessa história, esse volume simplesmente me deixou morrendo de vontade de ler mais sobre esse personagem.

Aqui já podemos perceber que Neil Gaiman encontrou o tom para os personagens, e ele já mostra o potencial como autor que depois daria origem a tantos livros excelentes, pois mesmo que a mídia aqui seja quadrinhos, as histórias em si são muito profundas e cheias de nuances e de referências. A estrutura das histórias que Gaiman vai tecendo em Sandman estão muito mais na linha da mitologia e de uma busca interior do que num épico cheio de batalhas tão comum nesse meio. Sem julgamento de valor entre esses estilos.

O que posso dizer é que a cada volume mais me surpreendo com a série Sandman, e estou muito animada em continuar a leitura.

Nota 10!