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segunda-feira, 8 de junho de 2015
O incolor Tsukuru Tazaki e seus anos de peregrinação
SPOILER FREE
Esse livro na verdade é do maridão, que ano passado ganhou mais livros de presente do que eu (e eu fiquei babando, confesso), e como um dos temas dos desafios desse ano para maio (ainda estou tirando o atraso das resenhas) era um livro escrito em outro alfabeto, resolvi que o livro dele era uma ótima pedida, pois é de um autor japonês. Não se japonês tenha um alfabeto no sentido literal da palavra, mas não vamos enveredar por esse tipo de discussão, não é mesmo?
Haruki Murakami é um dos autores da atualidade mais famosos da Terra do Sol Nascente, e esse foi o meu primeiro livro dele. Para quem curte literatura oriental é um prato cheio, para quem nunca leu pode ser uma experiência bem estranha. Explico. O japonês, tanto em filmes, quanto em livros, não se interessa muito pela história em si, o lance para eles é falar sobre os sentimentos que a história causa. Tanto que para muitos os filmes japoneses são muito parados, meio monótonos, e tem todo aquele lance da história não necessariamente ter um fim, o que pode ser muito frustrante.
"O incolor Tsukuru Tazaki e seus anos de peregrinação" é bem desse jeito. O importante não é a história de Tsukuru Tazaki, nem ele saber ou não o que diabos aconteceu tantos anos atrás e o que levou à situação que o traumatizou para a vida inteira. Não. O importante é a transformação interna de Tsukuru. Como ele conseguiu lidar com a situação na época, como ele aos poucos digeriu aquilo e, finalmente, o que o levou a vinte anos depois tentar descobrir o que se passou. E durante a sua busca, como as suas descobertas novamente o modificam, para só então ele poder seguir de verdade com a sua vida.
Que a história que vai se desvendando durante essa busca é completamente louca, com toques e momentos sexuais bizarros, que só os japoneses poderiam tratar do jeito que é tratado, não é realmente importante. Mas que prende, prende. Afinal, tentar entender o psicológico de uma cultura tão diferente da nossa pode ser um grande desafio, e é uma experiência, no mínimo, interessante.
Agora, apesar de eu já saber disso tudo, e já esperar o formato do final do livro, vou confessar que fiquei extremamente curiosa para saber o que acontece depois, e que, claro, o autor não escreveu, porque, bem, não era importante para a mensagem que ele queria passar, nem para a obra de arte dele. Mas eu, como ocidental, fiquei me roendo de curiosidade.
Independente de como eu me senti, o livro é uma obra de arte, bem no estilo japonês, e vale a pena a leitura.
Nota 10.
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