SPOILER FREE
Esse foi meu primeiro livro do Chico Buarque. Obviamente que eu já era fã da sua faceta de compositor, mas nunca tinha lido nada dele (nem as peças, que também nunca assisti).
Confesso que gostei, e superou minhas expectativas. E, na verdade, me lembrou de um outro livro do qual eu gosto muito, A metafísica dos tubos, da Amelie Nothomb, por sua capacidade de encarnar uma idade, uma faixa etária, pouco ouvida. Enquanto na Metafísica se trata de uma criança de 3 anos, no caso de Leite derramado, se trata de um centenário, com todos os cacoetes típicos de alguém dessa idade. Era quase como ouvir minha avó contando a história dela.
Só que Chico não se contentou em apenas encarnar perfeitamente o personagem, ele ainda fez o retrato de uma geração, tecendo, ainda por cima, críticas sobre as gerações seguintes! Sério, dá pra ver a história do Brasil e do Rio de Janeiro na narrativa.
Talvez ele tenha exagerado um pouco nos clichês, mas talvez tenha sido essa mesma a intenção, pois cai muito bem na obra. Só não é muito divertido de ler caso você esteja com algum familiar no hospital, pois tem referências reais não muito saudáveis sobre o assunto.
Uma coisa que me deixou um pouco frustrada é que, como se trata de um velhinho contando a história, tem diversos buracos que simplesmente não são preenchidos. Ele não conta o que aconteceu! Talvez porque não saiba realmente (estamos lidando com um narrador-personagem), talvez porque não lembre, ou talvez porque para ele não é importante. Mas fica aquela curiosidade coçando! O que realmente aconteceu? Dá um nervoso...
Para quem curte Chico e literatura brasileira é um ótimo pedido.
Nota 9
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe sua opinião/crítica/comentário: