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terça-feira, 28 de maio de 2019

Good Omens - Belas Maldições



SPOILER FREE

Com o lançamento da série previsto para 2019, eu não podia deixar passar a oportunidade de reler a obra escrita a quatro mãos pelos mestres ingleses Terry Pratchett e Neil Gaiman.

Belas Maldições foi lançado numa época (início dos anos 90) em que os dois autores ainda não tinham alcançado o auge do seu sucesso. Terry Pratchett tinha lançado os primeiros volumes da sua série Disc World, e Neil Gaiman ainda estava construindo sua carreira de escritor. Mas, como eles mesmos contam nas suas respectivas introduções do livro (que são textos maravilhosos à parte, não compre uma edição sem eles), eles se tornaram amigos quando Neil Gaiman ainda trabalhava como jornalista e foi entrevistar o autor do recém lançado A Cor da Magia (primeiro livro de Terry Pratchett).

Depois de alguns anos de amizade, os dois começaram a trocar quase que cartas sobre um conto sem final que Neil Gaiman havia começado a escrever e enviou para Pratchett. A partir daí, ainda num mundo sem emails (imagine isso), os dois começaram a trabalhar em conjunto no manuscrito do que viria a se tornar o best seller Good Omens, ou Belas Maldições em português. Sim, o livro sofre com a tradição de traduções bizarras do Brasil. Mas as edições americanas, antes do lançamento da série de TV, conta com uma linda edição dupla (imagem aí em cima), que você pode escolher a capa de sua preferência.

Confesso que lembrava pouco da minha primeira leitura do livro, o que não é de estranhar, pois li um volume emprestado de uma amiga (que me fez jurar de pé junto que eu iria devolver, o que eu fiz, claro) na tradução para o português, há mais de dez anos. Desde então, eu já pensava em conseguir uma cópia no original para ler, o que demorou mais do que eu imaginava porque o livro nunca, nunca, mas nunca mesmo, entra em promoção na Amazon. Desisti e paguei o preço cheio, que, serei sincera, nem era tão caro assim.

E valeu cada centavo e cada minuto gasto na releitura. Para quem gosta de humor inglês, Queen (a banda), Terry Pratchett, Neil Gaiman e Lucifer (a série de TV), o livro é um prato cheio. Não só os autores estão afiadíssimos juntos, ao ponto de não ser possível identificar exatamente quem contribuiu com o quê, como eles montaram um dos enredos mais divertidos da literatura sarcástica inglesa.

Em tempo, Belas Maldições traz a história do Apocalipse, com o momento em que um demônio que vive na Terra, Crowley (e tem um pacto com um anjo, Aziraphale), recebe a missão de ajudar a colocar na família correta o Anti Cristo. A explicação para o nome completo do livro, The Nice and Accurate Prophecies of Agnes Nutter, Witch (As Justas e Precisas Profecias de Agnes Nutter, Bruxa), está no fato que todos os acontecimentos que se passam no livro foram previstos pela tal da Agnes, mas ela era uma bruxa do século XVII ou XVIII e não conseguia entender ou descrever boa parte do que ela previa, além de não ter ideia da ordem das coisas. Os Cavaleiros do Apocalipse são um show à parte, com atualizações simplesmente maravilhosas para o mundo contemporâneo.

Tomara que eles atualizem só mais um pouquinho e mantenham a "trilha sonora original".

Preciso dizer que fiquei ainda mais ansiosa para o lançamento da série?

Além de ser produzida e escrita pelo próprio Neil Gaiman, a série conta com um excelente elenco: David Tennant, Michael Sheen, Jon Hamm, Anna Maxwell Martin, Josie Lawrence, Adria Arjona, Michael McKean, Jack Whitehall, Miranda Richardson e Nick Offerman. A previsão é que seja lançada agora no dia 31 de maio, no Amazon Prime, e tenha seis episódios (espero que seja só isso, nada de virar American Gods, por favor, Deusa da Mídia), que depois deverão passar semanalmente na BBC.

Prontos para a contagem regressiva para o Apocalipse?

Nota 10!     

domingo, 26 de maio de 2019

Free Country: A Tale of The Children's Crusade



SPOILER FREE

Quem acompanha minhas resenhas sabe que eu tenho um certo amor pelo autor inglês Neil Gaiman. Como ele na verdade trabalha há mais tempo do que eu acompanho o seu trabalho, além de que ele publicou muita coisa em quadrinhos em parcerias com outros autores, de vez em quando, acabo descobrindo um trabalho novo que na verdade é velho dele. Free Country: A Tale of The Children's Crusade foi lançada pela Vertigo em 2015, mas ainda não possui tradução para o português.

Free Country é uma Graphic Novel com uma coleção de histórias que apresentam a saga da Cruzada das Crianças, onde ao longo do tempo diversas crianças descobrem uma espécie de mundo paralelo chamado Free Country. Com o tempo, algumas delas se organizam em um conselho e decidem salvar todas as crianças do mundo. Só que para isso, o mundo onde elas vivem precisa de mais energia, ou poder, e para isso eles precisam sequestrar algumas crianças especiais. Enquanto isso, uma cidade inteira sofre com o desaparecimento coletivo de todas as suas crianças, e uma irmã que estava viajando no momento resolve contratar dois detetives para descobrir o paradeiro do irmão mais novo.

Não é uma história simples, é cheia de personagens espalhados por tudo quanto é canto e com motivações extremamente distintas. Os capítulos vão alternando o grupo de personagens e o momento da narrativa, de forma que as coisas fiquem menos confusas. Mas existe um limite do que é possível fazer quando o total de capítulos soma apenas 200 páginas.

O enredo promete mais do que entrega nesse espaço, e a história sofre com momentos muito perdidos e sem sentido no meio de um excesso de informação. As personagens ficam muito simples e cartunescas, mesmo para histórias em quadrinhos. E no fundo, não é uma história para crianças. A impressão que me deu foi daqueles trabalhos de escola onde cada um fazia um pedaço e no final virava um Frankenstein. O que faz sentido, considerando que foram CINCO autores envolvidos. E sim, eles dividiram os capítulos entre si.

Uma boa ideia que não teve a atenção que merecia.

Nota 5.

sábado, 18 de maio de 2019

The Princess Bride - A Princesa Prometida



SPOILER FREE

Esta vai ser uma das resenhas mais difíceis da minha vida. É tanta informação que não é fácil organizar nem decidir por onde começar.

Escolhi ler esse livro para o Desafio Literário Popoca para o tema de maio, porque afinal toda a história do clássico filme, quer dizer, livro, gira em torno do casamento de Buttercup. Sim, eu mencionei que The Princess Bride também é um filme?

O filme dos anos 80 é simplesmente um clássico. Tem tanta coisa maravilhosamente tosca e tão icônica da época, que é difícil escolher qual é a melhor parte!

Será Inigo Montoya e sua busca pelo cavalheiro de seis dedos?


Será o uso indiscriminado da palavra inconcebível?



Ou o fato de que Buttercup é a atriz de House of Cards e uma das guerreiras mais fodas de Mulher Maravilha?


Confesso que até levei um susto quando descobri que o filme originalmente era um livro, lançado em 1973. O autor, William Goldman, é mais famoso por seus roteiros de cinema do que por seus livros, mas The Princess Bride foi um grande sucesso literário. E um dos motivos disso é justamente porque grande parte da história envolvendo o livro é uma grande mentira.

Sim, o livro foi propagandeado como uma versão resumida de um clássico da História (com H) de Florin (não perca tempo procurando no Google, o país obviamente não existe) escrito por um estudioso chamado S. Morgenstern (por favor, faça a pesquisa no Google, você vai se divertir). Toda a questão de Goldman com essa História, é que quando ele era criança o pai dele leu o livro para ele quando o pequeno William estava com pneumonia. A partir dessa grande mentira, o autor criou uma grande mística, envolvendo 3 gerações da sua família, sem que nenhum dos envolvidos seja uma pessoa real. Isso de alguma forma está no filme.



A fantasia, e o hype posterior por causa do filme, foi tão grande, que quando o livro completou 20 anos Goldman escreveu não só uma senhora introdução, aumentando ainda mais as mentiras envolvendo o livro, participações suas em diversos filmes e anedotas de pessoas famosas, como ele ainda escreveu o primeiro capítulo de uma continuação que nunca veio a existir, Buttercup's Baby, um volume que deveria ter sido resumido por ninguém menos que Stephen King.

Depois, quando o livro fez aniversário de 25 anos, o autor fez mais uma introdução.

O resultado disso é que se você conseguir uma versão mais moderna, é possível que ela tenha 3 introduções (que chegam a 1/5 do livro), uma carta resposta padrão da editora para quem pedisse um capítulo extra (que também não existe, claro) e o tal primeiro capítulo de Buttercup's Baby, com direito a uma introdução própria.

Sim, eu li uma versão assim.

Apesar de ser cansativo ler tantas introduções, vale a pena o esforço. William Goldman não só é um bom mentiroso, como sua escrita é realmente divertida. O livro é IGUAL ao filme. Pelo menos no que eu lembro do filme, claro. Certamente deve ter algumas diferenças, mas confesso que não acho isso importante. Pelo menos o que tiver de diferença não é gritante o suficiente para ter chamado atenção.

O único defeito de The Princess Bride, além do título bizarro em português, A Princesa Prometida, é que ele é um livro dos anos 70 que é um filme dos anos 80. E isso quer dizer que ele tem todos os clichês dessa época, incluindo os infames relacionados à única personagem feminina, Buttercup.

Mas se você conseguir relativizar essas coisas durante a leitura, é realmente divertido.

Nota 9.

An Unproductive Woman



SPOILER FREE

Acabei pegando esse livro para ler para o Desafio Literário Popoca do mês de maio, porque, bem, se encaixa no tema de casamentos importantes para a história.

O livro se encaixa porque traz a história de Asabe, uma mulher senegalesa, primeira esposa de um homem mais velho, que não consegue engravidar. Por isso, o seu marido resolve casar com uma segunda mulher. Mulher é exagero, é uma criança. E a partir daí a história é uma grande propaganda sobre como as mulheres muçulmanas devem manter a fé e serem boas esposas e boas mães.

É um dos livros mais deprimentes que já li. Vi diversas resenhas no Goodreads onde as pessoas apontam questões fantasiosas na história, e sim, até que elas existem, mas o meu problema não é esse, é que essas coisas são realmente vendidas no mundo islâmico como recompensas para quem se comportar. E o pior é que, sim, tem muitas histórias como a de Asabe no mundo.

Foi como ler uma versão água com açúcar de Girls of Riad, onde todas as tragédias são mostradas como provações para um prêmio no final. Não há nenhuma crítica aos problemas óbvios que são mostrados. A única crítica é a falta de fé. Uma versão islâmica de um romance daqueles que vendem histórias de crescimento espiritual através da dor e do sacrifício, com direito a justificar uma quantidade gigantesca de machismo.

Não consigo entender como a autora, uma americana, por mais que muçulmana, que foi indicada para prêmios de edição de ficção científica, tenha escrito isso. Se era para ser irônico, definitivamente não ficou claro.

Recomendo apenas para ilustrar o tipo de lavagem cerebral que religiões podem fazer com uma pessoa.

Nota 3.

domingo, 5 de maio de 2019

Where'd You Go, Bernadette - Cadê você, Bernadette?



SPOILER FREE

Para o Desafio Literário da Coruja, com o tema de abril (li atrasado, confesso) de livros que vão virar filme em 2019, escolhi o livro de humor Cadê você, Bernadette?

A autora americana Maria Semple traz a história de Bernadette, uma arquiteta americana que sofre de agorafobia e mora em Seattle com a filha e o marido. A filha é uma jovem genial, com perspectivas de estudar em escolas de alto nível, e o marido é um gênio que trabalha na Microsoft e tem uma das TEDTalks mais vistas da história.

Todo o drama gira em torno das dificuldades de Bernadette em se adaptar ao estilo de vida de Seattle, o que se torna ainda mais complicado quando a sua filha resolve pedir de presente uma viagem à Antártida. Sua agorafobia com a perspectiva da viagem aumenta de uma forma que, juntando a diversos outros problemas e confusões que eu não vou mencionar por motivos de spoiler, acabam por fazer com que ela desapareça. O que é uma das razões para o título do livro.

A história é narrada pela filha, que consegue obter diversos emails, bilhetes e documentos diversos que vão aos poucos ilustrando o que realmente aconteceu com Bernadette. Por conta disso, a leitura é bastante dinâmica, pois os capítulos acabam por ter subcapítulos dentro. E sim, a história é realmente divertida, apesar de bizarra em diversos momentos.

Não obstante o fato de uma grande amiga não ter me recomendado o livro, por ter achado lento, eu resolvi tentar. E ainda bem, pois pessoalmente eu amei a história de Bernadette. Valeu a pena cada página. Agora fiquei ansiosa para ver o filme, que só deve ser lançado em agosto.

Nota 9,5.

quarta-feira, 1 de maio de 2019

The Real Deal



SPOILER FREE

Depois de passar 2 semanas do outro lado do planeta, literalmente, onde fiquei o tempo todo sem olhar um livro (mentira, trouxe alguns sobre budismo pra casa), resolvi recomeçar a saga do ano colocando primeiro as resenhas em dia. Surpreendentemente, eu só tinha essa resenha atrasada!

Lauren Blakely já apareceu no blog antes, quando eu resolvi participar do Smuthathon no final do ano passado, e o que li dela foi bonitinho o suficiente para não cortar o nome dela de futuros livros do gênero. Por isso The Real Deal está aqui, isso e porque achei a premissa de um pseudo-ator vender seus serviços de pseudo-namorado para despistar famílias chatas e resolver situações desagradáveis para suas contratantes interessante e potencialmente engraçada.

E realmente a história é divertida, com passagens particularmente engraçadas. Tem menos drama do que part-time lover, o que é positivo, e o final não é tão meloso, o que também é positivo. Achei extremamente interessante o fato da April ser mais bem sucedida do que o Theo e isso não atrapalhar em absolutamente nada a história. E sim, as cenas de sexo continuam boas, Lauren capricha nesse sentido, apesar de não ser muito generosa em quantidade. O que tem lá suas razões dentro do enredo.

Para quem curte o gênero, fica a dica de um bom livro divertido.

Nota 9 dentro do estilo.