Pesquisar este blog

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

Mau Começo (Desventuras em Série) - The Bad Beginning (A Series of Unfortunate Events #1)



SPOILER FREE

Ainda no tema de fevereiro do Desafio Literário Popoca, resolvi mudar completamente de ares e optei por um livro infantil, mas razoavelmente moderno. Mau começo foi lançado em 1999 pelo autor Lemony Snicket, um pseudônimo do cineasta Daniel Handler, que não só virou filme em 2004, mas também virou série no Netflix em 2017.

Confesso ter assistido ao filme e à primeira temporada da série, mas guardei apenas informações essenciais. O que já foi suficiente para ter a sensação de que ambos são extremamente fiéis, o que faz sentido, visto que o autor dos livros participou dos roteiros das duas adaptações.

Como livro infantil, Mau Começo é bem fofo, em termos, por conta de toda a tragédia, e diverte. Imagino que faça mesmo muito sucesso com o público infantil, o que justifica os números de vendas e o fato de já ter ganhado mais de uma adaptação num espaço curto de tempo. Pelo formato do livro, que é o primeiro de uma série com 13 volumes (o último foi lançado em 2006, o que significa que o autor conseguiu lançar em média 2 livros por ano!), a série do Netflix é um formato mais interessante para adaptar. Apesar de que não consegui passar da primeira temporada. Os motivos foram: infantil demais e outras séries mais legais para assistir.

O livro tem menos cara de infantil demais que a série, o que é um ponto positivo. Em compensação, tem algo nele que não me fisgou. Entendo o sucesso, mas faltou aquele quê que define uma grande leitura ou sucessos mais estrondosos, como Harry Potter. Já me disseram que a série melhora nos volumes seguintes, e eu pretendo arriscar, mas apenas pagando na promoção. Definitivamente não vale pagar o preço cheio.

Para crianças, a leitura deve ser bem mais interessante do que foi para mim. Mas na minha definição, bons livros não tem idade, por isso:

Nota 8.

A espada do destino - Sword of Destiny (The Witcher #0.75)



SPOILER FREE

Continuando o Desafio Literário Popoca de fevereiro, depois de ter um primeiro gostinho das histórias de Geralt de Rivia, Witcher, que além de livro e videogame de sucesso virou também série no Netflix, confesso que fiquei um tanto quanto viciada. Nem parei para respirar para começar a ler o livro seguinte, que como o primeiro, é uma coletânea de contos.

O segundo livro de The Witcher, A espada do destino, que ainda não faz parte da série de livros, e por isso é chamada de 0,75 (vai entender essa necessidade de numerar as coisas a partir do número 1), segue o padrão estabelecido no livro de contos anterior, O último desejo. São diversas histórias com gostinho de monstro da semana que se passam antes da saga, que começa de verdade em O sangue dos elfos. Pelo menos as histórias aqui se passam depois das histórias do volume anterior, o que é bom por um lado e ruim por outro.

Por um lado, tem diversas histórias realmente interessantes, e elas estão em sua maioria de alguma forma apresentadas na série do Netflix (apesar das mudanças com ou sem sentido, para melhor ou para pior). Por outro lado, Geralt passa a maior parte do livro sofrendo de amor pela Yennefer. Aquela paródia faz cada vez mais sentido. Isso quer dizer que o A espada do destino sofre com um certo exagero de drama, apesar dessa novela entre os dois terem pontos interessantes, como um trio amoroso que não fica claro na versão live action. Eu queria muito que estivesse, teria sido épico.

Outro ponto negativo é a Ciri. Depois de ver a versão do Netflix, a versão original é muito chata. Chata de doer os olhos de tanto revirar. O autor polonês Andrzej Sapkowski fez uma menina muito muito muito muito estereotipada. Dá vontade de torcer contra de tão chata.

Em resumo, o livro não é ruim, mas achei pior que o primeiro. E por causa dele resolvi fazer um respiro antes de continuar lendo e começar de verdade a saga. Algo me diz que quando eu começar O sangue dos elfos vai ser difícil de parar, e o Desafio Literário Popoca tem muitos outros temas para ler esse ano.

Nota 8.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

West Wind: Poems and Prose Poems



SPOILER FREE

Mary Oliver é uma poetisa norte americana ganhadora de diversos prêmios (mas não um Nobel, uma pena) que viveu boa parte de sua vida de forma um tanto quanto reclusa. Infelizmente ela veio a falecer no ano passado, o que foi muito triste, porque suas poesias são uma delícia, e agora não temos mais poesias novas dela.

Seu tema favorito, como boa introvertida, é a natureza, a vida no campo, seu amor pelos cachorros e a vida simples. Se ela fosse mais contemporânea talvez incluísse as vantagens do Netflix, compras pela internet e pelo iFood para não falar com outras pessoas também.

Apesar da autora ter dado pouquíssimas entrevistas ao longo da vida, alguns fatos interessantes acabaram sendo revelados. A autora certa vez afirmou que sofreu abusos quando era criança, e que seu amor pela poesia e pela literatura veio como uma forma de escapar da sua família. A natureza, por estar disponível a ela quando jovem, veio a somar e, dessa forma, ela se tornou uma das poetisas mais lidas do país, sendo diversas vezes comparada com Ralph Waldo Emerson.

Claro que ninguém precisa saber nada disso para apreciar o trabalho de Mary Oliver, que fala por si só. Seus textos têm uma beleza que transcende essas questões pessoais, e a comparação com Emerson fica muito clara quando se lê o seu trabalho, que é primoroso.
 
Esse não foi meu primeiro livro da autora, e espero que não seja o último, pois aprecio muito suas poesias. Recomendo a leitura.
 
Nota 9.
 

Conamara Blues



SPOILER FREE

Conheci o autor John O'Donohue no site Brain Pickings, onde descobri alguns textos e entrevistas muito interessantes dele. Sendo um poeta irlandês, acabei catando alguns livros dele para kindle para experimentar.

Talvez eu devesse ter prestado mais atenção ao fato que, além de poeta, O'Donohue também era padre e filósofo. A parte do filósofo pode ser até um atenuante, o problema é ser padre e irlandês.

É uma questão pessoal minha, preciso dizer, os textos dele são bons, não é a toa que me interessei e fui comprar obras dele. Meu problema é o tema excessivamente cristão para o meu gosto excessivamente pagão.

E não é como a brasileira Adélia Prado, cujo catolicismo dá uma cor gostosa e com jeitão mineiro para o seu trabalho. John O'Donohue escreve como padre nesse tema, um padre poeta, ok, mas não menos padre. 

Para os católicos e cristãos em geral, indico o seu trabalho. Mas para mim...

Nota 7.

What We Ache For: Creativity and the Unfolding of Your Soul



SPOILER FREE

A autora canadense Oriah Montain Dreamer é uma antiga paixão minha. Ela é provavelmente a única autora do estilo auto ajuda que consigo ler sem revirar os olhos e que, preciso dizer, realmente gosto do trabalho.

Como boa fã, já li tudo, absolutamente tudo o que existe disponível no Brasil dela. Não sei porque demorei tanto tempo a procurar seus livros no kindle, mas é verdade que cometi essa falha. Em compensação, já tenho tudo disponível dela em e-book, inclusive todos os livros dela que já li e que, por diversos motivos já foram doados, trocados ou dados de presente para quem precisava. Minha casa e minha alergia também agradecem a troca pelos livros virtuais, claro.

Então, What we ache for é o único livro dessa leva que eu ainda não havia lido. A autora não é prolixa, não é daqueles autores que reciclam seu próprio material para fazer mil e um livros sem nenhuma novidade dentro. Mais um motivo para gostar dela, claro.

Dessa vez, Oriah trata do tema criatividade artística, o que me surpreendeu porque não lembro de nada parecido nos outros livros dela, que são bem mais voltados para a espiritualidade e o dia a dia. Por ela ser uma seguidora do xamanismo tradicional canadense, seus livros sobre o assunto são realmente interessantes e indico para quem quiser ler sobre isso, que realmente não tem tanto material disponível.

Daí descobri que a mulher há anos conduz workshops de escrita criativa, e What we ache for é recheado de técnicas para isso, além de tratar a parte pessoal da criatividade. Oriah sendo maravilhosa como é, abre o livro explicando que as técnicas que ela vai sugerir são voltadas para a escrita, mas podem ser adaptadas a outros meios de criação artísticas, com alguns exemplos.

Talvez eu seja enviesada para falar do seu trabalho, mas Oriah sempre me agrada e esse livro não foi diferente. Aqui ela trata de técnicas para trabalhar a criatividade, mas ela não deixa de abordar os problemas e dificuldades, com lindos exemplos pessoais, como de costume. Aliás, esse é um dos pontos dos seus textos que eu mais gosto, porque a torna humana. Não há nada mais motivador que perceber que mesmo pessoas incríveis tem problemas e defeitos e tudo bem, continuam sendo incríveis. Não estou falando de coisas imperdoáveis, claro. Artistas pedófilos, racistas e misóginos não são pessoas incríveis.  

Indico para qualquer um que faça arte, de forma profissional ou não, e se gostar, pode ler todo o resto dela disponível em português, infelizmente What we ache for ainda não foi traduzido.

 
Nota 10.

domingo, 9 de fevereiro de 2020

Death Wins a Goldfish: Reflections from a Grim Reaper's Yearlong Sabbatical



SPOILER FREE

Confesso que descobri esse livro, uma pequena joia do ilustrador americano Brian Rea, numa liquidação da Amazon. O que me fisgou foi o título: Death Wins a Goldfish: Reflections from a Grim Reaper's Yearlong Sabbatical (algo como A Morte ganha um peixe-dourado: reflexões de um ano sabático de um Ceifador em tradução livre).

Como o livro foi lançado em fevereiro de 2019, ainda não tem tradução para o português. Infelizmente nem sei dizer se haverá essa tradução, visto que Death Wins a Goldfish é um livro que desafia classificações óbvias. Com cara de livro infantil, na verdade ele é voltado para o público adulto, e, em especial, para os workaholics. Brian Rea, que um dia já sofreu no trabalho, traz uma versão da morte um tanto quanto diferente.

No seu conto, a Morte recebe um comunicado da área de recursos humanos, agradecendo pelo excelente trabalho, porém, como ela nunca tirou nem um dia de folga, depois de tantos anos, será obrigada a tirar um ano sabático para colocar as férias em dia. O livro conta como a morte, que realmente nunca viveu, resolve passar esse ano sabático e o que ela aprende com isso.

É um livro fofo, e que tem uma mensagem importante, especialmente nos dias enlouquecidos de hoje, onde tanta gente trabalha sem poder ou sem querer tirar férias. A história é contada em forma de diário, separado pelos meses, de uma forma temática.

Pessoalmente, eu curti muito a personagem principal, e a mensagem em si é linda.

Mas, de alguma forma, achei que o autor perdeu a chance de ser um pouco mais profundo, especialmente pela escolha da personagem e do tema. Sabe quando você vê uma ideia genial ser bem trabalhada mas não alcançar todo o potencial?

Independente disso, a leitura vale a pena e recomendo. Até porque é curtinho, gostoso, e ótimo para fazer número em desafios literários! Ou apenas para deixar na mesa de centro da sala e observar a cara das pessoas.

Nota 9.

domingo, 2 de fevereiro de 2020

O Último Desejo - The Last Wish (The Witcher 0.5)



SPOILER FREE

Já faz alguns anos que a série The Witcher está na minha lista de desejos de leitura, mas, com o lançamento da série, detestada por uns, amada por outros, eu precisei colocá-la em modo leitura urgente. Aproveitando de quebra o tema do Desafio Literário Popoca para fevereiro! Nisso, a primeira coisa que me preocupou foi qual é a ordem de leitura?

Explico. The Witcher é uma série que é composta de uma saga (que começa com Blood of elves, ou O sangue dos elfos em português), mas também por diversos livros de contos. Aí começa a complicação, porque os livros de contos foram lançados em forma reunida depois da saga, mas as histórias se passam antes. O tira-teima vem do fato que os contos (em sua maioria) foram publicados antes, de forma separada, e o seu sucesso levaram o autor polonês de nome impronunciável Andrzej Sapkowski a escrever a saga, que, por fim, virou videogame. Desde então, o autor resolveu escrever mais uma prequel, Season of storms ou Tempo de tempestade em português, com histórias que completam o segundo livro de contos, A espada do destino. Confuso, não?

A segunda coisa que me preocupou foi: nunca joguei os jogos, apesar de conhecer de nome, e curti demais a série no Netflix, apesar dos votos contra, mas como seria ler os livros?

Dessa forma, sem saber exatamente sobre quais livros fizeram a primeira temporada, que me divertiu horrores, volto a dizer, resolvi ler o primeiro livro de contos de Witcher, que é carinhosamente numerada como The Witcher 0,5.

Depois de ler quase metade das histórias, descobri por aí que a primeira temporada da série do Netflix é uma adaptação dos dois primeiros livros de contos, O último desejo e A espada do destino. O que já me pareceu um tanto quanto óbvio durante a leitura, apesar das adaptações inevitáveis entre uma mídia e outra.

Agora abro meu coração, o livro me fez gostar ainda mais da série. Veja bem, The Witcher é uma fantasia no sentido muito clássico da palavra, com personagens que parecem saídos diretamente de sessões de RPG onde o autor resolveu jogar. Não é a toa que funciona tão bem como videogame, é perfeito para isso. Os retratos dos personagens na série, com exceção das lentes de contato que realmente são bizarras, é muito fiel ao livro, o que deixou a leitura muito divertida, diga-se de passagem.

Vamos ser sinceros, o gênero fantasia não gera com frequência uma grande obra literária. Tolkien que me perdoe, mas é verdade. The Witcher é divertido, muito mesmo, e não é nem mal escrito, mas não foge muito da média do estilo. Assim como a série. E o livro também tem os diálogos toscos e os seres monstruosos absurdos. Mas tudo se encaixa bem, não é a toa que fez sucesso. A ideia em si de Geralt of Rivia, Yennefer, Ciri, Dandelion e todo o mundo mágico, com suas pitadas de política, é simplesmente boa e original o suficiente para justificar todo o resultado.

Aviso para os que se aventurarem a ler O último desejo que, assim como a série, o livro trabalha com mais de uma linha de tempo entre os diversos contos. E que, apesar de muitas vezes eles parecerem desconexos ou sem propósito, todos tem uma importância na história principal.

Fiquei tão animada que já emendei no segundo livro de contos! Me sinto brincado de bingo, essa história eu já vi! Estou ansiosa pelos próximos volumes e temporadas!

Nota 9. 


Sweep with Me (Innkeeper Chronicles #4.5)



SPOILER FREE

E finalmente a dupla de autores, um casal composto por uma russa e um americano, que compõe Ilona Andrews, lançou mais um livro na série Innkeeper Chronicles. Talvez chamar de livro seja um exagero, visto que eles mesmos classificam como uma novela e numeraram de 4.5 ao invés de 5.

A história da Innkeeper Dina, dona do Gertrude Hunt, e sua busca pelos seus pais desaparecidos não exatamente continua, mas, entendo porque esse volume é necessário. Depois dos acontecimentos do volume 3, realmente Dina e Sean precisavam de algo na linha de Sweep with me, primeiro porque Dina termina o livro 3 bastante debilitada, segundo porque ela e Sean precisavam de um tempo para se desenvolverem como casal.

Nesse sentido, o volume 4.5 da série atinge bem os seus objetivos. E eu confesso que gostei muito desse formato mais curto para as histórias da série. Dessa vez os autores conseguiram alcançar um bom tom para a Dina como narradora, o que era um problema nos livros anteriores. E eu gostei particularmente da história desse volume, que além de trazer novos personagens muito interessantes, explora bem a questão dos inns na Terra, o seu papel no universo, e ainda explora melhor personagens que surgiram nos livros anteriores, como o cozinheiro Orro.

Apesar de todos os pontos positivos, continuo chateada com a espera obrigatória pelos próximos volumes.

Nota 9 por causa disso.