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sexta-feira, 20 de junho de 2014

Bloodlines



SPOILER FREE

Então, como eu prometi lá em janeiro, resolvi pegar a série filhote de Academia de Vampiros para ler, porque depois de "Museu da inocência" e de "Alice através do espelho" e alguns meses de excesso de estresse, minha sede literária por "junk food" foi às alturas, coisa que só uma série adolescente sobre vampiros poderia suprir.

Tomei coragem e resolvi voltar ao universo dos moroi, strigoi, dhampir e alquimistas para ver o que mais a autora poderia oferecer se ela resolvesse criar novos personagens (afinal o apego dela por eles foi um dos grandes problemas na série original, como eu comentei nos livros aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui - sim, a série original tem 6 livros, ufa!). Nesse primeiro livro da nova série, que já tem 4 livros publicados e um quinto para sair no mês que vem, Richelle Mead resolveu inovar pouco, e com poucas exceções quase não há personagens novos, o que é compreensível num primeiro volume de um spin-off, mas eu confesso que esperava mais nesse quesito.

Ah, sim, melhor explicar rapidamente do que isso tudo se trata, né? Vamos lá, aula relâmpago: os moroi são vampiros bonzinhos, apesar de se alimentarem frequentemente de sangue humano e de serem seres com acesso à magia, eles não matam seu alimento e tentam manter sua vida pacífica e escondida dos seres humanos em geral; os strigoi são os vampiros clássicos, mortos vivos com sede insaciável por sangue e sem escrúpulos, eles são criados quando um moroi mata sua refeição e também da forma clássica de beber/dar sangue; os dhampir são seres híbridos, uma mistura entre moroi e seres humanos, mas como esse tipo de relação não é mais aceita, eles basicamente são uma mistura de dhampirs com moroi (dado que dhampirs não conseguem ter filhos entre si), eles são basicamente seres humanos com os sentidos aguçados, reflexos melhores e mais fortes; os alquimistas são uma espécie de sociedade secreta de humanos cuja missão é manter os seres sobrenaturais escondidos da sociedade humana em geral; a sociedade dos seres sobrenaturais funciona basicamente assim, os moroi são seres considerados superiores (por eles mesmos, claro), que são protegidos pelos dhampir (que dependem dos moroi para se reproduzir) e perseguidos pelos strigoi, que os consideram uma iguaria sublime. Os moroi vivem num sistema democrático-monárquico bizarro, onde seus reis e rainhas são escolhidos por voto, mas só podem se candidatar os membros mais velhos das famílias reais, o que deixa a maioria dos moroi de fora, claro, e o cargo é praticamente vitalício. Na primeira série, a personagem principal, Rose, é uma dhampir que possui uma ligação psíquica com uma princesa moroi, Vasilissa, e no final de muitas confusões Vasilissa é eleita rainha, mas ela pretende muitas reformas controversas e por isso não tem um apoio total dos moroi. Para complicar, ela só pode se manter no trono enquanto tiver algum outro membro vivo na sua família, o que se resume a uma meio irmã bastarda, que, é claro, vira alvo de todos os seus inimigos.

Dito tudo isso, a série "Bloodlines" conta a história de uma alquimista, Sidney, apresentada no 4° livro de Vampire Academy, que apesar de ter caído em desgraça com os alquimistas por seu envolvimento nos acontecimentos da série original, acaba sendo escalada para a missão de proteger a irmã bastarda da rainha, Jill. Claro que Jill tem um pequeno entourage, e, claro, todos nesse grupinho já apareciam na série original (como eu disse, a autora tem apego pelos seus personagens).

Quanto à história em si, é um bom desenvolvimento com relação à série original, a conexão está lá, faz sentido e é bem plausível e explicadinha, tudo como manda o figurino. No início achei a Sidney uma quase cópia da Rose da série original, especialmente na forma como suas ações são utilizadas para fazer a história andar, mas essa sensação vai mudando ao longo do livro, conforme a personagem vai ganhando mais profundidade e suas características vão ficando mais distintas.

O enredo em si é interessante, e apesar de ser um pouco previsível, a escrita da autora é cativante o suficiente para você não ligar muito para isso. O mais interessante, contudo, é o conflito interno de Sidney, pois conforme ela aumenta o seu contato com seres não-humanos todo o seu sistema de crenças vai sendo questionado, e isso é trabalhado de uma forma muito bacana. Some a isso uma certa dose de ação, magia, e um pouquinho de drama adolescente (muito, muito, muito suave nesse livro na minha opinião, o que é ótimo) e você tem a receita de Bloodlines, que em português foi publicado como "Laços de Sangue".

Não sei se por culpa dos livros que li anteriormente esse ano, mas fiquei com a sensação de que o livro é curto, e a leitura é extremamente dinâmica. Bem de acordo com o que eu procurava, com o bônus de ser bem escrito e não comprometer com problemas de enredo. Muito recomendado para quem curte livros para adolescentes (por falta de uma expressão em português para young adults - adultos jovens).

Nota 8,5.

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