O Desafio Literário Popoca de julho tem um tema um tanto polêmico, poesia! Eu digo polêmico porque poesia é um tema muitas vezes visto com algum preconceito, e eu vejo com frequência uma relação de amor ou ódio dos leitores com poesia.
Particularmente eu amo poesia, e acho que aqueles que não gostam simplesmente não foram bem apresentados a esse estilo. Só acredito que alguém realmente deteste poesia se a mesma pessoa também detestar música, porque as duas artes são irmãs gêmeas. Se você gosta de música, você gosta de poesia, simples assim, e como qualquer estilo literário, é uma questão de encontrar as poesias e autores do seu agrado. Que nem música.
Também já ouvi muita história de gente que tentou gostar de poesia, mas afirma que não conseguiu. E nessas histórias eu vejo um dos equívocos mais comuns com relação a esse estilo, que é achar que funciona igual a romance. Não é igual. Livro de poesia não é para ser lido que nem romance, de uma sentada só ou com aquela fome de saber o que vai acontecer no próximo capítulo. Livros de poesia não têm aquela vibe de início, meio e fim, ou pelo menos, a maioria não tem, os que são assim são a exceção, não a regra.
Antes da pandemia, eu estava lendo poesia com frequência, e da forma que particularmente acho a mais agradável para o estilo: todo dia eu lia uma poesia de um livro diferente. Uma poesia. Se ficasse muito animada, eu lia duas. Mas por que isso? Porque cada poesia é como se fosse uma obra literária completa, e ler várias em sequência muitas vezes tira o impacto que a poesia deveria ter, o leitor perde o tempo que seria necessário para absorver e admirar aquela poesia em específico. Por isso que eu digo que poesia não é romance e não deve ser tratado igual.
Com a pandemia, eu perdi o hábito de ler diariamente poesia, por conta, bom, de tudo. Então, o tema foi muito bem vindo, e para sair da minha seca poética escolhi um autor português que eu já conhecia o trabalho em poesia, José Luís Peixoto. Eu também já li um romance dele há muitos anos, e a experiência foi tão ruim que esqueci o nome dele e depois comprei um livro de poesia, que esse sim, amei de paixão. Desde então fico caçando seus livros de poesia.
Regresso a casa é o último lançamento do autor, escrito durante a quarentena em 2020 e publicado em 2021. E faz jus ao seu histórico de trabalhos poéticos maravilhosos anteriores. Tanto que já recebeu o prêmio Bertrand de livro do ano de poesia.
A coletânea inclui poesias escritas durante a quarentena, mas também tem poemas relacionados a viagens que o autor fez para locais ditos exóticos, como a China e Coreia do Norte (ele tem um livro sobre essa viagem, que estou doida para ler também). E independente do tema, José Luís Peixoto acerta na mão. O resultado é um livro de poesias bem equilibrado, e que cobre temas que são caros ao autor, como família e amor.
Particularmente, eu gostei especialmente dos poemas relacionados à quarentena, talvez porque ainda estou em uma. E achei interessante ter reconhecido um deles que o autor já havia publicado no Youtube, em abril de 2020. É diferente ler o poema e escutar o próprio autor declamando. Mas, é interessante porque abre novos significados, afinal, o interessante da poesia é justamente isso, cada leitura, cada um que declama, coloca novas conotações e pesos a cada parte do poema. É como escutar versões diferentes de uma mesma canção. Cada releitura tem um sabor único.
Uma merecida nota 10!
E ao invés de colocar uma poesia para dar um gostinho, deixarei o próprio autor apresentar seu trabalho:
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