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quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Nenhum olhar


SPOILER FREE

Esse mês é dedicado aos autores portugueses contemporâneos no Desafio Literário, por isso, no final do mês passado resolvi me dar de presente alguns livros de autores portugueses que eu ainda não conhecia, Nenhum Olhar foi o primeiro dessa leva que chegou lá em casa (ou outros ainda não chegaram infelizmente). Escolhi esse livro porque o autor é muito bem comentado em diversos blogs, e, bom, ganhou diversos prêmios, e esse, aparentemente é o livro mais famoso desse autor, tendo sido traduzido para diversas línguas.

Infelizmente o livro não é tão bom quanto o seu currículo sugere. Sabe aqueles autores brasileiros chatos que escrevem sobre a pobreza e o sofrimento do interior do Brasil? (não confundir com obras maravilhosas como A Hora da Estrela) Pois bem, imagine a versão portuguesa deles. Agora pegue essa temática adaptada e misture com o jeito chato de escrever da Virginia Woolf em As Ondas. Você tem Nenhum Olhar.

Quem curte literatura "alternativa", daquelas onde o lance do escritor é causar impressões no leitor ao invés de contar uma história, vai gostar desse livro. Pessoalmente, eu acho chato. Um monte de personagem fazendo reminiscências sobre a sua própria vida sem sentido e seus sofrimentos para mim é algo insuportável, a não ser que seja muito inspirador, o que não achei que fosse o caso, apesar do autor conseguir alguns momentos bem poéticos.

O livro é dividido em duas partes, sendo que a primeira é muito, mas muito chata. No meio de Josés, Marias (como bem convém a um livro português que se passa no interior de Portugal) e personagens insólitos como o gigante e o demônio (ainda não entendi muito bem quem eles são, mas desconfio que o gigante seja apenas um homem grande bizarro e o demônio, bom, o demônio eu acho que é o próprio mesmo), absolutamente nada acontece numa cidadezinha do interior, onde tudo gira em torno de uma grande fazenda. E José, a sua mulher, e mais alguns personagens no mínimo bizarros (mas não por isso mais interessantes) vão desfiando suas ladainhas até suas mortes.

A segunda parte do livro é mais interessante. Trata dos descendentes dos personagens da primeira parte, e aí o livro ficou mais interessante para mim, pois há toda uma reviravolta com relação a como os pais desses personagens eram e como os seus filhos são. Quase coisa de fofoca de cidade pequena, sabe? Não dá para não se interessar. Então, conforme a trama vai escalando e ficando cada vez mais interessante, o autor resolve acabar com a brincadeira e voltar à temática da primeira parte do livro e destruir tudo só porque ele é o autor e pode fazer isso.

Podem fazer todas as análises psicológicas e/ou filosóficas do mundo com esse livro (e olha que isso é pano para manga nesse caso), eu ainda vou achar brochante o que o autor fez. Bro-chan-te. E sem gostinho de quero mais ou de foi bom mesmo assim, sabe? Só brochante mesmo.

Nota 4.

Um comentário:

  1. Oi Laura!
    Acabei de descobrir seu blog. Estava procurando informações sobre esse livro para um trabalho da faculdade e encontrei sua postagem. Hahaha, eu também tive a mesma impressão sobre o desfecho da história... uma água gelada e tanto. Parecia que as personagens estavam tão lascadas na vida que ele resolveu pôr um fim logo no livro porque ele não sabia mais o que fazer com elas. Acho que algumas partes me lembra Vidas Secas, do Graciliano. Sabe, a paisagem ardente, as personagens praticamente mudas, a cadela quase humana... Entretanto, gostei do modo dele escrever. O livro é todo fantástico-melancólico, mas de uma maneira bastante poética. Realmente, se formos pensar pelo lado do enredo, a história é "nhé". Mas acredito que nesse livro, o ponto alto não é a "historinha", mas todo o engenho para contá-la. Pessoalmente, daria um 7. Só não dou mais alta porque ainda não entendi esse final!! Hahahaha
    Voltarei aqui mais vezes!

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