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quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Vampire next door



SPOILER FREE

Então, o meu objetivo era ler algo leve e tranquilo, e de preferência feliz. Confesso que imaginei que o livro fosse um chick-lit daqueles bem água com açúcar e vampiros gostosos.

Ledo engano. Quer dizer, é chick-lit, tem um vampiro gostoso, mas não é exatamente água com açúcar. O livro na verdade é um exercício de tortura física à personagem principal, enquanto ela se envolve em um monte de relacionamentos abusivos que supostamente deveriam ser românticos, com direito a um vilão sádico que parece saído de uma novela mexicana.

Para piorar a situação, o livro é mal escrito. Tão mal escrito, que foi um grande exercício de revirar os olhos.

Nem as passagens mais quentes salvam o livro. Uma tristeza.

Nota 3.

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Desafio Literário 2017

Como os seguidores mais antigos do blog já sabem, todo ano eu sigo um desafio literário! E nos últimos dois ou três anos tenho seguido com afinco os desafios propostos no blog Coruja em Teto de Zinco Quente, simplesmente porque os desafios de lá costumam ser mais criativos, e depois de alguns anos seguindo desafios "normais", eu preciso de coisas mais interessantes.

Para 2017, o Desafio Corujesco sugere uma dose de randomicidade nas escolhas literárias de cada tema, o que apela à estatística formada dentro de mim, mas que deixa o meu lado virginiana absolutamente apavorada. Mas, vou tentar encarar o desafio!

As randomicidades propostas são:

1) Faça uma pilha/lista dos livros que você tem disponíveis para leitura no tema proposto. Mostre-a em uma rede social (ou mesmo num grupo de amigos do whatsapp) e peça que escolham sua próxima leitura. Se você não se sente à vontade com redes sociais, então pode pedir a outra pessoa aleatória - a primeira que passar pela sua mesa quando você terminar a lista ou algo do tipo.

2) Pegue um globo. Ou um mapa. Ou pesquise o mapa múndi e coloque-o na tela do computador. Feche os olhos e coloque o dedo no mapa. Utilize o país em que seu dedo caiu para escolher o livro - seja porque o autor é natural desse país, seja porque a história se passa por lá. Caso seu dedo tenha caído no meio de algum oceano, leia uma história que se passe em alto-mar. Ou num rio. Num cruzeiro. Numa lagoa. A escolha é sua.

3) No caso de escolher contos dentro dos temas propostos (e não apenas no mês em que se pede para fazer o diário de contos, embora nesse caso também seja possível), não se restrinja a um único autor ou livro. Escolha de forma aleatória dez histórias, de dez autores/antologias diferentes e compare diferentes estilos, diferentes gêneros.

Já aviso que a terceira randomicidade não vai rolar. Não vou ficar trocando de livro de contos. Mas, se eu fizer a minha versão desse mês do desafio (calma, já chegaremos lá) daí certamente vou topar fazer algo assim.

A Lulu (ou a Coruja) fez um grande favor, deixou janeiro e dezembro como meses de tema livre, o que certamente vai facilitar a minha vida, visto que tenho um kindle para esvaziar e eu simplesmente não estou dando conta. Então, vamos lá!

Janeiro - LIVRE - vou ler o que der na telha, até porque estarei de férias!!!!

Fevereiro - Um Livro que seja um Marco dentro do seu Gênero: Pode ser uma história que tenha inaugurado o gênero literário de que faz parte (Dupin do Edgar Allan Poe é considerado o início das histórias de detetives), que mudou a forma como se encara aquele gênero (porque criou um personagem arquétipo ou algo do tipo, tipo, Sherlock Holmes), que ganhou tantos prêmios que quebrou a banca ou mesmo que tenha se tornado sinônimo do gênero (Agatha Christie é um nome que automaticamente ligamos ao tema).

Opções: 1) Anne Rice, com a sua volta ao tema Vampiros, com o novo livro dela que eu consegui com o Vampiro Lestat; 2) qualquer coisa de terror do Stephen King (porque ele praticamente define esse gênero); 3) um livro histórico da Wicca (tenho vários livros que marcaram a história do paganismo que ainda não li)






Março - Um Livro que teve uma Adaptação: Basicamente, um título que tenha sido de alguma forma adaptado: ele pode ter servido de inspiração para um filme, uma série, uma história em quadrinhos, um musical… A ideia aqui é comparar original e adaptação e entender como eles dialogam entre si, se a interpretação do original ganha com a versão adaptada. Trabalho investigativo de primeira, hum?

Opções: 1) "Precisamos falar sobre Kevin", que já andou em minhas listas de leituras em desafios anteriores mas ainda não li; 2) "The Martian", que eu já vi o filme e Matt Damon me convenceu a comprar o livro; 3) algum outro livro que tenha virado filme (porque essas adaptações são mais comuns)




Abril - Uma História Baseada em Fatos Reais: O tema é auto-explicativo. Pode ser um romance inspirado numa história real ou pode ser o próprio relato do caso. Talvez até um livro-reportagem. E nada mais tenho a declarar sobre o assunto.

Opções: 1) algum livro do Bernard Cornwell (faz muito tempo que não leio nada dele); 2) algum livro de história árabe (tenho vários para ler); 3) algum livro sobre espionagem (não perguntem, eu simplesmente adquiri vários nos últimos meses)



Maio - Um Livro que Você tem mas Nunca Leu: Outro que não precisa de maiores explicações. Esse daqui é um mês para vasculhar na estante aquele livro que está escondido, caído atrás dos outros, em algum compartimento secreto escondido - talvez algo que você ganhou, mas nunca se empolgou muito em começar, algo de que você não sabe o que esperar. Deixe-se surpreeender!

Eu não sei se rio ou se choro com esse tema. É tanta opção que sei lá.


Junho - Uma História que se Passa no Futuro: Nesse caso, pode ser também um futuro de uma história alternativa à nossa - o que significaria que não temos como confirmar se ela está na mesma linha temporal que estamos, de forma que ele pode ser equivalente ao nosso passado. Um exemplo desse paradoxo? O Homem do Castelo Alto, de Philip K. Dick, onde temos o futuro de um mundo em que Hitler venceu a guerra.

Confesso que tenho pouquíssimos livros com esse tema. E o pior é que eu li agora em dezembro uma saga inteira que poderia se encaixar aqui. Já sei que vou pegar livros do tema anterior e ver o que dá pra classificar aqui. Olha, vai facilitar (só um pouquinho) a minha vida em Maio. E como tenho que dar uma pesquisada nas estantes, não vai rolar lista prévia.


Julho - Um Livro que seja uma Indicação de Algum Conhecido: Eu sei que já há uma regra das randomicidades que sugere pedir sugestões, mas é algo que pode ou não ser aplicado a depender da escolha do leitor. Aqui, a sugestão se torna tema e, ei, pelo menos não estou pedindo para vocês pararem pessoas na rua pedindo indicações para elas (se bem que eu poderia fazer exatamente isso, não é mesmo?)

Vou dar uma de puxa saco e incluir na lista algum livro que tenha sido indicado no blog do Desafio Corujesco. Tem algumas opções interessantes... 1) algum livro da Julia Quinn; 2) algum livro indicado pela minha amiga Ceci Schubs, ou 3) algum livro indicado pela minha amiga e escritora Vivian Wolkoff


Agosto - Fazer um Diário de Contos: Eu adoro contos, acho fantástico como eles conseguem contar uma história completa no espaço de poucas páginas, desenvolvendo toda a ação sem grandes prolixidades. O desafio em específico não é apenas ler um livro de contos, mas criar um diário dos contos lidos ao longo do mês de agosto. Você pode ler um conto por dia (como fiz no meu projeto 1 Ano, 365 Contos) de diferentes livros, todos os dias do mês, ou pode ler um único livro de vários contos e fazer o diário à medida que for terminando as histórias.

Pode-se utilizar esse diário para fazer uma média de quantas páginas/horas você lê ao mês ou o horário em que você prefere ler, onde você faz suas leituras… Ele não é apenas uma resenha de um livro, como nos outros meses, mas um vislumbre nos seus próprios hábitos de leitura. Afinal, conhece-te a ti mesmo antes de começar a investigar os outros, não é mesmo? Manter um diário nesse estilo pode ser bastante divertido!

Então... estou pensando em adaptar esse mês e ao invés de fazer um diário de contos, fazer um diário de poesias! Até porque comecei um novo hábito em 2016 de ler uma poesia todos os dias. Como boa virginiana estou lendo um livro de cada vez, mas vou fazer desse mês um exercício de ler diferentes poesias de diferentes livros e autores, e, sim, vou manter um diário... ou pelo menos tentar!




Setembro - Um Livro de um Autor que Você Nunca Leu: De novo, o sentido está bastante óbvio. Dê uma chance ao desconhecido. Feche os olhos e pule!

Outro tema com inúmeras opções... e que terei que dar uma pesquisada para listar e, no momento, a preguiça impera.


Outubro - Uma História que Combine com o Halloween: Pode ser uma história que se passa no dia das bruxas, pode ser uma história que tenha criaturas fantásticas e outras assombrações, pode ser simplesmente uma história que te provoque calafrios. Pode ser romance, terror, aventura, suspense… o importante é que ele faça lembrar o dia das bruxas.

ADORO ESSE TEMA!! Até porque adoro Halloween! E como leitora ávida de livros de fantasia, o que não falta é opção...


Novembro - Um Livro de um Autor Brasileiro: Porque é sempre bom saber o que se anda produzindo em terra brasilis. Temos bons autores policiais cá no Brasil - na minha opinião, é um gênero que se ajusta muito bem à nossa realidade. Mas, claro, vocês não precisam se restringir aos autores policiais ou mesmo escolher uma história que além do autor tenha a ação também passada por aqui. A escolha é sua.

Vixi... confesso que não sou leitora assídua das produções nacionais, e isso é algo que realmente seria interessante eu conseguir rever na minha vida. E esse ano eu cheguei a comprar alguns livros de autoras brasileiras que estão desde então parados na estante. Irei atacá-los.

E é isso! Que 2017 venha com boas surpresas! 

Winter



SPOILER FREE

E finalmente cheguei no último livro da série Lunar Chronicles! Ufa!

Depois de ver versões bastante interessantes e originais de Cinderela, Chapeuzinho Vermelho e Rapunzel, chegou a vez da versão de Branca de Neve. E vou dizer que esse livro foi sofrido.

Primeiro, ele não é melhor do que nenhum dos volumes anteriores, que já sofriam de problemas, segundo, o livro é longo demais. Sabe a sensação de que a história não acaba nunca e que você torce para a coisa andar? Péssimo sentir isso lendo. E, por fim, o final não é lá tão recompensador.

Pra mim, os piores problemas da série como um todo estão nas personagens femininas e na inconstância do que elas são realmente capazes de fazer. Acho muito chato você ser apresentado a uma habilidade da personagem e depois isso simplesmente não acontecer mais, ou só acontecer de novo para o enredo poder andar. Além disso, o primeiro livro vem cheio de promessas de personagens femininas fortes, bem resolvidas e que iriam crescer para ficarem ainda mais interessantes, mas não é isso que ocorre nos volumes seguintes. O pior é que a cada nova personagem sendo apresentada, novamente há a promessa, mas a entrega não é lá essas coisas.

Como uma série de releitura de contos de fadas, onde a ideia inicial parece ser reescreve-los de forma a empoderar personagens tradicionalmente dependentes, o resultado nesse sentido é absolutamente abaixo do esperado para livros escritos depois de 2010. O nível de independência emocional e  de ação das protagonistas é algo que já se via no final dos anos 90, 20 anos depois disso eu esperava algo muito melhor. Portanto, falta novidade nesse quesito.

A novidade fica (talvez, porque não conheço outras adaptações) por conta da fantasia futurista utilizada para unir as histórias, que é realmente legal e bem original, mas muitas vezes acaba ficando por demasia apenas como pano de fundo, quando poderia ter mais repercussões e gerar não só mais conflitos no enredo, mas também discussões mais interessantes.

E alguém pode me explicar porque existe esse fetiche de fazer personagens femininas sofrerem? De onde vem essa necessidade extrema de fazer todas as personagens passarem por provações físicas tão bizarras? Isso faz sentido quando trata-se de guerreirxs, mas fora isso, pra que? Que aconteça ao longo de uma narrativa mais comprida eu entendo, mas precisa acontecer de forma tão repetida?

Enfim, é uma saga young adult bem dentro da média. Para quem curte o estilo a leitura vale a pena, mas não é nada que inspire uma menção especial.

Nota 7.

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Cress



SPOILER FREE

Esse é o terceiro livro da série Lunar Chronicles, vindo depois de Cinder e Scarlet. Como fica bastante óbvio pela capa, o conto de fadas da vez é Rapunzel. E a adaptação para um universo futurista é sim, bastante interessante e está surpreendentemente bem encaixada com a história apresentada anteriormente.

O que me surpreendeu é que, na verdade, a personagem que vem a ser Rapunzel aparece pela primeira vez em Cinder, o que mostra que a autora fez um trabalho bastante complexo entre os livros e que havia um planejamento entre os volumes, o que, convenhamos, nem sempre acontece. Especialmente com autores "iniciantes".

Por um lado, Cress é um dos livros mais interessantes da saga, por outro, ele deixa bastante a desejar. Pessoalmente, a questão amorosa apresentada nesse livro me irrita, mas eu entendo o apelo e o que levou a autora a fazer uso desse tipo de enredo romântico.

O final do livro é particularmente eletrizante, porém, deixa com vontade de abrir imediatamente o volume seguinte, porque a história para praticamente no meio. O que considero um golpe baixo com o leitor. No mais, o livro fica na média dos anteriores, o que também mostra que a autora não tem se superado em termos literários.

Enfim, até o momento é mais uma série young adult, indicada para os fãs do gênero e particularmente de adaptações de contos de fadas.

Nota 7,5

sábado, 10 de dezembro de 2016

Scarlet



SPOILER FREE

Então, essa é a continuação de Cinder e o segundo livro das "Lunar Chronicles". Dessa vez, a autora faz uma releitura de outro clássico dos contos de fada, Chapeuzinho Vermelho.

A saga é interessante e a releitura é bastante original. O meu problema pessoal é que eu não gostei da Scarlet. Sei lá, talvez porque ela é exagerada e, sinceramente, chata. Mas, o Wolf é um personagem interessante e a forma como a autora combinou as histórias é bem legal.

Todo o drama político intergalático é interessante, mas é nesse ponto que eu acho que a história poderia ser melhorada, confesso que não achei muito plausível algumas escolhas da Rainha de Luna. E nesse quesito já aviso que as continuações não são lá muito melhores.

Então, dentro da categoria fantasia young adult é uma série entre mediana e boa. Para quem gosta do estilo e de contos de fada vale a leitura.

Nota 7.

Cinder



SPOILER FREE

Então, como chegou dezembro, estou super estressada e com o kindle lotado, resolvi pegar uma série Young Adult para ler, assim esvazio o kindle, bato minha meta de leituras do ano (60 livros! já bati! uhuuuu!) e leio algo leve para esfriar a cabeça.

Então resolvi pegar a série Lunar Chronicles, da autora debutante Marissa Meyer, e que fizeram bastante sucesso. Inclusive os três primeiros livros da série já foram lançados em português, com os mesmos títulos originais.

Vou resumir Cinder para vocês terem uma idéia: releitura da fantasia Cinderela futurista, com direito a androides e viagens espaciais. Sério. E é divertido.

Não é nenhuma obra-prima, tem algumas coisas no enredo que poderiam ser melhoradas (especialmente nos livros seguintes), mas é leve e divertido para o que se propõe. Então, dentro da sua categoria é uma boa leitura, com a vantagem de ter uma protagonista feminina forte e alguma variação étnica de personagens (poderia ser mais variado também).

Considerando isso tudo, nota 8!


This is where it ends



SPOILER FREE

Esse livro eu li meio adiantado, porque na verdade ele fazia parte do desafio literário de dezembro, de livros lançados em 2016. Mas, como estou com aquele probleminha do Kindle super lotado e não será exatamente fácil comprar outro livro lançado esse ano e conseguir baixá-lo, resolvi lê-lo de uma vez e aproveitar e esvaziar o bichinho no que fosse possível.

"This is where it ends" é um livro extremamente atual, não só pelo seu tema central, um mass shooting numa escola norte americana, mas também pela escolha diversificada de personagens feita pela autora. Tem de tudo, latinos, homossexuais, imigrantes árabes... muito representativo da sociedade atual, e um tipo de retrato que ainda é raro. 

A história se desenrola minuto a minuto durante o grande drama, alternando o ponto de vista de diversos personagens ligados de alguma forma ao protagonista da tragédia. A autora promete, apesar de ainda não ser genial, visto que a diferença entre as vozes dos personagens não é tão clara. Mas vamos considerar que esse é o primeiro livro publicado da Marieke e, dito isso, ele é fantástico.

Outra informação interessante é que Marieke é holandesa! Acho que foi minha primeira autora dessa nacionalidade. E se quiser visitar o site dela, ela parece uma fofa.

Simplesmente vale a leitura.

 Nota 9!

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Elegias de Duíno



SPOILER FREE

Então, como eu comentei mês passado, desde que reorganizei os livros na minha casa, tenho lido poesia todos os dias, o que tem se mostrado um hábito delicioso.

E no final de novembro eu terminei essa edição bilíngue do Rainer Maria Rilke. Essa edição em particular foi traduzida por uma brasileira especialista em Rilke, que inclui no final umas análises bem interessantes de cada um dos poemas que compõem as Elegias de Duíno.

Rilke é considerado um autor clássico de poesia, e o seu trabalho é realmente muito bonito e bastante emotivo, mas eu confesso que prefiro Blake. Rilke tem um jeito mais dramático, meio deprê, que é maravilhoso dentro da sua proposta de sofrimento cristão e vale a leitura sem a menor sombra de dúvida, mas gosto é gosto.

Já tenho outro livro dele na estante me esperando e certamente vou lê-lo em algum momento.

Nota 9.

Friendly Fire



SPOILER FREE

E novamente estou com o problema do Kindle lotado. Talvez agora a situação esteja ainda mais crítica, tem uma lista de uns 20 ou 30 livros que estão aguardando espaço para serem baixados. Uma vergonha completa. Então, voltei a correr atrás da meta esvaziar o kindle!

Pensando nisso, resolvi pegar mais um livro do autor egípcio mais famoso da atualidade Alaa Al Aswany, que escreveu o aclamado "Edifício Yacoubian". Dessa vez peguei um livro de contos que por um acaso tem uma novela no início. "Friendly Fire", que saiu em português com o título "E nós cobrimos os seus olhos", começa com uma explicação do autor sobre como ele nunca conseguiu publicar a tal novela no Egito por problemas de censura, o que também te prepara para a história, que é realmente sensacional apesar de um tanto dura, e pelo ponto de vista de um censor faz todo sentido que ela nunca tenha sido publicada.

Além dessa novela, que é quase um livro por si só, "Friendly Fire" tem uma quantidade grande de contos do autor, todos eles com o mesmo clima de querer mostrar a realidade nua, crua e dolorosa do Egito. Como todo livro de contos, nem tudo ali é digno de ser chamado de obra-prima, tendo os seus altos e baixos, mas no geral o livro é muito bom. A qualidade média dos contos é excelente.

Alaa Al Aswany é um escritor de mão cheia, do que eu já li dele até agora achei tudo maravilhoso, mas ele é aquele tipo de autor de um país pobre que gosta de falar dos problemas da sua terra natal (ya baladi!), o que não é um tópico sempre agradável e não é todo o mundo que curte ler. Para quem curte o mundo árabe (o meu caso, claro) acaba sendo sempre proveitoso, mesmo que não goste do estilo.

Para os fãs do finado prêmio Nobel Naguib Mahfouz, Aswany é uma ótima sugestão, pois ele segue numa linha um pouco mais contemporânea de literatura realista, com a vantagem de ainda estar escrevendo, o que traz a possibilidade de novas leituras!

Nota 10!

Mary Poppins



SPOILER FREE

Eis um livro que fiquei com vontade de ler depois de ter visto o filme sobre a autora P.L.Travers, "Saving Mr. Banks" (em português "Walt nos bastidores de Mary Poppins") com Tom Hanks e Emma Thompson, muito indicado aliás.

Claro que o comprei numa promoção do Kindle, e como ele era ilustrado, acabei lendo no celular, o que foi um teste bastante interessante para o aplicativo, que já até utilizei outras vezes e está aprovadíssimo, pelo menos no meu aparelho.

Mas Mary Poppins me surpreendeu, antes eu imaginava algo mais parecido com o filme dos anos 60, mas depois de ter visto "Saving Mr. Banks" passei a achar que talvez não fosse bem assim, mas mesmo assim o livro me surpreendeu. Primeiro porque a personagem é absolutamente diferente do que foi apresentado pela Julie Andrews sorridente e cantante do Walt Disney, sendo muito mais inglesa do que eu imaginava, o que, na verdade, não deveria ter sido uma surpresa, mas foi. Segundo, o livro é até grandinho, tem muito mais histórias do que eu esperava, e algumas até bem psicodélicas, o que achei extremamente interessante.

E claro, o livro fez tanto sucesso que tem diversas continuações, o que mostra que essa moda não é de hoje. E, claro, fiquei com vontade de lê-las. Aliás, em 2018 uma dessas continuações deve virar filme com a Emily Blunt como Mary Poppins. Fica a dica.

Em português, foi lançado há razoavelmente pouco tempo uma edição de Mary Poppins comemorativa de 80 anos do seu lançamento, uma coisa lindíssima da Cosac Naify, mais um motivo para chorar o fechamento da editora. Mas até onde sei, nenhuma das continuações foi lançada em português.

Nota 10.

O Árabe do Futuro 2



SPOILER FREE

Essa resenha está atrasada, pois minha vida está um caos, mas é temporário, daqui a pouco voltamos à programação normal.

Li esse livro também no desafio literário de novembro, o esquema de ler um livro de "uma sentada só", simplesmente porque adorei o primeiro volume e como eu já tinha o segundo em casa eu simplesmente não consegui esperar.

Riad Satouff é um cartunista filho de pai sírio e mãe francesa, nascido na França mas criado em diversos lugares diferentes. Seguindo a linha de Persépolis, a coleção "O Árabe do Futuro" é sua autobiografia, que traz os detalhes de uma infância bem incomum (para ler a resenha do primeiro volume clique aqui).

Nesse segundo livro, a história se passa quase que inteiramente na Síria, com poucas passagens fora do país. E nesse volume também que ele conta uma história extremamente emblemática sobre como os muçulmanos estudam o Corão, e que ajuda a entender um pouco do porque de existir tantos movimentos radicais dentro do Islã e como eles conseguem manipular as pessoas. Vale a leitura nem que seja por conta desse trecho.

Assim como no primeiro livro, a leitura é extremamente leve e divertida, e novamente dá aquela sensação de quero mais no final. Infelizmente o volume seguinte ainda não foi traduzido para o português e encontrá-lo em francês não é exatamente fácil ou barato. Então, a parte ruim é que teremos que esperar.

Nota 10!

A lógica do Cisne Negro



SPOILER FREE

Eis um livro que veio parar na minha mão por sugestão de um colega de trabalho, porque, afinal de contas, sou formada em estatística e um livro que fala sobre probabilidade faz as pessoas lembrarem de mim.

O livro foi escrito por um libanês que fez sucesso (e dinheiro) no mercado financeiro, se utilizando de métodos estatísticos menos usuais para medir e estudar riscos, especialmente o que ele chama de cisne negro. A ideia é que o cisne negro é aquele acontecimento que até o momento em que ele acontece mão existiam evidências de que ele poderia ocorrer, o que torna as estatísticas do passado irrelevantes para o seu estudo.

É um tema realmente fascinante.

E o autor sabe explorar bem o tema e sabe escrever bem, o livro prende o leitor e, por não ser nada técnico, é de fácil compreensão. De quebra, Nassim Taleb é muito culto, o que o permite incluir inúmeras referências de diversas áreas sujeitas ao cisne negro, e, por ter um ótimo senso de humor, as mescla com diversas anedotas e experiências pessoais que são extremamente divertidas.

Particularmente para mim, o que me incomodou foi justamente o livro ser pouco técnico, eu confesso que queria ter visto mais matemática ali no meio, mas entendo perfeitamente a escolha que o autor fez para melhorar as suas chances de sucesso literário. O que se provou uma decisão acertada, visto que ele já tem uns 3 livros publicados sobre o assunto e todos bem colocados na lista dos mais vendidos.

Nota 9.