Ainda seguindo o Desafio Literário desse mês, com o tema animais protagonistas, resolvi ler algo diferente, pois desde que descobri as Graphic Novels no ano passado, comecei a comprar várias muito interessantes, mas essa é a única que se encaixa no tema. Em parte.
Art Spiegelman ganhou o Prêmio Pulitzer com essa obra, onde ele mostra o relato do seu pai, um judeu sobrevivente do holocausto durante a Segunda Guerra Mundial. E onde entram os animais nessa história então? Veja novamente a capa do livro. Em "Maus", os judeus são retratados como ratos, os alemães (nazistas ou não) são gatos, os poloneses (a maior parte da história se passa na Polônia) são porcos e os americanos são cachorros. Vou deixar os franceses como uma surpresa para quem ler o livro, pois o autor aproveita para fazer uma piada interna muito interessante.
Numa história muito comovente, mostrada através de um retrato muito realista, o autor desfia não só a trajetória da sua família, mas também revisita o seu relacionamento problemático com o pai e a tragédia da sua mãe, tudo com uma dose pesada de autobiografia e autocrítica. E essa autocrítica vira também crítica à mídia e a forma como ele ganhou o prêmio na segunda metade do livro (que originalmente é dividido em dois volumes).
Apesar da história em si ser muito pesada (afinal estamos falando do holocausto), os desenhos mostrando animais no lugar de seres humanos consegue dar uma amenizada no visual, e mesmo tendo cenas fortes, o livro não fica muito pesado e nem causa ojeriza, o que pode ser tanto bom quanto ruim. A vantagem é que facilita falar de uma parte da história muito feia, e que não deve nunca ser esquecida. Inclusive pelos próprios judeus, como o próprio autor critica no livro, ao apontar os preconceitos do seu pai.
Porque os seres humanos são imperfeitos, né? Por mais que sejam martirizados, eles ainda assim não viram santos, como podemos ver com o exemplo dos judeus após o holocausto com a sua relação com a Palestina e os palestinos. Mas um erro não justifica o outro, e "Maus" está aí para lembrar como o nosso lado sombrio pode ser fonte de grandes tragédias, e cabe a nós manter essas memórias acesas numa tentativa de impedir que a nossa própria história se repita.
Nota 9,5
Que bacana, Laurinha. A minha lista de livros ,por enquanto, está meio cheia. rs Mas depois que ficar mais tranquila, esta parece ser uma opção interessante. Beijos
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