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quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

o apocalipse dos trabalhadores



SPOILER FREE

2015 já começou bem! Nada como abrir o ano com o português Valter Hugo Mãe, no tema "autores que eu indico para todo o mundo"!

Seguindo uma linha mais melancólica, como em "A desumanização", nesse livro o autor trata da mecanização do dia a dia dos trabalhadores, focando na mulher a dias (faxineira ou empregada doméstica para os brasileiros) Maria da Graça e sua colega de função e também carpideira Quitéria. As duas vivem sem saber muito bem o porquê de tudo e o propósito das suas vidas, num cotidiano maçante que cisma em tentar mecanizar suas emoções, mas como seres humanos resistem a esse processo, na busca pelo significado dos acontecimentos à sua volta e dos seus próprios sentimentos.

Justamente por tratar do tema da mecanização do ser humano no mundo moderno, o livro não é tão poético quanto os outros que já li do autor (o melhor nesse quesito continua sendo "o filho de mil homens"), mas tem um estilo peculiar. Dessa vez, para aumentar a sensação de invariabilidade da vida dos seus personagens, o autor se absteve da utilização de letras maiúsculas. O que me incomodou no início, mas logo me acostumei e confesso que achei genial.

Além disso, tem a relação particular da Maria da Graça com a religião e a vida após a morte, de forma que ela visita frequentemente a entrada do paraíso nos seus sonhos, o que daria uma resenha cheia de spoilers à parte, de tão sensacional.

No geral o livro é muito bom, coisa de alto nível mesmo, porém, confesso que achei um pouco chato (talvez fosse esse o objetivo? acredito que sim). E é só por isso que ficou com nota 9.

Um comentário:

  1. Eu confesso que não conheço o autor, mas os livros dele (e, em especial, seus títulos) sempre me chamam a atenção quando passo pela livraria. Excelente começo!

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