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quinta-feira, 29 de setembro de 2011

O visconde partido ao meio

SPOILER FREE

Do jeito que anda a confusão da minha vida, só mesmo apelando para livros como esse, do italiano Italo Calvino, que é bem fininho, para tentar chegar na minha meta anual... mas quem dita as regras sou eu, né? Ainda bem, senão estaria em apuros rsrsrsr

Aparentemente, esse livro foi o primeiro que o autor escreveu usando narrativa fantástica, e assim conseguiu o seu primeiro sucesso literário. E vou te dizer que para primeiro livro do estilo, está fantástico. Mas é Italo Calvino, não teria como ser diferente.

A história em si é bem simples, e bem óbvia pelo título do livro e pela contra-capa. O que traz aquela mágica são os detalhes (sempre os detalhes), que dão o colorido típico do autor. Inclusive essa obra me lembrou muito outro título dele, O barão nas árvores, que também é muito divertido, e também tem como personagem principal um nobre excêntrico (mais excêntrico, na verdade, visto que no caso do barão foi uma escolha, enquanto no do visconde foi uma fatalidade). O livro trata dos extremos que existem dentro de todos nós, e de quebra deixa visível como as pessoas boazinhas demais são tão sem graça (não é verdade?).

Melhor não dizer mais do que isso, porque o livro é tão pequeno que é difícil falar dele sem dar spoiler, é o tipo de leitura ideal para quem está com pouco tempo ou que curte contos. Dá para ler de uma vez só com tranquilidade, se você tiver tempo disponível (eu li no metrô, então não deu), e é uma história bem leve e engraçada.

Nota 9

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Ma liberté de dancer

SPOILER FREE


Post adaptado, o original está no blog Ventre da Dança


Como sou muito eclética, e andei fazendo compras um pouco grandes na Amazon, resolvi variar e ler uma auto biografia. Mas não uma auto biografia qualquer: a da grande bailarina egípcia Dina! É um livro bem recente, foi lançado no início do ano na França, com a colaboração de uma jornalista francesa, porque a Dina não ia, assim, escrever diretamente em francês, né?

Fiquei namorando o bendito livro por um mês na Amazon francesa, até chegar a conclusão que não dava para não comprar, e aí arranjei uma bela desculpa para comprar 20 livros (divididos entre a Amazon americana e francesa, veja bem), desses a maioria fala sobre a dança do ventre ou sobre o mundo árabe... mundo civilizado é outra coisa!

Pois bem, o livro da Dina é MUITO LEGAL! Além de ser escrito na primeira pessoa, com ela contando para você como foi a vida dela até hoje, inclui impressões de primeira mão sobre como a relação do povo egípcio com a dança do ventre foi mudando nos últimos 20, 30 anos. Em outras palavras, ainda por cima é uma bela aula de história e de cultura!

Então, como o livro por enquanto só está disponível em francês (mais fresquinho do que isso impossível!!!!), vou dar uma ideia do que vocês podem encontrar na história da Dina, mas sem spoiler, porque acho sacanagem. Ela passa por todos os momentos marcantes da sua própria vida, o que é bem interessante, afinal todas querem saber como foi que ela começou a dançar, não é? Onde ela aprendeu, com quem, se teve problemas com a família por conta da sua escolha... está tudo lá! De quebra ela descreve como é o seu dia a dia de diva no Egito! Passa pelo nascimento do filho dela (a descrição do parto é ótima! Melhor propaganda da dança do ventre que já li), pelos casamentos mais importantes e pelo escândalo em que ela foi envolvida e que aqui no Brasil quase ninguém ouviu falar.

De lambuja, ela comenta e explica porque nos vídeos antigos de dança do ventre você vê todas as mulheres assistindo aos shows descobertas, usando decote e cabelos da moda (da época, pelo amor de deus, o que é aquilo!), mas nos vídeos mais contemporâneos você conta nos dedos (isso quando você encontra) as mulheres que não estão usando véu. Pura aula de história e antropologia!

Mas nem tudo é perfeito... nem o livro da Dina. A primeira coisa que se nota é o subtítulo "la dernière danceuse d'Egypte" (a última bailarina do Egito), que é no mínimo um escândalo quando você tem a egípcia Randa dançando pelo mundo inteiro e com show fixo no Nile Maxime (um navio cruzeiro que passa pelo Cairo). Mas é a Dina, né? É DIVA. Mas ela não fala da Randa em momento algum do livro... só de bailarinas mais antigas. Tudo bem, não conheço mais nenhuma bailarina egípcia em atividade hoje que não seja a Dina ou a Randa, seria compreensível que as duas disputassem uma com a outra, né? O que nem sei se é o caso, mas suspeito por razões óbvias.

Outra falha, sendo o único livro que conheço que foi escrito por uma bailarina egípcia, era de se esperar que tivesse pelo menos alguma informação sobre a versão das egípcias para a origem da dança do ventre, ou sobre os movimentos e técnicas egípcios, não é? Pois bem, não tem quase nada sobre o assunto :-( achei uma pena. Podiam ter aproveitado.

Outra coisa que faz falta: FOTOS. Só tem a da capa snif snif snif... como podem fazer um livro auto biográfico de uma bailarina sem fotos? Não entendi.

Mas ainda assim é leitura obrigatória para estudantes de dança do ventre! Recomendadíssimo!

Nota 8,5!