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segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Retrospectiva Literária 2012


Esse é um Meme do Blog Pensamento Tangencial, que é muito interessante! Para maiores detalhes de como participar, é só clicar aqui!

Mas, como estou enrolada nesse final de ano, vou direto às perguntas:
  • A aventura que me tirou o fôlego:
Esse ano, quem mais me prendeu em termos de aventura foi Neil Gaiman, com "American Gods"! Maiores detalhes sobre o que achei aqui :-)


  • O terror que me deixou sem dormir:
Esse é muito fácil! O clássico "O Iluminado", do rei do terror, Stephen King! Acho que deixei até o meu marido com dificuldade em dormir só de comentar do livro rsrsrs detalhes aqui.


  • O suspense mais eletrizante:
Acho que não li nada que fosse especificamente de suspense, mas certamente o que mais se aproxima e foi mais eletrizante foi "Criança 44", que ainda por cima fala da antiga União Soviética. E com direito a um serial killer! De suar frio! Detalhes aqui. (não contei "O Perfume" aqui porque você já sabe quem é o assassino desde o início, então não tem suspense)


  • O romance que me fez suspirar:

Ah... a "Mulher do Viajante no tempo"! Tudo bem que em alguns momentos o romance entre os dois era mais assustador do que romântico, e em outros podia muito bem lembrar Lolita, mas de uma forma geral é um amor que nos faz suspirar o tempo todo, ainda mais quando você entende qual será o final da história. Detalhes aqui.

  • A saga que me conquistou:

Esse não foi um ano de sagas... mas acho que "Musashi" pode muito bem se encaixar nessa categoria :-) mais detalhes aqui, aqui e aqui.

  • O clássico que me marcou:

Que difícil! Começo com outra pergunta: clássico para quem? Porque "Musashi" é um clássico japonês... Naguib Mahfouz é um escritor de clássicos egípcios... "Peter Pan" é um clássico? E "Salomé"? "O Iluminado" é um clássico da literatura de terror... "Woman at point zero" é um clássico feminista... e todos eles foram marcantes, cada um da sua forma.

  • O livro que me fez refletir:
De todos os livros que li esse ano, o que mais me fez pensar foi  "Woman at point zero". É só clicar no link para entender o porquê.

  • O livro que me fez rir:
Você percebe que seu ano de leitura foi bem pesado quando o único livro que te fez rir foi "Eat Pray Love".

  • O livro que me fez chorar:
Nunca choro lendo livros. Sério.

  • O livro de fantasia que me encantou:
Ah... esse ano o título vai para American Gods, com louvor. De novo. São poucos os livros que merecem ser mencionados mais de uma vez.

  • O livro que me decepcionou:
O pior do ano nesse quesito, sem sombra de dúvida, foi "Como ser mulher".

  • O livro que me surpreendeu:
"Habibi" foi o que mais surpreendeu esse ano. Me fez rever conceitos e me deixou absolutamente deslumbrada com suas ilustrações.

  • A frase que não saiu da minha cabeça:
Juro que não lembro de nenhuma citação de livro nenhum que eu tenha lido, então não tenho como responder isso.

  • O(a) personagem do ano:
Marjane Satrapi, que além de ser ilustradora e escritora, é a personagem principal do autobiográfico "Persépolis". De longe a personagem mais interessante do ano.

  • O casal perfeito:
Não acredito em casais perfeitos, mas o que mais se aproximou disso esse ano foi Fat Charlie e Daisy Day em "Anansi Boys".

  • O(a) autor(a) revelação:
Vou citar dois que são novos para mim, nenhum deles é novidade para outros leitores: Craig Thompson de "Habibi", e Tariq Ali, que dominou um mês inteiro com o seu quinteto islâmico (uma obra-prima!).

  • O melhor livro nacional:
Sem a menor sombra de dúvida, a "Hora da Estrela", da aclamada Clarice Lispector.

  • O melhor livro que li em 2012:
Sacanagem, foram muitos muito bons, é uma escolha muito difícil! Vou colocar um livro que ainda não mencionei, mas que não pode passar em branco: "Miramar" do egípcio Naguib Mahfouz. Mas fica a ressalva de que muitos outros poderiam estar aqui.

  • Li em 2012 ...... livros.
Esse ano eu simplesmente me superei: 52 livros!

  • A minha meta literária para 2013 é:
Vou manter minha meta de 30 livros... esse ano foi muito atípico para justificar mudar minha meta "clássica". E eu prefiro não me decepcionar no final do ano.

As Memórias do Livro


SPOILER FREE

Fechando o ano com os incríveis 52 livros lidos, ficou As Memórias do Livro, uma indicação absolutamente acertada da minha sogra.

De leitura agradável e que te prende ao pular os séculos de história da Hagadá de Sarajevo, Geraldine Brooks prova o porquê de ter ganho o prêmio Pulitzer com essa obra. Sua personagem principal já seria interessante e renderia um livro sozinha, mas ela divide as atenções com um manuscrito multi-cultural e único, a tal Hagadá (livro judaico usado nas celebrações da Páscoa).

E essa Hagadá é feita de fatos improváveis e sobrevive aos momentos mais cruéis da história da Europa, desde a inquisição, passando pela segunda guerra e chegando ao conflito em Sarajevo. E ela representa em seu âmago a possibilidade da convivência pacífica de 3 religiões que vivem se digladiando: cristianismo, judaísmo e islamismo. E ela consegue esse feito por conta de pessoas comuns que fazem o que julgam certo. Tem coisa mais bonita e inspiradora do que isso?

Fechou o ano com chave de ouro!!!

Nota 9.

domingo, 30 de dezembro de 2012

Luka e o fogo da vida


SPOILER FREE

Esse final de ano está tão agitado que me atrasei nessa resenha! Mas vamos, antes que o ano acabe!

Depois de reler "Haroun e o Mar de Histórias", estava morrendo de vontade de ler a quase continuação que Salman Rushdie escreveu para o seu filho mais novo, mais de 10 anos depois de lançar "Haroun". E o livro tem toques absolutamente autobiográficos que são lindos! E Haroun está lá, claro, como o irmão 18 anos mais velho de Luka, o que não deixa de ser fofo.

Para melhorar (afinal estamos falando de Salman Rushdie, então já começa muito bem), o livro é recheado de referências de tudo quanto é filme, videogame e seriado, e isso é uma atração à parte na leitura (e olha que certamente eu não percebi um monte delas). Em outras palavras, é um livro infantil absolutamente delicioso para jovens adultos.

A história é muito divertida, e a ideia de imitar um jogo de videogame com direito a fases e vidas que se perde e se ganha é absolutamente genial, imagino que para uma criança viciada em jogos seja uma atração à parte muito legal (eu certamente adoraria), só que misturada com todo o toque oriental à la Mil e Uma Noites de Rushdie fica simplesmente lindo. Eu acho que é o tipo de livro que se virasse animação seria uma das coisas mais lindas do mundo. Espero realmente que um dia alguém tope esse desafio.

Mas não se engane, o livro é infantil mesmo, mas aquele infantil de qualidade, que não trata a criança como estúpida, e é recheado de descrições belíssimas! E usa toda a história do videogame para introduzir ao mundo infanto-juvenil uma quantidade absurda de mitologia de todo o mundo (em termos de quantidade de deuses apresentados, Rick Riordan fica no chinelo, e na qualidade da escrita também, nem tem como comparar), além de detalhes absolutamente orientais.

O texto flui com uma leveza impressionante, é simplesmente delicioso de ler!

Nota 9,5

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Por favor, cuide da Mamãe


SPOILER FREE

Esse foi um livro que resolvi ler por conta de resenhas de outros leitores participantes do Desafio Literário. Isso e o fato de eu ter esbarrado com ele na livraria do aeroporto quando o meu livro estava quase acabando. O engraçado é que não o li nessa viagem, pois acabei dormindo no avião ao invés de ler, então ele ficou meio que empacado na estante até agora, pois ele não encaixava nos temas seguintes do desafio.

E que coisa boa eu ter comprado esse livro! Ele é realmente muito muito muito bom! Conta a história de uma família que veio do interior camponês da Coréia do Sul, os pais já estão velhinhos, os filhos crescidos e já no auge das suas carreiras. Como os filhos moram em Seul, os pais de vez em quando vão visitá-los, e numa dessas visitas a mãe se perde do pai na estação do metrô e some.

A partir daí o livro contém os relatos dos filhos e do marido sobre o drama da busca por Mamãe, e como, conforme eles tentam em vão encontrá-la, vão se lembrando do passado e como, na verdade, eles não sabem nada sobre a Mamãe. É uma história muito triste e mexe com a nossa culpa, pois apesar de se tratar de um caso extremo, o que impede as personagens de encontrar tempo cuidar de Mamãe são as coisas que impedem todo o mundo hoje em dia: a falta de tempo, o excesso de trabalho, enfim, a vida moderna. Confesso que liguei diversas vezes para a minha mãe essa semana, com todas as desculpas possíveis por causa desse livro.

Apesar de ser muito triste e falar de um sentimento tão ruim como a culpa, o livro é LINDO! E te prende de um jeito que você não quer parar de ler, até o final! Que é previsível, mas isso não é importante nesse caso, pois o que importa aqui não é o que acontece, mas como cada um está se sentindo. Um belo estudo sobre a melancolia.

Eu poderia falar mais do livro, mas só me vem spoiler na cabeça, então vou parar por aqui dizendo que vale a pena! Não é a toa que a autora ficou famosa na Coréia do Sul e esse livro virou um bestseller mundial! É o tipo de livro que parece tão real que você duvida que é ficção! Kyung-Sook Shin vai merecer uma busca por outros títulos... não podemos ignorar a primeira mulher a ganhar o prêmio Literário Man Asian Literary Prize, não é?

Nota 9,5

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Desafio Literário 2013


Com 2012 quase acabando, já começou a ser organizado o Desafio Literário 2013!

2012 foi o meu primeiro ano participando do Desafio, e como eu gostei demais da experiência (apesar de não ter gostado tanto assim dos temas do ano que vem) resolvi que vou continuar participando. Cheguei a conclusão que o Desafio me motiva 1) a ler mais, o que é sempre bom e 2) a ler coisas diferentes, o que nem sempre tem bons resultados, mas a intenção é muito boa, e dizem que no final é ela que conta, né?

Então, comecei a organizar a minha lista de livros para o próximo ano. Como pretendo adquirir um e-book reader, resolvi me impor a seguinte regra: ler apenas livros que eu já tenha em casa. Confesso que fiquei algumas horas xeretando as minhas prateleiras para conseguir livros para todos os temas, e olha que o tema de dezembro do ano que vem ficou sem exemplar. Mas espero já ter o meu kindle até lá, daí poderei sanar rapidamente esse problema, abrindo uma exceção bastante justa.

Mas chega de lenga-lenga e vamos ao que interessa!


Janeiro - Tema Livre


Para aproveitar o tempo junto da família e dos amigos com muita leitura, o tema é livre! Aproveitem para escolher obras que, por algum motivo, não foram lidas no ano que se foi. Releituras não valem, pois o propósito maior do DL é desencalhar os livros daquela lista básica de leituras pendentes – que não para de crescer nunca.

Como não tem tema fixo, pretendo simplesmente ler o que der na telha :-)

Fevereiro - Livros que nos façam rir


No mês da alegria e da folia, está valendo quaisquer obras que despertem o riso pela comicidade presente no enredo.

-Viver de rir II - uma coletânea de contos de humor que eu nunca li e está encalhada a alguns anos na estante
-O Grande Mentecapto - livro que eu planejava ter lido em 2012, no mês do Prêmio Jabuti, mas que acabou ficando de fora
-O Menino no Espelho - livro adquirido por módica quantia quando uma amiga querida se mudou para o Canadá - já mencionei que adoro o Fernando Sabino?
-High Fidelity - livro comprado pelo maridão, o que é uma raridade, mas que nem ele nem eu lemos, acho que isso aconteceu porque vimos o filme...

Março - Animais protagonistas


Após as festas de fim de ano e o carnaval, quando a vida é retomada de fato, devemos ler obras cujos personagens protagonistas são os animais. Vale dizer que eles podem até compartilhar a posição de personagem principal com outros personagens humanos, mas nunca estando em menor destaque.


-A revolução dos bichos - livro herdado de uma tia minha... faz parte uma coleção gigante que ficou alguns meses escondida na casa do sogro até nos mudarmos para o nosso apê
-A Linguagem dos Pássaros - livro sufi que há anos quero ler mas nunca paro para fazer isso

Abril - Uma ou mais das quatro estações no título


Se a tendência é Outono/Inverno ou Primavera/Verão, não importa. A moda da vez é ler obras que contenham no título uma ou mais das quatro estações do ano.

-Le Voyage d’hiver - livro da minha amada Amélie Nothomb! Adquirido ano passado e um dos poucos que pude encontrar que seguisse o tema...
-O jardim e a primavera - mais um livro sufi! Ano que vem promete continuar com uma forte presença árabe!
-Sonho de Uma Noite de Verão - só porque eu nunca li e tenho em casa numa coletânea gigante de Shakespeare. Vamos ver se vai rolar tirar o tijolo da estante.

Maio - Livros citados em filmes


Literatura e Cinema são tão intrínsecos! Para quem é cinéfilo, não será tão difícil escolher as obras citadas em filmes; para quem não o é não há motivo para preocupação. Nossa equipe irá preparar uma lista especial para atender aos objetivos não só deste mês como também de todo DL.

-Orgulho e Preconceito - confesso que precisei de diversas listas de livros citados em filmes para encontrar opções... está na lista apenas porque tenho em casa E no celular
-Tom Jones - juro que está aqui apenas porque tenho em casa também... o tamanho dele me desanima
-Madame Bovary - cheguei a começar a ler quando era adolescente, mas nunca terminei, quem sabe agora eu gosto do livro?
-O Mágico de Oz - fiquei surpresa com duas coisas: é um livro E foi citado num filme.
-Razão e Sensibilidade - só porque tenho em casa...

Junho - Romance Psicológico


No Brasil, o romance psicológico mais famoso é Dom Casmurro, de Machado de Assis. Até hoje, paira dúvida se Capitu traiu Bentinho. Este gênero literário, portanto, caracteriza-se por ressaltar a mente humana. O meio ambiente em que se passa a história é irrelevante se comparado ao pensamento e ao comportamento dos personagens, cuja intimidade é revelada pelo agir e sentir.

-Mercure - ah, Amélie Nothomb! Espero que 2013 você apareça mais vezes por aqui!
-O Vermelho e o Negro - foi sugerido pelo pessoal do Desafio, mas confesso que pela descrição quase qualquer livro pode ser um romance psicológico, mas enfim...
-Crime e Castigo - também foi sugerido pelo pessoal do Desafio

Julho - Cor ou cores no título


Férias é tudo de bom para quem pode! Pena que o tempo no inverno é acinzentado, né? Então aproveitem o tempo livre embaixo do edredom e com muita leitura. Neste mês só está valendo obras que contenha no título cor ou cores.

-The Scarlet letter - nunca imaginei que fosse tão difícil encontrar títulos com cores! Esse eu tenho no meu celular e no meu futuro kindle :-)
-Cinquenta Tons de Cinza - a que ponto podemos chegar por falta de livros com cores no título...



Agosto - Vingança


A vingança é o ato de agir contra uma pessoa em resposta ao que ela tenha feito de prejudicial, de modo que ela sinta na pele o que se passou e que não repita mais a ação nociva. É o famoso “Olho por olho, dente por dente”. Neste mês, devemos nos deliciar com obras cuja trama seja a da vingança.



-Shalimar, o equilibrista - Salman Rushdie! E segundo a orelha do livro tem vingança, então entrou na lista.
-God dies by the Nile - literatura egípcia feminista! E aparentemente fala sobre vingança, então não poderia ficar de fora.
-V de Vingança - nunca consegui ler até o final... quem sabe agora vai?

Setembro - Autores Portugueses Contemporâneos


O ícone maior da literatura portuguesa é, sem dúvida, José Saramago – o único a receber o Prêmio Nobel. Mas que tal descobrirmos outros talentos literários de Portugal? Neste mês, então, devemos ler obras de autores portugueses contemporâneos. Com certeza, haverá grandes revelações literárias!


-Tudo o que eu tiver do Saramago em casa e ainda não tiver lido.

Outubro - Histórias de superação


Quem sobrevive a grandes tragédias ou a graves doenças, comumente, relata sua experiência de superação, através da luta e da fé, pelos meios de comunicação locais, regionais, nacionais e internacionais. Neste mês, devemos ler histórias de superação – sejam reais ou fictícias e aproveitá-las como lições para toda a vida.


-As aventuras de Huckelberry Finn - se fugir da violência do pai na companhia de um escravo fugido em plena guerra civil americana não for sobre superação, então eu não sei o que é isso.
-The Beginning and the end - Naguib Mahfouz! Por si só já é razão para ler, sendo sobre a superação da pobreza no Egito é só uma desculpa para incluir na lista.
-Tempo entre costuras - livro que ganhei do sogro no meu último aniversário, parece promissor!

Novembro - Livros que foram banidos


A leitura é tão importante para a formação do ser humano que, em vários momentos da história, determinados livros foram banidos por serem considerados, pelas autoridades, inadequados à população – que poderia ser subvertida por meio da leitura. Em novembro, que tal ler livros que foram banidos?


-As Aventuras de Tom Sawyer - fiquei surpresa quando descobri que foi banido! Como faz quase um dueto com As Aventuras de Huckelberry Finn, achei que era melhor ler também.
-Admirável Mundo Novo - descobri que tenho muitos livros proibidos em casa...
-Lolita - confesso que nunca tive muita vontade de ler, mas sei lá, vai que é mesmo muito bom
-The catcher in the rye - comprei há muitos anos, antes da última edição ser lançada em português, mas curiosamente nunca li, apesar do trabalho que foi encontrar esse livro num sebo.

Dezembro - Natal


O ano passou voando! Para desacelerar o passo, devemos ler obras que falem do Natal – a época mais fraterna do ano. Entre um capítulo e outro, não se esqueçam de: montar o pinheiro, decorar a casa, comprar presentes, organizar o amigo secreto, preparar o cardápio e desejar FELIZ NATAL a todos! 

-Não tenho nenhum livro sobre o Natal que eu não tenha lido!!!! Juro!!! E não quero comprar nenhum... espero conseguir algo até lá.

Se eu conseguir ler tudo isso ano que vem terei batido minha meta anual de 30 livros... mas será que supero o que consegui ler esse ano? Afinal de contas 2012 ainda não acabou e estou no 50° livro do ano! Acho difícil superar... 


Poemas Místicos


Dezembro é o mês de um tema do Desafio Literário que já foi muito caro para mim: poesia. Afinal, fui uma adolescente que adorava ler e escrever poesia. Mas nos últimos anos confesso que me afastei muito desse estilo, pois a leitura do dia a dia do metrô não convida a ler calmamente poemas e ficar se deleitando com eles.

Mas é o desafio! Não podia deixar esse tema passar em branco! Mas daí surgiu outro problema, acho que já li praticamente tudo o que possuo de poesias, e o que eu não li são livros absolutamente proibitivos de se carregar na rua por causa do tamanho e do peso. Foi então que me lembrei de Rumi! O grande poeta persa que viveu em Konya (hoje na Turquia) e cujo túmulo eu pude visitar na minha viagem à Anatólia nesse ano.

Saquei o livro da estante de livros sufis (sim, eu tenho uma coleção deles) e tive um final de semana delicioso com ele!

Essa edição é simplesmente uma pérola! (só para usar uma das imagens mais presentes na obra de Rumi) Ela contém uma seleção de apenas 79 poemas de Jalal ud-Din Rumi, feitos para a sua alma gêmea (no sentido literal de alma, por favor) Shams de Tabriz. Para melhorar, o livro conta com 2 introduções muito boas sobre a história de Rumi e como o encontro com Shams mudou para sempre a história tanto desse místico quanto do sufismo, além de todos que foram  influenciados pelo trabalho do grande poeta (e não foram poucos!).

E se você acha que é pouco, no final do volume tem uma sessão razoavelmente extensa que explica diversas figuras que Rumi utiliza nos seus versos. E, claro, tem as suas lindas poesias!

O tema central do Divan de Shams de Tabriz é o anseio pelo reencontro do mestre com o discípulo, do buscador com deus, do amante com o amado. É a busca de Rumi por Shams. E ainda trabalha a ideia de como depois da separação forçada, o discípulo torna-se mestre de si mesmo, como o buscador encontra deus dentro de si e o amante se torna o próprio amado, numa alquimia espiritual poderosa! É lindo!

Outro tema muito mencionado nos poemas selecionados é o Sema, o ritual sufi criado por Rumi que consiste em dançar girando em torno do seu próprio eixo até entrar em êxtase! Eu gostei especialmente desses versos.

Para quem gosta de poesia fica a dica de um livro muito bonito numa edição extremamente caprichada.

Nota 10

Como ser mulher


SPOILER FREE

Demorei mais de uma semana para parar e fazer essa resenha na esperança de que eu conseguisse encontrar mais coisas positivas sobre esse livro. Mas minha espera foi em vão.

Resolvi ler esse livro porque ele foi comentado de forma positiva ou interessante em sites sobre o feminismo que eu acompanho (para os curiosos, as resenhas podem ser encontradas aqui e aqui), e sinceramente eu estava a fim de ler algo engraçado. E qual foi a minha surpresa quando descobri que o livro não é tão feminista assim e nem é engraçado.

Para quem nunca leu absolutamente nada sobre feminismo e tem asco dessa palavra, o livro é ótimo. Mas para quem tem um mínimo de leitura ou profundidade no assunto o livro deixa muito a desejar. Lembro que algumas vezes eu chegava em casa irada com o que eu tinha lido e tinha altas discussões com o maridão feminista destruindo tudo o que o livro colocava. Foram quase duas semanas tensas de leitura. E nesse período eu ri só uma vez de uma passagem do texto, que eu nem me lembro mais qual foi.

O problema é que a autora se propõe a escrever um manifesto feminino moderno sem nunca ter estudado o assunto (ela diz que leu uma autora durante o texto, mas também só fala dela e de mais ninguém, a não ser que você considere a Lady Gaga uma grande estudiosa do feminismo). Dessa forma o texto de Caitlin Moran é mais raso do que piscina infantil, e as coisas que ela menciona como grandes descobertas dela sobre a opressão à mulher no mundo moderno não são lá grandes coisas, dado que de vez em quando os mesmos assuntos que ela aborda como uma grande opressão que ela descobriu já viraram assunto de revista de moda. Sério, se já virou assunto de revista de moda é porque todo o mundo já reparou que é uma opressão. O problema (que a Caitlin também não aborda bem) é PORQUE ninguém faz nada depois que já se jogou a m... no ventilador.

Em diversas passagens fica clara a falta de estudos da autora (pode ser por conta da infância realmente difícil que ela teve), e boa parte do texto mais parece uma redação de adolescente. Grande parte dessa impressão fica por conta de a) todas as anedotas autobiográficas que compõem a maior parte do livro, b) o uso exacerbado da linguagem da internet, com direito a muitos pontos de exclamação e caixa alta. Tem mais cara de post de blog de que de livro. Mas sei que essa última parte "estilística" é um preconceito meu. Já a falta de conhecimento de Caitlin e a linguagem adolescente eu sinceramente achei um descaso com o leitor, já que o livro não se vende como sendo escrito para adolescentes nem para quem nunca leu nada sobre o feminismo. E mesmo para quem nunca leu nada sobre o assunto, o livro diversas vezes faz um desserviço à causa. Confesso que fiquei com vergonha alheia em diversas passagens.

E eu vou parar por aqui, antes que eu diga algum spoiler no meio de um ataque de raiva.

Nota 4, porque adorei a capa.