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terça-feira, 19 de fevereiro de 2013
O grande mentecapto
SPOILER FREE
Demorei mais de duas semanas para parar para escrever essa resenha, é a famosa preguiça da conjunção do Carnaval com o fim das minhas férias, fruto também de uma leve tristeza causada pelo término do meu descanso. Mas vamos lá, que daqui a pouco os livros acumulam!
O Grande Mentecapto é um livro muito divertido e engraçado! Não imaginava que ele fosse ser do formato que é, pois o narrador é um intruso que fica o tempo todo conversando com o leitor, justificando as suas escolhas na hora de contar a história. Por vezes ele pula alguns causos e se detém por mais tempo em outros, o que ele explica por vezes como sendo necessário por conta da falta de fontes de informação sobre o personagem principal, que obviamente é tratado como sendo real e que o tal narrador precisou fazer uma grande pesquisa de campo para escrever o livro. Para mim, que adoro esse tipo de brincadeira, já valeu a leitura, e adorei todas as piadinhas feitas às custas do narrador.
Fora isso, as histórias contadas beiram o nonsense, mas com um tempero bem brasileiro, o que eu também curto, então não é nenhuma surpresa se eu disser que amei o livro e que o devorei rapidamente (só a resenha é que demorou mesmo). O personagem principal, o tal Mentecapto, realmente faz jus ao seu nome (segundo o Aurélio: adj. Que perdeu o uso da razão; alienado, louco, idiota.), e a lista de demais alcunhas do personagem (e como elas foram obtidas) é uma das atrações da narrativa.
Fernando Sabino é um apaixonado pela sua terra, pois O Grande Mentecapto é uma descrição deliciosa de Minas Gerais, com direito a coisas boas e ruins, senão não ficaria no Brasil, não é mesmo? As descrições da paisagem, dos tipos mineiros mais comuns e a forma como os mineiros viviam na primeira metade do século XX são muito gostosas de ler.
Agora uma curiosidade sobre o livro: o autor demorou mais de 20 anos para escrever a obra, que começou a ser escrita ainda no início da sua carreira, porém ele a deixou de lado por muitos anos, até que uma amiga o convenceu a terminar o romance, que, apesar disso, ficou tão bom que ganhou o Prêmio Jabuti quando foi lançado. E foi merecido!
Nota 9
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Em “O Grande Mentecapto”, Fernando Sabino narra um encontro imaginário entre Geraldo Viramundo e o escritor francês Georges Bernanos. O autor que tanto interessou Sabino foi um dos maiores romancistas em língua francesa do século XX e morou no Brasil entre 1938 e 1945. Sua obra tem sido publicada no Brasil pela É Realizações Editora, e agora sua passagem pelo país é narrada ao público local. O estudo de Sébastien Lapaque “Sob o Sol do Exílio: Georges Bernanos no Brasil (1938-1945)” acaba de ser publicado, trazendo à luz a visita de Bernanos a várias cidade do Rio de Janeiro e Minas Gerais, sua estadia no sítio Cruz das Almas, sua revolta contra a mediocridade dos intelectuais e a ascensão do totalitarismo, sua amizade com pensadores brasileiros e a visita que Stefan Zweig lhe fez à véspera de se suicidar.
ResponderExcluirMatérias na Folha de S. Paulo a propósito do lançamento do livro: http://goo.gl/O8iFve e http://goo.gl/ymS4lL
Para ler algumas páginas de “Sob o Sol do Exílio”: http://goo.gl/6hAEOM
Confira também:
Diálogos das Carmelitas: http://goo.gl/Yy3ir3
Joana, Relapsa e Santa: http://goo.gl/CAzTTk
Um Sonho Ruim: http://goo.gl/Kd091z
Diário de um Pároco de Aldeia: http://goo.gl/ISErLc
Sob o Sol de Satã: http://goo.gl/qo18Uu
Nova História de Mouchette: http://goo.gl/BjXsgm
ANDRÉ GOMES QUIRINO
mkt1@erealizacoes.com.br