SPOILER FREE
Para fechar o Desafio Literário Popoca de 2020, com o tema livros com referência a réveillon ou festas de virada de final de ano, eu precisei me esforçar. Nem pela falta de livros com o tema, mas porque quase todos que eu tinha em casa já haviam sido lidos. Problemão, né?
Daí resolvi sacar Regras de Cortesia do kindle, que na verdade já está há um certo tempo rodando pela lista de livros a ler, especialmente depois do sucesso do autor norte americano Amor Towles com Gentleman em Moscou, lançado alguns anos depois.
Regras de Cortesia é o primeiro livro do autor, lançado em 2011, e apesar de não ter levado nenhum prêmio relevante, também foi muito bem recebido pela crítica. Com ares de O Grande Gatsby, Towles narra a história da filha de imigrantes russo Katya, que nos anos 30 em plena Manhattan resolve se reinventar como Katey. Contada em forma de lembranças de Katey ao ver fotos antigas numa exposição com o marido, o livro é uma reminiscência sobre como certos acontecimentos podem mudar toda uma vida.
Tudo começa quando Katey e uma amiga resolvem festejar o ano novo (olha o tema do Desafio Literário!) e num encontro fortuito fazem amizade com Tinker Grey. Essa noite desencadeia uma série de acontecimentos que de alguma forma irão levar Katey para o sucesso na sua carreira, conhecer o marido e ver as fotos com Tinker 30 anos depois numa exposição.
A narrativa envolve na verdade um pouco mais de dois anos da vida de Katey, em plena Nova Iorque dos anos 30, antes da Segunda Guerra Mundial, mas quando a cidade já estava em crescimento acelerado, com seus arranha céus e vida social, digamos, vibrante. Certamente rolou uma inspiração em F. Scott Fitzgerald nesse ponto.
O tema e o pano de fundo de Regras de Cortesia é muito rico e extremamente interessante. Amor Towles sabe extrair deles uma história envolvente e personagens complexos. Mas, de alguma forma o texto não me prendeu. Apesar de gostar da leitura, era só precisar parar para fazer alguma coisa que retomar o livro parecia uma tarefa árdua. Demorei muito mais do que o de costume para ler o livro e ainda mais para conseguir organizar as ideias para escrever essa resenha.
A questão é que o texto falta cor, falta energia e vibração. Os acontecimentos são dramáticos e poderiam ser pano para manga para várias questões emocionais interessantes. Mas, as personagens mantêm um certo distanciamento do que acontece com elas, Katey em particular, talvez para retratar todo o tempo que se passou entre os fatos relatados e o momento da lembrança. Ela simplesmente parece não se afetar com os dramas da sua própria vida. É como o momento preto e branco de O Mágico de Oz, sem nunca virar Technicolor.
Como leitura é interessante, mas não chega a ser apaixonante ou arrebatador. O resultado final, apesar do enredo e do texto bem feito, é apenas morno. Para passar o tempo das férias sem compromisso nenhum é uma boa pedida.
Nota 7.
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