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sexta-feira, 12 de outubro de 2018

A Court of Wings and Ruin - Corte de Asas e Ruína

 
 
SPOILER FREE

Se o primeiro livro foi ruim, talvez de propósito ou não, e o segundo foi uma lição aprendida a duras e longas penas sobre relacionamentos abusivos e como treinar para ser uma High Fae guerreira, o terceiro livro, Corte de Asas e Ruína é a guerra!

No terceiro livro da saga Corte de Espinhos e Rosas, Sarah J. Maas leva Feyre de volta para a Corte da Primavera, mas dessa vez ela está preparada para lidar com a situação e sabe exatamente o que ela quer. E isso é só o que antecede a grande guerra contra Hybern. E a guerra toma conta de todo o livro, no final das contas, intercalado com romance e sexo, claro.

Se o segundo livro é sobre Feyre descobrir o que é legal para ela e se aperfeiçoar, o terceiro é a hora de colocar as mãos na massa, num grande épico cheio de lutas, sacrifícios, traições e revelações! Sarah J. Maas vem mostrar como pode ser eclética, com cenas apoteóticas de batalhas. Porque um romance young adult não precisa ser focado apenas nos relacionamentos amorosos, claro que não. Apesar deles abundarem ao longo de todo o livro e serem o provável motivo de muito leitor continuar a série.

A autora resolve abraçar algumas pautas feministas ao longo da narrativa, aproveitando para fazer os próprios personagens questionarem o que acontece no seu mundo, que por sinal é bastante machista, caso você ainda não tenha percebido nos livros anteriores. Não só questionarem mas também tomarem ações para mudar o que eles acreditam ser injusto. É bem interessante, porém nem sempre Sarah acertar na dose.

Como experiência de leitura, apesar de ser maior que o segundo, achei que Corte de Asas e Ruína é mais rápido e objetivo de ler, e cansa menos. Talvez por conta das batalhas e de todo o clima de intriga entre as cortes do mundo High Fae, que dificulta muito parar no meio da leitura. Confesso que foram 6 dias tensos, pensando nos próximos minutos livres que eu teria para continuar a ler. Excelente sinal para qualquer livro.

Mas o livro não é perfeito. Independentemente das tentativas feministas e de representatividade de algumas minorias, Sarah J. Maas insiste em algumas coisas que me incomodam, mas que fazem parte da avassaladora maioria dos livros young adult. Tanto em Corte de Espinhos e Rosas quanto em Trono de Vidro ela insiste na questão de ter um mate (não sei como traduziram esse termo), que é equivalente a ideia da alma gêmea. Gente, coisa do século passado isso, por favor. E todo o mundo precisa ter um, para que esse exagero? Ninguém existe sozinho. Os que não possuem mates são todos maus na história, sério. Eu entendo a questão dos hormônios, a galera quer ler sobre casais, ok, mas vamos colocar limite?

Além disso, preciso dizer que o final não me agradou. Depois de tanto esforço para ser diferente no universo atual de young adult, Sarah J. Maas caiu no clichê logo no finalzinho da corrida. Uma pena! E ainda por cima num clichê tão cheio de água com açúcar que meus olhos quase caíram de tanto revirar. Receito o uso de insulina literária para a leitura desse final.

E para que deixar um final tão aberto? Mais 50 páginas (o que são mais 50 páginas depois de 700?) e ela podia terminar a série ali. Mas não. Ela precisava escrever mais um livro. O livro seguinte, Corte de Gelo e Estrelas, que saiu agora em maio desse ano, é tão pequeno perto dos demais (tem menos de 300 páginas) que você fica se perguntando para que ele serve. Além dela ganhar uma grana extra, claro.

Independente do que vai acontecer no quarto livro, Sarah J. Maas já avisou que o quinto livro vai ser um spin-off, isto é, a série em si acaba no quarto livro. Graças aos deuses, de série longa dela já basta Trono de Vidro. Não entendo essa necessidade de fazer essas séries de livros que não terminam nunca.

A questão no final das contas é que a série é bem interessante para aqueles que ainda não percebem a necessidade do feminismo, e de como algumas questões sociais que ainda temos muito forte hoje em dia precisam ser mudadas. Mas, se você já está numa fase mais desconstruída, os livros não parecem grandes coisas.

Tudo depende do que você achou do primeiro livro, quanto mais você gostou dele mais você precisa ler os seguintes.
Nota 8.

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