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sexta-feira, 2 de março de 2018

Child of the Northern Spring (Guinevere #1)

 
 

SPOILER FREE

Acabei escolhendo a trilogia da autora Persia Woolley sobre a Guinevere para o tema do desafio literário de março, que pede livros sobre uma estação ou com uma estação no título. Como eu já gosto de versões da história do Rei Arthur e a trilogia foi indicada por uma amiga minha, não tinha muita dúvida.

O livro chegou a ser lançado em português como "Filha da primavera", mas infelizmente está esgotado e só é encontrado em sebos. Mas, para os amantes de histórias arturianas, fica a dica.

Nesse primeiro volume da trilogia a autora nos apresenta a infância de Guinevere, e como ela foi escolhida para se casar com o Rei Arthur, e a história vai até a criação da Távola Redonda. A história é contada pela própria Guinevere, e até pouco mais da metade do livro é recheada de flashbacks. O que foi um artifício interessante escolhido pela autora para manter a escrita em primeira pessoa e só passar pelos episódios importantes, além de preencher o tempo e mostrar a transformação interna da personagem no seu caminho de casa até o casamento.

Uma das características interessantes do trabalho da Persia é que ela escolheu contar uma versão historicamente correta da lenda. Isto é, ela fez toda uma pesquisa sobre como se vivia na época, quais lugares existiam e em que estado estavam e o que se fazia em termos de alimentos, comércio, roupas, transportes etc. Só isso já torna a leitura muito interessante.

Agora soma-se a isso o fato que a época em que se diz que poderia ter existido a corte de Arthur foi de transformação. Nessa época a Inglaterra estava dividida entre seguidores de diversas religiões pagãs e cristãos, e muitas vezes eles conviviam de forma bastante pacífica. Também nesse período ainda não havia sido amplamente implantada a cultura de que a mulher deve ficar reclusa em casa (isso em termos de mulheres de status, claro, pobre nunca teve esse problema), e ainda era comum encontrar mulheres nobres que entendiam de estratégia militar, comércio e cavalos.

E fazendo uso de toda essa gama de possibilidades, Persia criou uma Guinevere marcante, de personalidade forte e excelente cavaleira. Uma delícia de se ler sobre ela, pois é uma personagem fascinante. De forma geral, as escolhas da autora para as personagens foram todas muito interessantes e felizes, pois elas compõe um mosaico bastante diverso, mas coeso dentro da história. E na versão para kindle que eu tenho, o livro ainda tem diversas explicações da autora sobre as suas pesquisas e as razões para essas escolhas. É muito bom ter essa possibilidade do autor não só contar a sua história mas também apresentá-la.

Em compensação, a qualidade do texto em si não é tão fantástica. A escolha da primeira pessoa em si não é ruim, mas a autora acaba por cometer uns deslizes. Por exemplo, por vezes Guinevere dá a entender que ela está contando a história no passado, e por isso ela sabe o que acontece depois, outras vezes a história parece estar sendo contada no presente.

Outra questão, mas daí é puro gosto meu, é que não curti algumas escolhas da autora para as reações da Guinevere. Dado que ela é tão sensacional em diversos aspectos, achei que ela fica diminuída com algumas passagens. Não que ela precise ser perfeita, claro, mas achei que não combinava. E isso me incomodou. Inclusive foi a partir desses momentos de incômodo, tanto com alguns aspectos da Guinevere quanto alguns aspectos do próprio Arthur que comecei a reparar mais nos problemas de estilo.

Então, apesar da nota que vou dar, acho que valeu a leitura, e ainda indico para os fãs de lendas arturianas. Eu pretendo ler a trilogia até o fim, e acho que vai ser divertido.

Nota 7.

2 comentários:

  1. Não conhecia. A Guinevere que tenho na cabeça é a de As Brumas de Avalon, que li adolescente, e à época peguei uma raiva da personagem que até hoje me faz torcer o nariz para ela... mas a questão da pesquisa história é interessante. Vou dar uma fuçada nele depois.

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    1. Nesse sentido a leitura dessa trilogia é muito interessante, justamente porque é muito diferente do que é apresentado em Brumas de Avalon. Caso você tenha lido a trilogia do Rei Arthur do Bernard Cornwell essa versão da Guinevere é mais parecida, mas o resto é tão diferente que realmente é outra versão da história.

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