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segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

My True Love Gave To Me: Twelve Holiday Stories - O Presente do Meu Grande Amor: Doze Histórias de Natal

SPOILER FREE

Nessa época de fim de ano sempre gosto de ler livros temáticos! Dessa vez escolhi essa coletânea de contos (nem tão curtos assim) natalinos de diversos autores que estão na moda. Entre eles a Gayle Forman, que escreveu Se eu ficar, Jenny Han, autora de Para todos os garotos que já amei e Rainbow Rowel, autora de diversos livros de sucesso, como Eleanor & Park.

Apesar de eu ler esse tipo de coletânea com alguma frequência, tenho consciência de que elas funcionam como uma loteria literária, às vezes a gente se dá bem, às vezes se dá mal. E normalmente o resultado final é uma salada mista com altos e baixos.

Dessa vez, ganhei o grande prêmio. My true love gave to me é uma das coletâneas mais consistentes e de melhor qualidade que já li. Entre os seus doze contos não tem nenhum que eu possa dizer que achei ruim ou que não gostei. Uma raridade incrível.

Mas não posso garantir que todos irão concordar comigo. É preciso apontar que todos os autores dessa coletânea escrevem livros do gênero young adult e nem todos curtem, então, é preciso deixar clara a proposta desse volume.

E todas as histórias estão relacionadas ao Natal de alguma forma, algumas de forma mais literal e clássica, outras de forma tangencial ou até mesmo pagã. Mas todas as histórias são boas e divertidas de ler.

Para quem gosta do tema e do gênero, é um prato cheio que indico muitíssimo.

Nota 10.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Retrospectiva 2018 - parte 2



Sim! Esse ano resolvi fazer a retrospectiva dividida em duas partes.

A primeira parte você encontra aqui e trata bem rapidamente de todos os livros que eu li. O que quer dizer que o post é um tanto longo esse ano.

A segunda parte é a parte divertida para quem gosta de números e estatística! Vamos lá! 

Total de livros lidos: 107
Total de páginas (segundo o Goodreads): 29.320
Média de páginas por livro: 274

Confesso que fiquei muito boba com a quantidade de páginas, mesmo vendo as contas é difícil de acreditar nesse número.

Gêneros:
Poesia: 15
Young Adult: 20
Não ficção: 17
Graphic Novel: 18
Contos: 5

Esse foi um ano marcado por Graphic Novels, poesia e young adult! Posso dizer que eu já sabia o resultado antes de contabilizar? Mesmo assim consegui ler uma quantidade razoável de livros de não ficção. Fiquei satisfeita.

Gêneros - parte 2:
Livros escritos por mulheres: 64
Livros com protagonistas femininas: 42

Confesso que esse ano rolou um esforço da minha parte para dar preferência para autoras mulheres, e estou muito feliz com o resultado.

Origem:
Brasil: 2
Estados Unidos e Inglaterra: 74
África: 4
Oriente Médio: 8
América Latina: 5

Eu juro que eu tento fugir do meio anglófono, mas é muito difícil. Já fiquei feliz por ter lido qualquer coisa brasileira esse ano, considerando que li quase tudo via kindle, e eu preciso dizer que eu esperava um resultado melhor de autores do Oriente Médio. Talvez minha cabeça tenha confundido autores com o assunto, porque realmente li mais do que 8 livros sobre essa região. Melhoria para o próximo ano!

Agora é só parar e organizar as leituras para 2019! Mas isso é um problema para o ano que vem...

quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Retrospectiva 2018


Esse ano de 2018 foi especial para as minhas leituras, primeiro porque li muita coisa legal, segundo porque pela primeira vez na vida cheguei no marco de 100 livros lidos. Confesso que nunca imaginei que chegaria nesse número. No dia que terminei o livro n°100 eu comemorei. Aliás, se você quiser dicas minhas de como chegar lá também, veja aqui!

Agora eu preciso confessar que não tenho a menor ideia se chegarei de novo nesse número. (ano novo é para se começar sem culpas ou sujeira embaixo do tapete, então essa é a hora das confissões)

O final do ano se aproxima e eu não tenho a menor ideia de como serão os meus horários ou minha agenda no próximo ano, por questões totalmente alheias ao meu controle, portanto, não é um bom momento para pensar em metas ousadas para 2019. Quem sabe ao longo do ano eu perceba que é possível chegar de novo nessa quantidade e eu volto a pensar no assunto.

Até lá, vamos para a Retrospectiva 2018! Sente-se num lugar confortável e com uma bebida geladinha (no hemisfério sul, nesse verão de rachar) ou quentinha (no hemisfério norte, que o inverno está prometendo ser pesado esse ano), porque haja retrospectiva para cobrir tanto livro. Tentarei ser sucinta.

O início do ano vai ser rápido de rever, foram duas séries completas de Graphic Novels que aproveitei para ler nas férias e no Carnaval. Comecei o ano com Sandman, numa edição dividida em 10 volumes, o clássico que lançou ao estrelato o maravilhoso Neil Gaiman, e que deu origem aos quadrinhos de Lucifer (que totalizam 5 volumes), um filhote meio bastardo do Mike Carey, que infelizmente não chegou aos pés do brilhantismo de Gaiman.

Mais ou menos na mesma época eu li um livro de poesia da mineira Adélia Prado, que aprendi a apreciar, mais um clássico, Robinson Crusoé, que não consegui entender porque ainda é lido, porque é chato até dizer chegar, e uma série arthuriana de 3 volumes, dessa vez do ponto de vista da Guinevere, que, apesar de ter boas intenções, teve lá os seus problemas de execução.

Terminando esse monte de séries resolvi ler coisas que não tivessem continuação, daí sobre o mundo árabe eu li O Corão (não fiz resenha por motivos éticos), Extraordinary Women, com rápidas biografias de mulheres incríveis do mundo islâmico, Nove Partes do Desejo, um estudo jornalístico sobre as mulheres no mundo muçulmano, Madinah, uma coletânea de contos de autores árabes que me gerou uma lista de autores para pesquisar, e Islã da historiadora Karen Armstrong.

Para dar uma quebrada nesse clima, eu li também Let's Pretend This Never Happened, da mesma autora de Furiously Happy, o que é sempre certeza de diversão, The Golem and The Jinni, que mistura as mitologias judaica e árabe, uma obra belíssima que deve receber uma continuação (desnecessária mas quem sou eu para reclamar) no próximo ano, The life-changing magic of not giving a f*ck, uma paródia maravilhosa do livro da Marie Kondo, Mr. Penumbra's 24-hous Bookstore, um livro muito doido que me surpreendeu e amei, Her Reasons, meu primeiro livro da linha harém reverso, o que descobri que existia esse ano e, bem, não posso reclamar da sua existência, e num tom mais espiritual li Omnipresent, uma coletânea de textos sobre a(s) deusa(s).

Daí precisei de uma limpeza cerebral mais pesada e fui terminar séries, começando com Where she Went, mais uma continuação desnecessária mas fofa, Real Vampires take no prisoners, cuja série simplesmente deixou de me agradar e não pretendo ler mais nada da autora por falta de paciência até alguém me convencer, e o mais erótico Jock Row, porque, bem, eu gosto.

Limpeza mental feita, li os mais técnicos Belly Dance Around The World, uma coleção de artigos na linha das ciências sociais sobre a dança do ventre ao redor do mundo, No God But God, uma breve história do Islã do iraniano Reza Aslan, Muhammad's wives, sobre as diversas esposas oficiais do profeta Maomé e Kings and Presidents, uma análise de um ex-agente da CIA sobre a relação entre os reis sauditas (desde a fundação da atual Arábia Saudita) e os respectivos presidentes norte americanos.

Mais ou menos nessa época terminei vários livros de poesias, entre eles: A arte de pássaros do Neruda, que não parece Neruda, The garden of Heaven do Hafiz, numa tradução meio blé, A criança em ruínas do português José Luís Peixoto, um dos melhores livros de poesia desse ano, Letter to my daughter da maravilhosa Maya Angelou, virei fã e quero mais, e, por fim, Dog Songs da Mary Oliver, que pela fama eu esperava mais.

Entre os livros mais pesados e as poesias, li The Astonishing Color of After, um livro lindo demais e que estou doida pra ser lançado no Brasil, Ten Women da chilena Marcela Serrano, uma grande descoberta para mim de autoras latino-americanas. Num tom mais leve, Getting over Garrett Delaney, um livro muito bom para adolescentes, Celtic Tales, cujo título já explica que são histórias celtas, The Collaborative Habit da bailarina americana Twyla Tharp, que prometia mais do que entregou, A Mystic Guide to cleansing and clearing, que mais pareceu um livro de receitas, para o bem e para o mal, e The hating game, o melhor livro que já li da linha de inimigos a amantes.

Depois de tanta coisa levinha li para compensar um livro do maravilhoso autor egípcio ganhador do Nobel, Naguib Mahfouz, The Harafish, fechando minha meta anual de ler algo dele sempre, Girls of Ryad, um romance escrito por uma saudita que é simplesmente chocante, o clássico do Philip K. Dick que deu origem ao filme Blade Runner, Androides sonham com ovelhas elétricas?

Daí um tive outro surto de limpeza mental e li seguidinho Heartbreakers e Paper Hearts da Ali Novak, Love Machine da Kendall Ryan, The Accidental Harem da JJ Knight, The Player e The Catch da K. Bromberg e Taking the heat da Victoria Dahl. Desses eu só recomendo o Accidental Harem.

Para não perder o ritmo, pois a limpeza mental não tinha sido lá essas coisas, li 3 livros de histórias curtinhas, A lâmina assassina, novelas do universo de Trono de Vidro que serviram para refrescar a memória enquanto eu aguardava o lançamento do último livro da série, The Djinn Falls in Love, uma coletânea de contos sobre gênios (os da lâmpada mesmo) e Broad Strokes, uma coletânea de breves biografias e análises de 15 mulheres artistas plásticas.

Por ocasião do dia dos pais li Morreste-me, mais um livro do português José Luís Peixoto, que caiu super bem para mim. E continuei na saga de terminar séries de livros deixadas pela metade, com os três últimos livros de Please Don't Tell My Parents I'm a Supervillan, que eu adoro de paixão e de fofura, Always and Forever Lara Jean, porque estava na hora antes que eu esquecesse o nome das personagens todas, e no embalo li a série completa de Corte de Espinhos e Rosas (4 livros).

Para contrabalancear, eu li Robert Fisk on Afghanistan, com as matérias do jornalista especialista em Oriente Médio durante a guerra contra o Talibã, A Belly Dance Journal, um livro bastante técnico apesar de simples com sugestões de práticas voltadas para a dança do ventre, e terminei O Tarô Mitológico, que é uma versão das cartas do tarô usando mitologia grega. Terminei também os livros de poesia Poesia Completa de Yu Xuanji, uma das poetisas chinesas mais importantes e Les Fleurs du Mal, do francês Baudelaire, que eu nem sei quanto tempo levei para ler.

Daí entrei numa vibe ler sobre mulheres e devorei Men Explain Things to Me, que achei maravilhoso e bem no ponto, assim como I'm Judging You da nigeriana Luvvie Ajayi. Virei fã dela. No ramo ficção li The girl you left behind, uma história linda de mulheres incríveis, a série já publicada de Monstress (apenas 3 volumes até hoje), terminei a série Themis Files (2 livros e um mini conto), que apesar de não ser escrita por uma mulher tem mulheres fodas. Li a poetisa brasileira Laura Erber com A Retornada, e finalmente o último livro da série Trono de Vidro.

No meio dessa leitura feminina toda, eu li Odd and the Frost Giants do Neil Gaiman, que é uma categoria a parte, publicação da mortalidade, do português Valter Hugo Mãe, e o livro Histoires do francês Jacques Prévert, que eu amo.

Fora isso, continuei firme na linha feminina, com Made you up da Francesca Zappia, Poeta X da Elizabeth Acevedo, A filha perdida da Elena Ferrante, dois livros da Sarah Andersen, Herding Cats e Big Mushy Happy Lump, Dance was her religion, sobre 3 bailarinas do início do século XX que só criaram a dança moderna e mais uma corrida de livros que eu esperava que fossem eróticos mas... deixaram a desejar: A passionate love affair with a total stranger da inglesa Lucy Robinson, Sweetshop of dreams da inglesa Jenny Colgan, Part-time lover da Lauren Blakely e Dear Jane da Kendall Ryan, vencedor do título pior livro do ano. Em compensação teve o delicinha Scoring the wrong twin da Naima Simone.

Fechando o ano, terminei o livro da poetisa argentina Alejandra Pizarnik e dois livros de poetas de Moçambique, Rui Knopfli e Sangare Okapi. O livro super feminista para adolescentes Moxie e um de contos de natal, My True Love Gave to Me. Ufa.

Que 2019 seja recheado de livros maravilhosos para todos! Aliás, já viram o Desafio Literário do Popoca para o próximo ano? Excelentes dicas de livros para ler! Nem todas minhas, mas o que não foi meu eu pretendo usar! Clica aqui!

Moxie: Quando as garotas vão à luta

SPOILER FREE

Um dos livros mais badalados no meio feminista infantojuvenil de 2017 finalmente saiu no Brasil! Moxie: Quando as garotas vão à luta faz jus a sua fama.

Da autora Jennifer Mathieu, que já havia causado com o livro The truth about Alice, também de temática feminista (mais especificamente slutshaming), Moxie é um livro que apresenta o feminismo para adolescentes a partir de 12 anos.

Pela idade mencionada, logo se percebe que o livro não é pesado. A história em si é bem tranquilinha e, dependendo do público, até bobinha mesmo. Mas faz bem o serviço de explicar o básico do feminismo e das principais lutas feministas dos dias de hoje, com direito a problematização de cunho racista e até LGBT.

Mas tudo bem light, voltado até para pré-adolescentes, apesar da história contar com personagens um pouco mais velhas. Para pais, mães e tios de plantão, isso quer dizer que não tem cenas de sexo, nem peitinho, nem violência explícita e nem uso de palavrão. Se bobear, o que as crianças hoje veem ao vivo na escola, no noticiário da hora do almoço, novelas e às vezes até em casa é muito pior do que esse livro. Acredite em mim.

A história se passa numa cidadezinha do interior do Texas, daquelas bem retrógradas, onde tudo na cidade gira em torno do time de futebol americano da escola. Em outras palavras, em torno dos alunos homens e fortões que podem fazer o que bem entendem. Vivian é uma adolescente que está de saco cheio de aturar essa situação, e se inspirando no passado rebelde de sua mãe resolve escrever a zine Moxie.

É de morrer de fofura! O livro inclui as zines... com direito a colagens e escritos a mão. Dá vontade de pegar as personagens todas, botar no bolso e levar para casa. O que é possível de fazer com a versão em e-book, diga-se de passagem.

Esse é o livro que todas as meninas da minha família vão ganhar ano que vem, sem a menor dúvida. Super recomendado.

Nota 9.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Mesmos barcos ou poemas de revisitação do corpo



SPOILER FREE

Esse livro foi um dos que comprei na última primavera dos livros no Palácio do Catete do Rio de Janeiro. Uma daquelas ocasiões que eu jurei que iria me segurar mas acabei precisando de ajuda pra levar todos os livros pra casa.

Mas esse livro pequeno do poeta de Moçambique é uma das razões por eu frequentar esses eventos, comprar, e não me arrepender. Sangare Okapi foi um achado. 

Diferentemente do seu conterrâneo Rui Knopfli, Okapi é Moçambique dos pés à cabeça. Metade das poesias tem notas de rodapé para explicar alguns termos. E ele é terreno, sua poesia é palpável e erótica. Mesmo quando ele viaja, é nas águas, nos sons, nas peles e na comida.

O único defeito de Mesmos barcos é que é muito curto. Dá uma coceira danada de continuar lendo, ou começar de novo do início. Esse ano li muito mais literatura africana do que costumo ler, e autores como Sangare fazem valer a pena a busca por esses livros raros pelo Brasil.

Nota 10.

domingo, 23 de dezembro de 2018

Poetas De Moçambique. Rui Knopfli Antologia Poética



SPOILER FREE

Comprei esse livro numa bienal, não lembro exatamente qual, mas às vezes você encontra coisas interessantes naqueles estandes que juntam um monte de editoras menores, como as editoras universitárias, que tem coragem de publicar o que as grandes editoras nacionais não tem.

Demorei um pouquinho para tirar ele da estante, mas, acho que minha taxa de leitura de poesias tem melhorado muito com o meu hábito de ler de manhã. Esse livro em particular durou um pouco mais do que eu imaginava, mas isso não é algo negativo.

A poesia do moçambicano Rui Knopfli é muito rica, e mais europeia e ocidentalizada do que eu estava esperando, mas isso não a diminui. Pelo contrário, a poesia fica bem mais complexa, porque ele não substitui as questões africanas pelas dos colonizadores, ele só acrescenta. Nesse quesito, fui surpreendida, confesso que eu esperava algo mais puramente africano. Shame on me.

Independentemente disso, o livro vale a pena a leitura, e por ser uma antologia poética, traz trabalhos desde 1959 até 1997, o que torna o livro uma grande apanhado de toda a obra do autor. Como Rui Knopfli não é exatamente conhecido no Brasil, esse livro se torna uma das raras ocasiões que podemos ter contato com o seu trabalho, e que trabalho!

As poesias são realmente muito interessantes, e o meu exemplar ficou todo marcadinho de poemas que gostei especialmente de ler (eu marco meus livros de poesia sempre, e a quantidade de marcadores vira uma espécie de nota para o livro). Para quem curte poesia ou literatura africana é um prato cheio. Super recomendo.

Nota 9.


Dear Jane



SPOILER FREE (+/-)

Para fechar o Smuthathon desse ano, resolvi pegar um livro que dizia que era sobre um casal de namorados de escola que se separaram quando entram para a faculdade e se reencontram depois de dez anos.

Achei a ideia interessante para um livro erótico, reencontros e tal, e a capa, gente, olha essa capa. Eu também já tinha lido dessa autora Love Machine, que foi divertidinho, então, por que não ler mais um?

Veja bem, não é que eu esperasse um livro maravilhoso, é literatura erótica, não é para ser uma coisa estupenda. Mas, porque precisa ter um mas?, Dear Jane é simplesmente muito muito muito muito muito muito ruim.

Explico: o interesse romântico da história é um babaca grosso daqueles que dá ódio no coração. É muito triste ler um livro de casalzinho romântico e torcer para o outro cara, que nem tem direito a cena de sexo nem beijinho.

Pelo "herói romântico" ser tão filho da puta (desculpem o termo, mas é difícil achar algo à altura da babaquice desse personagem), todas as cenas de sexo dão mais nervoso, nojinho e ódio do que alegria. E o pior, o puto não se redime, ao longo do livro ele só se confirma como o grande babaca que ele é.

A a heroína? Gente, não consigo entender o que se passa na cabeça dessa mulher. Se ela fica com esse cara só porque ele é muito gostoso, sério, ela trabalha para um time de futebol americano, não deve ser por falta de homem gostoso à disposição! Porque precisa ser o mais babaca de todos? Só porque ele faz uma apresentação brega de power point na frente do time para dizer que a ama? (apesar de não agir de acordo?) Só porque ele foi namorado dela em tempos de escola? 

Vamos ser realistas, casal de tempo de escola é a exceção da exceção dos relacionamentos que dão certo. Alguém me explique esse fetiche, que eu não consigo entender.

Pontos positivos? Eu poderia tentar dizer que pelo menos o livro foi bem editado, mas nem isso dá pra fazer. Tem alguns problemas de continuidade que atrapalham esse quesito. Pelo menos eu não lembro de erros de ortografia. Taí, ponto positivo.

Nota 2.

Part-Time Lover

 
 
SPOILER FREE

Continuando a Smuthaton, peguei outro livro que já estava baixado no meu kindle por razões de preguiça de final de ano motivada por muitas outras coisas pra fazer.

Esse foi meu primeiro livro da Lauren Blakely, e eu estou classificando o bichinho na categoria slow burn, porque, afinal, é a história de uma mulher que vê um cara nu fazendo acrobacias num canal na Dinamarca enquanto está de férias e um ano depois encontra o cara por acaso em Paris. Ela não quer nada sério com o peladão, e ele também não está em busca de nada sério, mas circunstâncias mudam e voilá. Surge um plot fofo, apesar de previsível.

Qual foi minha questão com o livro? O sexo é legal, a história e as situações são divertidas. Mas, rola um excesso de drama e de açúcar que só com muita insulina ou muito álcool. Do meio para o final do livro o tom divertido vira apenas melado. Eu prefiro mil vezes o tom divertido, por mais insano que tenha parecido em alguns momentos.

Para coroar a lista de problemas, a vilã da história acabou sendo mal desenvolvida, havia uma brecha para tornar as coisas mais interessantes e ela foi solenemente ignorada, e as últimas 10 páginas do livro eram absolutamente desnecessárias, apesar delas serem óbvias desde a metade dele.

Apesar dos problemas, a leitura foi divertida enquanto durou e eu ri de rolar no início do livro, o que vale a nota.

Nota 7.

sábado, 15 de dezembro de 2018

Herding Cats - A Louca dos Gatos

SPOILER FREE

Como eu mencionei na minha última resenha da Sarah Andersen, eu li os dois últimos lançamentos dela fora de ordem, e posso dizer em primeira mão que vale mais a pena seguir a ordem de lançamento.

A explicação para isso está na cara do livro, literalmente. A louca dos gatos fala muito da paixão que Sarah tem pelas estrelas da internet, mas isso, até o segundo livro, não era exatamente verdade. Como isso mudou está no livro Uma bolota molenga e feliz, e é um dos pontos altos desse volume.

Como nas outras resenhas que fiz dos livros da Sarah, preciso confessar meu amor pelo seu trabalho. Acho impressionante quando artistas como ela conseguem manter por tanto tempo o frescor e o nível de qualidade do seu trabalho, é preciso tirar o chapéu. Definitivamente isso não é fácil de ser feito.

Torço para que ela continue nos brindando com suas tirinhas maravilhosas por muitos livros ainda.

Nota 10.

Árvore de Diana

SPOILER FREE

Mais um livro de uma poetisa argentina! Estou chegando a conclusão que dentro da literatura argentina o que é certo de ser bom de ler são as poetisas.

Alejandra Pizarnik me parece famosa no meio acadêmico, mas não se encontra praticamente nada dela nas livrarias ou sebos em português. Até que a editora Relicário resolveu publicar duas obras dela em edições bilíngues belíssimas. A Árvore de Diana é a que eu comprei na última primavera dos livros. Devia ter sido menos econômica e ter comprado os dois.

A edição está muito bem cuidada, com lindos prefácio e posfácio. O tradutor fez um texto muito interessante sobre o trabalho da tradução dos dois volumes da Relicário, e ele vale a leitura.

E tem o texto da Alejandra. A argentina é uma poetisa econômica, seus poemas são muito curtos, lembrando de certa forma os japoneses haikus nesse sentido, mas eles são densos. É como ver uma belíssima ilustração feita com meia dúzia de traços, onde parte da beleza está justamente na economia e na escolha dos melhores ângulos. As poesias da Pizarnik também são assim, parece que ela ficou horas escolhendo as melhores palavras para colocar ali.

Essa característica também torna a leitura do livro muito rápida, o que deixa um gostinho de quero mais terrível no final. Por isso o meu arrependimento de não ter comprado o outro livro. Agora fiquei na vontade de continuar lendo a argentina.

Nota 9.

Scoring with the Wrong Twin by Naima Simone

 
 
SPOILER FREE

E comecei a Smuthathon! A princípio tem uns temas para seguir, mas eu confesso que ando sem paciência para ficar catando na minha biblioteca os livros que se encaixem perfeitamente, então estou indo apenas na onda dos livros com muito romance e sexo.

Scoring with the wrong twin da afro americana Naima Simone por acaso pode se encaixar no tema amor proibido. Quando você lê a história nem se encaixa tanto assim, mas o que vale é a intenção, não é mesmo? Afinal, você tem uma história com duas irmãs gêmeas em que uma substitui a outra e acaba arranjando um ficante no processo e não conta para ele que ela na verdade não é a irmã (não conto isso como spoiler porque está no blurb do livro). Amor e sexo numa espécie de triângulo amoroso com irmãs gêmeas! Claro que conta como amor proibido.

A prosa, o romance e as cenas calientes de Naima Simone são uma delícia de ler, e fazem você esquecer as escorregadas que ela dá de vez em quando com alguns personagens masculinos com algumas atitudes machistas. Claro que o fato de outras personagens apontarem para o fato de que o que foi dito ou feito foi machista ajuda. Acrescente uma protagonista morena, que trabalha com programação e com uma história legal de superação e você tem uma excelente receita para um bom livro.

Um dos melhores livros eróticos que li esse ano. Divertido do início ao fim. Li num único dia, de tanto que gostei.

Dentro do gênero, nota 9.

Sweetshop of Dreams (A Novel with Recipes)


SPOILER FREE

Vai chegando o final do ano e o estresse acumulado pede leituras mais leves, por isso escolhi esse livro da inglesa Jenny Colgan para começar a entrar no clima para do desafio Smuthathon, para o qual uma amiga, que também adora um livro erótico, me convidou.

Primeiro que o livro não tem tantas receitas quanto ele promete no título. Eu esperava uma coisa no estilo Como Água para Chocolate, com uma receita por capítulo ou algo parecido. Não, o que o livro oferece são descrições e críticas de doces antigos típicos, com umas 2 ou 3 receitas muito básicas do meio para o final do livro. Ah, e a história se passa basicamente dentro e em torno de uma loja de doces.

Segundo, é um romance água com açúcar (se o título já não entregasse isso, né?), então, confesso que eu esperava pelo menos alguma cena mais caliente. Não tem nenhuma. Tem uma cena de sexo, mas ela termina tão mal, mas tão mal, que tira toda a graça da coisa.

Terceiro, tudo bem que é um romance água com açúcar, logo eu não esperava personagens complexos, mas daí a ter apenas clichês dos anos 80 é complicado. Se o livro fosse dos anos 80 estava explicado e desculpado, mas ele foi publicado em 2012. Não existe desculpa para isso e para todo o sexismo que escorre do livro por todos os lados.

Levando isso tudo em consideração, é inexplicável que o livro tenha ganho o prêmio
Romantic Novel of the Year (RoNa's) de 2013. Para você ver que não dá para julgar um livro pelos seus prêmios...

Nota 5.

domingo, 9 de dezembro de 2018

Big Mushy Happy Lump - Uma Bolota Molenga e Feliz



SPOILER FREE

Preciso começar essa resenha confessando algo: eu li os livros da Sarah Andersen fora de ordem. Essa semana, na verdade, li o terceiro livro dela, e quando percebi que tinha feito isso (depois de termina-lo, claro), resolvi pegar o segundo volume, esse aqui, e ler às pressas, para poder fazer pelo menos as resenhas na ordem certa.

Mas por que isso é importante? Então, o trabalho da Sarah Andersen é meio que auto biográfico. Isso significa que você entende melhor algumas coisas se seguir a ordem dos acontecimentos, e sim, ler Uma Bolota Molenga e Feliz antes do livro seguinte, A Louca dos Gatos, faz toda a diferença. Acredite em mim, que já li os dois.

Quem já leu minha resenha do primeiro livro da Sarah, sabe que eu adoro o trabalho dela, e que a sigo no Facebook e por isso sou uma pessoa mais feliz (nada como uma boa gargalhada para te deixar mais feliz). Posso dizer como fã que esse segundo volume de coletânea de quadrinhos dela é tão bom quanto o primeiro. Se você gosta da Sarah esse livro é diversão garantida. Pode comprar de olhos fechados e ler de olhos bem abertos, se você conseguir rir com eles abertos.

E aproveita e deixa o terceiro e último volume publicado em mãos, para a diversão durar mais.

Mal posso esperar pelo próximo livro da Sarah.

Nota 10!

sábado, 8 de dezembro de 2018

A Passionate Love Affair with a Total Stranger



SPOILER FREE

Está chegando o final do ano e com ele aquele estresse para fechar as metas do ano em todos os campos, inclusive os livros. Daí a melhor coisa a fazer é ler coisas leves. Primeiro porque chega de estresse, segundo porque coisas leves terminam mais rápido e facilitam atingir a meta de leitura.

Como quem lê minhas resenhas já percebeu, adoro ler um livro estilo chicklit quando preciso espairecer. E agora em dezembro tem uma maratona internacional de romances chamada #smutathon, que claro, eu pretendo seguir, então resolvi fazer um esquenta.

A Passionate Love Affair with a Total Stranger não foi lançado no Brasil, e provavelmente não vai ser tão cedo, visto que não é nenhum Best Seller. Mas é divertido toda vida de ler. Charley Lambert é diretora de comunicação de uma mega empresa farmacêutica e uma workaholic, até que ela sofre um acidente e precisa ficar parada em casa por semanas antes do próximo mega lançamento da sua empresa. Como boa workaholic ela inventa o que fazer e cria um pequeno negócio de ghost writer para mulheres com dificuldade de paquerar pela internet.

A história é boba, muito boba, e em tanto datada. Não é tão viável em dias de Tinder você oferecer esse tipo de serviço, fora que a razão desse tipo de aplicativo hoje em dia não é exatamente o mesmo do início dos sites de encontros românticos. Mas isso não importa, porque o livro é engraçado.

Não tem todas as cenas picantes que eu esperava, infelizmente, mas ele compensa no humor. Tem umas questões que surgem de vez em quando de machismos estruturais meio escondidos, mas nada que grite na sua cara e faça você ter raiva do livro, o que é mais do que pode ser dito da maioria dos livros desse estilo hoje em dia, então ponto positivo.

Lucy Robinson não é uma autora genial, e A Passionate Love Affair with a Total Stranger não é uma obra prima, mas a leitura é leve, divertida e rápida. Serve exatamente ao seu propósito, então, se você está procurando algo leve e divertido de ler essa é uma excelente opção.

Dentro do estilo, nota 9.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Dance was her Religion

 
 
SPOILER FREE

Como uma apaixonada por dança que é também uma leitora compulsiva, volta e meia eu pego um livro bem teórico sobre o assunto. Dessa vez, uma análise sobre o aspecto místico e religioso das bailarinas que iniciaram o que hoje chamamos de dança moderna Isadora Duncan, Ruth St. Denis e Martha Graham.

Como os seguidores fieis do blog devem lembrar, não é a primeira vez que li sobre essas bailarinas em especial. Aqui você vai encontrar a autobiografia da Isadora, aqui uma Graphic Novel sobre sua vida, aqui uma coletânea de textos e poesias da St Denis e aqui um romance histórico sobre a vida da Martha Graham.

Isso é só para mostrar que não sou uma leiga completa no assunto e poder reclamar do livro Dance was her religion com alguma autoridade. Se você não está acostumado com livros acadêmicos ou não sabe nada sobre essas três bailarinas, Dance was her religion é uma leitura interessante e muito válida. Agora, se você espera algum tipo de tratado ou novidade sobre o assunto, melhor não perder o seu tempo.

As análises da Janet Lynn Roseman contidas no livro são bastante rasas, e estão mais no campo do achismo, apesar das fontes serem bastante diversificadas, interessantes e por vezes até difíceis de acessar, o que torna o texto cheio de excelentes citações de outras obras. Em termos de informações novas ou inéditas, também não adianta procurar aqui. A parte interessante nesse sentido é que a autora acertadamente critica outras obras sobre as três bailarinas que possuem informações equivocadas, e isso pode te poupar a leitura de outros livros que certamente não vão levar a nada.

Outro ponto positivo é a coletânea de imagens, a maioria pouco comuns em obras sobre essas três bailarinas, o que torna o livro bonito. E nesse sentido, dê preferência para a versão impressa dele, o livro digital não é bem diagramado e não tem todas as imagens do livro físico. Fala a pessoa que tem os dois, claro.

Só para esclarecer que eu não sou completamente doida: estou numa campanha de substituir meus livros físicos por versões digitais, para tentar liberar espaço nas minhas estantes de casa e diminuir o acúmulo de poeira. A ideia é linda, mas a realização tem deixado um pouco a desejar, infelizmente. Esse caso ilustra bem um problema, em algumas ocasiões o livro físico vale mais a pena do que o digital e aí eu não consigo me livrar do papel.

No geral, a leitura é agradável e fácil de ler. Dance was her religion é bem organizado e o texto flui, mesmo com a enorme quantidade de citações e notas de rodapé (que na maioria das vezes indica as fontes, o que adoro, nada melhor que um livro cheio de fontes). Mas é sintomático que eu tenha tido muito mais vontade de sublinhar as citações do que o texto em si da Janet Lynn Roseman.

No fundo, o problema é que é um livro mais voltado para leigos no assunto. Então, pessoalmente, eu não aproveitei tudo o que eu esperava.

Nota 7.

domingo, 2 de dezembro de 2018

A Filha Perdida

SPOILER FREE

Depois de ler a genial Série Napolitana da italiana Elena Ferrante, fiquei de olho nos demais livros da autora que ninguém sabe quem é. Sim, Elena Ferrante é um pseudônimo, e a autora, espertamente, raramente concede entrevistas e há anos se especula sua verdadeira identidade. Quem diria que isso ainda era possível nos dias de hoje?

A Filha Perdida foi publicado quase 6 anos antes do primeiro livro da Série Napolitana, e antes do sucesso da autora não era badalado. Peguei para ler simplesmente porque me apaixonei pelo trabalho da Elena Ferrante depois de ler A Amiga Genial.

A primeira coisa que reparei é que apesar de não ser o mesmo livro, parece ser o mesmo livro. A sensação de ler A Filha Perdida foi muito estranha, no sentido que parecia que eu estava relendo a Série Napolitana, só que de uma forma meio chata e sem graça. Claro que a história não é a mesma, as personagens são todas diferentes, mas ao mesmo tempo parecia ser a mesma coisa.

Não sei se é uma questão de estilo, algo como Saramago, em que você bate o olho e sabe que o texto é dele. Pode ser que seja, mas me pareceu algo mais na linha a autora só escreve na perspectiva de mulheres que gostam de remoer seus próprios sentimentos ad infinitum. Só que ao invés de ser interessante e instigante como no caso da história de Elena e Lila, aqui só me pareceu um tanto chato e exagerado.

Não é um livro ruim, veja bem, ele só tem outro peso e andamento que a Série Napolitana. A Filha Perdida é bem mais soturno, taciturno e melancólico, com uma tendência a exagerar nos floreios e autoanálises da personagem narradora, uma mulher de quarenta e poucos, divorciada e cujas filhas já saíram de casa. A história é basicamente as férias que ela decide passar na praia.

Para mim faltou o brilho e o frescor da história de Elena e Lila. Foi como rever um filme só que fora de foco e com cores desbotadas. Talvez seja uma questão de amadurecimento da autora, afinal, ela lançou esse livro antes do seu grande e premiado sucesso. É muito triste escrever uma resenha dessas para Elena Ferrante, mas eu sou sincera.

Nota 7.