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quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Allegiant


SPOILER FREE

E finalmente terminei o terceiro livro! Depois de Divergent e Insurgent, eu não esperava muita coisa de Allegiant, mas mesmo assim consegui me surpreender de forma negativa.

Não entendi a necessidade da autora de tentar explicar ainda mais o que já não fazia sentido, e conseguir a proeza de se enrolar ainda mais e fazer menos sentido ainda. Para piorar, ela resolveu repetir o enredo do segundo livro, sério, é extamente a mesma história só que com nomes diferentes. Além disso, ainda resolveu introduzir diversos personagens novos (todos cópias de personagens dos livros anteriores) sem terminar de desenvolver os antigos. Desenvolver, não, desculpe, o que ela faz nesse livro com os personagens antigos é andar para trás, é impressionante como eles simplesmente ficam mais infantis. A coisa é tão mal feita que nesse livro a autora resolveu alternar o narrador entre a personagem principal dos livros anteriores e o seu par romântico, mas a única forma de diferenciar um narrador do outro é pelo subtítulo de cada capítulo.

E o final? Bom, é apenas uma tentativa de tornar a resolução do livro mais original, sacrificando ainda mais a lógica da história e o pouco de desenvolvimento que os personagens tiveram. Lógica e sentido pra quê? Totalmente desnecessário.

Fico triste quando tento pensar em algo que se salve nessa bagunça e não consigo pensar em nada além de "bem, podia ser pior". E fico mais triste ainda quando lembro que conheço casos piores.

Nota 2.

Média da trilogia: 3

PS: se você entende minimamente de genética e quer manter a sua sanidade, fique longe desse livro.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Insurgente


SPOILER FREE

Eu devo ser masoquista, porque mesmo sem ter gostado do primeiro livro, Divergent, resolvi ler a continuação. Mas minha desculpa oficial é que se é para reclamar tem que reclamar com propriedade, isto é, depois de ler o livro (anotaram?).

Enfim, Insurgente não é melhor do que o primeiro livro em nenhum aspecto. Na verdade, é até mais chato, pois o fator "adolescente tendo ataque" é até mais forte nesse volume, o que é compreensível pelo andar do enredo (sofrimento, morte e destruição, claro, o básico de distopia), mas não justifica a escolha da autora em observar justamente essa parte da história com lente de aumento, tanta coisa mais interessante acontecendo e ela resolve focar no drama.

Confesso que me diverti mais lendo as críticas a Insurgente do que o próprio livro, pois a quantidade de pessoas que ficou decepcionada com o fator "Bella" (personagem principal de Crepúsculo para os não-iniciados) que escorre das páginas do livro, mas eu sinceramente já sabia que isso ia acontecer desde o primeiro livro, e acho que Tris já era uma versão mais bombada da Bella desde sempre, então não me surpreendeu. O que me surpreendeu negativamente foi o par romântico, Four, que apesar dos pesares não parecia ser tão sem graça em Divergent.

O enredo e o mundo criado continuam cheios de furos e explicações meia boca, que eu inocentemente esperava diminuírem ao invés de aumentar (sim, eu sou otimista assim), e continuo sem entender as escolhas da autora. Acho que ela está no meio errado, se ela fosse roteirista de filme de ação adolescente ela seria mais bem sucedida, pois a melhor forma de melhorar os livros que eu consigo imaginar é cortar as explicações sem sentido e se ater à ação, que infelizmente não é tão presente em Insurgent quanto em Divergent, mas daria para 90min de película com folga. Já mencionei que eu espero que o filme seja melhor do que o livro? Pois repito: isso é muito provável. E é por isso que vou ler a continuação... além disso, a esperança é a última que morre.

Nota 4.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Divergente


SPOILER FREE

Então, resolvi correr atrás de mais uma série que vai sair nos cinemas esse ano, e que uma amiga minha tinha dito que era divertida.

E descobri que nem sempre meus amigos têm razão quando me indicam livros. Acontece com todo o mundo, né?

Vamos por partes, Divergente é uma mistura de Hunger Games com Harry Potter, temos um futuro distópico, diversas facções que dividem a população e, claro, os pobres coitados que não pertencem a facção nenhuma e por isso vivem no meio do lixo. A parte Harry Potter fica muito por conta da forma como as pessoas são levadas a escolher uma determinada facção. Mas até aí, não há nada demais, afinal é reciclando que se cria coisas novas.

O problema de "Divergent" é que apesar da ideia ser bacana, ela não é bem desenvolvida, a história tem mais buraco do que queijo suíço. E não é algo discreto, é buraco do tipo "como assim? Não faz sentido!", e quando você repara não está mais mergulhado na história, e sim pensando nas diversas alternativas possíveis de consertar os problemas que vão surgindo um atrás do outro no livro. Isso quando você não é surpreendido por momentos de vergonha alheia no meio da história.

Esse último problema em específico é derivado do fato da história ser adolescente demais. Veja bem, eu curto histórias de adolescentes, mas tenho limites com relação ao excesso de drama e histeria que volta e meia aparecem nesse tipo de história. "Divergent" passou desses limites, e assim entrou para a minha lista de livros que eu tive vontade de jogar longe enquanto eu lia, e na lista dos livros em que eu tive vontade de bater no protagonista. Mas isso tudo faz um certo sentido quando você descobre que a autora desenhou o enredo da série enquanto era adolescente.

De qualquer forma, se eu estivesse com paciência ainda dava para fazer uma análise feminista em cima disso tudo, mas o resultado seria tão feio que pareceria surra em cachorro morto. Vou deixar para a próxima.

Apesar de tudo, o livro é minimamente divertido se você conseguir desligar o cérebro enquanto lê, e o trailer do filme promete... acho que será um daqueles raros casos em que o filme é melhor do que o livro.

Nota 4.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

A concubina


SPOILER FREE

Estou numa fase oriental nos meus livros... mais especificamente numa fase turca, em 3 meses li diversos livros turcos ou cujo tema era a Turquia. Deve ser saudade desse país lindo.

Dessa vez, acabei encomendando o livro "A concubina" por ter gostado demais do serviço (rápido e rasteiro) e dos livros oferecidos em promoção (50% de desconto!) pela editora em dezembro do ano passado. Tudo indicação da minha sogra literária :-) que ainda fez propaganda do blog para a editora e por causa disso ganhei de brinde, juntamente com o terceiro livro comprado, um livro infantil fofíssimo de autoria da dona da editora. Pode uma coisa linda dessas? Adorei.

Rasgação de seda à parte, o livro é de uma autora turca, e como tal eu nunca tinha ouvido falar dela. Mas assim como os demais autores traduzidos pela editora (que você pode encontrar aqui e aqui), achei Gül Irepoglu uma escritora de mão cheia com uma veia poética lindíssima. "A concubina" é daqueles livros para serem lidos devagar, degustando cada palavra, pois conta a sua história através de cartas nunca mandadas e impressões que mais lembram diários. A história nada mais é que um triângulo amoroso entre uma concubina do sultão Abdülhamid Han, chamada Askidil, o próprio sultão e um eunuco! A contracapa dá a entender que a história é baseada em cartas reais que Askidil escreveu, mas independentemente de ser ou não baseado em fatos reais o livro é poesia pura!

Quando eu digo poesia é algo bem literal mesmo, porque só faltava ser em versos. É lindo. E faz você entender melhor como era a vida no harém do sultão turco, o que é fascinante.

Ainda bem que tenho mais alguns livros turcos em casa me esperando... tomara que tenha a mesma qualidade!

Nota 9,5


quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

O segredo do anel


SPOILER FREE

Segundo um dos meus desafios literários desse ano, fevereiro eu tinha que ler um livro que eu comprei por causa da capa. Confesso que isso é algo raro para mim (mas entendo e respeito quem faça isso com frequência), mas depois de dar uma vasculhada na estante lembrei desse livro. Lembro que o comprei numa feira de livros na Carioca, e ele estava bem baratinho, e que achei a capa tão linda e o preço tão bom para um livro novo que não resisti, apesar de não curtir o tema Maria Madalena na época (cristão demais para o meu gosto, apesar de ser cristão polêmico, o que sempre me deixa curiosa).

E depois de 6 anos esperando na estante, finalmente peguei o volume para ler! (É nessas horas que vejo como os Desafios Literários são bons para mim) E descobri que se trata de uma trilogia... fiquei possessa com isso, pois a contracapa não dá nenhum indício disso! E pior, apesar do segundo volume ter sido publicado em 2009 e o terceiro em 2010, só o segundo já foi traduzido para o português. Sacanagem, agora se eu quiser ler logo a continuação da história não poderei completar a coleção em português. O que, olhando pelo lado positivo, é bom para a minha estante de livros e para o espaço disponível na minha casa.

Problemas de espaço e com continuações inesperadas à parte, "O segredo do anel" me fisgou. A sua versão para a vida de Maria Madalena e Jesus é simplesmente linda e humana, e  faz  tanto sentido, mas tanto sentido, que todos aqueles detalhes na história "original" que normalmente me fazem revirar os olhos de repente viraram um "aaaahhhhh agora sim! faz mais sentido desse jeito". Além disso, a protagonista é uma jornalista que leva a sério suas pesquisas históricas, o que deixa a narrativa muito mais crível e cheia de informações e críticas deliciosas.

Apesar da estrutura narrativa lembrar muito "O Código Da Vinci", Kathleen McGowan sabe escrever, o que a deixa em posição de grande vantagem com relação a Dan Brown (que me perdoem os seus fãs). Apesar de algumas escorregadas meio melosas, e alguns relacionamentos que por gosto pessoal eu preferiria que não existissem entre alguns personagens contemporâneos da história, o livro como um todo é muito agradável de ler e os mistérios que envolvem a protagonista Maureen e seu destino são fascinantes. Já mencionei que é a melhor versão para a história de Jesus e Madalena que já li?

Elogios à parte, não sei se é um livro para qualquer um, imagino que para cristãos mais rígidos seja complicado ler uma versão desse tipo para os fatos bíblicos, mas na minha opinião não é tão chocante quanto pode parecer no início da história. Inclusive quanto a minha maior crítica ao cristianismo essa versão continua igual ao original (não, não vou dizer mais nada senão é spoiler), mas eu já esperava algo assim, dado que a autora é cristã (e, detalhe, acredita que é descendente de Jesus e Madalena, é claro, e já escreveu alguns livros de auto-ajuda voltados a orações ao senhor).

Nota 8,5

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

The Search


SPOILER FREE

Quem frequenta o blog sabe que sou fã de carteirinha do Naguib Mahfouz, portanto esse ano não poderia faltar pelo menos um romance do prêmio nobel de literatura egípcio. A ideia original era que o livro se encaixasse no tema "romance histórico" desse mês, mas ainda bem que "47 ronins" já levou essa classificação, porque dentre os diversos títulos que andei comprando a preço de banana num sebo internacional, dei o "azar" de escolher justamente um que não cabe nesse tema.

"The Search" (que até onde sei nunca foi traduzido para o português) conta a história de Saber, filho de uma mulher poderosa do submundo de Alexandria, que na cabeceira de morte da mãe recebe a incumbência de encontrar o seu desaparecido pai. A partir daí a sua vida se resume numa busca enlouquecida e nos novos relacionamentos que ela traz, com consequências que mudarão para sempre a sua vida.

O livro tem uma pegada que lembra "O ladrão e os cães", com o mesmo ar realista e o foco nas motivações e sentimentos do personagem principal. Dessa forma, apesar de ser um livro pequeno, não é uma leitura leve, ou agradável, e nem mesmo poética, como costuma ser a narrativa do Naguib Mahfouz. "The search" é sobre a realidade nua e crua, sobre o desespero e o orgulho (retratados de forma tipicamente egípcia) que levam as pessoas às últimas consequências, uma história dura e pesada. E, claro, contada de forma magistral pelo autor.

Mas, infelizmente, não está entre as suas melhores obras, o que ainda quer dizer que é muito bom, dado que estamos falando de Naguib Mahfouz. E dentro desse estilo, "O ladrão e os cães" é um livro mais interessante e envolvente. Se você ainda não conhece a obra desse autor maravilhoso comece por algo mais leve dele, no estilo que o tornou famoso fora do Egito, como "Miramar" ou o "Beco do Pilão", se você já leu de tudo que há disponível em português e gostou, então pode pegar "The search" sem medo, vale a pena ver algo diferente de Naguib Mahfouz, mesmo que não seja sua obra prima.

Nota 8,5.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

47 Ronins


SPOILER FREE

Mais um livro de promoção da Amazon... estou reparando que essa é uma constante atualmente na minha vida. O lado positivo é que isso significa que o livro custou menos de 5 reais e ainda por cima não ocupa espaço na estante. Reminiscências à parte, li o livro às pressas por conta do filme, que estreou semana passada nos cinemas daqui, e de quebra cumpri uma das metas de um dos desafios literários de fevereiro, que era ler um romance histórico.

Mas voltando ao filme, só para dizer que fiz algum comentário a respeito: evitem, a não ser que você curta filmes estilo sessão da tarde, se esse for o caso, divirta-se. Acho que é a primeira vez desde que comprei um broche com os dizeres "never judge a book by its movie" (nunca julgue um livro por seu filme) que essas palavras fazem um sentido tão literal na minha experiência cinematográfica. O enredo do filme é bem diferente da história "original" (diferente ao ponto do personagem principal do filme não existir no livro), e claro que as modificações, sem nenhuma exceção, pioraram sensivelmente a trama.

Dito isso, posso falar com a consciência limpa sobre o livro.

A versão que comprei foi escrita por um americano estudioso da cultura japonesa, e tem um prefácio muitíssimo interessante de um historiador, que sinaliza ao leitor as distorções e premissas históricas utilizadas nas diversas versões desse fato histórico. Ah, sim, porque a história é real! Os tais 47 ronins realmente existiram, e sua sangrenta história de vingança e honra foi documentada em inúmeras peças e, mais tarde, filmes no Japão. Digamos que eles seriam o equivalente ao nosso Zumbi dos Palmares, em termos de ícones que tiveram a sua história contada e recontada tantas vezes que em alguns momentos virou puramente ficção. Então, o prefácio serve para você localizar dentro da história apresentada no livro o que é fato real, o que é inventado (por falta de provas históricas) e o que é mentira, ou melhor, licença poética para tornar a história mais interessante.

A história trata de um bando de ronins (samurais sem um mestre para servir) que chegou nessa posição vergonhosa por conta da morte de seu antigo mestre, que cometeu um crime, cuja pena era capital, por conta de desavenças com o mestre de cerimônias do xogum. A partir de então o grupo se une para formular uma estratégia de vingança contra o mestre de cerimônias. Vale mencionar que a vingança nesses casos fazia parte do código de honra dos samurais, claro, por isso eles foram considerados heróis.

O autor escreveu então uma versão dessa história épica voltada aos ocidentais, para que nós tivéssemos acesso a essa narrativa fantástica, e ele conseguiu fazer isso respeitando a cultura japonesa de uma forma que me deixou alegremente surpresa. Não tenho certeza se John Allyn já tinha alguma outra coisa publicada, ou se publicou algo depois, mas seu estilo é bem certinho e tranquilo, não chega a trazer mais brilhantismo ao livro (cujo enredo é muito bom, mas não é de sua autoria, claro), mas definitivamente é um ponto positivo.

Nota 8,5.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Northanger Abbey


SPOILER FREE

E chegamos em fevereiro! E a primeira leitura do mês foi um clássico romance, de acordo com um dos desafios literários que estou seguindo esse ano (são tantos que é fácil me perder).

Conheci Jane Austen, quer dizer, comecei a ler sua obra, por conta do Desafio Literário, e fiquei tão surpresa com o que li (confesso que eu imaginava que seria chato) que nem pensei duas vezes em ler mais um livro seu esse ano. Agora, "Northanger Abbey" é uma obra um pouco fora do padrão da autora, primeiro por ser um dos seus primeiros livros, escrito entre 1798 e 1799, quando ela era bem novinha, porém ele só foi publicado depois da sua morte em 1817. E isso porque a editora que havia comprado os direitos da obra simplesmente não a publicou, o que é no mínimo curioso.

Talvez por isso tudo, "Northanger Abbey" tem uma pegada diferente, pois Jane Austen sempre usa um humor interessante para criticar a sociedade de sua época, mas nessa obra isso fica tão forte e salta tanto aos olhos que o livro mais parece uma paródia. Além de parodiar (e sacanear) o estilo literário gótico, Jane Austen aproveita para fazer uma defesa apaixonada dos romances, que na época eram considerados literatura de segunda categoria, e coincidentemente tinham muita presença de autores femininos. Nunca imaginei que eu fosse rir tanto com um livro clássico.

A história é contada na terceira pessoa por uma narradora/escritora, e traz como personagem principal a inocente Catherine, a quarta filha (e a menina mais velha) dentre 10 irmãos. Depois de passar seus primeiros 17 anos na casa dos pais, e sem conhecer nada além do interior onde nasceu, ela vai passar algumas semanas em Bath com um casal amigo da família, e a partir daí o mundo se abre para ela, e Catherine se mete em confusão atrás de confusão, protegida apenas pela sua boa intenção e coração puro.

Uma história simples, mas contada de forma primorosa, e apesar de ser previsível, você se diverte do início ao fim.

Nota 9.