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segunda-feira, 21 de setembro de 2015

A leitora do Alcorão



SPOILER FREE

Esse livro foi uma indicação da minha professora de árabe, e eu estava super animada com ele, não só pelo conteúdo prometer ser interessante, mas também pelo fato da autora ser escritora profissional.

Digo isso porque o livro é uma autobiografia de uma norte americana, que após os atentados de 11 de setembro, chegou à conclusão que ela queria ser muçulmana e resolveu se converter, além de ir morar no Cairo, no Egito. Como narrativa, é extremamente interessante, mas por ser uma autobiografia sempre corre o risco de ser um "Marley e eu" da vida, uma ótima história, mas escrita por alguém que teria feito melhor ao contratar um ghost writer. Daí a expectativa aumentar ainda mais, pois Willow Wilson é autora de diversos livros de ficção, alguns inclusive de temática oriental.

Na hora do vamos ver, o livro é realmente interessante, a história dessa americana é algo realmente surpreendente, e ela desfia fatos e explicações sobre o islamismo que não costumam ser bem difundidos, o que torna o seu trabalho de interesse geral. Em compensação, é uma autobiografia, e as pessoas normalmente não conseguem ser muito objetivas ou até mesmo muito organizadas quando estão tratando de suas próprias lembranças (lembro dos problemas da autobiografia da Isadora Duncan).

Em outras palavras, o livro muitas vezes é meio confuso. A narrativa não é exatamente linear, indo e voltando no tempo algumas vezes, de uma forma que lembra o fluxo de pensamentos ou memórias, mas como a gente faz na nossa cabeça, isto é, sem avisar ao leitor que não está mais sendo tratado o mesmo episódio, e nem mesmo a mesma época. Dessa forma, o corte na leitura ficou muitas vezes um pouco abrupto, lembrando mais um roteiro de cinema ou televisão do que um livro. Aliás, esse é um problema que tenho encontrado com frequência em muitos autores contemporâneos, especialmente os americanos, imagino se isso se deve a um excesso de contato com essa mídia ou se os leitores mais jovens já esperam algo assim, algo como "um programa de televisão escrito". Pessoalmente, eu não curto esse tipo de abordagem, acho que ela é da mídia audiovisual, mas não funciona bem na literatura, precisando de uma adaptação para que as trocas de momentos sejam percebidas por palavras ao invés de uma imagem.

Apesar desse problema, lá pelo meio do livro você começa a se acostumar com o estilo, e a leitura passa a fluir melhor, e, assim, dá para apreciar mais a história de vida da Willow, que é, sem sombra de dúvida, extremamente interessante.

Nota 8.


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