Quem acompanha o blog sabe que de vez em quando eu leio uns livros bem diferentes, e esse aqui é outro dessa safra! Nesse livro foram selecionados diversos textos, poemas e fotos da bailarina Ruth St. Denis, dando uma visão panorâmica sobre a sua filosofia com relação à dança e à espiritualidade.
A primeira parte do livro contem diversos textos de Ruth St. Denis sobre a Dança Divina, que parecem ensaios para um livro que ela planejava escrever sobre a dança, mas que nunca foi terminado ou publicado (o que realmente é uma pena). A segunda parte do livro está recheada de palestras que a bailarina deu, especialmente em 1936, na Society of Spiritual Arts em Nova Iorque. A terceira parte contem apenas poemas da bailarina, com os desenhos originais feitos por Ruth Harwood para ilustra-los (muitos poemas de Ruth St. Denis foram publicados na época). A quarta parte do livro contem alguns outros escritos da bailarina sobre o que significa dançar, ser bailarina, a dança como algo sagrado e os seus anseios de construir um templo onde a forma de louvar fosse a dança.
Ruth St. Denis era realmente uma mulher fantástica, nível Isadora Duncan de revolucionária no mundo da dança e na sua vida particular (levando em consideração a forma como as mulheres viviam na época, claro), e suas ideias lembram muito o trabalho teórico da sua contemporânea Isadora Duncan. A diferença entre elas está em como Ruth estudou muito mais o Oriente do que Isadora, e como ela misturava diversas religiões na sua forma de ver o divino e de se relacionar com ele, com ou sem a dança. Confesso que essa mistureba me deixou muito inquieta, mas o problema pode ser especificamente meu.
Outra diferença entre o trabalho de Ruth e Isadora tem a ver com a forma de se relacionar com o feminino, pois para Ruth todo ser humano tem dentro de si as duas forças, tanto a masculina quanto a feminina, e o equilíbrio divino estaria no meio do caminho entre as duas, isto é, no andrógino. Isso é especialmente marcante em algumas de suas fotos. (o livro tem uma sessão linda delas)
Agora, tanto para Ruth quanto para Isadora, o corpo, e por consequência a dança, é um canal de conexão com Deus, e por isso ele deve ser trabalhado de forma a ressaltar as suas qualidades nobres, para que o corpo possa servir de forma cada vez melhor como instrumento de oração, e também para melhor manifestar as qualidades divinas.
Algumas passagens que eu não resisto de colocar aqui:
"To dance is to relate one's self to the whole of the Universe. By placing one's body in the direct power of rhythm it becomes molded and developed in strength and beauty."
"Good posture and movement are natural and beautiful. In this culture of a future race we should learn to walk like gods instead of shuffling and stumbling like mortals."
"We should be like artists. Musicians regard their violin or piano with pride and care as the one thing necessary for their self-expression. Our bodies, likewise, should become the objects or our greatest concern. As musicians, onve having tuned their instrument to the correct pitch, promptly forget it in the joy of its use and the beauty it reveals, likewise our bodies, having been trained and harmonized, will be forgotten in the joy of our use. At present we neither value our bodies nor know how to use them to get the maximum of joy and health that is possible."
E para finalizar, o poema mais lindo de todos do livro (na minha humilde opinião):
Prayer for ArtistsO, Divine Father and Mother,Makers of heaven and earth,Supreme artists of creation,I, thy humble instrumentKneel here at Thy feet.I listen for Thy inward wordAnd I wait to behold Thy inward vision.Cleanse Thou meFrom all sin and self-righteousnessFrom all illusion of prided vanity and fear.Make me sensitive to Thy sounds,To Thy vision, and to Thy rhythms.Let me express beauty,The wonders of Thy universeAnd the immortal glories of my own soulWhich Thou hast given me.Allow me to enter into that templeNot made with handsWherein I may express the beauty of loveAnd the majesty of truth.In humble and surrended gratitudeFor life, for love and for wisdomI offer again and yet againTo Thee, my heart, my body and my mind.November 1936
Nota 10, né?
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