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terça-feira, 2 de novembro de 2010

Versos satânicos

SPOILER FREE

Finalmente!

Nem acredito que terminei esse livro! Em compensação, logo depois de terminá-lo, li quase correndo mais 3 livros... preciso correr atrás da minha meta anual! Estou atrasada!

Mas agora falando do livro:
Salman Rushdie é doente, ponto, não há o que discutir. Dá para entender perfeitamente porque colocaram a cabeça dele a prêmio. Mas também não tinha como esperar nada muito diferente de alguém que cresceu numa sociedade que mistura islamismo e hinduísmo, ele nunca teve chance de ser normal.

Resolvi ler esse livro porque tenho lembranças maravilhosas de uma outra obra dele, voltada para o público infanto-juvenil, Haroun e o mar de histórias. Depois, esse romance é tido como uma das suas grandes obras, além de ter lhe rendido a ameaça de morte do aiotalá, o que é, no mínimo, muito intrigante, tornando a leitura do livro quase obrigatória!

Eu só não esperava que ele fosse tão longo e de difícil digestão. São quase 600 páginas na versão de bolso da Companhia da Letras, num estilo muito diferente, que é um pouco complicado de início, mas depois se acostuma. O primeiro capítulo para mim foi muito difícil. Achei tudo muito enrolado, os nomes indianos se confundiam na minha cabeça, e a história era tão doida, mas tão doida, que fiquei me perguntando se eu tinha entendido certo. É só doido e inusitado mesmo, nada realmente complicado.

O livro conta não só uma história principal, recheada de rancores com a sociedade moderna, com o tratamento dos imigrantes na Inglaterra, a indústria do entretenimento e demais mágoas que presumo serem do autor, mas inclui diversas histórias paralelas, que se misturam e influenciam a narrativa principal (destaque de honra para a história da menina das borboletas, que é fantástica), formando uma grande colcha de retalhos, onde o que é real, fantástico ou fantasioso se misturam, mas não deixam de fazer sentido.

Isso tudo torna a sua leitura pesada, mas vale a pena! Os questionamentos do autor com relação ao que é "bom" ou "ruim", de "deus" ou do "diabo", são muito pertinentes, colocando tudo como uma gama de tons de cinza, mas jamais preto ou branco. O papel dos humanos como instrumentos divinos é muito questionado (imagino que venha principalmente desse ponto a ameaça de morte) e colocado sobre outros ângulos menos nobres.

Enfim, é um romance que não só entretém, mas também faz pensar, sem abrir mão da fantasia típica dos contos orientais. Tudo isso com o estilo muito próprio do autor.

Nota 9,5 porque achei um pouco cansativo, apesar de valer a pena o esforço.

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