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segunda-feira, 30 de junho de 2014

Les Combustibles



SPOILER FREE

E junho, já quase acabando, ainda deu tempo de cumprir a meta de um dos desafios literários que estou seguindo esse ano: um livro de um autor favorito. Como eu ainda não tinha lido nada da minha idolatrada Amélie Nothomb esse ano, resolvi sacar um dos seus livros da minha estante (sou orgulhosa dona de uma coleção bem razoável) e me divertir com o seu eterno humor ácido.

Qual foi a minha surpresa ao descobrir que "Les combustibles" é uma peça de teatro! Depois de ler 13 livros da autora, ela me pegou de surpresa no 14°, não é à toa que amo essa mulher... e ainda por cima, o texto é extremamente divertido e ácido, bem do jeito que eu curto os textos dela.

Amélie Nothomb é jovem, tem 48 anos (dentro dos padrões de escritores famosos e/ou consagrados), mas em pouco mais de 20 anos de carreira já fez barulho o suficiente para ter nada menos do que 11 biografias publicadas. Todo esse burburinho se deve especialmente ao seu estilo único, extremamente feroz e sádico com seus personagens (o que inclui suas obras autobiográficas, minhas favoritas), que também está presente em "Les combustibles", única peça teatral já publicada pela autora.

Nesse texto o que motiva os personagens é uma versão sádica (claro) da pergunta cliché "que livro você levaria para uma ilha deserta?", que é modificada para "que livro você deixaria de queimar se estivesse morrendo de frio no meio de uma longa guerra?". Tentando chegar a um acordo para responder a essa pergunta você encontra 3 personagens: um professor de literatura, o seu jovem assistente, e uma aluna universitária e namorada do assistente. Depois de mais de um ano de guerra, os 3 se encontram dividindo a biblioteca particular do professor, e nessa intimidade forçada eles se descobrem capazes de fazer coisas inimagináveis, assim como acabam descobrindo diversos segredos uns dos outros.

Apesar de curto, o livro é pesado, mas o humor de Amélie consegue tornar as coisas mais estapafúrdias em algo divertido de ler. Mas, apesar de ser muito bom, ainda não é o melhor que já li dela, ainda sou mais fã das suas obras autobiográficas. Acho que o que mais pesou para mim foi a forma como ela retrata a única personagem feminina na história, que confesso que não curti muito.

Nota 9,5.

sexta-feira, 27 de junho de 2014

The Fiery Heart



SPOILER FREE

E finalmente cheguei no quarto e último livro publicado da série "Bloodlines" da Richelle Mead! E fiquei furiosa.

Minha primeira razão para ficar furiosa é que ela mudou a forma de contar a história, agora além da Sidney como narradora (seguindo a fórmula usada em "Vampire Academy"), a autora colocou o Adrian (interesse romântico da Sidney) como narrador também, alternando entre um e outro. Só que enquanto a Sidney é uma narradora extremamente interessante, o Adrian é chato, muito chato, ele parece ter metade da idade que tem. Inclusive acredito que essa mudança é o maior fator para o segundo problema desse livro: o excesso de água com açúcar. Sério, só dá para ler com insulina na veia, só assim para aguentar tanta melação e drama. Para completar o pacote tem o final, perdoem-me pela palavra, escroto, porque termina no meio da ação.

A sensação que eu tenho é que tudo estava indo bem, mas aí a autora ficou com medo da história começar a perder a graça (e consequentemente o público) e resolveu fazer um final daqueles que não termina coisa nenhuma, fica bem no meio da ação só para garantir que você vai querer ler o próximo livro. É um tipo de recurso barato para quem quer ter certeza que os leitores vão querer ler o livro seguinte e não tem confiança na própria história para garantir que isso vai acontecer sem torturar o pobre leitor. Deve ser um problema específico da Richelle com os quartos livros das séries dela, porque o quarto volume de Vampire Academy é tão ruim quanto e com um final tão sacana quanto. Pensando melhor, em Vampire Academy é pior, por conta das escolhas dos arcos de história seguintes, pelo menos em "Bloodlines" o final do quarto livro faz sentido, por mais que seja sacanagem colocá-lo como um final.

Sabe o mais dá raiva? É que a estratégia funciona. Já estou contando os dias para o lançamento do próximo livro pra saber como a história continua, pode isso? Já está na minha lista de desejos da Amazon, e olho para aquela capa todo dia... maldita Richelle Mead... como ela consegue deixar uma série mais chata e ao mesmo tempo me deixar com vontade de continuar lendo?

Só para finalizar, nesse volume Sidney chegou num ponto de maturidade com relação ao que ela acredita que é certo, o problema é que ninguém pode saber disso, e com a chegada de novos integrantes no grupo de Palm Springs vai ficando cada vez mais difícil esconder. Além disso, as pesquisas para uma vacina anti-strigoi avançam, assim como o projeto pessoal de Sidney para tentar libertar os alquimistas dissidentes.

Nota 6, pela melação e pelo ódio que despertou no meu coração.

terça-feira, 24 de junho de 2014

The Indigo Spell


SPOILER FREE

Então, como eu disse no último livro dessa série (aqui), estou me sentindo como se estivesse devorando um balde enorme de pipoca, é gostosinho, você sabe que não faz bem para a saúde, mas não consegue parar.

Depois de rir até não me aguentar mais com o segundo volume, o terceiro da série não é tão engraçado, mas, em compensação ele foca mais na transformação interna da Sidney, o que era o mais interessante no primeiro livro. É uma troca justa. Além disso, nesse ponto da história a autora resolveu mergulhar mais profundamente na questão da magia, levantada aos poucos nos dois primeiros livros, o que pessoalmente eu gostei muito, afinal adoro histórias com bruxas. Vejo que ela precisa fazer um certo esforço para que tudo se encaixe no universo que ela criou, mas nada que incomode a leitura, por enquanto, pelo menos.

Além disso, "The indigo spell", que em português foi traduzido como "o feitiço azul", tem a fórmula que Richelle gosta de seguir à risca: um pouco (mais) de drama adolescente, muita ação com direito a um clímax que me surpreendeu pela qualidade (eu esperava menos) e teorias da conspiração para passar o tempo (para substituir o mistério da primeira série). E tem o final, que pela primeira vez nessa nova série conseguiu me surpreender. Não que isso seja positivo... confesso que me preocupa como ela vai resolver a situação no próximo livro, porque esse até o finalzinho tinha muita cara de finalização de arcos no enredo, e ela resolveu abrir um precedente meio perigoso.

Na média, o livro é uma boa continuação, apesar de não ser tão divertido quanto o segundo ele tem os seus pontos fortes, que acabam balanceando os pontos mais fracos, mantendo o nível de qualidade, o que já superou minha expectativa (já notaram que eu nunca tenho grandes expectativas com esse tipo de livro? ou que quando tenho são baixas?). Claro que já comecei o livro seguinte... vamos ver até onde a autora consegue esticar a história sem deixar a coisa muito feia.

Nota 9, por enquanto... tenho um pressentimento ruim...

segunda-feira, 23 de junho de 2014

The Golden Lily



SPOILER FREE

Sabe aquela sensação de comer pipoca? Você começa e não quer parar por mais que saiba que não é saudável? É assim que eu estou me sentindo com a série "Bloodlines", da mesma autora de "Academia de Vampiros".

"The golden Lily", que saiu um português como "O lírio dourado", é a continuação de "Bloodlines", que me surpreendeu positivamente como o início de uma série spin-off de "Vampire Academy". Assim como no primeiro livro dessa série, "The golden Lily" é muito divertido e dinâmico de se ler, e assim como no primeiro livro, você percebe que a autora tem um certo apego (grande apego, na verdade) pelos seus personagens, o que até agora, nessa nova série, não comprometeu o andamento da história.

Dessa vez, Sidney, a personagem principal dessa nova série, se aprofunda cada vez mais na parte que eu achei interessante no primeiro volume: os seus questionamentos com relação às crenças que foram incutidas na sua cabeça desde que ela era criancinha e foi preparada para ser uma alquimista. É muito interessante perceber como a sua visão de mundo vai se tornando mais complexa, conforme ela vê que o mundo é muito mais cinza do que preto e branco, tornando-se uma pessoa muito mais madura enquanto sua percepção da realidade vai se tornando mais pessoal e menos uma mera cópia do que disseram para ela.

Claro que durante esse processo a autora aproveita para colocar os ingredientes básicos dos seus livros: uma draminha adolescente aqui, um bocado de ação ali, teorias da conspiração acolá, e surpreendentemente uma dose maior que o de costume de humor. O desenrolar do drama romântico adolescente é tão engraçado, mas tão engraçado, que diversas vezes dei graças a deus por estar lendo em casa, porque eu gargalhei compulsivamente diversas vezes, o que me deu até medo do que os vizinhos poderiam pensar da louca que não parava de rir. Mas, enfim, rir faz bem, então valeu a pena.

Levando tudo isso em consideração, apesar de novamente o enredo ser previsível, o desenrolar da história é tão divertido e engraçado que esse detalhe perde completamente a importância, deixando o segundo volume da série melhor do que o primeiro! Achei isso simplesmente surpreendente, pois não tinha esperanças de que a autora pudesse fazer isso, mas vamos ver até onde ela consegue levar, afinal já saíram 4 livros e mais um vai ser lançado em julho, será que ela mantem esse fôlego até o final?

Nota 9 pelas lágrimas de riso.

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Bloodlines



SPOILER FREE

Então, como eu prometi lá em janeiro, resolvi pegar a série filhote de Academia de Vampiros para ler, porque depois de "Museu da inocência" e de "Alice através do espelho" e alguns meses de excesso de estresse, minha sede literária por "junk food" foi às alturas, coisa que só uma série adolescente sobre vampiros poderia suprir.

Tomei coragem e resolvi voltar ao universo dos moroi, strigoi, dhampir e alquimistas para ver o que mais a autora poderia oferecer se ela resolvesse criar novos personagens (afinal o apego dela por eles foi um dos grandes problemas na série original, como eu comentei nos livros aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui - sim, a série original tem 6 livros, ufa!). Nesse primeiro livro da nova série, que já tem 4 livros publicados e um quinto para sair no mês que vem, Richelle Mead resolveu inovar pouco, e com poucas exceções quase não há personagens novos, o que é compreensível num primeiro volume de um spin-off, mas eu confesso que esperava mais nesse quesito.

Ah, sim, melhor explicar rapidamente do que isso tudo se trata, né? Vamos lá, aula relâmpago: os moroi são vampiros bonzinhos, apesar de se alimentarem frequentemente de sangue humano e de serem seres com acesso à magia, eles não matam seu alimento e tentam manter sua vida pacífica e escondida dos seres humanos em geral; os strigoi são os vampiros clássicos, mortos vivos com sede insaciável por sangue e sem escrúpulos, eles são criados quando um moroi mata sua refeição e também da forma clássica de beber/dar sangue; os dhampir são seres híbridos, uma mistura entre moroi e seres humanos, mas como esse tipo de relação não é mais aceita, eles basicamente são uma mistura de dhampirs com moroi (dado que dhampirs não conseguem ter filhos entre si), eles são basicamente seres humanos com os sentidos aguçados, reflexos melhores e mais fortes; os alquimistas são uma espécie de sociedade secreta de humanos cuja missão é manter os seres sobrenaturais escondidos da sociedade humana em geral; a sociedade dos seres sobrenaturais funciona basicamente assim, os moroi são seres considerados superiores (por eles mesmos, claro), que são protegidos pelos dhampir (que dependem dos moroi para se reproduzir) e perseguidos pelos strigoi, que os consideram uma iguaria sublime. Os moroi vivem num sistema democrático-monárquico bizarro, onde seus reis e rainhas são escolhidos por voto, mas só podem se candidatar os membros mais velhos das famílias reais, o que deixa a maioria dos moroi de fora, claro, e o cargo é praticamente vitalício. Na primeira série, a personagem principal, Rose, é uma dhampir que possui uma ligação psíquica com uma princesa moroi, Vasilissa, e no final de muitas confusões Vasilissa é eleita rainha, mas ela pretende muitas reformas controversas e por isso não tem um apoio total dos moroi. Para complicar, ela só pode se manter no trono enquanto tiver algum outro membro vivo na sua família, o que se resume a uma meio irmã bastarda, que, é claro, vira alvo de todos os seus inimigos.

Dito tudo isso, a série "Bloodlines" conta a história de uma alquimista, Sidney, apresentada no 4° livro de Vampire Academy, que apesar de ter caído em desgraça com os alquimistas por seu envolvimento nos acontecimentos da série original, acaba sendo escalada para a missão de proteger a irmã bastarda da rainha, Jill. Claro que Jill tem um pequeno entourage, e, claro, todos nesse grupinho já apareciam na série original (como eu disse, a autora tem apego pelos seus personagens).

Quanto à história em si, é um bom desenvolvimento com relação à série original, a conexão está lá, faz sentido e é bem plausível e explicadinha, tudo como manda o figurino. No início achei a Sidney uma quase cópia da Rose da série original, especialmente na forma como suas ações são utilizadas para fazer a história andar, mas essa sensação vai mudando ao longo do livro, conforme a personagem vai ganhando mais profundidade e suas características vão ficando mais distintas.

O enredo em si é interessante, e apesar de ser um pouco previsível, a escrita da autora é cativante o suficiente para você não ligar muito para isso. O mais interessante, contudo, é o conflito interno de Sidney, pois conforme ela aumenta o seu contato com seres não-humanos todo o seu sistema de crenças vai sendo questionado, e isso é trabalhado de uma forma muito bacana. Some a isso uma certa dose de ação, magia, e um pouquinho de drama adolescente (muito, muito, muito suave nesse livro na minha opinião, o que é ótimo) e você tem a receita de Bloodlines, que em português foi publicado como "Laços de Sangue".

Não sei se por culpa dos livros que li anteriormente esse ano, mas fiquei com a sensação de que o livro é curto, e a leitura é extremamente dinâmica. Bem de acordo com o que eu procurava, com o bônus de ser bem escrito e não comprometer com problemas de enredo. Muito recomendado para quem curte livros para adolescentes (por falta de uma expressão em português para young adults - adultos jovens).

Nota 8,5.

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Alice através do espelho


SPOILER FREE

Quem me conhece sabe que eu amo de paixão o livro "Alice no País das Maravilhas", logo, num mês cujo um dos temas de desafios literários que eu sigo é "clássico infantil", era meio óbvia a minha escolha pelo segundo livro mais famoso do Lewis Carroll, que curiosamente eu nunca tinha lido.

Eu confesso que eu tinha altas expectativas com relação ao livro, afinal é uma continuação de "Alice in Wonderland", mas depois de lutar com o volume por uma semana no kindle finalmente entendi porque ele não é nem de longe tão famoso, nem foi utilizado para nenhum tipo de filme da Disney. "Através do espelho" é chato, muito chato. Tudo o que Lewis Carroll consegue fazer de milagre do nonsense no primeiro livro simplesmente não funciona no segundo.

A sensação que eu tenho é que o autor resolveu experimentar todas as drogas alucinógenas disponíveis na sua época ao mesmo tempo e teve uma "bad trip". Porque mesmo o nonsense mais nonsense precisa ter um mínimo de coerência para ser divertido, sem isso vira apenas uma coletânea sem pé nem cabeça de jogos de palavras e ideias estapafúrdias, o que pode ser legal nas primeiras 5 páginas, mas depois cansa. Infelizmente achei que é esse o caso de "Through the looking-glass".

Uma pena, de longe parecia tão legal, tem tantos personagens famosos...

Nota 4.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

O museu da inocência


SPOILER FREE

Então, esse foi o livro responsável pelo meu primeiro atraso nos desafios literários desse ano. Com quase 600 páginas, eu sabia que estava me metendo em confusão, mas eu também fiquei tão curiosa com ele quando o ganhei de presente em setembro do ano passado (dica, é meu aniversário tá?), que não pude resistir a lê-lo no mês de livros ganhos de presente.

Entenda a minha curiosidade, o tal museu que dá o título do livro realmente existe, fica lá em Istambul, e foi criado especificamente por causa do livro. O autor foi louco o suficiente para isso! Claro que no livro dá a entender que é o contrário, mas faz parte da ideia, né? Ah sim, e o museu é sobre o amor e a obsessão (e põe obsessão nisso) de um homem por uma mulher que, socialmente falando, ele não deve casar.

Então, depois de alguns meses namorando o tijolo na estante, resolvi encarar o desafio. E me dei mal, como é fácil de perceber, demorei quase um mês para ler o elefante adormecido. Parte da culpa é minha, confesso, pois fiquei doente no meio do caminho, mas parte é culpa do livro, claro.

Foi meu primeiro livro do Orhan Pamuk, o lendário escritor turco, mas eu imaginava algo mais palatável. O livro beira o genial, mas o que ele tem de genial é justamente o poder do autor de fazer com que o leitor se sinta como se fosse o personagem principal, que está na merda na maior parte da história. Se você curte livros que façam você se sentir na pele do personagem, e não se importa de se sentir deprimido por um bom tempo, esse é o livro perfeito pra você.

Pessoalmente, me senti extremamente dividida com o livro, porque gostei muito do primeiro e do último terço da história, mas quis jogar o volume pela janela durante o meio do caminho. Confesso que pensei em desistir no meio da leitura. Mas também confesso que fiquei extremamente feliz de não ter feito isso quando cheguei no final. Em outras palavras, apesar de ter sofrido para conseguir ler o livro, e ter detestado o meio dele, achei o conjunto da obra fantástico. Apesar de não ter gostado da experiência, achei genial a forma como o autor consegue fazer você sentir como se fosse mesmo o personagem.

Outro ponto que me fez gostar do livro é que ele se passa em Istambul, e foi uma delícia reconhecer os nomes de diversas ruas, praças e bairros da cidade turca... confesso que quase peguei o meu guia com os mapas para acompanhar a história! E de cerejinha, o autor aproveitou para fazer um retrato muito interessante sobre as mudanças que a sociedade turca passou desde os anos 60, um prato cheio para quem gosta de estudar Oriente Médio.

Nota 9,5.