SPOILER FREE
Ando numa fase que quero esquecer dos meus problemas e relaxar... e nada melhor para isso do que literatura de fantasia. Tanto que minhas compras de natal na Amazon incluem um exemplar do último livro do Christopher Paolini (o que escreveu Eragon, e cujos livros eu já li e estão aqui e aqui).
A escolha dessa vez se deu por indicação de uma amiga, que leu os livros da Charlaine Harris e que é fã da série originada desses livros, a famosa True Blood. Confesso que depois da minha experiência com Twilight, e ainda por cima sabendo que os personagens principais tinham características parecidas (em Twilight o vampiro é telepata mas não consegue ler a mente da mocinha Bela, enquanto em Dead until dark a mocinha, Sookie, que é telepata, mas não consegue ler a mente do vampiro - mas devo salientar que Twilight veio depois!) fiquei muito apreensiva. Até que um belo dia encontrei os dois primeiros livros da série em promoção numa livraria e resolvi comprar pra ver no que dava, em crédito ao bom gosto da minha amiga.
Explico que comprei os dois primeiros volumes porque se eu gostasse e resolvesse devora-los loucamente eu tinha pelo menos uma continuação e não enlouqueceria entrando na primeira livraria pra catar os livros seguintes. Tudo bem que isso acabou acontecendo de qualquer forma, como eu já relatei aqui da vez que entrei na Saraiva e saí comprando loucamente os livros da série, depois de ler o primeiro volume...
Mas voltando ao tema do post, Dead until dark é surpreendente! Primeiro, os personagens são interessantes, redondos e têm as suas próprias dificuldades e contradições, e a personagem principal, Sookie, é uma telepata com os problemas esperados e reais que a telepatia pode trazer (o que a torna muito mais interessante). Segundo, apesar de pisar fundo na jaca na quantidade de seres sobrenaturais, a autora consegue fazer o mundo permanecer coerente, que é o que realmente importa em literatura de fantasia. Terceiro, ela mistura gêneros: tem drama, romance, comédia, terror e sexo, tudo bem equilibrado. E o mais legal: às vezes parece que a autora simplesmente não se leva a sério! O que dá um toque especial. (Nota: a parte de sexo é mais "normal" que a da Anne Rice, e mais despretenciosa do que a da Nora Roberts - que eu detestei, ficando muito mais bem encaixada e até mesmo mais bem escrita)
Confesso que o resultado ficou próximo a Anne Rice (que pra mim está num pedestal, apesar de ter alguns livros que deixam
De certa forma, as premissas da Charlaine Harris são mais simples e funcionais para explicar porque os vampiros existem que as da Anne Rice, e a escolha da própria telepata Sookie estar contando a história é ótima, porque já existe um pretexto para ela poder te contar o que se passa na cabeça dos outros, com o devido acréscimo da crítica da personagem, o que é muito divertido. Sookie não chega a ser um Lestat, não sendo tão selvagem, imprevisível e amante incondicional da vida, mas é uma personagem bastante rica e que conforme os livros vão evoluindo, ela vai ficando ainda mais interessante.
Nota 9, pela surpresa bem vinda.
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