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segunda-feira, 6 de abril de 2015

Frango com ameixas



SPOILER FREE

Depois de ler "Persépolis" eu virei fã da cartunista Marjane Satrapi, e estou sempre aguardando uma nova obra dela para ler, e confesso que fiquei guardando "Frango com ameixas" como quem guarda uma comida preferida para comer no final de uma refeição. Então, em abril veio o tema "uma leitura diferente" e achei que uma Graphic Novel se encaixava, porque, bem, leio poucas do gênero, ainda mais com uma autora iraniana, o que torna as suas obras não só interessantes, mas também únicas.

"Frango com ameixas" segue o estilo de "Persépolis" e "Bordados", onde Marjane nos traz anedotas da história da sua família, mas dessa vez é uma história em que ela realmente não esteve presente, apenas ouviu relatos. Por isso mesmo a história é contada de forma um pouco menos pessoal, mas ao mesmo tempo com mais liberdade de interpretação, talvez.

Ao contrário também dos livros citados, dessa vez Marjane nos traz uma história triste e melancólica, de partir o coração do leitor. O tio dela, Nasse Ali, é um grande músico no Irã, e o seu instrumento, um tar (instrumento da tradição persa que lembra uma mistura de alaúde com violão), acabou de ser quebrado numa discussão com a sua esposa. A partir da sua busca infrutífera por um novo instrumento, Nasser Ali revê diversas escolhas que fez ao longo da sua vida, e dessa forma vai caminhando para o seu fim trágico.

A história é contada numa espécie de contagem regressiva, onde os últimos dias da vida de Nasser Ali são examinados numa busca de sentido no seu destino, como uma tentativa de explicar as suas escolhas, incluindo a sua última. É um conto entremeado de anedotas e flashbacks, ilustrando não só a vida do personagem principal, mas também o meio onde vivia e sua cultura, que também influenciaram na sua história, como não podia deixar de ser.

É uma história profunda, contada de forma simples e acessível, uma bela obra de arte.

Nota 9,5.

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