On a visit to Beirut during the terrible civil war of 1975-1976 a Frech journalist wrote regretifully of the gutted downtown area that "it had once seemed to belong to... the Orient of Chateaubriand and Nerval." He was right about the place, of course, especially so far as a European was concerned. The Orient was almost a European invention, and had been since antiquity a place of romance, exotic beings, haunting memories and ladscapes, remarkable experiences. Now it was disappearing; in a sense it had happened, its time was over. Perhaps it seemed irrelevant that Orientals themselves had something at stake in the process, that even in the time of Chateaubriand and Nerval Orientals had lived there, and that now it was they who were suffering; the main thing for the European representation of the Orient and its contemporary fate, both which had a privileged communal significance for the journalist and his French readers.
SPOILER FREE
Finalmente tomei vergonha na cara e li Orientalismo, essa obra marcante do palestino Edward Said que aponta tantos julgamentos e preconceitos hoje considerados absurdos, mas que até bem pouco tempo atrás eram algo absolutamente normal.
É verdade que Orientalismo não foi a primeira obra que aborda esse assunto (nem será a última), mas sua importância está no fato de ser um dos estudos mais completos sobre a questão quando se trata do Oriente e por ter sido escrita por um árabe, ainda por cima palestino, e escrito para um público ocidental. Repercussões a parte (o próprio autor tem um prefácio escrito para a edição de aniversário de 25 anos do livro que trata sobre isso), o livro é com certeza uma leitura obrigatória para todos que querem estudar o Oriente Médio e também outras regiões ou povos que são estudados de um ponto de vista euro centrista.
Mas quem quer que venha a ler Orientalismo, fique avisado, o livro é pesado de ler. E não apenas por ser um trabalho intelectual pesado que envolve citações de inúmeros autores e análise dos textos citados, mas também porque o assunto em si não é leve. Ler a forma como outros povos foram e ainda são tratados em estudos de acadêmicos europeus, americanos ou simplesmente brancos, é um exercício de autocontrole. É tanto preconceito, julgamentos sem fundamento algum e generalizações que você não sabe se chora, joga o livro/kindle longe, amaldiçoa os autores em questão ou simplesmente se enche de raiva.
E isso se arrasta por todo o livro de Edward Said, autor analisado nenhum se salva, uns poucos são só menos piores, e se você acha que a entrada do século XX traz alguma melhora significativa, pense de novo, as mudanças positivas só chegarão com um pouco mais de força depois da publicação de Orientalismo, em 1978. E se você acha que a mudança de centro de poder da Europa/Inglaterra para os Estados Unidos pode ter trazido algo de novo ou positivo, pense de novo. O pior é que independentemente da época ou lugar, os estudos produzidos dessa forma foram usados para justificar ações políticas ou para escolhe-las.
É desolador e deprimente mesmo. E para me deixar mais animada, claro que vi paralelos com a questão dos negros, das mulheres e dos latino americanos de forma geral. Num mundo onde o Trump foi eleito, esse tipo de leitura deveria ser obrigatória, para ver se as pessoas acordam para a sua própria ignorância. Como o próprio Edward Said aponta, enquanto não formos mais humanistas estamos fadados a repetir esse tipo de erro, e enquanto isso acontecer não haverá entendimento, respeito e paz.
A nota só não será máxima porque a edição que eu li não tinha bibliografia, e eu fiquei muito zangada por isso.
Nota 9.
Excelente comentário que nos faz ter a sensação de urgência em ler este livro, especialmente em momentos de tanta intolerância como estamos vivendo, plantados, em grande parte, por perspectivas eurocentradas compradas sem a menor reflexão.
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