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terça-feira, 31 de dezembro de 2019

The Legend of Holly Claus



SPOILER FREE

Nem sempre é fácil de se encontrar livros novos para ler com o tema natalino, afinal, existem os clássicos que já li e os diversos livros açucarados que não pretendo ler. Para fechar o Desafio Literário Popoca, consegui desencavar The Legend of Holly Claus, ainda sem tradução para o português.

Confesso que fiquei surpresa com o tamanho do livro, que só percebi durante a leitura por motivos de Kindle. O livro de Brittney Ryan tem quase 500 páginas! Mas é um dos mais infantis que li esse ano. O que me parece bastante contraproducente, afinal, não é um livro de contos para crianças, e sim uma única história bem longa.

The Legend of Holly Claus é fofo, como não podia deixar de ser a história da filha do Papai Noel, que sim, se chama Holly Claus no livro. Todos os detalhes da história são feitos para ter aquela cara de conto de Natal onde os mocinhos são bondosos, lindos, perfeitos, generosos e inteligentes e os vilões são feios e maus até o último fio de cabelo.

É uma boa história para crianças até 8 anos, com o problema dela durar quase 500 páginas. Umas 10 páginas têm ilustrações bonitas e cheias de detalhes e brilhos, mas ainda sobram muitas páginas.

Se a história em si fosse bastante variada e cheia de pequenos contos interessantes no meio, talvez funcionasse bem, mas não é o caso. Foi uma leitura muito difícil pra mim, confesso. Precisei tomar doses cavalares de insulina para lidar com o excesso de açúcar, com o agravante do livro parecer não terminar nunca.

Brittney Ryan não publicou mais nada, apenas algumas versões diferentes dessa história. Pelo o que pesquisei, o sonho da vida dela era publicar esse livro, e ela vive de rodar os EUA falando de Holly Claus e se vestindo de princesa natalina. É um trabalho digno, claro, mas essa fixação da autora transparece muito no texto.

Não recomendo a não ser que o leitor tenha uma grande paixão por tudo que seja natalino, que saiba os nomes de todas as renas do Papai Noel e seja familiarizado com as lendas. Para crianças, vai depender muito do fôlego para histórias compridas e do amor pelo Natal também.

Nota 6.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

Landline - Ligações



SPOILER FREE


Dezembro é sempre um mês complicado, com um excesso de coisas para fazer e prazos meio loucos. Nesse sentido, Landline, Ligações em português, é um livro natalino (a história se passa nos dias antes do Natal e parte do drama é por causa da festividade) com um clima bastante realista.

Rainbow Rowell é uma autora americana bastante conhecida por alguns livros young adult, Eleanor & Park e Fangirl são bons exemplos de seus bestsellers desse tipo, que a levaram a ser convidada para a nova série de quadrinhos Runaways da Marvel, e também por livros LGBT, Carry On e Wayward Son, o que faz sentido com o nome da autora. Mas ela também escreve romances como Ligações (Landline) e Anexos (Attachments), voltados para o público adulto.

Ligações traz a história de Georgie McCool, e antes que você se pergunte, sim, rola piadas com o nome, que tem tido problemas matrimoniais com Neal, seu marido e pai das suas duas filhas. O drama se desenrola porque os dois haviam combinado de passar o Natal com a família de Neal em Omaha, mas Georgie acabou de receber uma proposta de trabalho dessas que só acontecem uma vez na vida, e seu melhor amigo Seth a convence a não ir na viagem.

Para justificar o nome do livro, durante a semana antes do Natal, Georgie resolve ficar na casa da sua mãe, onde ela descobre que seu antigo telefone fixo é capaz de telefonar para o telefone fixo de Neal da época que eles ainda não eram casados.

Durante boa parte do livro eu me senti muito dividida. Por um lado, a leitura é deliciosa e muito divertida. Por outro, o relacionamento de Georgie, Neal e Seth não é lá exatamente saudável. Pelo menos a questão insalubre deles não é mostrada como algo romântico, ponto para Rainbow. Mas mesmo assim me senti culpada por gostar da leitura.

Ligações não é perfeito, claro, mas, dentro dos livros de tema de Natal é um dos mais realistas (em termos de pessoas, não do telefone mágico) que já li. Não é para todos os leitores, porque rola uma dose um tanto exagerada de drama, apesar de não ser adolescente. Pelo menos o drama faz sentido, afinal, estamos falando de um casal com problemas que não quer largar o osso.

Considerando os pontos positivos e negativos do livro, considerei uma boa leitura, e como primeiro volume que leio da autora, me deixou com vontade de conhecer mais do seu trabalho, que parece ser bastante eclético!

Nota 9 com uma dose de culpa.


domingo, 8 de dezembro de 2019

Imaginaires



SPOILER FREE

Estou fechando bem o ano em termos de poesia, pois adoro o trabalho do francês Jacques Prévert. Sua obra é bastante variada, com muitos temas diferentes, e além das poesias ele também tem uma grande quantidade de colagens.

Imaginaires é um livro mais voltado para suas obras visuais do que suas poesias, mas muitos trabalhos na verdade são conjuntos, o texto e a imagem se apoiam, trazendo uma versatilidade muito interessante.

Apesar do volume ser curtinho, o conteúdo é bastante vasto. Tem seus altos e baixos, claro, mas de forma geral apreciei bastante. Confesso que não é meu livro favorito do francês, mas isso não quer dizer que não seja bom. Vale a leitura, especialmente para quem curte coisas fora do padrão.

Nota 8.

A Year With Rumi by Rumi



SPOILER FREE

O poeta persa Rumi é um dos marcos da literatura mundial, tendo influenciado gerações de escritores, não apenas poetas. Quem acompanha o blog sabe que eu curto o autor também.

Esse foi meu primeiro livro do Rumi com tradução para o inglês e no formato Kindle. E posso dizer que curti a experiência. De forma geral, a tradução ficou bem interessante, e a seleção feita pelo Coleman Barks foi bem feita, tem muita coisa muito boa.

Por ser uma seleção para durar um ano inteiro, ela é um tanto longa, mas eu não fiz o proposto, que era ler um por dia, dependendo do dia, claro que li mais de uma poesia. Mesmo assim, o livro durou alguns meses na minha mão, até porque poesia não é para ser lida aos montes de uma vez.

O livro também tem uma introdução e um posfácio bem interessantes, que também valem a leitura.

De forma geral, eu sempre indico a leitura de Rumi, exceto quando a tradução é realmente ruim, infelizmente esses casos existem. Mas, não é esse o caso, pode pegar esse volume e se fartar sem medo!

Nota 10.

domingo, 1 de dezembro de 2019

Didn't Stay in Vegas



SPOILER FREE

Quem frequenta o blog sabe que eu curto uma literatura erótica para dar aquela desconectada na realidade. Afinal, estamos num período muito complicado, e às vezes tudo o que precisamos é nos distrair.

Ultimamente tenho pensado em dar uma variada dentro do estilo. Andei lendo uns reverse harens, por exemplo. Mas, mesmo esses são bem hétero normativos, então resolvi experimentar literatura erótica lésbica. Comprei alguns livros, e comecei por Didn't Stay in Vegas.

A autora, Chelsea M. Cameron, traz a história de duas melhores amigas, que acordam depois de uma noitada em Vegas casadas uma com a outra. E a partir daí se desenrola um drama muito muito muito chato.

Meu problema com Didn't Stay in Vegas é que a premissa não combina com o desenrolar do enredo. As duas melhores amigas são lésbicas, mas o seu relacionamento e a forma como a história anda não parece em nada com isso. Parece muito mais a história de uma hétero que se descobre lésbica ou bi. Simplesmente não faz sentido. As cenas de sexo então mais parecem adolescentes fazendo pela primeira vez e não duas mulheres experientes que pensam em fazer uma segunda faculdade.

Não sei se a autora é lésbica, mas se fosse para adivinhar eu diria que não é. 

E o final? Gente, que coisa terrível de mal escrita. Parece que a autora não sabia mais para onde levar a história, perdeu a paciência e resolveu escrever qualquer coisa às pressas.

Não recomendo.

Nota 4.

Calor



SPOILER FREE

Viviane Mosé é uma celebridade da internet, com diversos discursos maravilhosos sobre educação e belíssimas declamações de suas poesias. Foi por causa dos seus vídeos declamando que comecei a comprar seus livros.

Calor é o segundo livro da autora que pego para ler. Infelizmente, eu poderia fazer aqui exatamente a mesma resenha do outro livro, Desato. Calor tem boas poesias, mas entre os bons poemas tem muita coisa sem graça. Talvez seja algo do momento, não tenho conseguido me conectar com os seus textos. 

Até porque, de forma geral, o trabalho de Viviane é interessante, e ela definitivamente escreve bem. Não é a toa que ela tem tantos livros publicados.

Mas não foi dessa vez que acertei.

Nota 7,5.

How to Kiss an Undead Bride: The Epilogues (The Beginner's Guide to Necromancy #7)



SPOILER FREE

Depois de ler o sexto livro da série The Beginner's Guide to Necromancy eu tinha certeza que ela tinha acabado. Ledo engano. Poucas semanas depois descobri que a autora Hailey Edwards lançou mais uma continuação, How to Kiss an Undead Bride: The Epilogues. Agora, se esse não for mesmo o último livro eu vou ficar ainda mais chateada.

A questão é que a série podia ter terminado no sexto livro, esse aqui cheira a pura forma de ganhar dinheiro com fãs da série. 

O que surpreende é que, na verdade, esse sétimo volume é bom. Talvez porque a série em si realmente acabou, e Hailey não se sente obrigada a seguir a fórmula dos livros anteriores,  How to Kiss an Undead Bride: The Epilogues é melhor que os precedentes. A história sai dos moldes, finalmente Linus ganha voz, apesar dela não ser nenhuma maravilha, e finalmente outras personagens ganham mais destaque, tornando o enredo bem mais interessante.

Esse livro até me deu vontade de ler os spin offs, mas não vou ler, já me avisaram que não vale a pena e tenho outros livros na fila, que só aumenta, claro.

De qualquer forma, é um fechamento digno para a série, e como a autora mostrou melhorias, espero ler outras séries dela no futuro. De preferência uma que não tenha nada a ver com essa.

Nota 7,5.

sábado, 30 de novembro de 2019

Brown Girl Dreaming



SPOILER FREE

Ainda aproveitando os últimos momentos do mês da consciência negra, resolvi ler um livro super premiado. Brown girl dreaming, lançado em 2014 nos EUA, ganhou o National Book Award for Young People's Literature, o Coretta Scott King Book Award e o NAACP Image Award. A autora, Jacqueline Woodson, se inspirou na sua própria infância para escrever um livro que é uma espécie de autobiografia em verso (com direito a fotos no final, fofíssimo!).

O interessante é que Jacqueline cresceu no sul dos EUA durante os anos 60, em pleno movimento dos direitos civis dos negros no país. Então, o livro é recheado de pérolas relacionadas a esse assunto, com os diferentes pontos de vista das personagens em termos de como participar do movimento (ninguém questiona a sua necessidade, claro).

Não tem como não se apaixonar pela pequena Jacqueline, com suas inseguranças, problemas na família, questões religiosas e sua visão do que acontece a sua volta. Em termos de história e personagens o livro é uma delícia. Vale muito a leitura, apesar dele ainda não ter sido traduzido para o português.

Em compensação, não achei a escrita em si tão maravilhosa assim. Não é ruim, é boa, mas eu esperava mais pela quantidade de prêmios, confesso. Talvez outras autoras estejam me deixando mal acostumada também. De qualquer forma, Brown girl dreaming vale entrar na lista de livros para ler.

Nota 9.

O alegre canto da perdiz



SPOILER FREE

Aproveitando o finalzinho do mês da consciência negra, peguei para ler a autora Paulina Chiziane. O alegre canto da perdiz foi escrito originalmente em português, apesar da língua materna de Paulina ser outra. Mas, como muitos moçambicanos ela aprendeu português numa missão católica.

Só a história da autora já dava um livro: primeira mulher a publicar um romance em Moçambique, militante política que resolveu sair do partido por conta do seu posicionamento contra a poligamia e por sua luta pela independência econômica das mulheres. Paulina Chiziane ainda por cima escreve bem. Foi um dos livros que li esse ano que mais marquei passagens que me tocaram por sua beleza e sinceridade. Fiquei extremamente triste quando descobri que ela parou de escrever por causa das dificuldades impostas a sua carreira.

O alegre canto da perdiz traz diversas histórias entrelaçadas, com três gerações que lutam por melhorias em suas vidas e lutam entre si pela forma de se chegar lá. O livro ainda tem diversas passagens mitológicas, que dialogam com a história, que é centrada em Maria das Dores, uma mulher em condição de rua na Zambézia.

O alegre canto da perdiz não é uma história feliz. Mas Paulina a escreve com tanta maestria que é de uma beleza incrível, e extremamente africana. Amei o livro com tanta força que mesmo tendo detestado o final, não posso dizer que não gostei da obra como um todo. Mas o final, por que Paulina? Para que? Não entendi o propósito, confesso. Mas a culpa provavelmente é minha.

Nota 9.

domingo, 3 de novembro de 2019

Becos da memória



SPOILER FREE

Conceição Evaristo é uma escritora e poetisa mineira que deveria estar num pedestal na literatura brasileira há mais de 30 anos. Porém, como ela é negra, nascida e criada numa favela, ex-empregada doméstica, sua história no mercado editorial é um retrato do racismo no Brasil.

Becos da Memória, por exemplo, foi finalizado em 1986, e é um dos livros mais maravilhosos que já li na literatura nacional. Mas, ele só foi publicado pela primeira vez em 2006. E não há a menor razão para isso, visto a grandeza e a força do texto de Conceição Evaristo.

O livro conta a história de diversos personagens que vivem numa favela que vai ser removida, e as histórias são contadas do ponto de vista de Maria Nova, uma menina que é a única da favela a chegar no 2º grau, apesar de atrasada. Maria Nova gosta de ouvir histórias, então ela conversa com vários vizinhos e amigos para ouvir suas memórias, quanto mais triste a história, mais ela gosta. Então Becos é exatamente o que promete, uma colcha de retalhos de diversas pequenas histórias-memórias, que lembram mais becos do que ruas, pois, como os removidos na favela, as personagens não têm muito para onde ir.

Becos é um retrato da pobreza na cidade grande, uma cidade típica brasileira, com a favela colada no bairro rico. E Maria Nova, com suas aulas na escola, começa a perceber a relação entre as histórias reais da favela e as histórias da escravidão da aula de História. E Becos também é um livro de memórias, pois é baseado, sim, na infância da autora. Como a própria Conceição escreve no prefácio: 
Tenho dito que Becos da memória é uma criação que pode ser lida como ficções da memória. E, como a memória esquece, surge a necessidade da invenção.
As personagens de Becos são imemoriais, são personagens maiores que suas histórias, são ícones da da pobreza brasileira, e Conceição Evaristo faz com elas uma obra de enorme poder e beleza literária. É uma afronta um texto tão maravilhoso ter demorado tanto para ser publicado, quem perde não é a autora, são os leitores. Ainda bem que o erro foi corrigido e já temos até edição comemorativa de 10 anos. 

Agora é correr para ler ainda mais obras da autora.

Nota 10.

Up From the Grave (Night Huntress #7)




SPOILER FREE

Sei que uma série definitivamente não me agradou quando fico aliviada ao ler o último livro. Infelizmente Night Huntress caiu nessa categoria, o que me deixou muito triste, a personagem Cat merecia muito mais do que Jeaniene Frost ofereceu a ela.

Depois de seis volumes e mais uma novela que me forçaram a fazer exercícios oculares (haja revirar os olhos), eu não tinha muitas esperanças para o último volume, apenas resignação e vontade de acabar logo com a tortura. Up from the grave foi bem dentro do esperado.

Com um enredo forçado, mesmo tratando-se de vampiros, ghouls e demônios, pelo menos a série realmente acabou. Claro que para isso foi preciso aturar mais abusos psicológicos do Bones descritos como romance e amor, um grande show de possessividade dos personagens masculinos e uma personagem nova que não deveria existir e que, de quebra, extraiu reações ainda mais novelescas estilo novela das 6h.

Fico possessa quando vejo uma série young adult repetir várias e várias vezes que porque é família você tem que aturar qualquer coisa, e que por causa de amor você pode perdoar qualquer coisa. Desculpem, estamos no final de 2019, as coisas não precisam ser assim, e nem devem. 

Se os livros fossem do século passado, eu entendia, mas o último volume de Night Huntress foi publicado em 2014. E já está datado. Uma tristeza. Talvez seja por isso que esse último volume ainda nem foi publicado em português...

Nota 4.

Nota para a série: 4.

domingo, 27 de outubro de 2019

The Rules of Magic - As regras do amor e da magia



SPOILER FREE

Depois de me deliciar com o original Practical Magic, aproveitando para rever o filme do final dos anos 90, eu não podia deixar de ler o novo livro de Alice Hoffman que se passa no mesmo universo.

The Rules of Magic, lançado em português no início de 2019 com o título As regras do amor e da magia, conta a história das melhores tias da literatura e do cinema, Jet e Franny, que, quem diria, além de terem um irmão, Vincent, que é uma raridade na família Owen, também têm uma tia que mora na mesma casa especial do livro original, Isabelle.


Não sei o quanto o filme influenciou a autora na hora de definir o enredo de Rules of Magic, mas certamente esse livro tem muitos detalhes que parecem saídos do filme e que não estavam na obra original. Não sei nem se isso é possível, porque desconheço o contrato para o filme, mas talvez a espera de 20 anos para lançar a história que se passa antes tenha permitido isso.

Apesar do livro ser interessante, e bem mais carregado na magia que o original, dois fatores me deixaram insatisfeita com o resultado. O primeiro é que a quantidade de detalhes que parecem ter saído do filme mais parecem justificar a película do que colaborar com o novo enredo. O segundo é que na verdade o livro não traz grandes novidades com relação ao primeiro. Parece a mesma história com um novo formato.

Não que The Rules of Magic seja uma leitura ruim, é até muito agradável, e ver a quantidade de magias e outros ramos da família e toda a questão dos anos 60 e 70 dá um fôlego para a saga da família Owen. O problema é que eu esperava mais. Não ajuda o fato que o livro é um tanto quanto arrastado.

Mas Jet, Franny e Vincent são personagens muito cativantes e carregam a história no muque, apesar das escolhas da autora.

Nota 9.

Twisted Marriage (Filthy Vows #2)



SPOILER FREE

Depois de ler o primeiro livro da duologia Filthy Vows, eu achava que Alessandra Torre sabia escrever erótica de qualidade, mas, depois de ler o segundo acho que ela é uma das melhores autoras do gênero.

Para quem gostou do primeiro volume, o segundo é ainda melhor. Easton e Elle continuam nas suas explorações sexuais, e para somar (piadinha infame proposital), eles ainda precisam lidar com questões emocionais de seus melhores amigos. Porque Alessandra Torre consegue escrever histórias eróticas realmente interessantes e mais complexas que a média.

Depois de terminar de ler o livro, descobri que esse volume ainda tem a aparição de alguns personagens de outra série queridinha do público da autora. E eu gostei tanto que agora estou atrás desses livros, preciso ler mais sobre eles também. Claro que eles são de outra série erótica, e se essa série tiver a mesma qualidade de Filthy Vows ficarei ainda mais feliz.

Recomendadíssimo para quem gosta do gênero.

Nota 10!


Filthy Vows (Filthy Vows #1)



SPOILER FREE

Alessandra Torre é uma autora americana que eu descobri por conta do livro The Ghostwriter, que eu amei com todo o meu coração. Fiquei ainda mais impressionada porque ela é mais conhecida por seus livros de literatura erótica, e por isso resolvi ler mais dela dentro do seu gênero mais famoso.

Filthy vows é o primeiro livro de uma duologia, que sim, é erótica, mas, é um dos livros do gênero mais interessantes que já li. Não só Alessandra Torre sabe escrever, inclusive cenas de sexo, mas ela também sabe escrever personagens complexos e instigantes. Para o gênero, vamos colocar as coisas em contexto.

Pessoalmente gostei não só da história, mas também dos personagens. Só senti falta de mais pontos de vista do Easton, apesar de curtir muito a Elle. A primeira parte, que conta como eles se conheceram é simplesmente uma delícia e de se escangalhar de rir.

Apesar de ter lido algumas resenhas que reclamam do enredo andar devagar, confesso que isso foi uma das coisas que gostei mais, porque dá tempo de entender melhor o que se passa na cabeça das personagens e deixa o clímax ainda mais climático. Mal posso esperar para ler o livro seguinte!

Nota 10!

One-Star Review



SPOILER FREE

Eis um livro que resolvi comprar e ler porque a sinopse era interessante demais. 

Ainda sem tradução em português, One-Star Review traz a história de uma autora que escreve sob um pseudônimo e ganha rios de dinheiro com seus livros best-sellers. O problema é que nem sempre foi assim, e ela guarda um grande rancor de quem escreve resenhas ruins de forma gratuita.

O autor americano R. E. Sargent criou uma interessante atmosfera de suspense com sua escritora assassina, e o livro é muito gostoso de ler, apesar de um tanto quanto curto. Mas eu preciso dizer que gostei particularmente do final.

Lana Brooks é tão instigante que confesso que fiquei torcendo para ela se safar de todos os assassinatos, e eu poderia ter lido muito mais sobre ela do que o autor escreveu nesse volume. É um ótimo sinal quando o livro acaba e ficamos com gostinho de quero mais.

Não tenho a menor ideia se o autor é tão bom nos seus outros livros quanto ele conseguiu ser feliz nesse aqui, mas depois dessa amostra eu certamente pretendo testar outros dos seus trabalhos.

Nota 9.

O livro das perguntas



SPOILER FREE

Estou começando a achar que não estou sabendo escolher os livros do Pablo Neruda para ler. Talvez porque ele tem estado meio fora de moda, não tem sido fácil encontrar muitos volumes dele a venda, ainda mais em edições bilíngues. Por isso comprei esse aqui, foi dos poucos que achei.

Mas o livro das perguntas não me conquistou. Ele consiste em diversas poesias que são tão iguais que são numeradas do início ao fim e são 100% compostas de perguntas. Não sei porque eu esperava algo diferente com esse título, mas enfim.

O problema do livro não é nem que ele é composto dessa forma. O problema é que eu não curti as poesias mesmo. Achei que são desconjuntadas e extremamente repetitivas. E olha que eu não leio poesias em grande volume, mas mesmo lendo 3 ou 4 por vez fiquei com essa sensação.

Não condiz com a fama do poeta chileno.

Nota 5.


Home for the Holidays: A Night Huntress Novella (Night Huntress #6.5)



SPOILER FREE

E estamos chegando no final da saga de Night Huntress! Esse conto/novela se passa entre os volumes 6 e 7 da série, e originalmente foi publicado junto com outros contos de diversos autores num volume natalino de histórias de vampiros. Sim, isso existe.

Dessa vez, Cat precisa se unir com aliados inesperados porque uma ameaça em comum surgiu e está controlando diversos vampiros. E claro, ela fica reclamando porque Bones não está agindo como o controlador de costume... como odeio esse personagem.

Desde que eles começaram esse relacionamento esquisito que a autora cisma em pintar de romântico, eu fico torcendo para Cat arranjar outro bofe.

E nessa novela não acontece nada de diferente nesse quesito. Uma pena.

Mas o novo inimigo é interessante, e a ação é divertida, o que contrabalanceia um bocado as partes ruins. A interação entre Cat, Ian e o demônio é bem montada, o que torna a leitura bem mais agradável. Nada como tirar Bones das cenas principais para melhorar a história.

Infelizmente essa novela não foi lançada em português.

Nota 7.


Cinderella and the Geek (British Bad Boys #1)



SPOILER FREE

Quem tem acompanhado o blog esse ano já percebeu que eu tenho favorecido leituras mais leves e descomprometidas que o meu normal. Cinderella and the Geek é mais um dessa leva.

A autora inglesa Christina Phillips traz uma história fofa, de uma jovem que trabalha numa empresa de jogos (pense na Blizzard) e é apaixonada pelo seu chefe. E é basicamente isso com tema de Cinderela porque tem uma noite que lembra o baile.

O enredo é bastante simples e não compromete. As personagens são fofas. Tem momentos muito engraçados.

Porém, o livro não tem nenhuma tensão. É daqueles livros que você chega ao fim e fica pensando, ué, cadê o clímax? Não tem mesmo. Toda a tensão da história é baseada no fato que o casal principal não fala um com o outro. Eles fazem decisões nas suas cabeças e não dizem pro outro. E é isso.

E como esse tipo de enredo me irrita: nota 7.

domingo, 20 de outubro de 2019

Practical Magic - Da Magia à Sedução



SPOILER FREE

Há razoavelmente pouco tempo, descobri que o clássico dos anos 90 com a Sandra Bullock e Nicole Kidman, Da magia à sedução, era baseado num livro! Descobri porque a autora, Alice Hoffman, quase 20 anos depois, resolveu lançar uma continuação que na verdade se passa antes da história original.

Apesar da continuação acontecer antes, resolvi ler os livros na ordem da publicação, até para poder comparar a obra ao filme, claro! Ótima desculpa para rever o clássico!

O livro Practical Magic, que manteve os nomes nos filmes tanto em inglês quanto em português, é uma coisa muito fofa. O livro inclusive tem muito mais cara de realismo fantástico do que de fantasia, com alguns momentos onde essa linha é realmente ultrapassada, de forma que podemos de fato dizer que é uma história sobre bruxas.

No livro, as personagens da Sandra Bullock e da Nicole Kidman possuem as mesmas características que você encontra no filme, porém, elas não são tão bruxas assim, e as razões pelas quais ambas acabam fugindo da casa das tias, que são as melhores personagens, claro, também são bem mais profundas e um tanto quanto diferentes do cinema. 

O livro não é sobre magia, é sobre descobrir o que se quer na vida, se aceitar e aceitar que se merece ser feliz. É sobre não negar o passado, e sim tirar forças dele para ir para o futuro que se quer. As relações entre as mulheres Owen no livro são o grande forte do enredo. Que os amantes tenham papeis importantes é uma coisa, mas a história não gira em torno deles, e sim em torno de como as mulheres, tanto irmãs, quanto mãe e filhas e demais familiares se relacionam.

O livro é lindo demais. Vale a pena a leitura, especialmente se você não lembra todos os detalhes do filme, porque a história é bem diferente.

Por mais que as personagens tenham características bem semelhantes, o filme inventa toda uma preocupação em torno de uma maldição que não existe no livro, por exemplo. E o filme faz a maior sacanagem de todas: tira a continuação da história da personagem da Nicole Kidman, o que me parece ser um castigo por ela ser uma personagem tão livre sexualmente. O filme perde muito ao fazer essa escolha.

As filhas da personagem da Sandra Bullock também são mais velhas no livro, o que torna toda a dinâmica bem mais interessante, pois você pode comparar as diferenças tanto de comportamento entre as gerações, como também em como a mãe e a tia se relacionam com as adolescentes em comparação em como era quando as duas eram mais jovens com as tias. 

Dessa forma, em diversos níveis, o livro é muito mais profundo, interessante e bonito que o filme. E olha que o filme envelheceu bem! A escolha do final do filme é particularmente interessante, mostrando uma irmandade feminina bem mais ampla que no livro. Apesar desse não ser o objetivo no livro, ele não é sobre isso.

Enfim, sem desmerecer o filme, o livro é melhor!

Nota 10.

One Grave at a Time (Night Huntress #6) - Uma Sepultura por vez



SPOILER FREE

E chegamos no sexto volume da série Night Huntress! Minhas esperanças de recuperação da série estão definitivamente mortas. Respirem fundo...

Seguindo o esquema que se tornou óbvio nos livros anteriores, Uma Sepultura por vez tem como monstro da semana Heinrich Kramer. O famoso inquisitor, que é um dos coautores do famigerado Martelo das Bruxas, o livro mais misógino da história. Para dar uma variada, Heinrich não aparece como morto-vivo, e sim como uma assombração que uma vez por ano, no Halloween, claro, consegue matar três mulheres da forma mais clássica estilo caças às bruxas: queimando-as vivas.

Quando mencionei nas resenhas anteriores que um dos problemas da série é que as personagens são poderosas demais, agora podemos somar a isso o fato de que os poderes não são lá muito consistentes. No caso de Cat, a autora até dá uma desculpa interessante para isso, mas para os outros parece meio estranho.

No caso específico desse volume ainda tem o problema que o livro não se decide em quem é o antagonista da vez, o inquisitor fantasma (que também tem poderes exagerados) ou o novo chefe da divisão especial do governo americano onde Cat trabalhou. O enredo fica bem bagunçado com essas duas linhas narrativas, e as escolhas de Cat nesse quesito são bem aleatórias.

Aliás, de forma geral, todos se comportam de forma esquisita nesse volume. Vários personagens agem fora das suas personalidades, algumas discussões são simplesmente bizarras e sem sentido. O pouco de humor que sobrevive nesse livro vem dos personagens novos. Os demais estão bem sem graça.

Fora a hipocrisia da coisa: toda a questão de Cat com Heinrich é que ele é misógino, mas ela é casada com um cara possessivo e controlador, além de se submeter a ele. É bizarro! Simplesmente não faz sentido. Novamente me parece que a autora quer justificar que a relação entre Cat e Bones é legal simplesmente dando exemplos piores de comportamento. Não é assim que a coisa funciona Jeaniene.

Enfim, fiquei muito irritada lendo esse livro. Tanto que decidi dar um intervalo entre ele e a novela e o último volume da série. Preciso desintoxicar.

Nota 4.


This Side of the Grave (Night Huntress #5) - Deste Lado da Sepultura



SPOILER FREE

Depois de um bom início e uma descida ladeira abaixo, Jeaniene Frost consegue tirar a série Night Huntress do buraco.

Dessa vez, Cat precisa enfrentar o ghoul Apollyon, que nada mais é que uma versão fascista dos mortos vivos. Sério, ele excita uma rixa racial entre vampiros e ghouls, claro que dizendo que ghouls são superiores, e quer ver Cat morta porque ela é diferente demais. Ele ainda por cima quer ser o grande chefe de todos os ghouls. Para isso ele faz lavagem cerebral em seus seguidores que passam a matar discriminadamente vampiros. Hitler ficaria orgulhoso.

Apesar de parecer simples, pelo menos esse enredo é envolvente, e aqui o relacionamento entre Cat e Bones é um pouco menos ruim. Mas a melhor parte é simplesmente os personagens secundários. Vlad dá um show a parte, assim como Marie Laveau. Sim, a rainha vodu de Nova Orleans, essa personagem linda e maravilhosa que já havia aparecido numa das poucas cenas incríveis no livro anterior.

Se por um lado alguns dos personagens secundários são uma das razões para a série ter saído do buraco, por outro lado, outros jogam contra. Mas a culpa é da autora, claro. Jeaniene Frost resolveu escrever algumas séries estilo spin-off, só que pelo menos dois livros dessas séries possuem consequências para o quinto volume de Night Huntress. Se isso tivesse sido bem feito não teria nenhum problema, mas como não foi, a sensação é de que o leitor pulou algum volume da série original. A definição de spin-off certamente não é essa. Spin-offs não devem dar essa sensação, se dão, eram para fazer parte da série original.

O pior é que o que acontece em Deste Lado da Sepultura dá quilos de spoilers desses dois livros, o que tira completamente a vontade de lê-los.

Além desses pontos positivos e negativos, esse volume não tem o mesmo frescor nos primeiros livros da série. O humor não está mais tão interessante. A história, apesar de ser melhor que a do livro anterior, não tem nenhuma grande novidade. Os volumes estão começando a parecer fórmula, tipo monstro da semana. Dessa vez é o ghoul Apollyon, e ele nem é um antagonista tão forte.

No final das contas é uma melhora, mas não o suficiente para chegar no nível dos primeiros livros da série.

Nota 7.



Destined for an Early Grave (Night Huntress #4) - Destinada À Sepultura



SPOILER FREE

Depois de um início sensacional para a série Night Huntress, seguido de um terceiro volume que mais pareceu um buraco no meio do caminho, a autora Jeaniene Frost resolveu cair numa vala.

Se Bones começou a dar sinais estranhos no terceiro livro da série, ele aqui resolveu assumir seu lado machista e ciumento até o último fio de cabelo. Para piorar a situação, o enredo principal de Destinada à Sepultura, título do livro em português, é uma das coisas que eu mais detesto em literatura ou quadrinhos.

Cat descobre que ela teve sua memória apagada, quando ela tinha 16 anos ela chegou a ser raptada por um vampiro, e foi salva por um dos amigos de Bones. Todo o drama em torno desse acontecimento é saber se 1) ela se casou ou não com o vampiro que a raptou, 2) se ela era apaixonada por ele ou não e 3) se ela perdeu a virgindade com o tal vampiro. É tanto machismo e babaquice envolvidos nesse plot que é melhor nem desenvolver muito, senão vão sair vários posts desse assunto e nada vai mudar o fato que o resultado é um livro ruim.

Além do enredo preguiçoso baseado em apagar memórias, de todo o lado mega machista assumido pelo par romântico da personagem principal, que diferentemente dos livros anteriores, resolve simplesmente aceitar que o cara é assim e ela vai engolir; o livro ainda sofre novamente com um aumento bem desproporcional dos poderes das personagens. A relação entre Cat e Bones certamente sofre com isso também. De um casal super divertido, eles passaram a ser uma coisa nojenta, estou torcendo pra Cat arranjar outro homem.

Para piorar, a autora tenta melhorar a visão do leitor com relação a Bones o comparando com um cara ainda pior. Gente, não é porque outro cara é pior que você deve ficar com um ruim. Que tipo de ideia é essa para uma personagem como Cat, que é toda trabalhada no seu empoderamento?

Infelizmente, a série tem 7 volumes. O que quer dizer que ou a autora melhora isso, ou eu vou sofrer e escrever resenhas destrutivas por mais 3 livros, e uma novela que fica entre os volumes 6 e 7. Estou na torcida pela melhora.

Nota 4.

At Grave's End (Night Huntress #3) - À Beira da Sepultura



SPOILER FREE

No terceiro livro da série Night Huntress, a autora Jeaniene Frost traz um volume recheado de ação do início ao fim! Com diversos personagens novos sendo introduzidos, o enredo é levado a um novo nível de tensão!

Em compensação, o livro me deixou dividida de uma forma não tão agradável. A relação entre Cat e Bones, que era tão interessante e divertida nos dois primeiros volumes da série, começou a parecer menos saudável nesse livro. Muito mal disfarçado de possessividade de vampiros, boa parte da tensão entre os dois agora é por conta de ciúmes. E Bones está começando a ser apenas mais um macho controlador, apesar de bom de cama.

Por outro lado, outros personagens interessantes estão sendo apresentados. Jeaniene traz do túnel do tempo Drácula, numa das versões mais instigantes que já li do personagem. Outro ganho são alguns amigos mais antigos de Bones, incluindo Mencheres, um vampiro da época do Egito antigo. Se por um lado Bones perde pontos, o enredo ganha muito com essas adições. Especialmente no quesito humor. Não há como não se apaixonar por Vlad.

Essas novas personagens fazem uma grande diferença ao longo da ação envolvida no enredo desse volume. Afinal, ele está recheado de momentos de grande tensão e lutas, muitas lutas.

Apesar da adrenalina para dar e vender, o livro tem problemas além do par romântico principal começar a perder o brilho. Quando se trabalha com literatura de fantasia, o problema da suspensão da descrença pode ser complicado. Pois, apesar das premissas já serem fora da realidade, afinal se trata de uma fantasia com direito a vampiros, elas ainda assim precisam ser razoavelmente coerentes entre si, e isso inclui o nível de poder das personagens dentro do mundo apresentado.

Eu comecei a achar que a autora está começando a perder a mão nesse sentido.

Vamos ver como vai continuar nos volumes seguintes, mas por enquanto já afetou esse aqui.

Nota 7.

One Foot in the Grave (Night Huntress #2) - Com um Pé na Sepultura



SPOILER FREE

O segundo livro da série Night Huntress consegue ser tão bom quanto o primeiro. A autora americana Jeaniene Frost traz uma nova visão da sua personagem meio vampira Cat, que agora é agente de uma divisão especial para o mundo sobrenatural do governo americano.

Numa continuação bem direta do final do primeiro livro, que sim, tem um gancho, mas de tamanho aceitável, agora se passaram alguns anos entre a fuga de Cat e o início da sua carreira como agente especial. É muito interessante ver a personagem numa carreira, já com uma ascensão profissional, amigos e até uma tentativa de se envolver numa nova relação romântica.

Lançado em português, uns 5 anos do lançamento original, como Com um Pé na Sepultura, há no livro um equilíbrio bem montado entre a nova vida criada por Cat e o enredo que a autora propõe, onde a meio vampira tem a sua cabeça colocada a prêmio, justamente por seu sucesso na caça aos vampiros. O retorno de Bones à história é bem feito, e traz um tempero sensacional. A química entre os dois está maravilhosa.

Vale muito a pena a leitura. A série promete muito, e o seu sucesso é muito óbvio pela qualidade do enredo e da escrita de Jeaniene Frost. Excelente para o gênero de vampiros e young adult.

Nota 9.

Halfway to the Grave (Night Huntress #1) - A caminho da sepultura



SPOILER FREE

A autora americana Jeaniene Frost tem feito bastante sucesso com suas séries de fantasia envolvendo vampiros, a mais famosa é Night Huntress. Claro que acabei por arranjar a série para ler.

O primeiro volume da série, que em português foi lançado como A caminho da sepultura em 2007, apresenta Cat, uma meio vampira que caça vampiros porque sua mãe foi estuprada por um, e por isso ela acredita que todos são demônios que devem ser devidamente despachados para o inferno. Ela tem tido bastante sucesso na sua missão até encontrar o mestre vampiro e caçador de recompensas Bones, que não só a torna caça ao invés de caçadora no seu primeiro encontro, como começa a convencê-la que nem todos os vampiros são maus.

Os dois acabam por entrar num acordo, Bones vai ajuda-la a encontrar e matar de vez o seu pai, e Cat vai ajudar Bones a caçar os vampiros na sua lista de recompensas. No caminho, ele também vai treiná-la para que ela não morra durante as missões.

O primeiro livro da série é muito, mas muito divertido. Com um clima bem na vibe de Buffy, Cat e Bones fazem uma dupla muito interessante, e o mundo criado pela autora é bem montado. A questão do preconceito de Cat e toda a relação dela com sua família e com a comunidade da sua cidade do interior dos Estados Unidos é bem explorada no enredo, o que o enrique muito. 

Preciso dizer que fiquei positivamente impressionada com Jeaniene Frost. Entendo perfeitamente o seu sucesso, e realmente o livro merece a atenção que recebeu.

Nota 9.

Love and Music (and Missing Ted Callahan): A Novella Sequel



SPOILER FREE

Depois de um livro tão divertido quanto Kissing Ted Callahan, é claro que eu dei um jeito de conseguir a continuação, por mais que ela seja uma novela e não outro livro.

Rever a personagem Riley é realmente uma delícia, que personagem divertida! Amy Spalding foi muito feliz na sua criação. E vê-la com menos drama do que no livro original também é interessante. A história aqui é bem mais simples, a banda de Riley vai se apresentar num festival, mas Ted Callahan não pode ir junto porque tinha outro compromisso.

Toda a história aqui é feita praticamente para você se divertir com as graças de Riley e sua tietagem com outros músicos, além de uma questão de confiança ou não em Ted, que se contrapõe com a forma como Reid, seu amigo de banda do primeiro livro, está se relacionando com a sua namorada. Nesse quesito, inclusive, a novela é nota 10. São poucas as vezes que se vê uma personagem principal num relacionamento tão saudável. Vale a pena só por isso.

Em compensação, talvez pela falta de conflito no enredo, Riley acaba por ficar um tanto quanto exagerada nessa história, e por isso parte da graça da personagem se esmaece. Inclusive, esse exagero é o maior defeito de Love and Music.

Por isso, nota 9.

domingo, 29 de setembro de 2019

Kissing Ted Callahan (and Other Guys)



SPOILER FREE

Apesar dos problemas que são inescapáveis em histórias adolescentes, preciso confessar que curto esse tipo de livro. Às vezes eu até encontro um muito acima média e onde os problemas tradicionais simplesmente não fazem diferença, e preciso começar essa resenha dizendo que Kissing Ted Callahan (and Other Guys) é uma dessas pérolas.

A autora americana Amy Spalding traz a história de Riley, uma baterista de 16 anos que descobre junto com seu amigo e colega de banda Reid, que os outros dois membros da banda, Lucy e Nathan, sendo que Lucy é sua melhor amiga, estão se pegando. O flagra acaba por gerar alguns conflitos para Riley e Reid, que resolvem unir forças para não serem mais os únicos celibatários da banda.

E é aí que a coisa já começa de forma interessante. Primeiro que Riley e Reid são amigos de verdade, e eles resolvem se ajudar a conseguir conquistar outros adolescentes através de trocas de experiências e dicas num caderno. Reid está topando quase qualquer coisa que tenha XX no seu DNA, enquanto Riley resolve focar no seu crush Ted Callahan. O problema, além de Riley considerar Ted inalcançável, é que ela descobre que outros adolescentes também são interessantes, e quem diz que ela precisa só do Ted?

De forma geral, o livro é uma leitura leve e extremamente divertida. Riley é uma das melhores personagens que já li, e suas aventuras são simplesmente maravilhosas. E o livro consegue escapar de diversos problemas, como misoginia, slutshaming, machismo e excesso de drama. 

Gostei tanto que nem esperei para pegar logo o livro seguinte, que não é uma continuação,  Kissing Ted Callahan (and Other Guys) pode ser lido sozinho e funciona muito bem assim.

Espero apenas que a autora amplie o leque de elogios que eu posso fazer aos seus textos, incluindo mais personagens de outras etnias e LGBT, se ela seguir nesse caminho vai ser ainda mais maravilhosa.

Nota 9.

Grand Bal du Printemps/Charmes de Londres



SPOILER FREE

Quem segue o meu blog sabe que eu leio poesia com alguma frequência, e que tenho uma paixão pelo autor francês Jacques Prévert.

Prévert é um desses autores que eu preciso ter sempre a mão, porque seus textos simplesmente me fazem bem. E apesar de não ter tantas traduções assim para o português, eu consigo lê-lo no original, o que torna a experiência muito mais interessante.

Prévert é um autor excêntrico. Seus livros de poesia muitas vezes são intercalados por textos supostamente de outros autores, como uma piada interna. Outras vezes os livros possuem imagens feitas pelo autor ou em colaboração com diversos outros artistas, porque Jacques Prévert trabalhou com muita gente diferente ao longo da sua carreira, além de se de embrenhar em diversas linhas artísticas distintas.

Algumas de suas poesias e textos têm um quê mais irreverente e um tanto quanto nonsense, enquanto outros trabalhos são focados em críticas sociais bastante duras, em especial com relação a pobreza, guerra, colonialismo e status social.

Os dois livros reunidos nesse volume da Folio que consegui não são muito diferentes disso. Ainda bem.

Tanto Grand Bal du Printemps quanto Charmes de Londres seguem as características marcantes do autor, que no fundo é a razão pela qual gosto dele. Então, para mim não há a menor dúvida:

Nota 10.

Zami: A New Spelling of My Name



SPOILER FREE

O tema do Desafio Literário Popoca de setembro é um livro que tenha sido lançado no ano que você nasceu, e eu posso dizer que fui bastante feliz com esse tema. 

Um dos livros lançados em 1982 é a autobiografia da ativista negra, lésbica, poetiza, filha de imigrantes caribenhos e uma das pioneiras nas definições que criariam o feminismo intersecional Audre Lorde. A autora americana têm diversos livros lançados, entre livros de poesia, livros de textos militantes e autobiografias, mas Zami é o primeiro que tive o privilégio de ler.

Infelizmente a autora é muito difícil de encontrar traduzida para o português, o que é uma pena, e mostra o quão atrasados estamos em algumas coisas, afinal, a autora nasceu em 1934 e começou a publicar ainda na década de 60.

Em Zami, Audre Lorde narra como foi a sua infância com seus pais imigrantes, e como era ser considerada cega, porque Audre tinha uma miopia tão forte que ela era considerada legalmente cega e mesmo com óculos tinha muita dificuldade de ver. Sua mãe conseguia passar por branca, mas seu pai, ela e suas irmãs, não. O racismo vivenciado em sua infância por sua família é algo que marca muito a sua escrita de forma geral, e em especial a primeira parte de Zami.

Mais tarde, além de negra, a autora se descobre lésbica, o que causa uma outra gama totalmente diferente de problemas e preconceitos. Como a cena lésbica na sua adolescência e início da fase adulta não era lá muito abrangente, Audre se envolve com diversas mulheres com muitas histórias diferentes, e muitas delas são brancas, o que a faz começar a pensar nas diferenças de preconceitos que ela e suas amantes brancas sofrem.

O livro cobre a vida de Audre Lorde até meados dos anos 50, antes dela começar a publicar suas poesias, e, a própria autora adverte que se trata de uma biomitografia, o que pode dar certas liberdades à autora com relação a veracidade daquilo que ela nos apresenta.

Mas o importante no texto de Audre definitivamente não é a veracidade dos acontecimentos, mas sim o retrato que ela nos mostra de uma época, além das reflexões e pensamentos que mais tarde iriam fomentar todo o seu ativismo. E nisso, Zami é um prato cheio, delicioso de ler. Apesar de ser um livro obviamente pesado, vale a pena cada palavra.

Nota 10.

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Sin and Ink (Sweetest Taboo #1)



SPOILER FREE

Quem segue o blog já percebeu que eu realmente gostei do estilo da escritora Naima Simone. E como literatura erótica costuma ser barata, confesso que minha biblioteca do gênero cresceu nos últimos tempos, e que Naima Simone tem muitos títulos nela.

Essa série, Sweetest Taboo, segue o esperado, cada volume fala de um homem diferente num determinado grupo, mas como esse é o primeiro volume, até agora todas as personagens são novidade. O lance é que nessa série, a autora trata de temas considerados de alguma forma tabu. Nesse volume o tabu é se apaixonar pelo irmão do seu marido morto.

Considerando que o marido já não está mais em cena, nem achei o tabu essa coisa toda, mas certamente Naima fez os personagens criarem uma senhora tempestade em torno do assunto. Nesse sentido, o livro é recheado de pensamentos torturantes e as personagens quase morrem de culpa. O que equilibra a situação, e torna a leitura mais interessante, é que a autora sabe escrever sexo. Quando eu ia ficando de saco cheio do drama vinha uma bela cena e eu me sentia melhor.

Outra questão positiva, é que dentro do gênero é infelizmente muito comum coisas machistas serem descritas como românticas, e certamente não é esse o caso na maioria dos livros de Naima. Knox e Eve tem um relacionamento bastante saudável nesse sentido, e rola todo um respeito e uma tentativa de um ajudar o outro sem querer dominar que é raro de ver nos livros. 

Não é a toa que tenho lido tanto Naima Simone. Sugiro fortemente para quem curte o gênero.

Nota 8.

How to Wake an Undead City (The Beginner's Guide to Necromancy #6)



SPOILER FREE

Depois de cinco livros torcendo para que pelo menos o final da história fosse satisfatório, finalmente cheguei no último livro da série The Beginner's Guide to Necromancy.

Confesso que quando peguei o sexto livro, eu já não tinha muitas esperanças da história acabar aqui, e fiquei muito, mas muito feliz, de descobrir que sim. Apesar de que ainda será lançada uma novela com um epílogo mais caprichado, e que Hailey Edwards já iniciou uma nova série que continua onde essa termina, mas com foco em outras personagens. Vou tentar não focar na nova série, porque ela já me irritou antes mesmo de eu ler, o que na verdade não pretendo fazer.

Depois de tudo o que aconteceu até esse momento em The Beginner's Guide to Necromancy, o final foi acima da média da série, mas não necessariamente ele é satisfatório. O básico dos problemas realmente foram finalizados, e aquele ar de felizes para sempre não é exatamente ruim, nem é longe do que eu esperava, para ser sincera.

O problema não é nem o fim, mas toda a construção para chegar ali e as coisas fazerem sentido. A série como um todo tem diversos problemas e enrolações que não têm como não influenciar no final, mesmo com um final mais bem escrito.

Um dos problemas é que a sociedade dos necromantes é descrita como matriarcal, e a isso se soma o fato de que a religião deles é centrada numa deusa (não vou tecer comentários sobre a escolha dessa deusa). A ideia em si é muito legal, e certamente torna a leitura interessante. Porém, se a autora não martelasse a descrição da sociedade como matriarcal, essa informação jamais seria óbvia, porque as personagens não se comportam como se vivessem numa sociedade matriarcal.

E é esse tipo de problema que assola a série como um todo. Por exemplo, o nível de poder que pode ser utilizado pelos necromantes parece oscilar ao longo da narrativa, e o poder relativo dos vampiros também. Em diversos momentos eu fiquei me perguntando porque os necromantes ainda eram supremos nessa sociedade se os vampiros me pareciam tão mais poderosos. Esse é o tipo de questionamento que acaba por desmontar o mundo onde a história se passa, e daí vem o poder da autora na narrativa, que se utiliza de descrições sumárias para afirmar coisas que não transparecem no enredo.

No fundo é uma pena, porque as ideias são muito boas, mas a realização deixa muito a desejar.

Nota 7 para o sexto livro e 5 para a série.

domingo, 15 de setembro de 2019

Os Trabalhos e as Noites



SPOILER FREE

Depois de ler meu primeiro livro da poetisa argentina Alejandra Pizarnik, me arrependi de não ter comprado logo de cara os dois únicos volumes disponíveis dela em português. Claro que corrigi esse erro logo depois de ter terminado Árvore de Diana.

Os Trabalhos e As Noites segue o mesmo cuidado da editora Relicário em Árvore de Diana, com belíssimos prefácio e posfácio, em uma edição muito bonita e bem trabalhada. Vale a leitura extra.

Alejandra Pizarnik tem um estilo muito interessante. Suas poesias são em geral curtas e bastante econômicas, não só na escolha das palavras, mas também nos temas, mas isso acaba por resultar num trabalho muito denso e intenso ao invés de puramente simples.

Pessoalmente, gostei muito dos seus livros, e minha única tristeza com isso é que eles acabam rápido demais, e o fato de não haver mais traduções me deixa com uma sensação de quero mais que não tem muita solução no momento. Até porque nem em Kindle tem muita coisa dela, pelo menos não em espanhol. 

Vou precisar reler para matar a vontade.

Nota 10.


Female Energy Awakening - O Despertar Da Energia Feminina



SPOILER FREE

Depois de ler o primeiro livro da Miranda Gray, Lua Vermelha, fiquei muito animada em ler seus outros trabalhos. Além disso, o seu trabalho energético com a Bênção Mundial do Útero é extremamente bonito.

Dessa forma, preciso dizer que sou fã dela, mas nada me impede de ser crítica onde devo ser. O Despertar Da Energia Feminina é um livro muito interessante para quem já leu a Lua Vermelha, e para quem realmente curte o trabalho da Miranda. E apesar do conteúdo do livro ser muito rico e interessante, em especial a última parte do livro, que tem um ciclo enorme de exercícios e meditações que cobrem todo o ciclo menstrual, ele sofre de um defeito: propaganda.

Se você não conhece o trabalho da Miranda, não comece com esse livro, ele vai te deixar com uma má impressão nesse sentido, porque ele é cheio de propaganda dos eventos dela. Não que os eventos não sejam bons ou legais, pelo contrário, acho todos o máximo. Mas, num livro, preciso dizer que ficou um tanto estranho para quem nunca entrou em contato.

Em outras palavras, é um livro para quem ou já leu Lua Vermelha, ou para quem participa dos eventos da Miranda. Se você não faz parte de nenhum desses grupos, leia Lua Vermelha ou participe de uma Bênção Mundial antes de pegar O Despertar Da Energia Feminina, vai ser mais interessante e a leitura mais proveitosa.

Só por causa disso, nota 9.

sábado, 7 de setembro de 2019

Promethea, Book Two



SPOILER FREE

Preciso confessar que enrolei para fazer essa resenha porque ela vai ser difícil. Por causa de diversos motivos, um deles é realmente fazer essa resenha sem nenhum spoiler, acho que nem deveria fazer essa promessa, mas vou tentar. Outro motivo é que ela não vai ser tão positiva quanto os fãs de Alan Moore e de Promethea esperam.

O segundo volume com seis capítulos da série Promethea traz a continuação da saga de Sofie e seu alter ego como Promethea. Depois de um primeiro volume cheio de ação e aventura, os próximos capítulos até começam animados, mas em seguida emendam numa fase de aprendizagem de Sofie/Promethea sobre magia, realidade vs imaginação e como os poderes da Promethea funcionam.

A parte esotérica e simbólica utilizada pelo Alan Moore tem lá uma base nos princípios clássicos dessas coisas. Mas o autor dá uma forçada aqui e ali, que fazem parte de qualquer ficção, então nem posso dizer nada. O que me incomodou nem foi isso, é a forma como Sofie/Promethea conseguem negociar com o mago para ele ensinar. Achei totalmente despropositado, não enobrece em nada as personagens, serviu pura e simplesmente para saciar o lado pervertido do autor. Olha! Sem spoiler!

Além de ficar extremamente incomodada com isso, a coletânea sofre com a quebra de ritmo entre as aventuras e os ensinamentos, porque quando eles começam parece que todo o resto para por muito, muito, muito tempo. Em outras palavras, a leitura fica lerda, e porque não dizer logo, chata.

A parte gráfica continua belíssima, mas sofre exatamente do mesmo problema do volume anterior, é uma personagem feminina que deveria ser muito empoderada, mas é claramente vista e apresentada de um ponto de vista exclusivamente masculino.

Em outras palavras, o segundo volume é bem pior que o primeiro. Confesso que fiquei triste ao perceber isso.

Nota 7,5.