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quarta-feira, 8 de abril de 2015

O jogo do destino


SPOILER FREE

Quem acompanha o meu blog sabe que eu AMO Naguib Mahfouz, já li tantos livros dele e tenho tantos outros a ler que já perdi a conta. Mas mesmo os gênios literários como ele tem os seus baixos, e nesses momentos vemos que ele também é humano, o que é uma sensação contraditória, uma tristeza misturada com uma certa alegria por ele não estar tão distante de nós, reles mortais.

Peguei mais um livro dele para ler porque um dos temas desse mês era um autor asiático ou do oriente médio, e, para mim, qualquer desculpa é desculpa para ler Naguib Mahfouz.

Eu já sabia que esse livro dele não era lá grandes coisas, pois ele costuma ser classificado como um dos piorzinhos dele, sendo da sua primeira fase como autor, quando ele se focava em temas relacionados ao Antigo Egito. Essa fase costuma ser explicada pelo momento em que o autor vivia, de grande patriotismo no Egito, e foi uma espécie de tentativa de se apoderar do passado glorioso dos faraós no Egito moderno. Mas é Naguib Mahfouz, e eu leria feliz até a lista de compras dele.

Então, "o jogo do destino" traz uma trama da época da construção das pirâmides, quando o faraó escuta uma profecia, que diz que a sua dinastia acabaria com ele, e nenhum dos seus descendentes subiria ao trono. A ameaça é um bebê recém nascido, destinado a virar faraó, que é filho de um dos grandes sacerdotes.

A história em si, é muito interessante e cheia de reviravoltas, o que torna a leitura dinâmica e interessante. Porém a construção dos personagens é simplória, vê-se que o autor ainda não tinha dominado bem esse ponto nessa época, tendo quase caricaturas que se baseiam apenas no preto e branco, bom e mau. Um jeitão meio Shakesperiano de escrever, sabe? Com direito ao excesso de drama e tudo o mais. Outro ponto que me incomodou, mas quanto a isso eu tenho o Christian Jacq para culpar, é a forma como Mahfouz retrata os egípcios antigos, achei muito estranho a forma basicamente islâmica deles se tratarem uns aos outros, além da forma como as mulheres são retratadas, numa quase cópia da sociedade árabe, e um pouco diferente demais do que escuto dos egiptólogos (novamente culpa do Christian Jacq!).

Enfim, é uma leitura interessante, mas não excepcional. Para quem curte Egito Antigo, mas não o suficiente para saber muito do assunto, é uma leitura muito legal, assim como para quem curte tramas de poder e discussões sobre o destino.

Nota 7,5.

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