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segunda-feira, 23 de julho de 2018

Kings and Presidents: Saudi Arabia and the United States since FDR (Geopolitics in the 21st Century)




SPOILER FREE

Na minha onda de estudos sobre Oriente Médio acabei por comprar na promoção esse livro. Escrito por um ex-agente da CIA e que trabalhou diretamente com diversos presidentes norte-americanos, o livro se propõe a contar a história da relação entre todos os reis sauditas desde a fundação da Arábia Saudita moderna (o que ocorreu entre a primeira e a segunda guerra mundial) e os respectivos presidentes norte-americanos.

Considerando que o escritor trabalhou na CIA, o livro tem um viés norte-americano bastante nítido, e totalmente esperado. As partes que envolveram pesquisas históricas e entrevistas por parte do autor para a realização do livro me surpreenderam muito positivamente pela qualidade do material. Em compensação, a parte mais atual da história, onde o autor teve um papel muito próximo de todos os contatos e políticas desenvolvidas deixaram a desejar.

Isso acontece primeiro porque tem uma questão de confidencialidade de diversos dados, e ele, como ex-funcionário, solicitou que a CIA fizesse uma revisão no texto final para retirada de quaisquer dados considerados ainda confidenciais. Segundo, o autor mostrou dificuldade em se distanciar da história que está contando. Talvez por conta de uma possível briga e posterior saída da CIA por conta da posse do presidente Trump, o que ele transparece em diversos momentos como algo muito problemático pessoalmente. Talvez porque ele se sinta mesmo muito próximo de toda a situação, porque passou a vida inteira trabalhando com isso e tendo contato direto com diversos personagens importantes que ainda são relevantes na política externa saudita.

Independentemente da causa, o resultado não é satisfatório, especialmente em comparação com a primeira parte do livro.

Questões de conteúdo e, após certo ponto, também de forma, à parte, o livro é uma leitura extremamente interessante e informativa, especialmente na história até o final do século XX. Essa é a data de corte da qualidade da informação e da narrativa bem escrita. Mas ao mesmo tempo, por ser um livro muito recente, e que se dispõe a tratar do assunto até a data da sua publicação, a sua contemporaneidade o torna extremamente interessante e valioso, pois muitos dos assuntos tratados ao final do livro eram, e ainda são, tão recentes que a análise que o autor se dispõe a fazer precisa ser superficial, mas não menos válida e necessária no atual cenário do Oriente Médio.

A questão passa a ser o quão bem o livro vai envelhecer. Acredito que a primeira parte vai continuar sendo interessante e válida por muito tempo. Em compensação, a segunda parte corre grave risco de envelhecer mal e ser considerada no futuro um texto com informações imprecisas e incompletas. Só o tempo dirá.

Nota 8.

Paper Hearts (The Heartbreakers Chronicles, #2)



SPOILER FREE

Depois de ler o primeiro livro da série e achar fofo, achei que seria legal ler o segundo livro.

Nas primeiras páginas descobri que não é uma continuação. É a história de uma outra adolescente que esbarra em outro membro da boyband título e se apaixona.

Parece uma reclamação, eu sei, mas não precisava ser se a nova personagem/adolescente-apaixonada da vez não fosse chata. Mas Felicity é insuportável. Dessa vez todo o drama é mais exagerado do que o necessário, e o pior, não faz sentido existir. Tudo pretexto para ter drama e a história ser mais longa. Chatíssimo.

A coisa menos pior é o boy-magia da boyband, porque ele já tinha chamado atenção no primeiro livro como a pessoa mais normal da banda, e nesse sentido, é legal ver que ele também tem um final feliz. Apesar da suas escolhas românticas absolutamente duvidosas e com um quê de problema psicológico/amor platônico por outra pessoa. É... nem isso se salva.

Não pretendo ler mais nada dessa série, e terei muito cuidado com outros livros da autora.

Nota 5.


The Heartbreakers (The Heartbreakers Chronicles, #1)



SPOILER FREE

Decidi pegar esse livro para ler porque estou precisando de férias, e enquanto elas não chegam eu descanso pelo menos o cérebro.

A história é bem previsível, adolescente que está se preparando para ir para a universidade e que tem problemas na família conhece líder de banda estilo boyband mundialmente famosa e não o reconhece, simplesmente porque não é fã da banda. Adolescente líder de banda mundialmente famosa se apaixona pela menina que o trata como se fosse uma pessoa normal.

A história é contada do ponto de vista da Stella, o que não é uma decisão ruim, visto que toda a questão do livro é ela descobrir quem ela é e o que ela quer fazer da vida, o que pode ser mais desafiador do que o normal quando se faz parte de um trio de trigêmeos com direito a uma irmã idêntica. Foi o meu primeiro livro com esse tipo de situação. Achei um toque muito interessante.

Tem uma questão de um certo excesso de drama, mas nada além do que eu previa para esse tipo de história, então nada me incomodou nesse sentido. Tem a questão da banda ser um tanto infantil, o que os torna mais fofos do que chatos no geral, e não posso dizer que não faz sentido, visto que eles são estrelas e isso acarreta numa certa dose de loucura, excentricidade e gente mimada.

No geral o livro é simplesmente fofo. Não tem nada de novidade que chame a atenção, mas é uma leitura divertida e sem compromisso que desce super fácil.

Nota 8.

sexta-feira, 13 de julho de 2018

Blade Runner: Do Androids Dream of Electric Sheep? - Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?



SPOILER FREE

Esse foi o livro que escolhi para o tema do desafio literário para o mês de julho: uma história que se passe num mundo pós-apocalíptico. Ah, ele também foi a inspiração para o clássico do cinema "Blade Runner".

Apesar de no filme isso não estar claro, a história original do escritor Philip K. Dick se passa num mundo pós guerra nuclear, quando uma poeira tóxica cobriu a terra e forçou a maior parte dos sobreviventes a imigrar para outros planetas (notadamente Marte). E para estimular as pessoas a irem para um planeta desértico foram criados os robôs que simulam escravos humanos.

Também diferentemente do filme, toda a questão com o caçador de androides Rick Deckard não é apenas pegar os novos modelos que fugiram de Marte (essa parte o filme cobre bem), mas toda a nova forma que a sociedade tomou entre aqueles que ficaram na Terra. Em especial, tem a questão do que diferencia os seres humanos dos androides, o questionamento se androides são ou não seres tão vivos quanto os seus criadores humanos, e também a questão do que fazer com aquelas pessoas tão afetadas pela poeira tóxica que se tornaram párias da sociedade.

Em outras palavras, mais do que uma história de ação, "Androides sonham com ovelhas elétricas?" é um livro de filosofia. Mais um exemplo de "o livro é melhor do que o filme". O livro é mais tudo, mais interessante, mais complexo, mais rico... e você ainda pode continuar imaginando os atores do filme original se quiser. E finalmente a maldita cena do filme com a coruja-robô faz sentido!

É um clássico, e por isso o livro merece ser lido. Porém, na minha humilde opinião ele ficou um pouco datado. Primeiro porque a história se passa em torno de 2015, o que é engraçado hoje em dia. Segundo porque, por se passar numa época tão próxima da gente, algumas projeções tecnológicas são muito estranhas. Por exemplo, o telefone possui telas, até aí ok, mas ele não é móvel, nada de celular, só telefone fixo, no máximo embutido em carros (que voam). Para se fazer ligações entre cidades é necessário chamar um operador! As pessoas consultam listas telefônicas em forma de livro! Eu não vejo uma dessas há tantos anos que acho que nem existem mais, e operadores telefônicos não é mais uma profissão. É engraçado demais imaginar um mundo com robôs tão bons que se passam por humanos, mas que não tem celular.

E, por fim, tem a questão do estilo de escrita. Datado também. O livro tem cara de anos 60/70 em todas as letras, com um ritmo bem lento para os padrões atuais. Não é exatamente o meu estilo favorito.

O livro é bom, veja bem, mas essas questões foram me cansando ao longo da leitura, de forma que no último terço do livro eu queria que ele acabasse logo. 

Por conta disso: Nota 8.

Girls of Riyadh


SPOILER FREE

Depois de ler literatura feminina árabe de alguns países mais abertos, como Egito e o Líbano, finalmente consegui um exemplar de literatura feminina da Arábia Saudita! Artigo raro no mundo inteiro, inclusive dentro da Arábia Saudita, onde o livro foi devidamente banido, claro.

Rajaa Alsanea traz uma história escrita através de emails semanais, enviados para um grupo onde qualquer um pode se inscrever (gente, eu lembro desses grupos de emails! faziam o maior sucesso), onde a história de quatro jovens sauditas é contada em capítulos quase novelescos. A história é toda apresentada como sendo real, apenas com os nomes e alguns lugares trocados para manter a anonimidade e portanto a honra das quatro moças.

A parte mais interessante e maravilhosa do livro é que sim, tudo do que é apresentado no livro pode ser real, extremamente real. E a autora aproveita disso para fazer críticas nada discretas à forma como o governo saudita e a estrutura de clérigos wahabitas fazem o controle da sociedade. Dizer que a crítica é ferrenha é até pouco.

O livro está envolvido numa problemática de ter sido banido em árabe no Reino Saudita, apesar de poder ser encontrada a tradução para o inglês na terra do petróleo, além de vir com uma explicação com ar de desculpas pelas adaptações que foram necessárias na tradução. Isso porque não é possível reproduzir a quantidade de variedade de dialetos do árabe que a autora precisou utilizar para contar a história, apesar disso, o livro é recheado de notas de rodapé muito ilustrativas e bem feitas.

Questões de censura e linguística à parte, a história em si é maravilhosa, além de bem escrita, e de quebra faz um retrato muito realista da sociedade saudita, não só internamente, mas, se você prestar atenção, com relação aos seus vizinhos e com uma questão xenofóbica interessante também. Para aqueles que gostam de ler sobre a cultura árabe é um prato cheio, com a vantagem de ser não só uma visão originalmente saudita, mas também leve de ler. Em termos, se você considerar o conteúdo de algumas passagens da história. Apesar de que não tem nada explícito, claro.

A única coisa que me deixou triste é que a autora nunca mais escreveu nenhum livro literário depois desse (pelas minhas pesquisas ela só publicou um livro técnico sobre odontologia - informação interessante de você guardar quando for ler a história), o que é uma pena.

Super recomendo a leitura para todos!

Informação importante: o livro foi traduzido para o português com o título "Vida dupla"!

Nota 10!

The Hating Game



SPOILER FREE

Esse foi um livro que eu peguei simplesmente para descansar, e o escolhi porque uma amiga minha gosta tanto dele que já leu mais de duas vezes. E nós duas temos gostos parecidos, claro.

The Hating Game foi escrito por uma autora australiana (taí algo diferente e que eu nem imaginava enquanto lia) e é um livro estilo água com açúcar do mais alto nível. Chick lit? Sim, mas bem feito e divertido do início ao fim. Tem drama, tem paixão, tem comédia e tem ódio. Sim, ódio, conforme o título promete.

A história traz dois colegas de trabalho, que passaram a trabalhar juntos após a fusão de duas editoras. O problema é que na verdade eles deveriam fazer o mesmo trabalho, mas como os dois donos da nova empresa não se entendem e as empresas originais tinham culturas radicalmente diferentes, os estilos dos dois não só são opostos, mas são necessários para fazer a nova empresa funcionar.

Como é um livro água com açúcar, para bom entendedor isso é suficiente. Mais do que isso é oficialmente spoiler.

Confesso que amei as personagens do livro, achei todas adoráveis e uma delícia de ler sobre elas. Ao longo do livro meu coração ficou apertado para ver o que iria acontecer e como a autora iria salvar a situação para a história continuar sendo água com açúcar até o fim. Que autora fofa. Final fofo!

Só acho que poderia ter um pouco mais de cenas picantes, não que elas faltem, mas que caberia mais algumas tranquilamente.

Curti tanto que leria feliz outro livro da Sally Thorne.
 
Infelizmente o livro não foi traduzido ainda no Brasil, só em Portugal, como o título "Odeio-te e Amo-te".

Nota 9,5 dentro do gênero.