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terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Poemas Místicos


Dezembro é o mês de um tema do Desafio Literário que já foi muito caro para mim: poesia. Afinal, fui uma adolescente que adorava ler e escrever poesia. Mas nos últimos anos confesso que me afastei muito desse estilo, pois a leitura do dia a dia do metrô não convida a ler calmamente poemas e ficar se deleitando com eles.

Mas é o desafio! Não podia deixar esse tema passar em branco! Mas daí surgiu outro problema, acho que já li praticamente tudo o que possuo de poesias, e o que eu não li são livros absolutamente proibitivos de se carregar na rua por causa do tamanho e do peso. Foi então que me lembrei de Rumi! O grande poeta persa que viveu em Konya (hoje na Turquia) e cujo túmulo eu pude visitar na minha viagem à Anatólia nesse ano.

Saquei o livro da estante de livros sufis (sim, eu tenho uma coleção deles) e tive um final de semana delicioso com ele!

Essa edição é simplesmente uma pérola! (só para usar uma das imagens mais presentes na obra de Rumi) Ela contém uma seleção de apenas 79 poemas de Jalal ud-Din Rumi, feitos para a sua alma gêmea (no sentido literal de alma, por favor) Shams de Tabriz. Para melhorar, o livro conta com 2 introduções muito boas sobre a história de Rumi e como o encontro com Shams mudou para sempre a história tanto desse místico quanto do sufismo, além de todos que foram  influenciados pelo trabalho do grande poeta (e não foram poucos!).

E se você acha que é pouco, no final do volume tem uma sessão razoavelmente extensa que explica diversas figuras que Rumi utiliza nos seus versos. E, claro, tem as suas lindas poesias!

O tema central do Divan de Shams de Tabriz é o anseio pelo reencontro do mestre com o discípulo, do buscador com deus, do amante com o amado. É a busca de Rumi por Shams. E ainda trabalha a ideia de como depois da separação forçada, o discípulo torna-se mestre de si mesmo, como o buscador encontra deus dentro de si e o amante se torna o próprio amado, numa alquimia espiritual poderosa! É lindo!

Outro tema muito mencionado nos poemas selecionados é o Sema, o ritual sufi criado por Rumi que consiste em dançar girando em torno do seu próprio eixo até entrar em êxtase! Eu gostei especialmente desses versos.

Para quem gosta de poesia fica a dica de um livro muito bonito numa edição extremamente caprichada.

Nota 10

2 comentários:

  1. Terminei de ler este livro no último dia de 2012 e é tudo isso que você diz, Laura. Porém, não vi tanta beleza quanto você, basicamente por dois motivos:
    1. O original é persa, portanto, a sonoridade fica inteiramente perdida, bem como as poucas rimas que existem. O trabalho do tradutor, e recriador, José Jorge de Carvalho, é claramente magistral, eu jamais empreenderia uma tarefa dessas, porém o resultado sempre fica prejudicado quando o objeto é poesia,
    2. Os poemas são admiráveis, mas no final de cada, quando Rumi atribui todas as virtudes e capacidades a Shams, é estapafúrdio! Atribuição de todas as qualidades a outro ser humano é admissível e inteligível quando o poeta é um jovem de nos seus 20 anos, mas num teólogo de mais de 40, é contraditório: São principalmente estes que já perceberam que tudo no mundo é transitório e efêmero.
    Afora essas considerações, que são de caráter claramente pessoal, o livro é recomendável, como você afirma.
    Beijos.

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    Respostas
    1. Oi Tesco!
      Entendo as suas colocações, mas a primeira simplesmente não tem jeito, até porque mesmo que eu falasse persa, eu perderia muita coisa, pois provavelmente muitas palavras e construções da época do Rumi não devem fazer sentido no persa moderno... enfim, não é tão simples contornar esse problema da tradução nesse caso.
      Quanto a sua segunda colocação, entendo a ressalva, mas é preciso entender que primeiro, essa é uma seleção de poemas que seguem apenas esse tema do Shams, mas a obra de Rumi não é só isso, ele tem muito mais a dizer além do quanto admira Shams, só não está nesse livro :-)
      Outro ponto é que é preciso entender que como sufi Rumi não vê Shams apenas como outro ser humano notável, ele é uma forma de entrar em contato com Deus, assim como Rumi o é para os seus discípulos, assim como outros mestres são para outras pessoas :-) é muito mais sutil do que aparenta ser a uma primeira vista, não se pode ler os seus poemas de forma literal :-)
      Abraços!

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