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domingo, 30 de junho de 2019

Death



SPOILER FREE

O tema para o Desafio Literário Popoca de julho é uma Graphic Novel! Excelente tema para relaxar e avançar mais rápido na meta de livros do ano! E pensando nisso, escolhi algo do autor para qualquer momento e de quem eu leria até a lista de supermercado Neil Gaiman.

Depois de ler a coleção completa de Sandman, ou pelo menos as histórias originais, porque lançaram mais coisa depois, achei que era hora de começar a ler o que foi lançado depois. E nada como começar pela melhor personagem secundária de Sandman, a Morte!



Essa coletânea com histórias da Morte também foi lançada em português, e, se formos muito exatos ao significado de Graphic Novel, o que por si só não é algo muito exato, não necessariamente seria considerada uma. Mas isso não diminui em absolutamente nada a qualidade do material.

A coletânea abre com os dois capítulos de Sandman em que a Morte tem uma participação mais especial, o que serve para relembrar a personagem para quem já conhece e para apresentá-la para quem não leu Sandman. Em seguida temos o conto A Winter's Tale, uma história bem curtinha, que põe em evidência o ponto de vista da Morte sobre a morte.

Depois temos The High Cost of Living, uma história em 3 partes com a Morte como personagem principal no seu dia em que pode viver entre os mortais. Não tem como não se apaixonar por ela, caso você ainda não tenha se apaixonado até aqui, a partir desse ponto não tem mais retorno.



Em seguida temos um outro conto, The Wheel, onde Destruição e Morte aparecem para um menino. Neil Gaiman quando acerta faz bonito.

The Time of You Life retoma algumas personagens que apareceram em histórias anteriores, mas dessa vez como protagonistas de uma pequena saga em 3 partes onde a Morte aceita uma barganha. Fechando a coletânea temos Death and Venice, uma história um tanto quanto surreal bem no estilo Neil Gaiman, onde um homem conhece a morte quando criança e passa a vida pensando nela.

Depois de tantas histórias maravilhosas, o livro traz uma galeria de imagens da Morte e uma espécie de anúncio sobre a AIDS onde a morte fala sobre a doença e outras DSTs. Tem até um aviso antes, bem anos 90.

Considerando que é uma coletânea, a média da qualidade das histórias é muito alta. Vale a pena ler suas mais de 300 páginas. Recomendo para os fãs de Sandman e quadrinhos em geral.

Nota 10.

Z: A Novel of Zelda Fitzgerald



SPOILER FREE

O Desafio Literário Corujesco de julho (resolvi me adiantar um pouquinho) tem como tema um livro ambientado nos anos 20. Claro que o primeiro que me veio a cabeça foi Gastby, mas eu já li o clássico. Então encontrei no meu Kindle esse romance histórico que conta a história de Zelda Fitzgerald, esposa do autor de Gatsby, F. Scott Fitzgerald.

Confesso que eu não sabia nada da história dela, e que ao longo da leitura resolvi dar uma pesquisada. Fiquei muito impressionada com a história de Zelda, a primeira flapper, artista por si só, mas que foi totalmente ofuscada e, porque não dizer, plagiada pelo marido. Ela foi a síntese do que era a loucura dos anos 20, não se pode negar, e ela pagou um preço bastante caro por isso, tendo sido diagnosticada com esquizofrenia (o que tem sido questionado hoje em dia) e internada diversas vezes em manicômios. Sim, aqueles aterrorizantes do início do século XX, com aqueles tratamentos bizarros.

Sua morte é uma coisa totalmente sem sentido. E vou deixar quem quiser pesquisar, é muita tragédia.

Mas Zelda teve uma vida incrível, no meio da nata artística do entre guerras. E como ela colaborou, querendo ou não, diretamente ou não, com toda a produção do seu marido mais famoso. Eu não tinha a menor ideia de que ele tinha usado literalmente pedaços do diário e das cartas da esposa nos seus livros. Fiquei chocada.

Mas Z: A Novel of Zelda Fitzgerald, apesar de ainda não ter sido traduzido para o português, faz um excelente trabalho em contar a história dessa mulher tão interessante. Sendo um romance histórico, eu confesso que esperava que as partes do livro que trazem cartas de Zelda fossem reais, mas, a autora explica ao final que não, apesar das suas leituras e pesquisas terem incluído esse material. Como eu nunca li nada da Zelda Fiztgerald, não tenho como avaliar o quão próximo do material original elas são.

Como a própria autora, Therese Anne Fowler, conta, as pessoas que estudam a história dos Fitzgeralds se dividem em 2 tipos, o time Zelda e o time Scott. Aviso logo que o resultado de Z está do lado de Zelda, claro. E aparentemente, essa obra, juntamente com outras biografias de Zelda mais modernas, tem feito muitos historiadores repensarem o seu posicionamento nesses times. 

Imagine como teria sido para Zelda, uma mulher bastante a frente do seu tempo, mas casada com um alcoólatra que faz uso da sua vida particular para escrever, ter que se submeter ao marido, que a cada momento quer que ela tenha uma postura completamente diferente? Um momento ele quer fazer uso dos seus dons artísticos, no momento seguinte não quer que ela tenha a ambição de ser artista. É realmente de acabar com a sanidade mental de alguém. Acrescente a isso a quantidade enlouquecida de bebida que os dois bebiam, incluindo aí muito absinto, e temos uma receita para um desastre.

Nesse quesito, o romance histórico de Therese é maravilhoso. Você realmente se sente envolvido naquela época e com aqueles personagens, que no fundo são muito, muito reais. Fiquei bastante impressionada.

Nota 9.

sábado, 29 de junho de 2019

And Still I Rise



SPOILER FREE

Maya Angelou é uma das artistas negras americanas mais completas que já ouvi falar. Ela foi bailarina, atriz, cantora, escritora e poetisa. Apesar de ser mais conhecida na literatura americana por suas autobiografias, suas poesias também são muito conhecidas e utilizadas como hinos pelo movimento negro dos EUA. 

Uma das suas poesias mais famosas é justamente a que dá o título desse livro de poesias de Maya Angelou, And Still I Rise. E Maya também declamava muito bem, como pode ser visto abaixo:



Esse livro em particular, lançado em 1978, tem poesias muito voltadas para a questão negra, o que deixa a leitura por vezes bastante pesada. Mas Maya Angelou é conhecida porque ela não só retratava a situação dos negros, mas porque ela tinha orgulho de quem era e da cor de sua pele. Então, muitas das suas poesias são grandes odes ao poder negro, exatamente como a poesia título. E é lindo.

Como outros livros que já li da autora, And Still I Rise é uma delícia de ler e recheado de pérolas. Recomendadíssimo. É uma pena que ainda não tenha sido traduzido para o português, como outras obras da autora, como Eu sei por que o pássaro canta na gaiola.

Nota 10.

segunda-feira, 24 de junho de 2019

Fall (VIP #3)



SPOILER FREE

E finalmente cheguei no último livro da série VIP da autora americana Kristen Callihan. Depois de ler sobre Killian e Scott, agora é a vez do torturado Jax.

Apesar dos livros até funcionarem de forma aceitável se lidos separadamente, eu recomendo fortemente não fazer isso. Muita coisa está interconectada e é explicada com mais detalhes nos volumes anteriores, e isso é particularmente verdade no caso de Jax.

Nos livros anteriores Jax aparece com alguma frequência, e tem bastante importância no pano de fundo dos enredos, pois ele é o membro da banda Kill John que tentou suicídio, o que é mencionado muitas vezes. Por conta dessa escolha de Jax como personagem principal de Fall, a autora fez até um disclaimer sobre como foi escrever uma personagem que sofre de depressão, que é uma doença que também a acomete.

Considerando essa questão bastante central nesse personagem, o terceiro volume da série é bastante pesado, o que não dá muito para evitar. A questão das DSTs talvez tenha sido um exagero, mas é a forma que a autora encontrou para fazer mais impacto e criar parte dos conflitos que desencadeiam o processo depressivo de Jax. E temos a heroína da vez, Stella, uma ruiva que tem o emprego mais bizarro que já vi nesse tipo de literatura, e olha que isso é páreo duro. E que eu não posso dizer por conta de spoilers, parte da graça da história está na saga de Jax tentar descobrir o que ela faz.

Seguindo o padrão já estabelecido desde o primeiro livro, Kristen, para variar, faz excelentes diálogos. As discussões e farpas são muito divertidas e engraçadas. Um dos pontos altos do livro, assim como as cenas mais calientes... porém, assim como em Managed, a autora escorrega bonito em diversas armadilhas machistas. Só que aqui ela escorrega ainda mais fundo e com mais frequência. Pela primeira vez senti vergonha alheia e raiva lendo um livro dessa série.

Isso tudo é muito triste. Sem querer desconsiderar a parte depressiva da história, que tem lá os seus méritos. Mas, sério, Idol foi tão divertido, por mais que tivesse tido umas quedas no livro seguinte, não havia indicativos que a autora fosse chegar nesse ponto. É uma pena, porque ela sabe escrever coisas boas! 

Pretendo ler mais algum livro dela de tira-teima, dependendo do resultado ela fica ou sai definitivamente da minha lista de fornecedores.

Nota 5.

domingo, 23 de junho de 2019

Managed (VIP #2)



SPOILER FREE

Depois de me divertir horrores com o primeiro livro da série VIP, resolvi partir direto para o segundo. Normalmente essas séries costumam ter os mesmos personagens secundários, e no caso de uma série  sobre uma banda, confesso que eu esperava que o segundo livro fosse tratar de outro membro músico, mas Kristen Callihan resolveu fazer diferente.

Tudo bem que já está auto explicado no título, Managed é sobre o agente da banda Kill John, o sisudo Scott, e como a jovem Sophie Darling (é sério esse nome) finalmente consegue tirá-lo do sério. Scott aparece com alguma frequência em Idol, e é mostrado como um dos homens mais lindos do mundo, mas tão sério e inglês que as personagens femininas do primeiro livro dizem na cara dele que apesar dele ser bonito ele não tem sexy appeal. Por mais que ele esteja numa das cenas mais divertidas do primeiro livro, confesso que não esperava que ele tivesse tanto potencial.

Em termos de diversão nos diálogos, o que já foi o forte em Idol, esse conseguiu ser ainda melhor! A primeira parte do livro é simplesmente impagável de tão engraçada. Novamente devo ter assustado meu vizinho, porque não dava para parar de rir.

Em compensação, a história é bem menos crível do que no primeiro livro. A desculpa para Scott e Sophie passarem tempo juntos não cola. Os conflitos que fazem o enredo andar são bem fracos, e o drama é exagerado e foca nas coisas erradas, dando um ar machista complicado que eu confesso que não esperava por causa do conteúdo do livro anterior.

Então, é um livro com seus altos e baixos. Acaba valendo pelas cenas calientes e pelos diálogos divertidos, mas tem problemas que não dá para relevar.

Nota 7.


Idol (VIP #1)



SPOILER FREE

Continuando as resenhas dos livros eróticos que li durante minha convalescência, cheguei a série VIP, da autora americana Kristen Callihan, ganhadora do prêmio RITA Awards de Paranormal Romance em 2015, pelo livro Evernight.

Pela capa já é óbvio que o livro traz uma história dentro do clichê do artista famoso. E sim, é isso mesmo. Idol conta a história de como Libby, uma ilustradora que mora no interior dos EUA encontra o cantor e guitarrista Killian, da banda mais famosa do mundo, bêbado no quintal da sua casa. Claro que ela não reconhece Killian, e o ajuda, e depois disso os dois passam semanas um com o outro.

Apesar de ser clichê é preciso dizer que Idol é fofo. A história é fofa, com um pouco de suspensão de descrença, você compra o enredo, e ele é muito bonitinho, e sem medo de tratar de alguns temas que, por mais que sejam clichês, muitas vezes não são tratados com a devida importância ou profundidade. E tem os diálogos. O que mais curti no texto de Kristen foram os diálogos. As personagens são simplesmente muito divertidas. 

Preciso confessar que em diversos momentos eu chorei de tanto rir. Existe uma possibilidade do meu vizinho achar que eu sou uma maníaca por causa disso.

Curti tanto o livro que resolvi comprar o resto da série de 3 volumes.

Nota 9.

Royally Bad (Bad Boy Royals #1)



SPOILER FREE

Então, como andei comentando em posts anteriores, eu fiquei doente esse mês, e isso me levou a ler uma quantidade um pouco exagerada de literatura erótica. Isso também quer dizer que eu certamente iria acabar tropeçando em algo como Royally Bad.

O livro parece mais um filme pornô ruim do que um livro de literatura erótica escrito por uma mulher jovem. Sim, a autora americana Nora Flite é jovem, mas parece ter parado nos anos 80. O livro traz um monte de clichês que não exatamente combinam um com o outro, misturado com cenas de sexo dignas de 50 tons de cinza (não, não é um elogio) e recheado de machismo. É mesmo royally bad.

O enredo conta como Sammy se apaixona a primeira vista pelo machista Kain Badd (é sério esse nome), uma mistura de mafioso com príncipe. Isso mesmo, a família é de sangue azul, mas eles são mafiosos, que se acham bonzinhos porque não permitem que suas strippers sejam obrigadas a se prostituir. Gente muito legal, que acha normal prender pessoas em quartos luxuosos, o que não passa de um calabouço chique.

E ainda por cima o livro é mal escrito. Não sei mais o que dizer, além de que não achei nada que se salvasse no meio dessa bagunça pornográfica no sentido ruim da palavra. Pretendo passar longe de qualquer outra coisa escrita pela autora.

Nota 1.


Mister Romance (Masters of Love #1)



SPOILER FREE

Esse foi meu primeiro livro da autora australiana Leisa Rayven. Ela é conhecida pelo público brasileiro pelos livros da coleção Starcrossed, todos traduzidos para o português. Aliás, Mister Romance e o volume seguinte da coleção Masters of Love também já estão traduzidos para o português.

Mister Romance traz a história de Eden Tate, uma jornalista empacada num trabalho que ela detesta, até que ela vê a chance de uma matéria sensacional que pode levá-la a uma promoção: o misterioso Mister Romance, uma espécie de escort para mulheres ricas, capaz de realizar fantasias românticas. Mas Eden não acredita em romance, e procura na história um furo de um gigolô que arranca dinheiro de mulheres ricas e casadas, uma receita perfeita para um escândalo e seu tíquete para um trabalho melhor.

O livro tem excelentes cenas românticas, é preciso tirar o chapéu para a autora. E quando eu digo românticas, não é no sentido cor de rosa e suspirante, não, é no sentido sexy de e agora quando vai começar a cena de sexo? Mas, como prometido pelo Mister Romance, o trabalho dele não é bem esse, e você passa boa parte do livro vendo as personagens se torturarem mutuamente mas não chegando aos finalmentes. Mas vale a pena, a autora sabe exatamente o que ela está fazendo.

Preciso dizer que foi um dos melhores livros do gênero que li esse ano. Gostei tanto, mas tanto, e foi tão positivo no quesito não ter machismo, que já comecei a comprar outros livros da autora. Tomara que sejam tão bons quanto esse.

Nota 10 dentro do estilo.

Rat Queens vol 4



SPOILER FREE

Depois de muito drama nos bastidores, como expliquei aqui, Rat Queens voltou a ser produzida. Para dar uma repaginada, o autor incluiu uma nova personagem fixa no grupo, a orc Braga, além das já conhecidas Hannah, uma elfa necromante, Violet, uma guerreira anã de um clã de ferreiros, Dee, uma sacerdotisa ateia originária de uma religião bizarra e Betty, uma espécie de hobbit ladina.



O volume 4 traz justamente essa mudança, e não retoma de onde o volume 3 parou. Há um salto no tempo que, pelo menos nesse volume, ainda não está explicado o que aconteceu exatamente. Mas o pai de Hanna agora vive com as Queens, fazendo um papel próximo a dono de casa.

Nessa coletânea de 5 edições, temos um arco de uma quest que envolve não só as Queens, mas também um grupo formado pelo irmão de Violet, o que também serve de pretexto para melhor explorar o passado da personagem. Como fã do trabalho anterior, e de uma certa continuidade em histórias, preciso dizer que para mim o volume 4 não faz jus a tudo que foi feito anteriormente. A adição de Braga foi muito boa, uma excelente ideia, porém, é como se a história começasse novamente do zero quando escolhem não terminar o arco anterior.



A sensação que dá é que o leitor pulou alguns volumes. E isso não é legal.

No mais, o arco apresentado aqui, apesar de ter os seus pontos interessantes, não chega perto da diversão e adrenalina dos anteriores, o que é um balde de água fria num momento muito delicado da série. Afinal, ela ficou algum tempo sem ser publicada e teve sua imagem bastante abalada com as questões internas da sua produção.

Apesar de eu pretender ler os volumes seguintes, confesso que minha animação diminuiu muito. Vamos ver se os próximos volumes serão capazes de reverter essa tendência.

Nota 6.

sábado, 22 de junho de 2019

Adventures in Online Dating



SPOILER FREE

Esse mês eu fiquei doente, e como sempre faço quando fico doente, preciso de leituras que me façam ficar feliz e tranquila (não é a toa que tive problemas com March). Então, passei alguns dias lendo um livro erótico por dia. Sim, estou atrasada nessas resenhas por motivo já explicado.

Foi assim que li Adventures in Online Dating da autora americana Julie Particka. O livro traz a história da pseudo atuária Alexa, divorciada, mãe de 3 filhos, e que desde a separação não conseguiu um novo namorado que preste. (pseudo porque eu sou atuária e posso atestar que a descrição não é lá das mais corretas)

Como acontece na mente de alguns autores, porque atuária tem a ver com números, Alexa desenvolve um algoritmo para melhorar a seleção de pretendentes num aplicativo de encontros online, e ela faz um esquema na Coffee shop local para ver um homem diferente a cada 20 minutos. Claro que nenhum dos que aparecem conseguem ser mais interessantes do que o dono da Coffee shop, Marshall, que não pode ser cogitado pelo fato de ser mais novo do que Alexa.

Apesar das cenas que realmente interessam no livro serem boas, meu problema com esse volume é o preconceito e as motivações. Porque veja bem, a motivação de Alexa ao buscar um namorado não é se satisfazer, não, é buscar um modelo masculino para os filhos. Que isso seja um pré requisito é uma coisa, que seja motivação é outra completamente diferente. E tem o problema do preconceito. Marshall é descartado por ser mais novo, mas não é que ele seja universitário, adolescente, ou algo problemático do gênero (considerando que a personagem tem mais de 40 anos), o cara é dono do próprio negócio e já está na segunda metade dos 30 anos. O maior problema dele é que ele é nerd.

Como assim você descarta um cara legal, independente financeiramente e gostoso porque ele curte videogame e faz citação de filmes?

Gente, eu sou casada com um cara desses, e eu faço citação de filme também.

Fiquei muito danada da vida. Achei um absurdo e um desserviço.

Nota 6.

Rat Queens vol 3



SPOILER FREE

Então... finalmente cheguei no 3º volume das coletâneas de Rat Queens, mas antes de falar sobre o conteúdo, preciso apontar algumas coisas.

Na época do lançamento desse volume, foi veiculado na mídia que o ilustrador e co-autor de Rat Queens, John Upchurch, havia sido preso por violência doméstica. Considerando que grande parte dos leitores de Rat Queens é mulher, isso foi um verdadeiro problema.

Tem a questão dele ter sido preso por violência doméstica, o que é um problema por si só, e que justificaria ele ser afastado eternamente do projeto. E o que realmente levou a suspensão de Rat Queens por um tempo. E tem o problema dele ter retornado ao projeto posteriormente, o que foi apontado por uma das ilustradoras mulheres da série, Tess Fowler, o que a levou a se retirar definitivamente do mesmo.

Eu acho um absurdo ter que tentar explicar tudo o que existe de errado nessas histórias de bastidores. Artistas machistas e que cometem violência contra a mulher não podem JAMAIS se envolver em projetos que buscam empoderar mulheres ou que tenham algum cunho feminista. Não é por falta de projetos na indústria de quadrinhos, não existe nenhuma desculpa para esse tipo de coisa.



Claro que quando li Rat Queens eu não tinha a menor ideia de nada disso. E por isso, gostei muito do terceiro volume, que traz a saga de Hannah, uma elfa necromante, Violet, uma guerreira anã de um clã de ferreiros, Dee, uma sacerdotisa ateia originária de uma religião bizarra e Betty, uma espécie de hobbit ladina. Nesse volume, a história é uma busca pelo o que aconteceu com o pai de Hannah, que desapareceu.

Toda a saga aproveita para apresentar o passado de Hannah, e explicar a sua verdadeira linhagem. Apesar da história ser maravilhosa, ela termina com um senhor gancho, o que é perdoável pelo fato ser quadrinhos. E porque no final temos a história de origem de Braga, uma orc trans. Isso mesmo, trans. Sua história é fantástica.




Eu ia dar a nota máxima nesse volume, mas não posso separar o artista da obra, não acho justo.

Por isso, nota 7.

Rat Queens Vol 2



SPOILER FREE

Depois de um primeiro volume onde são introduzidas as personagens de Rat Queens, Kurtis J. Wiebe traz um pouco mais de recheio para Hannah, uma elfa necromante, Violet, uma guerreira anã de um clã de ferreiros, Dee, uma sacerdotisa ateia originária de uma religião bizarra e Betty, uma espécie de hobbit ladina.


Nas 5 edições reunidas nesse segundo volume, temos a saga de alguns personagens de Palisade, apresentados no volume anterior, com direito a aparição do deus N'rygoth, aquele da ateia Dee. E com isso, finalmente conhecemos parte do passado da sacerdotisa. Além disso, esse volume começa a aprofundar mais o passado de Hannah, Betty e Violet, abrindo caminho para a próxima coletânea.



Comparado com o primeiro volume, o segundo é bem melhor. Com as personagens já estabelecidas, os seus passados se tornam mais interessantes, e a história apresentada com início, meio e fim nas 5 edições é muito redonda e bem contada. Kurtis me pareceu mais relaxado também, para dar vazão a ideias mais interessantes e originais para suas personagens, o que é um tremendo ganho para a saga.

Para mim, esse é o melhor volume de toda a série! Confesso que nem reparei nos problemas que identifiquei no vol 1.

Nota 10. 

Rat Queens vol 1



SPOILER FREE

Amo meus amigos que indicam coisas legais e diferentes para ler! Rat Queens foi uma dessas indicações! O primeiro volume da coletânea traz os primeiros 5 volumes da série de quadrinhos que começou a ser publicada em 2014, e logo no primeiro ano ganhou o Hugo e foi nomeado ao Will Eisner e ao Goodreads Awards.

Para os fans de RPG, fica bastante claro que o grupo de mercenárias Rat Queens é um grupo bastante tradicional para quests, faltando apenas um bardo (não que eles não apareçam), só que formado apenas de mulheres. E que mulheres! As personagens femininas de Rat Queens fogem completamente das personagens femininas tradicionais dos quadrinhos, inclusive na questão da beleza.



A leitura de Rat Queens é leve (em termos) e divertida, e é muito interessante ver tantas personagens femininas juntas e agindo de forma tão pouco tradicional num ambiente de enredo tipicamente masculino. É aí que moram as melhores e as piores partes de Rat Queens.

Dentro dos arquétipos tradicionais, Rat Queens traz Hannah, uma elfa necromante, Violet, uma guerreira anã de um clã de ferreiros, Dee, uma sacerdotisa ateia originária de uma religião bizarra e Betty, uma espécie de hobbit ladina. O grupo vive em Palisade, um povoado cercado de monstros e perigos, e onde o bar local mantém um mural para quests. As histórias giram em torno das quests que as personagens resolvem aceitar toda vez que o dinheiro que elas detonam em drogas e bebidas acaba.

Por um lado, a representatividade trazida pelo autor canadense Kurtis J. Wiebe é muito sensacional. Por outro lado, preciso dizer que diversas vezes as personagens simplesmente parecem versões femininas de personagens masculinos, o que pessoalmente eu atribuo ao fato do autor ser homem. Boas intenções, boas tentativas, mas tem seus problemas e falhas.



Apesar disso, a leitura vale a pena para quem gosta de quadrinhos com muita ação, sangue, morte, destruição e piadas com palavrão. Pessoalmente, eu me diverti muito.

Nota 8.

O Senhor March



SPOILER FREE

O Desafio Literário Popoca de junho, com o tema um livro com um mês no título foi bem mais difícil de completar do que eu imaginava. Em compensação, me deu a oportunidade de tirar da estante um livro vencedor do Pulitzer de Melhor Ficção!

A autora australiana Geraldine Brooks, famosa por outros livros, como As memórias do livro e Nove partes do desejo, traz em March um romance histórico que retrata o que teria sido a história não contada no clássico Mulherzinhas do pai da família March.

Mr. March é um abolicionista radical e vegano, que conta através de cartas e uma espécie de diário, a sua história desde um jovem vendedor ambulante viajando pelo sul escravagista dos Estados Unidos, até o seu envolvimento na guerra de secessão, com direito a como se casou com a futura Ms. March e o nascimento de todas as personagens do clássico romance de Louisa May Alcott.

Geraldine Brooks fez um senhor trabalho histórico para escrever esse livro, com direito a estudar a família Alcott, que serviu de base para Mulherzinhas, vários descritivos da época da guerra, indo até os detalhes das batalhas mostradas no livro, a forma como os médicos trabalhavam, diários de escravos que conseguiram sua liberdade e como funcionava a rede subterrânea para escravos fugitivos. É um trabalho hercúleo, que transparece no texto do início ao fim.

Por se tratar de uma época muito conturbada, O Senhor March é uma leitura bastante pesada e, dependendo do seu estado de espírito, muito depressiva. É desconcertante ler como era considerado um ponto de vista radical, e até mesmo doentio, considerar que negros e brancos são iguais. E pior ainda, saber que muitas das asneiras racistas ditas pelos personagens desse livro continuam sendo repetidas até hoje.

Confesso que eu não estava psicologicamente preparada para esse tipo de leitura. Tive muita dificuldade de ler até o final, não porque o livro seja ruim, muito pelo contrário, existe uma razão dele ter ganho o prêmio Pulitzer. A minha questão é que eu não tive estômago para o seu conteúdo.

Fica o aviso, o livro vale a leitura, mas necessita de resiliência.

Nota 7 pela minha experiência, acredito que se tivesse lido em outro momento teria sido melhor.

quinta-feira, 13 de junho de 2019

Honeybee



SPOILER FREE

Eu descobri a poetisa norte americana descendente de palestinos em 2017, quando li o fofíssimo A Maze Me. Desde então coletei algumas obras dela, conforme foram entrando em promoção, como sempre, e agora peguei mais uma para ler (é tanta coisa que as prioridades deixam de existir ou simplesmente não fazem sentido).

Noami Shihab Nye novamente me surpreendeu quando li You & Yours, a minha primeira coletânea de textos mais orientais dela. Honeybee fica meio que no meio entre as duas.

Não é um senhor soco no estômago como You & Yours, ele tem muito da doçura de A Maze Me, mas sem ser infantil. Confesso que não sei dizer se gostei mais dos poemas ou dos textos/contos/crônicas. Mas preciso dizer que foi interessante descobrir que a autora é ainda mais flexível do que eu imaginava.

Para variar, o livro é lotado de material fácil de virar citações, como:
As for the “busy bee” thing, the word “busy” fell out of my vocabulary more than ten years ago. I haven’t missed it at all. “Busy” is not a word that helps us. It just makes us feel worse as we are doing all we have to do.
Ou:
The common phrase “I can’t wait” has always troubled me. Does it mean you want your life to pass more swiftly? This or that future moment will surely be better than the current moment, right? The moment we are living in may be lovely, but if we “can’t wait” for some other time, do we miss it?
Espero poder continuar aumentando minha coleção de livros dela. Vale muito a pena.

Nota 10.

The First Fifteen Lives of Harry August - As primeiras quinze vidas de Harry August



SPOILER FREE

O Desafio Literário Popoca de junho está dando trabalho. Confesso que eu não tinha ideia que seria tão difícil encontrar livros com meses no título. Mas nada é impossível e encontrei no meu kindle esse volume da autora britânica Claire North.

As primeiras quinze vidas de Harry August (não ligo que o mês seja o nome do personagem, ainda é um mês e está no título) ganhou o prêmio John Campbell Memorial Award for Best Science Fiction Novel of the Year em 2014, e foi nomeado também para o BSFA Award for Best Novel e Arthur C. Clarke Award for Best Science Fiction Novel. A autora tinha menos de 30 anos. Nada mal, não é?

O livro traz a história de Harry August, um homem que nasceu nos anos 20 na Inglaterra, lutou na segunda guerra mundial, teve uma vida longa e quando morreu nasceu de novo nos anos 20 no mesmo corpo e... bem, o título é meio autoexplicativo a partir desse ponto. E sim, o livro traz pelo menos pedaços de todas as primeiras quinze vidas do personagem principal. Fora de ordem. E a história faz sentido. E tem um apocalipse no meio.

É preciso tirar o chapéu para Claire North, ou Catherine Webb, ou Kate Griffin, a autora faz uso de alguns pseudônimos... o que ela conseguiu fazer nessa história é simplesmente incrível. O livro é uma mistura de ficção científica, mistério, espionagem e estudo sobre a natureza humana. E ela consegue trazer isso tudo numa história que tinha tudo para ser confusa ou repetitiva e no final a leitura é absolutamente fantástica. Fiquei pasma com a destreza da autora em alternar as quinze vidas do personagem principal sem se confundir, nem confundir o leitor, e ainda por cima fazer disso algo cheio de adrenalina a partir da metade do livro.

Não é para qualquer um. Fiquei muito impressionada. E ainda por cima o texto é bom, com várias passagens fáceis de virar citações. Vida longa a essa jovem autora, que ela ainda possa produzir muita literatura de alto nível, como As primeiras quinze vidas de Harry August. Fica a dica para leitura para o Desafio de junho!

Nota 10.



terça-feira, 11 de junho de 2019

Red Moon - Lua Vermelha



SPOILER FREE

Quem segue o meu blog com afinco já percebeu que eu tenho uma tendência de ler coisas sobre o feminino e sobre religiões menos comuns, por assim dizer. Lua Vermelha estava na minha lista de leituras há tempos. Como o livro Mulheres que dançam com os lobos (que ainda não li, está na lista também), ele está meio que na moda no meio dos círculos de mulheres.

O livro trata de um assunto bastante tabu mesmo entre mulheres: a menstruação. A questão abordada é a natureza cíclica dos hormônios femininos, que, como os primeiros calendários do mundo, em qualquer parte do mundo, não me deixam mentir, é diretamente conectada com a lua. 

Antes de mais nada, preciso de uma salva de palmas para Miranda Gray, que poderia ter escrito um livro muito bonito e bastante vazio sobre as fases da lua e as fases do ciclo menstrual. Mas ela foi muito, mas muito além disso. O livro tem lá as suas partes mais, digamos, esotéricas, mas ele foi muito bem pesquisado e bem fundamentado, em especial nas questões ligadas à mitologia e aos contos de fadas. Sim, as personagens femininas dos contos de fadas.

Foi aí que a autora me ganhou. Depois de todo o trabalho de coleta, estudo e ressignificação que ela fez com esse material, não dá para ignorar as conclusões e as sugestões que ela faz. Um trabalho realmente muito bom, profundo e de grande beleza e importância no mundo machista e misógino que vivemos. Kudos. 

Agora só preciso ler tudo o mais que essa mulher publicou, algo me diz que vai valer muito a pena.

Nota 10.


Map: Collected and Last Poems



SPOILER FREE

Quem conhece o meu gosto por poesia sabe que tenho uma paixão desmedida pela polonesa Wislawa Szymborska. E depois de ter lido tudo o que havia disponível em português dela, resolvi apelar para os livros em inglês.

Confesso que rolou um medinho: vai que a tradução não fosse boa? Vai que a questão linguística é tão forte que eu não a reconhecesse em outra língua?

“How should we live?” someone asked me in a letter. I had meant to ask him the same question.   Again, and as ever, as may be seen above, the most pressing questions are naïve ones.

Mas daí, eu tive um acesso de precisar dela e não estava em casa, mas, eu tenho kindle no celular, baixei e comecei a ler. Gente, é muito fácil reconhecer Wislawa Szymborska. Não é a toa que a poetisa recebeu um Nobel de Literatura. 

A capacidade da polonesa de criar poesia sobre as coisas mais comuns e mundanas é uma das coisas que mais gosto no trabalho dela. Isso e suas poesias mais melancólicas e ligadas à guerra. Acho muito incrível e não é à toa que seu trabalho pode ser bastante atemporal. Pode ser porque muitas vezes ela faz poesia com coisas do dia a dia que, sim, ou já são ou poderão se tornar obsoletas, e daí eu não poderei mais dizer que o seu trabalho é atemporal. Mas e daí? Ele continua lindo.

Dreams aren’t crazy— it’s the real world that’s insane, if only in the stubbornness with which it sticks to the current of events.

Poesia é uma coisa meio complicada, muita gente não gosta de ler. Eu, como grande fã do gênero, acho uma tristeza. Mas acho que isso é culpa da escola, que não ensina os alunos a lerem poesia como se deve, e ao invés de tentar fazer os jovens apreciarem, querem incutir um monte de informação de formato, rima, métrica e estilo que é muito século XIX.

Nesse sentido, Wislawa é um grande achado, ela tira a poesia daquele patamar do inalcançável. Seus poemas são limpos, diretos, simples (os mais difíceis de fazer, pelo o que dizem) e tratam de coisas palpáveis, sem melodrama. Acho maravilhoso para quem quer tentar explorar o gênero, mas vem de um passado de repulsa ou indiferença.

This terrifying world is not devoid of charms, of the mornings that make waking up worthwhile.

Por um mundo mais empático, e, por consequência, poético. Que todos possam apreciar Wislawa.

Nota 10.

Retrato en Sepia



SPOILER FREE

Confesso que esse ano fazer dois desafios literários ao mesmo tempo está me deixando meio doidinha, mas, como vale a pena! Para o mês de junho, o tema do Desafio Corujesco é literatura latino-americana, e eu aproveitei para ler mais da maravilhosa chilena Isabel Allende.

Apesar de ter um contato acima da média brasileira com o espanhol, e por causa do fato de nunca ter estudado o idioma, eu nunca tinha tido coragem de ler um livro em espanhol. Mas eu tenho feito um esforço há alguns meses para tentar superar isso e andei comprando diversos livros em espanhol na Amazon, o que é fácil, porque minha conta é americana. Sério, como tem livro em espanhol na Amazon americana.

E foi assim que acabei com uma coleção razoável de livros em espanhol, em especial da Isabel Allende. E acabei por pegar o primeiro livro dela que encontrei já baixado no meu kindle e comecei a ler. E sim, Isabel Allende é sempre uma boa escolha.

Retrato em Sépia traz a história da infância escondida de Aurora, uma jovem de sangue mestiço, meio chilena, meio descendente de ingleses e chineses (a história se passa em parte na Califórnia, o que explica os ingleses e chineses misturados). Toda a questão gira em torno de um trauma de infância e o fato que ela foi criada por uma avó que sempre escondeu dela seu passado. Para os fãs de carteirinha da autora, o livro traz alguns personagens secundários que aparecem em outras obras dela, como Casa dos Espíritos e Filha da Fortuna.

Mas não é necessário ter lido nada disso para apreciar Retrato em Sépia, que é uma obra em si só e de altíssimo calibre. Isabel Allende sabe escrever bem, não há a menor dúvida, é só pegar obras dela como essa para sanar isso. Fica a dica.

Nota 10.