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segunda-feira, 27 de abril de 2015
Outlander
SPOILER FREE
Eu confesso que já não me lembro exatamente por qual razão resolvi tirar esse livro da estante para ler, mas lembro que o comprei simplesmente porque a série de televisão baseada nele estava fazendo sucesso, o que me fez descobrir que ele existia, e que ele gerava uma certa discussão no meio feminista. A curiosidade falou mais alto e eu resolvi comprar para um dia tirar as minhas próprias conclusões.
A discussão no meio feminista é por conta das cenas de violência sexual contidas no livro. Eu entendo que muita gente não goste de ler esse tipo de livro e até aí está tudo bem, cenas de violência nunca são legais, mas infelizmente fazem parte do mundo em que vivemos, daí o problema delas estarem expostas em livros não é um problema em si, a forma em que elas são mostradas aí sim pode ser problemático no sentido de banalizar aquela violência, isto é, mostrá-la como algo normal e/ou esperado.
Aí entram algumas considerações que são importantes ao lermos um livro com cenas desse tipo que precisam ser analisadas: a época em que o livro foi escrito (publicado em 1991 no caso), a época em que se passa a história (a personagem principal nasceu no início do século XX, e na década de 40 ela acaba viajando no tempo para o século XVIII), e como o assunto é tratado de acordo com essas informações. Então, vamos lá, sem querer passar a mão na cabeça de ninguém, o livro foi publicado numa época em que a violência contra a mulher ainda não tinha chegado ao ponto em que estamos hoje, de virar assunto de tudo quanto é tipo de mídia e termos diversas passeatas pelo mundo, a personagem principal é uma mulher com mentalidade do início do século XX, e a maior parte da história se passa no século XVIII. Há de se convir que nessas épocas a violência contra a mulher era algo visto como normal (graças aos deuses estamos mudando). Dentro dessa perspectiva, o que é retratado no livro não é absurdo, não mesmo. Comparado com diversos outros livros que eu já li, inclusive, é até muito leve.
E esse é o único ponto "positivo" que eu consigo mencionar do livro.
De uma forma geral, a história é muito fraca, os personagens são rasos, a escrita não compromete mas não traz nada de interessante, as cenas que supostamente deveriam tornar o livro mais picante são ou sem graça, ou com violência no meio e há um excesso de tentativas da autora de complicar a história, o que torna a narrativa pouco crível. E não, o problema não é a viagem no tempo.
É basicamente um romance daqueles de banca de jornal com um toque de ficção científica.
Tanta coisa me incomodou nesse livro que se eu fosse escrever sobre tudo daria um post gigante, então vou me ater apenas no que me incomodou mais: o romance principal da história, entre a protagonista e um cara que ela conhece no século XVIII. O tal cara pode ser muita coisa, mas o romance entre eles simplesmente não faz sentido. Tudo o que ela gosta nele é o sexo e a aparência, e ela só se ferra vivendo no passado, e vai me convencer decisão dela faz sentido? Não faz.
Eu sofri tanto para chegar no final das mais de 500 páginas desse primeiro volume que resolvi ler as sinopses dos livros seguintes (são uns 9 livros nessa série), e o que eu li me deixou tão desanimada, mas tão desanimada, que resolvi que simplesmente não valia o esforço, nem que seja pra falar mal. E pelas sinopses eu nem preciso! Elas falam mal da série sozinhas.
Nota 2,5.
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