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terça-feira, 29 de dezembro de 2020

For He Can Creep by Siobhan Carroll


 

SPOILER FREE

Para fechar o ano de 2020 com um tom mais alegre, peguei um livro, um conto quase de tão curtinho, com gatos. Gatos fazem tudo ficar mais divertido.

Não lembro muito bem como comprei For he can creep, desconfio que foi uma promoção da Amazon que eu não resisti ao ler a descrição: O poeta do século dezenove, Christopher Smart, foi internado no Hospital para Lunáticos de São Lucas, acreditando que Deus o encarregou de escrever O Poema Divino. Mas anos antes, ele havia feito uma barganha com Satanás e o diabo veio para cobrar o que lhe era devido - um poema que trará o apocalipse. Salvar a alma de Smart, e do resto do mundo, é uma tarefa para Jeoffry, o gato lutador de demônios do poeta e uma astuta criatura que Satanás seria um tolo de subestimar.

E o conto da autora americana Siobhan Carroll entrega tudo o que promete nessa descrição. Eu adoro livros com gatos, mas livros bem escritos com gatos eu simplesmente amo. Contado do ponto de vista de Jeoffry, For he can creep é uma pequena joia de leitura. Tem adrenalina, tem poesia, tem misticismo e tem gatos sendo gatos. Não tem como não gostar.

De cerejinha, é bom saber que Christopher Smart existiu, foi um poeta inglês do século XVIII que realmente foi internado num hospício, onde suas poesias passaram a ter um tom religioso. E esse conto em particular é baseado num dos poemas que ele realmente escreveu durante sua estadia no Hospital para Lunáticos de São Lucas, no qual ele fala sobre como o seu gato Jeoffry o protege dos demônios.

Fiquei com o maior gosto de quero mais. Recomendadíssimo, especialmente para amantes de gatos.

Nota 10.

Regras de Cortesia - Rules of Civility


 

SPOILER FREE

Para fechar o Desafio Literário Popoca de 2020, com o tema livros com referência a réveillon ou festas de virada de final de ano, eu precisei me esforçar. Nem pela falta de livros com o tema, mas porque quase todos que eu tinha em casa já haviam sido lidos. Problemão, né?

Daí resolvi sacar Regras de Cortesia do kindle, que na verdade já está há um certo tempo rodando pela lista de livros a ler, especialmente depois do sucesso do autor norte americano Amor Towles com Gentleman em Moscou, lançado alguns anos depois.

Regras de Cortesia é o primeiro livro do autor, lançado em 2011, e apesar de não ter levado nenhum prêmio relevante, também foi muito bem recebido pela crítica. Com ares de O Grande Gatsby, Towles narra a história da filha de imigrantes russo Katya, que nos anos 30 em plena Manhattan resolve se reinventar como Katey. Contada em forma de lembranças de Katey ao ver fotos antigas numa exposição com o marido, o livro é uma reminiscência sobre como certos acontecimentos podem mudar toda uma vida. 

Tudo começa quando Katey e uma amiga resolvem festejar o ano novo (olha o tema do Desafio Literário!) e num encontro fortuito fazem amizade com Tinker Grey. Essa noite desencadeia uma série de acontecimentos que de alguma forma irão levar Katey para o sucesso na sua carreira, conhecer o marido e ver as fotos com Tinker 30 anos depois numa exposição.

A narrativa envolve na verdade um pouco mais de dois anos da vida de Katey, em plena Nova Iorque dos anos 30, antes da Segunda Guerra Mundial, mas quando a cidade já estava em crescimento acelerado, com seus arranha céus e vida social, digamos, vibrante. Certamente rolou uma inspiração em F. Scott Fitzgerald nesse ponto.

O tema e o pano de fundo de Regras de Cortesia é muito rico e extremamente interessante. Amor Towles sabe extrair deles uma história envolvente e personagens complexos. Mas, de alguma forma o texto não me prendeu. Apesar de gostar da leitura, era só precisar parar para fazer alguma coisa que retomar o livro parecia uma tarefa árdua. Demorei muito mais do que o de costume para ler o livro e ainda mais para conseguir organizar as ideias para escrever essa resenha.

A questão é que o texto falta cor, falta energia e vibração. Os acontecimentos são dramáticos e poderiam ser pano para manga para várias questões emocionais interessantes. Mas, as personagens mantêm um certo distanciamento do que acontece com elas, Katey em particular, talvez para retratar todo o tempo que se passou entre os fatos relatados e o momento da lembrança. Ela simplesmente parece não se afetar com os dramas da sua própria vida. É como o momento preto e branco de O Mágico de Oz, sem nunca virar Technicolor.

Como leitura é interessante, mas não chega a ser apaixonante ou arrebatador. O resultado final, apesar do enredo e do texto bem feito, é apenas morno. Para passar o tempo das férias sem compromisso nenhum é uma boa pedida.

Nota 7.

Do Not Disturb (Deanna Madden #2)


 

SPOILER FREE

Depois de ler o primeiro livro da saga da camgirl Deanna Madden em The Girl in 6E, eu não resisti e resolvi continuar com Do Not Disturb. Dessa vez, o bandido é um estuprador em série, com um gosto um tanto quanto muito violento.

Confesso que precisei de um tempo no meio do livro quando percebi que a coisa era bem mais pesada do que eu esperava depois do primeiro volume. Mas a curiosidade foi maior e retomei a leitura com gosto. Mas fica o aviso de gatilho para violência sexual.

Alessandra Torre, ou A Torre, ou A R Torre, dependendo do livro, é uma escritora muito interessante e que merecia mais atenção. Não só pela versatilidade do que é capaz de escrever, mas porque o seu trabalho é muito bom.

Preconceitos à parte com uma protagonista camgirl, Do Not Disturb é um excelente suspense com doses cavalares de violência. A autora certamente não tem pena dos seus personagens, o que é muito interessante num enredo como o que ela propõe na série Deanna Madden. Quem já leu a Trilogia Millenium vai perceber que a vibe é parecida, com suas devidas proporções, visto que não estamos tratando de uma obra prima e que A R Torre recheou seus livros de cenas picantes, o que não podia faltar, claro. 

Aliás, a autora quase que tortura o leitor alternando cenas picantes legais com cenas de violência sexual. Nesse sentido, é uma leitura que pode realmente incomodar, o que nesse caso, a torna interessante.

Já estou pensando no último livro lançado da série. 2021 promete!

Nota 9.

domingo, 27 de dezembro de 2020

Demon King (Claimed By Lucifer #1)


 

SPOILER FREE

Vai chegando o final do ano e eu só quero saber de oba oba literário! Foi nessa onda que comprei e li Demon King, da americana Elizabeth Briggs. As piores resenhas que encontrei diziam que o livro era cópia da série de TV Lucifer, o que, sinceramente, me deu mais vontade de ler.

Vou logo avisando que sim, Demon King tem lá as suas coisas em comum com Lucifer, isto é, o personagem principal é mesmo Lucifer, chamado aqui de Lucas Ifer (sim, pode rir), e ele é rico e dono de metade de Las Vegas (e não Los Angeles, onde na série ele tem só uma casa noturna), incluindo o crime organizado. Alguns personagens secundários também são parecidos, mas é só isso.

Na verdade na verdade, Demon King lembra muito mais a história de Hades e Perséfone do que a série de TV, que por sua vez é baseada nos quadrinhos derivados de Sandman. É tanta derivada da derivada da derivada de uma história tão antiga, tanto a bíblica quanto o mito grego, que querer ficar dizendo quem copiou o que de quem é muito sem sentido. O importante é se o resultado final ficou legal.

Uma diferença bastante importante é que esse livro é erótico, logo, tem muitas cenas de sexo, o que você não vai encontrar na série de TV, não com o mesmo propósito. E de forma geral, o livro é muito bom nesse quesito. Além disso, o livro também começa em torno de um caso policial, mas, diferente da série de TV, o mistério policial serve apenas para introduzir um enredo mais complexo de guerra de poder entre as forças demoníacas e os anjos.

O que nos leva para o grande defeito de Demon King, o final em gancho. Eu odeio com todas as forças finais em gancho. Especialmente quando o livro seguinte não foi lançado e eu fico só na vontade de saber o que vai acontecer. E certamente se existe um inferno para autores que escrevem finais em gancho ele não vai ser presidido por alguém tão lindo quanto esse Lucifer aqui. Só pra te avisar, Elizabeth.

Nota 8,5 para o gênero.

Para Sir Phillip, com amor - To Sir Phillip, With Love (Bridgertons #5)

 


SPOILER FREE

Com o lançamento da série Bridgertons no Netflix voltei a me animar em continuar a saga dos irmãos Bridgertons. É uma leitura que tem me levado alguns anos... depois de ler 3 volumes seguidinhos em 2015, só voltei a ler a série da Julia Quinn agora em 2020. Coloco a culpa disso na inconsistência da série.

Depois de um quarto volume acima da média da série, eu estava curiosa com Para Sir Phillip, com amor, até porque o livro anterior dá spoiler dele. Expectativa muitas vezes é o que acaba com uma leitura.

Não que Para Sir Phillip, com amor seja ruim, definitivamente não é. Está bem dentro do padrão da série, tanto no quesito humor quanto no quesito cenas picantes. Mas, a história é baseada numa ação da personagem principal, dessa vez é Eloise Bridgerton, que não faz sentido para ela. Se você relevar o ato de burrice que não combina com ela e que faz todo o enredo possível de acontecer, o livro é extremamente divertido.

Novamente Julia Quinn resolveu trazer à tona outra questão social interessante, se no quarto livro era a idade que se esperava que mulheres deveriam casar, dessa vez o grande tema é depressão e casamentos arranjados. Nesse sentido, acho que é o livro mais pesado da série, com momentos bastante tristes, contrapondo com o ar comédia que a série tem em geral, o que torna esse volume bastante diferente.

Na média o livro é muito bom, e dentro do que se espera da série Bridgertons, mas, eu simplesmente não consigo perdoar a decisão da autora de fazer a Eloise deixar de ser ela mesma pra fazer burrice só para o enredo andar. Até porque, com um pouco mais de trabalho, era possível contar a mesma história de uma forma mais adequada para a personagem, foi preguiça mesmo. Pecado capital em livros seriados.

Nota 7.