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segunda-feira, 8 de junho de 2015
The Secrets of Egypt
SPOILER FREE
Eu ando super atrasada nas minhas resenhas, e esse livro aqui é a principal causa desse atraso. Estou há um mês enrolando para escrever sobre ele porque confesso que não gostaria de escrever e publicar o que eu realmente gostaria de dizer sobre ele.
Joana Saahirah é uma bailarina de dança do ventre portuguesa que morou durante oito anos no Egito, onde fez uma carreira muito interessante, e que abriu portas para ela viajar dando workshops pelo mundo inteiro. Ela possui um blog que é muito legal, e que tem um jeito de auto-ajuda para bailarinas, e eu acompanhei os seus vídeos e posts durante muito tempo, e gosto tanto do trabalho dela que assim que o livro saiu na Amazon eu comprei.
Demorei um bocado para lê-lo, é verdade, mas com a minha lista interminável de leituras, isso é normal.
Mas, gente, como fiquei triste ao ler o livro.
O que eu esperava: a história de Joana como bailarina, como ela saiu de Portugal, como foi se mudar, depois viver no Egito, como foi se adaptar a essa cultura tão diferente, e como isso mudou Joana como pessoa e como bailarina.
O que eu encontrei: uma história confusa, que a princípio era para ser o que eu esperava, mas veio entremeada dos textos de auto-ajuda do blog dela, o que não seria um problema, se não fosse extremamente repetitivo, e, o pior, contada de forma preconceituosa. A jornada de Joana no Egito não foi fácil, entendo isso perfeitamente, viver lá não é para qualquer um, ainda mais sendo mulher e bailarina, e entendo também que ela tenha sofrido muito, mas muito mesmo nesse processo. Mas fiquei chocada com a raiva guardada que ela acabou por colocar no livro, o que fez com que o texto soasse diversas vezes como extremamente preconceituoso, em especial com a religião islâmica.
Não que o Egito seja um lugar lindo e maravilhoso para mulheres, mas, assim, existem formas e formas de se dizer as coisas, não é mesmo? Não acredito que piadinhas, afirmações genéricas e uma visão de superioridade européia sejam uma boa forma de tratar o assunto. Se era para sensibilizar os estrangeiros, deu a entender que os egípcios, bárbaros e incivilizados, não têm jeito, se era para sensibilizar os egípcios, bem, se eu fosse egípcia eu ficaria com muita raiva. Então, sinceramente, não consigo entender o objetivo de tratar as coisas dessa forma.
Ainda bem que existem outros livros de bailarinas que são mais leves nesse sentido, e que também trazem informações super interessantes de como é viver como bailarina na terra das pirâmides. Se você se interessa pelo assunto sugiro "Ma liberté de danser", da egípcia Dina, e "Stories of a travelling bellydancer", da finlandesa Zaina Brown.
Nota 4.
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