Pesquisar este blog

terça-feira, 30 de abril de 2013

Conto de Inverno


SPOILER FREE

Finalizando o mês de abril do Desafio Literário, mais uma peça de Shakespeare com título de estação do ano! "Conto de Inverno" é uma peça que eu confesso que nem sabia que existia, e diferentemente de "Sonho de uma noite de verão", não é uma comédia.

Com um enredo aos moldes de uma tragédia grega (com direito a personagens de nomes gregos também), a história trata de um Rei, Leontes, que cego de ciúme, acaba por acusar a sua Rainha Hermione de traição com outro Rei, Polixenes, seu amigo de infância. No meio do caminho só acontece um monte de tragédias, até que um oráculo prevê que tudo poderá ser resolvido quando o Rei reencontrar sua filha perdida.

Confesso que os primeiros dois atos são tão pesados, e dá tanta raiva do tal Rei que eu achava que o final certamente seria trágico. O que não se provou verdadeiro, me deixando com o espírito mais leve para o feriado de amanhã.

De qualquer forma, eu confesso que esperava mais da história e dos personagens, que são extremamente simples e previsíveis. E a parte inicial da história com toda a ciumeira histérica o Rei Leontes me deixou extremamente irritada, afinal, fica claro que o Rei sofre de histeria, e que quem paga o pato na brincadeira é a pobre Rainha, que sendo mulher, não pode ser defender na sociedade da época.

A partir daí confusões, pseudo-traições e muitas coincidências garantem uma história interessante com um final feliz. Extremamente clássico, mas nada demais.

Nota 8.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Wisdom Comes Dancing





Quem acompanha o blog sabe que de vez em quando eu leio uns livros bem diferentes, e esse aqui é outro dessa safra! Nesse livro foram selecionados diversos textos, poemas e fotos da bailarina Ruth St. Denis, dando uma visão panorâmica sobre a sua filosofia com relação à dança e à espiritualidade.

A primeira parte do livro contem diversos textos de Ruth St. Denis sobre a Dança Divina, que parecem ensaios para um livro que ela planejava escrever sobre a dança, mas que nunca foi terminado ou publicado (o que realmente é uma pena). A segunda parte do livro está recheada de palestras que a bailarina deu, especialmente em 1936, na Society of Spiritual Arts em Nova Iorque. A terceira parte contem apenas poemas da bailarina, com os desenhos originais feitos por Ruth Harwood para ilustra-los (muitos poemas de Ruth St. Denis foram publicados na época). A quarta parte do livro contem alguns outros escritos da bailarina sobre o que significa dançar, ser bailarina, a dança como algo sagrado e os seus anseios de construir um templo onde a forma de louvar fosse a dança.

Ruth St. Denis era realmente uma mulher fantástica, nível Isadora Duncan de revolucionária no mundo da dança e na sua vida particular (levando em consideração a forma como as mulheres viviam na época, claro), e suas ideias lembram muito o trabalho teórico da sua contemporânea Isadora Duncan. A diferença entre elas está em como Ruth estudou muito mais o Oriente do que Isadora, e como ela misturava diversas religiões na sua forma de ver o divino e de se relacionar com ele, com ou sem a dança. Confesso que essa mistureba me deixou muito inquieta, mas o problema pode ser especificamente meu.

Outra diferença entre o trabalho de Ruth e Isadora tem a ver com a forma de se relacionar com o feminino, pois para Ruth todo ser humano tem dentro de si as duas forças, tanto a masculina quanto a feminina, e o equilíbrio divino estaria no meio do caminho entre as duas, isto é, no andrógino. Isso é especialmente marcante em algumas de suas fotos. (o livro tem uma sessão linda delas)

Agora, tanto para Ruth quanto para Isadora, o corpo, e por consequência a dança, é um canal de conexão com Deus, e por isso ele deve ser trabalhado de forma a ressaltar as suas qualidades nobres, para que o corpo possa servir de forma cada vez melhor como instrumento de oração, e também para melhor manifestar as qualidades divinas.

Algumas passagens que eu não resisto de colocar aqui:

"To dance is to relate one's self to the whole of the Universe. By placing one's body in the direct power of rhythm it becomes molded and developed in strength and beauty."

"Good posture and movement are natural and beautiful. In this culture of a future race we should learn to walk like gods instead of shuffling and stumbling like mortals."

"We should be like artists. Musicians regard their violin or piano with pride and care as the one thing necessary for their self-expression. Our bodies, likewise, should become the objects or our greatest concern. As musicians, onve having tuned their instrument to the correct pitch, promptly forget it in the joy of its use and the beauty it reveals, likewise our bodies, having been trained and harmonized, will be forgotten in the joy of our use. At present we neither value our bodies nor know how to use them to get the maximum of joy and health that is possible."

E para finalizar, o poema mais lindo de todos do livro (na minha humilde opinião):

Prayer for Artists

O, Divine Father and Mother,
Makers of heaven and earth,
Supreme artists of creation,
I, thy humble instrument
Kneel here at Thy feet.
I listen for Thy inward word
And I wait to behold Thy inward vision.

Cleanse Thou me
From all sin and self-righteousness
From all illusion of prided vanity and fear.
Make me sensitive to Thy sounds,
To Thy vision, and to Thy rhythms.

Let me express beauty,
The wonders of Thy universe 
And the immortal glories of my own soul
Which Thou hast given me.

Allow me to enter into that temple
Not made with hands
Wherein I may express the beauty of love
And the majesty of truth.

In humble and surrended gratitude
For life, for love and for wisdom
I offer again and yet again
To Thee, my heart, my body and my mind.

November 1936

Nota 10, né?

domingo, 28 de abril de 2013

O Mundo Falava Árabe


SPOILER FREE

Estou numa fase muito interessante nas minhas leituras, descobrindo diversos livros diferentes... esse livro em particular eu comprei na minha primeira visita a nova Livraria Cultura no centro do Rio de Janeiro porque não consegui resistir. Primeiro porque é um livro escrito em português sobre um tema que ninguém escreve em português, segundo porque trata de uma fase muito interessante do mundo árabe, o início da decadência do grande império muçulmano que dominou o mediterrâneo (mais especificamente o sul da Espanha), que foi seguido de outro grande império muçulmano: o Otomano.

A origem da obra de Beatriz Bissio, como se pode perceber pelo tema, é na verdade uma tese de doutorado sobre como os árabes se relacionavam com o espaço e o seu significado para eles nessa época. Para tal, a autora lança mão dos seus estudos sobre duas grandes importantes figuras dos séculos XIII e XIV do mundo árabe: o historiador e embaixador Ibn Khaldun (alguns dizem que foi um dos criadores dos fundamentos da história moderna, e também de alguns fundamentos da sociologia moderna), e o viajante, praticamente de profissão, Ibn Battuta, que conseguiu viajar por uma distância 3 vezes maior do que Marco Polo, sem sair do domínio islâmico! E claro, escreveu um grande "diário" com as suas peripécias, que  duraram uns 30 anos. (o diário está entre aspas porque 1- foi escrito de uma vez e não ao longo da sua vida, e 2- porque na verdade ele ditou as suas experiências para um poeta (!!!!) colocar no papel para ele)

O livro é dividido em 7 capítulos que tratam de partes específicas do tema. Os três primeiros são mais genéricos e abordam a história em geral da época para situar o leitor, enquanto os quatro últimos tratam mais especificamente da obra dos dois autores estudados e analisa mais esmiuçadamente a questão do muçulmano (ela vai além do árabe, pois os muçulmanos se vêem como uma só nação nessa época, sem distinção de origem) com a organização do espaço, com a civilização e a sua própria história até então.

A leitura, apesar de densa em alguns momentos, é bem mais leve do que eu supunha, e o tema é definitivamente fascinante. Podemos aprender muito no livro da Beatriz Bissio sobre como os árabes se vêem e se relacionam com o mundo e com os outros, e claro, aprendemos coisas interessantíssimas como a quantidade bizarra de palavras em árabe que podem ser usadas para descrever o deserto. Além de aprender que os grandes responsáveis pelo fato das grandes obras escritas clássicas gregas só chegaram na Europa, e nos dias de hoje, por conta dos árabes! Também aprendemos que sem a influência árabe e o seu grande centro de estudos e de cultura e filosofia em Córdoba, a Europa não teria acesso às obras e pensamentos que deram origem ao Renascimento. E relembramos que essa influência foi muito maior do que paramos para imaginar, pois afinal, eles dominaram por 7 séculos essa região!

E tudo isso com um monte de mapinhas explicativos!

Para quem curte o tema e uma leitura um pouco mais densa mas agradável, fica a dica!

Nota 9.


segunda-feira, 22 de abril de 2013

A Midsummer Night's Dream - Sonho de Uma Noite de Verão


SPOILER FREE

Por conta do Desafio Literário resolvi ler minha primeira peça de Shakespeare, afinal eu não tinha mais nenhum livro em casa com título que contivesse uma estação do ano, e "Sonho de uma noite de verão", apesar de não ser a peça mais conhecida, ainda assim é um clássico. Eu cheguei a comentar que eu tenho um grande tijolo em casa com a obra completa do dramaturgo inglês, mas, confesso que a preguiça foi maior (e uma tendinite chata no punho tornou proibitivo) e eu fui buscar uma alternativa mais leve.

Nessa busca, acabei por procurar na internet, claro, afinal, Shakespeare já pode ser encontrado em qualquer site de domínio público, mas foi num site voltado para o estudo de Shakespeare que resolvi o meu problema. O site não é bonito, nem muito organizado, mas é funcional e tem tudo ou quase tudo do escritor. Com direito a explicações e questões típicas do "vestibular" americano. Para quem curte o assunto, acho que vale a pena uma visita, é só clicar aqui.

Mas voltando ao assunto principal, confesso agora a minha falta de cultura, pois eu nada sabia sobre a peça, apenas que era uma comédia que foge aos padrões mais comuns shakespearianos e que, talvez por isso mesmo, é tida como de menos brilho. Como nunca realmente li nada dele, não tenho como julgar com muita propriedade, mas confesso que "A Midsummer Night's Dream" não me arrebatou.

A história é leve e fofinha, bem no estilo da época, com direito às confusões clássicas causadas por triângulos amorosos (ou quadrados, nesse caso) e também pela "magia", especialmente a que se apresenta na peça, baseada na mitologia grega do poder do cupido. Tem algumas frases de efeito, como era de se esperar também, mas nenhuma citação famosa vem dessa peça. E confesso que achei um pouco dramático demais também, o que não deixa de ser compreensível, afinal o texto foi escrito para ser uma peça, não um livro.

No final das contas, um dos problemas é que eu esperava mais. Expectativa pode ser um grande problema. De qualquer forma, serviu para preencher uma lacuna cultural, e me divertir num dia morto entre um final de semana e um feriado.

Nota 8.


segunda-feira, 15 de abril de 2013

Bordados


SPOILER FREE

Depois de ter a-m-a-d-o o livro Persépolis, da iraniana Marjane Satrapi, saí correndo atrás de tudo o mais que ela tivesse escrito, e esse é a primeira Graphic Novel dela que resolvi ler esse ano! (teremos outras futuramente)

E preciso dizer que Marjane me surpreendeu novamente! Bordados não só mostra como as mulheres iranianas tratam de forma muito aberta alguns assuntos que por aqui as moças ainda têm vergonha de conversar com as amigas, como mostra que nós conhecemos muito pouco sobre a cultura desse país.


As pequenas histórias contadas por Marjane, sua mãe, sua avó e amigas não só são muito divertidas e surpreendentes em sua franqueza, como na verdade são comuns a mulheres no mundo inteiro. E não só isso, aparentemente lá no Irã as mulheres possuem um espaço entre elas para discutir esses assuntos íntimos, de forma a colocar para fora os seus problemas (quase uma terapia), mas também para simplesmente fazer fofoca. E isso tudo é visto de forma positiva, como uma forma de estreitar os laços entre elas e "aliviar o coração". Confesso que fiquei com invejinha.


Numa sessão feminina, que aqui no Brasil poderíamos chamar de tricô, lá se chama "bordados", só que no Irã essa sessão realmente é "proibida" para os homens, sendo um momento exclusivamente feminino e onde diversas gerações têm a oportunidade de trocar experiências!

Leitura obrigatória para quem curte assuntos femininos, do Oriente Médio, ou simplesmente queira rir a plenos pulmões.

Nota 9

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Vampire Diaries - Dark Reunion


SPOILER FREE

Confesso que já nem sei se vale a pena continuar escrevendo as resenhas dessa série. Porque nada muda entre um livro e outro, a qualidade é constantemente ruim, tenho a sensação de que as resenhas acabam sendo sempre iguais.

Mas enfim, li o quarto livro da série, o tal livro que foi escrito depois do final da história. E lembra que eu tinha sensação de que a autora iria usar uma ideia ruim para tentar continuar a história? Pois é, onde tem fumaça tem fogo, de onde menos se espera é que nada vem mesmo. Ou vem, o que nesse caso é pior. Claro que as ideias para a continuação não eram boas, mas não só não são boas, como também não possuem nenhum tipo de fundamento no mundo que ela criou. Saca aquele deus ex maquina que dói no coração? Acontece tantas vezes que no grand finale você já está até anestesiado.

Pois é, é  de doer mesmo. Talvez seja por isso que o livro é classificado como de terror. Só que terror misturado com amor adolescente meloso no nível "Twilight" (ou pior) não é uma mistura que possa dar certo quando o autor ainda por cima não é bom. Sério, como algum autor com o mínimo de respeito por histórias de terror faz uma personagem ficar pensando em quão gato alguém é quando ela está para morrer? Ou qualquer situação de grande perigo também (porque isso se repete diversas vezes ao longo na história, não é um lapso momentâneo). Sério? Haja falta de foco!

Nota 1, porque apesar de boazinha minha paciência tem limites.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

O Jardim e a Primavera - A História dos Quatro Dervixes


SPOILER FREE

Seguindo o Desafio Literário, que nesse mês contempla as estações do ano, tirei da prateleira mais um livro sufi! O Jardim e a Primavera é uma grande colcha de retalhos de histórias tipicamente orientais, compiladas por Amina Shah, uma das filhas de um grande mestre sufi, e que passou a infância e a vida cercada de histórias maravilhosas, sendo ela mesma uma contadora de histórias de mão cheia. Também reza a lenda que essas histórias desse livro em particular foram responsáveis pela cura de um mestre sufi, e por conta disso ele as abençoou, de forma que todos aqueles que as lêem terão a sua saúde restituída.

O livro ainda tem duas introduções, uma de Doris Lessing, falando sobre a história de vida de Amina e da história contada no livro (porque no Oriente as histórias também têm história), e outra de uma professora brasileira de literatura cujo nome me escapa, mas que faz uma análise muito legal sobre a importância das histórias e da tradição oral na cultura tanto oriental, quanto ocidental, apontando também as diferenças de pontos de vista de grandes estudiosos do tema, incluindo Tolkien!

As histórias do livro se sucedem de uma forma muito interessante, tudo começa quando um rei resolve fazer uma espécie de retiro espiritual, durante o qual ele encontra quatro dervixes, e conforme cada um vai contando a sua história, outras histórias vão surgindo, numa sucessão de personagens e narradores, como se cada história contivesse muitas outras dentro de si. E todas as histórias são recheadas de reis, príncipes, jóias e tesouros magníficos, mulheres de rara beleza, djins e fadas, tudo na melhor tradição oriental e sufi.

É o tipo de livro que você começa e ler e quando repara está com um sorriso no rosto. Absolutamente delicioso e imperdível.

Nota 10.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Vampire Diaries - The Fury


SPOILER FREE

Pois é... cheguei ao final da trilogia original de Diários do Vampiro, e confesso que ainda não entendi a razão do seu sucesso. O livro mantem o baixo padrão dos anteriores, com a única vantagem do final ser de verdade, sem deixar margens para continuações, a história acaba MESMO. Tanto que ainda não sei como a autora fez para criar uma continuação depois disso sem cair nos clichês mais óbvios ou em alguma história ruim. Pensando bem, tenho certeza de que ela se utilizou de um desses recursos, ou dos dois, vamos ver (ainda estou no início do livro seguinte).

Acho que preciso repensar a minha vida literária depois de Vampire Diaries, estou começando a me julgar masoquista demais, mesmo para os meus padrões.

Nota 2.

terça-feira, 9 de abril de 2013

Vampire Diaries - The Struggle


SPOILER FREE

Pois é... às vezes eu também me pergunto porque faço essas coisas comigo mesma... pois estou lendo a série toda de Diários do Vampiro, numa tentativa por enquanto vã de entender o fenômeno. O segundo livro consegue ser ainda pior do que o primeiro, e isso sim é assustador.

Se muita coisa já não fazia sentido no primeiro livro, no segundo só piora, e a escolha para o final da personagem principal é imperdoável. Confesso que cada vez mais gosto da série e menos dos livros...

E não há nada mais a dizer, infelizmente, de tão superficial que é a história.

Nota 2 porque eu sou boazinha.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Vampire Diaries - The Awakening


SPOILER FREE

Lançado em português como Diários do Vampiro: O Despertar, resolvi ler o livro por causa da série de mesmo título, e qual não foi a minha surpresa quando descobri que a série de TV é muito melhor!

Num caso extremamente raro, o livro é muito ruim, pois consegue pegar as piores características da série adolescente e multiplicar quase ao infinito. Isso é tão verdade que todas as adaptações e modificações feitas para a TV são melhores, tanto na descrição e características das personagens, como nas escolhas para o enredo. Em outras palavras, se tem algo de assustador nessa história de vampiros, sem dúvida é a autora! Alguns trechos do livro chegam a ser vergonhosos... eu cheguei a rir de nervoso!

Confesso que ainda não consegui entender porque a trilogia (sim, é uma trilogia) fez tanto sucesso ao ponto de 1) ganhar um quarto livro; 2) ganhar uma mega continuação que já chegou ao quinto volume mais de 10 anos depois; 3) virar série de TV. Mas uma coisa faz sentido para mim nessa saga: a autora foi despedida pela sua própria editora da sua série de livros, e, se eu não me engano, o último livro já foi escrito por outras pessoas. Espero que pelos roteiristas da série, diga-se de passagem.

Nota 2.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Le voyage d'hiver


SPOILER FREE

E finalmente chegamos ao tema do Desafio Literário de abril: livros com títulos de estações do ano! E com isso, tirei da estante uma das minhas autoras favoritas: Amélie Nothomb! Essa belga com graves problemas psicológicos (é a única explicação plausível a meu ver) faz basicamente dois tipos de livros: os autobiográficos e os insanos. O que não impede os autobiográficos de serem insanos também, diga-se de passagem.

"Le Voyage d'Hiver" ("Viagem de Inverno" em tradução livre) cai na segunda categoria, e trata de um relato em primeira pessoa de um homem amargurado por conta de um amor não tão correspondido como ele gostaria e que por causa disso resolve fazer uma espécie de ataque terrorista em Paris. Como eu avisei, insano. Infelizmente não poderei falar mais nada sobre o enredo, pois corro o risco de dar spoilers, afinal o livro é curtinho e os detalhes são tudo nessa história.

Mas a graça dos livros de Amélie Nothomb não é exatamente a história, pois elas são sempre loucas e sem pé nem cabeça, o lance da escritora é como ela tece as suas bizarrices. O seu senso de humor único, e chegado ao negro e ácido, é extremamente cativante, e quando você menos espera você já embarcou na viagem maluca dela e não só acredita piamente no que ela está contando como está se divertindo horrores com isso.

Se isso não for escrever bem, eu não sei mais o que é.

Nota 10, para variar.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

As Ondas


SPOILER FREE

Sempre imaginei que ler Virginia Woolf fosse ser uma vivência no mínimo interessante, dado tudo o que se fala da autora, mas confesso que não gostei da experiência. Lutei durante mais de uma semana com o livro que simplesmente não queria acabar nunca, com o agravante de me deixar morrendo de sono, ao ponto de dormir em pé no metrô. A partir da metade do livro desenvolvi uma forma de ler que pelo menos não me deixava "batendo cabeça": ler por alto, bem por alto. Essa forma de leitura sem prestar atenção ainda teve mais uma vantagem: deixou a leitura bem mais rápida, o que diminuiu o meu sofrimento.

Tudo isso porque "As Ondas" é um livro sem história, sem diálogos e praticamente sem descrições. A história é "contada" através de impressões de 6 personagens absolutamente distintos, mas que são amigos de infância, e que, portanto, dividem uma vida em comum. Sendo que desses personagens, são 3 homens e 3 mulheres: uma mulher eternamente deprimida, outra libertina, e a outra extremamente conservadora e amante da vida simples do campo, um homem australiano com complexo de eterno estrangeiro, um homossexual (pelo menos é assim que eu o vejo) e um outro que se acha escritor.

O livro vai desde a infância desses personagens, até a velhice, quando, inclusive, alguns já morreram. E tudo é contado através do que cada um está sentindo naquele momento, sem nem uma troca de palavras ou descrição mais objetiva do que se passa. É um monte de personagem remoendo sobre a vida e o que eles detestam nela. E só. Tudo bem que no meio dessa lenga-lenga toda tem pequenas descrições sobre ondas batendo na praia, o mato e bichinhos característicos. O que, sinceramente, não acho que ajude muito.

Você poderia até tentar classificar o livro como poético, afinal, tudo isso é feito com palavras muito bonitas, e, por vezes, delicadas. Mas de uma forma geral, poético ou não, o texto é só muito chato.

Nota 3. Não sei se terei coragem de ler outra obra da autora depois dessa...