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sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Waking Gods (Themis Files #2) - Deuses Renascidos




SPOILER FREE

Depois de Gigantes Adormecidos, um livro muito original e recheado de excelentes personagens, Sylvain Neuvel volta a toda em Deuses Renascidos, publicado no Brasil em agosto de 2017. Depois de um final apoteótico no livro anterior, apesar de ser um gancho horrível daqueles que dão direito a escritores um cantinho especial no inferno, Deuses Renascidos traz acontecimentos ainda mais grandiosos.

O segundo volume na série The Themis Files me deixou bastante dividida. Por um lado, foi maravilhoso ler mais coisas sobre tantas personagens que aprendi a amar no primeiro livro, por outro lado, preciso confessar que não amei as escolhas do autor, nem para as personagens nem para a história.

Como a ideia é não dar spoiler, vou pular a parte das personagens e me concentrar na história. Como diz na contracapa, dessa vez Rose Franklin e o seu time no Corpo de Defesa da Terra precisam encontrar uma forma de lidar com um novo robô que surgiu do nada em Londres. Mais do que isso, novamente, spoilers. Livro difícil de resenhar.

O problema não são os robôs, veja bem, eles são uma das partes interessantes no enredo. O problema são os pilotos e o motivo dos usos dos robôs. É aí que o livro perde demais a conexão com a realidade e passa a ser apenas bizarro. Divertido, mas bizarro. A questão é que em algum momento a leitura não é mais tão imersiva, como no primeiro livro, ela passa a ser uma mistura de esquisitices com diálogos extremamente engraçados, se você curtir o tipo de humor do autor, que tem uma veia sarcástica um tanto forte.

Não ajuda o caso desse livro o fato dele ter a mesmíssima estrutura de Gigantes Adormecidos. Temos novamente aquela coleção de documentos que fariam parte do arquivo do governo sobre os acontecimentos, o que não é um problema em si, mas o formato por vezes fica cansativo, e um novo final em forma de gancho. Sylvain Neuvel já tem dois bilhetes direto para o tártaro dos autores, até porque se o primeiro gancho já era terrível de dar vontade de continuar lendo, o segundo consegue ser ainda pior. Esse segundo gancho foi tão poderoso que eu não consegui me controlar e comprei o terceiro livro.

De certa forma isso atesta que apesar dos problemas o livro é bom, senão eu não teria pago o que paguei pelo terceiro volume.

A minha expectativa é que o livro seguinte compense os problemas. Não sei como Sylvain vai fazer isso, mas a esperança é a última que morre. Nada como citar o tema do livro na resenha!

Nota 8.


sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Monstress, Vol. 2: The Blood



SPOILER FREE

A continuação de Monstress: O Despertar, traduzido como Volume 2: O Sangue, com mais uma coletânea de 6 capítulos na história de Maika Halfwolf, é ainda melhor do que o primeiro livro.

O livro ainda não saiu no Brasil, onde a editora Pixel está trabalhando com Monstress, mas já tem em Portugal pela editora Saída de Emergência, que publicou o segundo volume em janeiro de 2018.

A arte da japonesa Sana Takeda continua absolutamente deslumbrante. Tem momentos em que você fica parado, só olhando mais um pouco os desenhos. É tudo tão bonito e tão cheio de detalhe que até as cenas violentas parecem belas e poéticas. Os monstros? Eles são lindos! Sangue para tudo quanto é lado? Olha que padrão maravilhoso de vermelho em cima dos tons pasteis e os arabescos nessa pele arrancada... precisa de uma artista de mão cheia para chegar nesse tipo de resultado.

O texto da Marjorie M Liu melhorou nesse segundo volume. Talvez porque agora o leitor consegue ter uma visão mais ampla do que está acontecendo na história, mas eu acho que ela finalmente está acertando o tom das diversas personagens. Suas personalidades estão cada vez mais claras, e tem toda a questão das intrigas entre as diversas raças e entre os poderes dentro de cada raça. Monstros, poderes e carnificina à parte, a história em si é muito boa e prende o leitor. Não é a toa que a série tem ganhado tantos prêmios.

A questão da representatividade feminina e LGBT na série é um destaque que precisa ser feito e apreciado. É maravilhoso ter uma história onde todas as personagens em posição de poder são mulheres, capitães, generais, piratas, rainhas, deusas... a maior parte da minoria dos personagens masculinos em posição de poder são vilões. Se parece o inverso do que se costuma encontrar, é porque é isso mesmo. E tem toda uma gama de personagens LGBTs lindos... e apresentados de forma natural. Eles não chamam a menor atenção dentro da história por isso. É para aplaudir de pé!

Nota 10!

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Monstress, Vol. 1: Awakening - Monstress, Vol. 1: O Despertar



SPOILER FREE

Sabe aqueles livros que você resolver ler por causa da capa? A Graphic Novel Monstress se encaixa perfeitamente nesse quesito.

Mas não só de beleza gráfica, feitas pelas mãos da japonesa Sana Takeda, vive Monstress, visto que foi a HQ mais vendida de 2016 e ganhou o prêmio Hugo de 2017 e 2018 para melhor História Gráfica. Em 2018 ganhou também o Hugo de melhor arte. Foi indicado por 3 anos consecutivos ao prêmio Eisner de quadrinhos, levando os prêmios em 2018, além de levar o British Fantasy Award de 2016. É muito prêmio para se ignorar.

A autora americana, Marjorie M Liu, que já foi responsável por diversos títulos da Marvel, ganhando alguns outros prêmios nesse caminho, traz uma história original, passada num mundo de fantasia onde temos uma sociedade matriarcal com um jeitão steampunk. Nesse mundo existem 3 raças de seres, os humanos, os antigos (quase deuses, com poderes e imortais) e os arcãnos, que são híbridos dos dois primeiros. Os arcãnos e os humanos entraram em guerra, que terminou com uma trégua, porém os arcãnos são escravizados em territórios humanos e utilizados para a fabricação de uma substância com faculdades quase mágicas. A história é contada do ponto de vista de Maika Halfwolf, uma arcãna em caça de algo do seu passado, mas que por ser uma arcãna, também é caçada.

A arte é simplesmente maravilhosa. Fazia muito tempo que eu não via uma Graphic Novel tão bonita. A inspiração em mangás é bastante óbvia, mas a ilustradora acaba fazendo uso de muitos elementos diferentes, como a Art Nouveau, e os desenhos são incrivelmente ricos em detalhes.

A história anda bem rápido e é cheia de ação, porém o primeiro volume é meio confuso. Demora um bocado até você se localizar melhor entre as diversas personagens (quase todas mulheres, coisa linda!) e o que está acontecendo e porquê. As explicações teóricas dos gatos nos finais dos capítulos ajudam e são simplesmente fofas. Eu não falei dos gatos?

Então, gatos. Tem muitos gatos na história e eles são quase que uma raça a parte. Melhor, eles realmente são uma raça a parte e tem toda uma história própria, com direito a uma sociedade autônoma com sua própria deusa. Como não amar?

É tanta personagem interessante que é difícil ser concisa, mas o fato de todas as personagens com um mínimo de importância serem femininas chama atenção. Personagens masculinos aqui ou são secundários ou não são humanoides, e mesmo assim são a minoria da minoria. Nem os soldados são homens, nem os sacerdotes... tuuuudo mulher. Eu gostaria de poder dizer que demorei a notar isso, mas infelizmente não seria verdade, entretanto, posso dizer que me deu o maior gosto de ler algo assim.

A edição brasileira de Monstress, vol 1: O Despertar (reúne os seis primeiros capítulos da história) foi publicada pela Pixel no início de 2018, vale a pena correr atrás de um exemplar. Ainda não há previsão para a publicação do segundo volume, infelizmente. Lá fora o terceiro volume com 6 capítulos foi publicado em setembro de 2018.

Nota 9,5.

domingo, 14 de outubro de 2018

I'm Judging You: The Do-Better Manual



SPOILER FREE

Conheci esse livro através de uma amiga cujo humor eu amo de paixão, não é à toa que somos amigas. E ela teceu louvores ao livro, cuja descrição é uma coletânea de ensaios de humor da autora, Luvvie Ajayi, uma nigeriana que ainda criança se mudou para os Estados Unidos.

Ajayi é também uma blogueira de sucesso (veja o blog aqui), e seu livro foi lançado com grande estardalhaço pela crítica norte americana em 2016. Infelizmente I'm Judging You: the do-better manual (Estou te julgando: o manual para fazer melhor) ainda não foi lançado no Brasil, mas espero que esse equívoco seja corrigido em breve. Depois do lançamento do seu livro, ela ainda fez uma belíssima palestra TEDTALK em 2017. Vídeo abaixo para todos ouvirem suas palavras de louvor:



Palavras de louvor porque Luvvie é católica e hétero, mas é uma mulher, negra, imigrante, feminista e ativista. E ela faz uso das suas palavras e sucesso na internet para atingir as pessoas que podem ser melhores na vida. Todo o seu livro é construído com esse propósito, usar o humor como ferramenta para apontar para as pessoas o que elas tem feito de errado e que fazem do nosso planeta um lugar pior para se viver.

Nesse sentido o livro acaba sendo uma grande mistura de humor com sentimento de culpa e socos no estômago. Ela trata desde atitudes mesquinhas entre amigos até os grandes problemas da humanidade: racismo, misoginia, não aceitar a religião e diferenças entre as pessoas, passando também pela falta de educação na internet, que culmina na criação e disseminação de fake news. Tudo recheado de bom humor e gírias nigerianas.

O resultado é que o livro é fenomenal, e em tempos atuais é mais do que necessário. Precisamos ser mais como Luvvie, ter mais empatia pelos outros e tentar ter um pouco mais de lógica na nossa vida. Apaixonei pela nigeriana boca suja. Se todos fôssemos como ela seríamos mais felizes e não teríamos Trumps e Bolsonaros com essa força toda andando por aí e ameaçando pessoas simplesmente porque elas fogem do que julgamos ser a norma, o que no fundo não faz o menor sentido.

Lógica e empatia. Dois atributos em falta no mercado. E Luvvie vem nos mostrar direitinho o quanto devemos ser julgados por isso.

Nota 10.

sábado, 13 de outubro de 2018

Les Fleurs du Mal - As Flores do Mal



SPOILER FREE

Esse é um livro que eu preciso confessar que estou lendo há tanto tempo que nem sei quando comecei. Mas isso é em parte culpa do meu hábito de ler poesia pela manhã, porque eu leio uma ou duas poesias no máximo, e eu vario os livros ao longo da semana para não ficar repetitivo. Agora considere que As Flores du Mal é um livro bem gordinho, e que a minha edição (essa aí da capa) veio bem recheada extras, e você tem a explicação para a minha demora.

Charles Baudelaire, poeta francês do século XIX, é reconhecido como um dos pioneiros da poesia moderna, e esse livro em específico é um marco do gênero. Os temas, até então inéditos, da decadência, da morte, dos pecados e da queda do homem, são por vezes bastante pesados mesmo, até para os padrões atuais (Sylvia Plath me vem à mente), mas aqui ainda estão mais presos em forma de poesia mais clássica, com direito a métrica, rima e organizado em estrofes bonitinhas.

Dá para imaginar o horror dos leitores do século XIX com uma poesia falando sobre cadáveres e monstros. Coitados, não tinham ideia do que ainda estava por vir, mas isso não é importante agora.

O livro As Flores do Mal em si é excelente, amei a leitura, o andamento e as escolhas do Baudelaire. Como li em francês não sei dizer como ficou a tradução, mas o texto original é realmente sensacional e sua posição como marco literário é bastante justificável e clara. Ou pelo menos a versão em francês que eu li. Aparentemente, o livro possui pelo menos 3 versões diferentes, publicadas em 1857, 1861 e 1868, com algumas variações de texto e de conteúdo (poesias inclusas ou não).

O livro foi tão vilificado que por diversas vezes e em diversos lugares passou por censura, sendo publicado na íntegra novamente apenas em 1949. Claro que o autor foi processado na época também e precisou viver no exílio.

Por conta de todas essas confusões, o autor deixou todo a sua produção nas mãos de amigos, que ficaram com os direitos de publicação do material, que em grande parte, quando não fez parte das primeiras edições do livro maldito, acabou sendo publicado apenas postumamente, às vezes em títulos separados, às vezes fazendo parte de uma edição de Flores do Mal.

Complicado, né?

Pois bem, essa edição que eu li é um grande apanhado de tudo isso. Tudo. Com direito a diversas versões dos mesmos poemas, diversas introduções escritas para o livro ao longo dos anos, cartas do autor e tudo quanto é poesia que ficou de fora do "livro original" (em aspas porque é difícil de definir o que é realmente original nessa bagunça).

Claro que tudo isso é muito interessante, mas é melhor para pesquisadores e viciados no autor do que para quem só queria ler Baudelaire, que era o meu caso. Confesso que fiquei bastante perdida em algumas partes do livro, eu já não tinha certeza o que era publicação póstuma, o que fazia parte do texto original e, gente, a parte com as variações dos textos das poesias... que surtado para se ler de manhã. Não servia exatamente para o meu propósito.

Só por isso, nota 9.

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

A Court of Frost and Starlight - Corte de Gelo e Estrelas



SPOILER FREE

Confesso que já comecei a leitura do quarto livro da série Corte de Espinhos e Rosas bem desanimada, por motivos de não entender a necessidade de existir mais um volume (como você pode ver aqui na resenha do volume anterior).

Uma das coisas mais tristes que podem acontecer com um livro é você ter expectativas ruins sobre ele e elas se realizarem. Infelizmente esse foi o caso.

Corte de Gelo e Estrelas não é exatamente mais um volume na série, tanto que a autora o chamou de "novella", o que quer dizer que no final das contas ele é uma história razoavelmente curta no universo da série Corte de Espinhos e Rosas. Mas o problema na verdade não é o tamanho do livro, é a falta de conteúdo.

Depois de 3 livros tensos e cheios de história (cheios até demais), Sarah J. Maas gasta quase 300 páginas para falar de uma festa, sobre o ponto de vista de diversos personagens. Tentativa de ponto de vista, pois alguns personagens parecem os mesmos, se não fosse o nome no início do capítulo eu não saberia quem que estava falando.

Com exceção de alguns capítulos, ou ponto de vista de poucos personagens, o livro é uma grande ode à perfeição do casal principal. É tanto açúcar que mais parece uma fanfic do que um trabalho original da Sarah. Eu já tinha sentido isso no terceiro livro da série, que ela estava começando a exagerar na dose de Feyre e Rhysand, mas aqui ela perde completamente o controle. O livro fica chato, repetitivo e eu não aguento mais ler a palavra mate. 

Não sei como ficou a tradução de mate em português, mas a ideia na história é de alma gêmea. O problema é que em inglês o termo também denota companheiro, amigo, e é usado a rodo no Reino Unido em geral entre os homens. Ela usa tanto essa palavra que mais parece um livro inglês do que americano. Aliás, li uma parte do livro imaginando dois homens tendo os diálogos entre Feyre e Rhysand e foi a melhor parte da leitura.

E o que ela resolveu fazer com a Nesta? A irmã mais velha de Feyre era um personagem tão interessante, e agora ela se tornou só chata. Sarah resolveu fazer todos os seus leitores odiarem a Nesta. E eu não entendi o motivo, visto que, pelo pedacinho do livro seguinte que veio na minha edição, o quinto livro/spin-off da série vai ser justamente sobre ela.

Faltou um bom assessoramento editorial aí.

Não faz jus aos outros trabalhos da autora.

Nota 5.

A Court of Wings and Ruin - Corte de Asas e Ruína

 
 
SPOILER FREE

Se o primeiro livro foi ruim, talvez de propósito ou não, e o segundo foi uma lição aprendida a duras e longas penas sobre relacionamentos abusivos e como treinar para ser uma High Fae guerreira, o terceiro livro, Corte de Asas e Ruína é a guerra!

No terceiro livro da saga Corte de Espinhos e Rosas, Sarah J. Maas leva Feyre de volta para a Corte da Primavera, mas dessa vez ela está preparada para lidar com a situação e sabe exatamente o que ela quer. E isso é só o que antecede a grande guerra contra Hybern. E a guerra toma conta de todo o livro, no final das contas, intercalado com romance e sexo, claro.

Se o segundo livro é sobre Feyre descobrir o que é legal para ela e se aperfeiçoar, o terceiro é a hora de colocar as mãos na massa, num grande épico cheio de lutas, sacrifícios, traições e revelações! Sarah J. Maas vem mostrar como pode ser eclética, com cenas apoteóticas de batalhas. Porque um romance young adult não precisa ser focado apenas nos relacionamentos amorosos, claro que não. Apesar deles abundarem ao longo de todo o livro e serem o provável motivo de muito leitor continuar a série.

A autora resolve abraçar algumas pautas feministas ao longo da narrativa, aproveitando para fazer os próprios personagens questionarem o que acontece no seu mundo, que por sinal é bastante machista, caso você ainda não tenha percebido nos livros anteriores. Não só questionarem mas também tomarem ações para mudar o que eles acreditam ser injusto. É bem interessante, porém nem sempre Sarah acertar na dose.

Como experiência de leitura, apesar de ser maior que o segundo, achei que Corte de Asas e Ruína é mais rápido e objetivo de ler, e cansa menos. Talvez por conta das batalhas e de todo o clima de intriga entre as cortes do mundo High Fae, que dificulta muito parar no meio da leitura. Confesso que foram 6 dias tensos, pensando nos próximos minutos livres que eu teria para continuar a ler. Excelente sinal para qualquer livro.

Mas o livro não é perfeito. Independentemente das tentativas feministas e de representatividade de algumas minorias, Sarah J. Maas insiste em algumas coisas que me incomodam, mas que fazem parte da avassaladora maioria dos livros young adult. Tanto em Corte de Espinhos e Rosas quanto em Trono de Vidro ela insiste na questão de ter um mate (não sei como traduziram esse termo), que é equivalente a ideia da alma gêmea. Gente, coisa do século passado isso, por favor. E todo o mundo precisa ter um, para que esse exagero? Ninguém existe sozinho. Os que não possuem mates são todos maus na história, sério. Eu entendo a questão dos hormônios, a galera quer ler sobre casais, ok, mas vamos colocar limite?

Além disso, preciso dizer que o final não me agradou. Depois de tanto esforço para ser diferente no universo atual de young adult, Sarah J. Maas caiu no clichê logo no finalzinho da corrida. Uma pena! E ainda por cima num clichê tão cheio de água com açúcar que meus olhos quase caíram de tanto revirar. Receito o uso de insulina literária para a leitura desse final.

E para que deixar um final tão aberto? Mais 50 páginas (o que são mais 50 páginas depois de 700?) e ela podia terminar a série ali. Mas não. Ela precisava escrever mais um livro. O livro seguinte, Corte de Gelo e Estrelas, que saiu agora em maio desse ano, é tão pequeno perto dos demais (tem menos de 300 páginas) que você fica se perguntando para que ele serve. Além dela ganhar uma grana extra, claro.

Independente do que vai acontecer no quarto livro, Sarah J. Maas já avisou que o quinto livro vai ser um spin-off, isto é, a série em si acaba no quarto livro. Graças aos deuses, de série longa dela já basta Trono de Vidro. Não entendo essa necessidade de fazer essas séries de livros que não terminam nunca.

A questão no final das contas é que a série é bem interessante para aqueles que ainda não percebem a necessidade do feminismo, e de como algumas questões sociais que ainda temos muito forte hoje em dia precisam ser mudadas. Mas, se você já está numa fase mais desconstruída, os livros não parecem grandes coisas.

Tudo depende do que você achou do primeiro livro, quanto mais você gostou dele mais você precisa ler os seguintes.
Nota 8.

terça-feira, 9 de outubro de 2018

A Court of Mist and Fury (A Court of Thorns and Roses, #2) - Corte de Névoa e Fúria


SPOILER FREE

Depois de um primeiro livro morno, beirando ao ruim, Sarah J. Maas resolveu pagar todos os seus pecados e acertar todos os problemas no segundo livro. E no processo conseguiu reverter completamente a minha percepção dessa série.

Em resumo: depois de sobreviver, numa forçação do sentido da palavra, aos testes de Amarantha, Feyre retorna à Corte da Primavera com o amor da sua vida. Mas coisas começam a acontecer e ela passa a perceber que o seu conto de fadas não é lá essas grandes coisas e a se perguntar se é isso mesmo que ela quer para a sua nova vida (literalmente).

Sarah J. Maas resolveu, não sei por questões de pegar a galera do amor-romântico-possessivo pelo pé, ou se por questões de mas você já reparou que a história que você escreveu é machista?, que estava na hora de apontar tintim por tintim todos os problemas do relacionamento abusivo do primeiro livro. E isso ela faz extensamente. Por mais de 600 páginas de livro. É muito defeito para apontar e corrigir, gente.

Tudo bem que ela incluiu aí no meio todo o treinamento de Feyre para se tornar uma guerreira e dominar as magias que ela ganhou no final do primeiro livro. E isso tudo inclui uma quantidade difícil de enumerar de clímaces (precisei pesquisar esse plural) e uma lição bastante completa e abrangente de como um relacionamento legal deve ser.

Pessoas, em especial os homens héteros, leiam esse livro para aprender como devem tratar suas parceiras, por favor. Inclui instruções na cama.

Mulheres hétero, de nada.

Preciso dizer que o segundo livro acaba fazendo valer a leitura do primeiro, por todos os seus pontos positivos. Ele me fez me apaixonar tanto pelos personagens que agora eu estou com medo de que a Sarah os mate nos livros seguintes. Preciso de mais Feyre, Rhysand, Mor, Azriel, Cassian e Amren na minha vida de leitora. Toda a dinâmica que ela conseguiu construir para eles é muito divertida de ler.

Mas nem tudo são rosas. O livro é longo demais, detalhado demais, tudo demais. É tanta coisa que acontece que o resumo que eu pude usar aqui é ridículo de pequeno. Pode ser viciante e gostoso de ler, mas cansa. Me senti numa maratona de leitura!

E Sarah ainda comete um pecado capital para mim: o livro termina num gancho. Um gancho daqueles bem ruins de você ler e não ter o livro seguinte para começar assim que virar a última página. Maldade pura.

Problemas à parte, Sarah J. Maas subiu de novo no meu conceito e eu recomendo muitíssimo a leitura dos dois primeiros livros de Corte de Espinhos e Rosas. Vale o esforço e o gancho, mas já deixe o volume seguinte a postos.

Nota 9.